Capítulo 200 - Conto Passado: Romeu e Julieta — Part IV
Sem trégua, a batalha continua.
A entidade rebelde é brutalmente lançada para fora do palácio, impactando o chão arenoso com um estrondo que faz o deserto inteiro estremecer. Um golpe devastador de Luciel, seguido por uma rajada de trevas eletrificadas, não apenas fere, mas rasga o tecido da realidade. A tempestade de energia negra e raios consome tudo ao redor, com ecos reverberando pelo vazio imaterial como trovões distantes.
Mas novamente, se ergue, arfando, com os olhos ardendo de raiva. Sua habilidade de contenção está no limite — pela primeira vez, sente que está enfrentando algo que pode, de fato, destruí-lo.
A pressão é imensa, quase insuportável. Nem mesmo virtudes podem se equiparar ao sufoco causado pelos três demônios reis.
À sua esquerda, Bezeel avança, sua figura monumental e ameaçadora irradiando pura letalidade. Suas garras cortam o ar, deixando um rastro que parece rasgar o próprio espaço. Enquanto à direita, Asmael que havia conjurado sua serpente colossal. Com escamas azuis brilhantes e olhos vermelhos que parecem labaredas vivas, se move sobre ela, que segue seu inimigo como uma montanha viva, pronta para disparar um feixe de energia negra capaz de obliterar continentes.
“Merda… lidar com tantos ao mesmo tempo?”
Azaael resmunga, o suor escorrendo por seu rosto enquanto sente a energia deles o cercar.
Ele age rápido. Com seus braços inferiores, afasta as mãos, moldando uma esfera invisível que vibra com uma energia densa. A atmosfera ao seu redor treme; cada palavra que ele sussurra carrega uma força que reverbera como uma onda de choque. O campo de poder começa a se expandir. Com as mãos unidas à altura da testa, em posição de oração, ele canaliza a energia através de seu corpo, solidificando a barreira diante do impacto iminente.
O golpe vem com uma força destruidora.
As garras da gula atingem a barreira com um estrondo que ressoa por quilômetros, enquanto o feixe da serpente, guiado pelo espiralar de sua língua, colide simultaneamente, tentando atravessar sua defesa. A barreira racha, tremendo como vidro prestes a estilhaçar, mas ele, com um esforço sobre-humano, a mantém intacta.
“Uma barreira perfeita! Capaz de parar até o avanço das trevas!”
Então, com os braços superiores livres, ele empurra para fora, desencadeando uma explosão devastadora. A onda de choque é como um terremoto, lançando areia e detritos para todos os lados.
Bezeel é arremessado para longe, enquanto Asmael, protegido por sua serpente, absorve parte da força, mas ainda assim sente o impacto reverberar por seu corpo.
“Caramba… ele consegue repelir parte do ataque?”
Asmael murmura, mantendo os olhos cravados na figura dele, que agora respira com dificuldade, o corpo tremendo de exaustão. Ele satura a barreira com tamanha quantidade de energia negativa que, deliberadamente, esgota não sua força física, mas o próprio tecido metafísico de sua existência.
“Ele é… de fato, o melhor guerreiro demoníaco!”
Admite a gula, vendo seu pássaro escapar de suas garras.
No entanto, Luciel não dá espaço para descanso. Surgindo do céu como uma aparição divina, suas asas brilham com uma luz que contrasta com a escuridão ao redor. Suas mãos se erguem ao alto e, em um espetáculo que beira o mágico, uma chuva de meteoritos feitos puramente de energia toma forma. O céu vazio é preenchido por pontos de luz, cada um carregando uma força colossal.
Tudo gravita em torno de uma luz ilusória, efêmera, que inevitavelmente se dissolve nas trevas em questão de instantes.
“Será que ele escapará da minha praga?”
Sussurra, tomado por anseios profundos, enquanto libera, enfim, uma técnica que lhe é única.
Azaael mal consegue reagir. O impacto dos meteoritos explode ao seu redor, reduzindo o terreno a areia fumegante e fendas que se estendem por quilômetros. Quando a poeira baixa, ele continua de pé, mas com um dos quatro braços arrancados, sangue púrpura escorrendo em filetes. Sua barreira está em ruínas, mas parece fragmentos de vidro flutuando ao seu redor.
“Eles são… incomparáveis…”
Admite, seus olhos fixos nos adversários.
E antes que possa reagir, uma massa de energia negra surge como um maremoto, empurrando-o para trás com uma força destruidora.
