Índice de Capítulo

    — Sabe… — inicia a criatura de chifres, com uma voz grave, arranhada como o eco de um trovão. — Quando você dispara trevas, é como se estivesse revelando sua essência: ferir os outros com aquilo que te fortalece!

    Ao mesmo tempo, um feixe negro corta o ar. Rápido, certeiro, parte o sofá em dois, passando a poucos centímetros do rosto do homem.

    — Como você produz energia espiritual? — insiste a besta, seus olhos brilhando com curiosidade.

    Um será livro para o outro, para entenderem e chegarem a um consenso ou método eficaz…

    O ex-iluminado suspira, deixando o peso da indagação moldar suas palavras.

    — Ah, eu? — Ele leva a mão ao queixo, pensativo. — Quando estou calmo, elevo minha energia e gero, na maioria das vezes, algo positivo. Mas… — sua voz se torna mais baixa — quando fico agitado, a energia se torna neutra. E energia negativa? Não deveria ser o contrário?

    A entidade inclina levemente a cabeça, como se estudasse suas falas.

    — Não sei… em mim, é algo natural!

    Ele fecha o peito com os braços e o dedo, com a unha comprida como adaga, encosta no queixo, pensativo.

    — Na verdade, demônios não conseguem gerar energia neutra. Estamos presos à energia negativa, como um ciclo sem fim. É nossa natureza!

    O homem franze o cenho, intrigado.

    — Isso explica muito… — murmura. — Mas não fecha a conta. Como separar um fragmento negativo na equação dos sentimentos? Sentimentos negativos não são suficientes para filtrar… Então como aquele pirralho do Yamasaki faz isso?

    Ele fica em silêncio, pensativo. Seus olhos se estreitam, encarando a criatura como se buscasse uma resposta oculta naquele semblante macabro. A besta, no entanto, sustenta o olhar. Ele precisa de seu laudo, para dar o remédio ao diagnóstico.

    O homem exala um suspiro longo e irritado.

    — Droga… Não consigo imaginar um cenário em que eu consiga gerar energia negativa naturalmente. Dá para a gente só ir direto para a prática da manipulação?

    A besta dá de ombros.

    — Entendi… Você só quer aprender a manipular energia com suas próprias mãos? — Seu tom é quase sarcástico. — Isso é, ao mesmo tempo, simples e impossível. O que é foda, na verdade!

    — Simples e impossível? — o ex-exorcista arqueia uma sobrancelha. — Você disse que tinha a ver com conexão, não é? Mas como diabos eu me conecto a algo que nem é meu? Isso tudo parece uma maldita piada!

    A besta ri, um som rouco e cortante.

    — Mas há uma saída… — diz, com um brilho sombrio nos olhos. — Só que seria arriscado. Muito arriscado. Um jogo de vida e morte!

    Um calafrio percorre a espinha do homem. É como se a morte o acenasse de longe, e uma presença palpável surge no reflexo dos olhos da entidade. Hazan sorri, sinistro, por mais que não o atormente, lá está o fantasma que o prometeu a morte.

    — Ehr… — ele gagueja, hesitando por um momento. Então cerra os punhos, sua determinação crescendo. — Pode dizer!

    — Há uma técnica… — começa, sua voz mais baixa, quase sussurrada. — Chama-se metamorfose diabólica. É uma capacidade de injetar trevas em si, forçando uma convergência para uma nova versão de quem você é. No entanto, a afinidade que você criaria seria artificial! — Ele ri, frio, mas levemente ameaçador para a distinção de faces e vozes de Rasen, afetado pela visita da morte. — Esqueça de gerar energia positiva. Se quiser manipular partículas negras e usá-las para cura, estaria entrando em uma transição demoníaca!

    De repente, as palavras ecoam na mente dele.

    — Me tornar um demônio… — murmura, com um tom calculista demais para alguém tão racional quanto um primata. Sua mente ferve.

    “Se eu terminar o plano, não serei descartado. Serei como eles. Interessante…”

    Ele suspira profundamente em sua mente, os olhos ganhando um brilho mais determinado do que temeroso.

    — Vocês… — começa, hesitando por um momento antes de continuar. — Como se curam, não é usando a memória inconsciente para recriar uma cópia perfeita do tecido, não é? Assim funciona a energia positiva.

    Vassael inclina a cabeça, avaliando a pergunta.

    — Não exatamente. Energia negativa não copia. Ela recria do zero! — Sua expressão fica sombria de repente. — Mas, a cada regeneração, o tecido perde resistência. Ele se torna mais frágil, porém mais maleável. No final, você se tornaria um ser inteiramente de breu. E agora você entende por que chamei isso