Ainda assim, ele não desiste. Desliza pelo chão arenoso, deixando um rastro púrpura. Seus dois braços restantes se movem com precisão, defendendo seu corpo, enquanto o terceiro, elevado, começa a conjurar um ataque devastador.
Seus dedos se cruzam, gerando uma espiral de energia negativa perfeita, uma força que parece condensar o próprio caos.
“Graças a Berserk, não fui reduzido a pó…”
Ele murmura, um sorriso ferido surgindo em seus lábios.
“Mas, se quero vencer essa disputa… preciso usar tudo o que sou!”
A energia ao seu redor atinge o ápice, uma aura que oscila entre o desespero e a determinação. Ele se lança de volta à batalha, como um guerreiro que se recusa a cair, mesmo diante do impossível.
Combate os socos de Bezeel com os próprios, sua essência sombria vibrando a cada impacto. A entidade da gula, mesmo dotada do poder do dragão, liberando vastas ondas de energia negra da imensidão da fera que dominou, começa a fraquejar. Tenta compensar a força com manobras imprevisíveis: o bater das asas membranosas para reduzir o peso dos golpes recebidos ou o chicote da cauda adquirida, golpeando com a brutalidade de um animal.
Só que Azaael não se deixa surpreender facilmente — seus movimentos são metódicos, calculados por sua percepção aguçada. A luta logo se transforma em um balé caótico, com o deserto sendo rasgado e remodelado, traçando as cicatrizes que o definem até hoje.
E a serpente? Circulam ambos os combatentes, suas presas tentando abocanhar qualquer brecha. Enquanto isso, seu conjurador, Asmael, dobra o espaço ao redor deles, disparando feixes de energia negra que se entrelaçam como correntes. Mas a Berserk, implacável em sua defesa, intercepta esses ataques antes que alcancem seu mestre, deixando uma trilha de energia dissipando-se no ar pesado e quente.
Mesmo oferecendo esse espetáculo, a verdade é cruel: mesmo com tanto poder à disposição, está no limite. Seu corpo, forçado além de suas capacidades naturais, começa a vacilar. Sua mente, dividida em duas consciências para processar as reações em combate, começa a ceder ao desgaste. Mesmo com três braços ainda se movendo com destreza, ele sabe que não pode sustentar aquele frenesi por muito tempo.
Então, um lampejo invade sua mente. Ao mesmo tempo que a segunda praga é desencadeada, um movimento tão devastador exige dele uma explosão de energia desesperada. Como antes, ele lança ambos os oponentes para longe. Essa é a capacidade de sua dádiva do abismo refletir parte dos golpes anulados com uma intensidade cortante.
Mas…
— Angelus Mortis! — A voz de Luciel reverbera como um trovão.
De suas costas emerge uma figura grotesca. Rasgando sua carne, a cópia dele toma forma, mas é uma visão distorcida: seus olhos são vazios, e os braços, flutuando à parte do corpo, brandem uma foice espectral. Cada movimento é acompanhado por um rastro púrpura que escorre de sua carne violentada.
A dor é quase insuportável, mas o imperador range os dentes, alimentando-se dela como combustível para sua fúria.
E a cópia não hesita. Em um movimento fluido, a entidade ergue sua foice, rasgando o ar com um golpe destinado a encerrar o combate.
— Speculum! — brada Asmael, sua voz ecoando pelo espaço dobrado. Antes mesmo que o golpe diagonal da foice seja parado…
O que acontece a seguir parece impossível. Sente a lâmina perfurar seu abdômen. Sua pele, dura como pedra, resiste ao corte, mas a lança consegue penetrar superficialmente. A dor é aguda, mas o choque é maior.
— Grr… como? — ruge, os dentes brincando de incredulidade.
O que fizeram? Como romperam a defesa implacável da Berserk?
O rei abre bem os olhos, analisando cada detalhe, buscando uma resposta… O que fizeram?
200 capítulos postados!
Chegar até aqui é um marco incrível, e gostaria de aproveitar esse momento especial para compartilhar algumas WebNovels BR que li e recomendo. São histórias escritas por autores talentosos, que dividem a mesma paixão por contar histórias emocionantes.
Coração Infernal: Pacto de Sangue
Espero que gostem dessas obras tanto quanto eu. Vamos valorizar e apoiar nossos escritores brasileiros!
Regras dos Comentários:
Para receber notificações por e-mail quando seu comentário for respondido, ative o sininho ao lado do botão de Publicar Comentário.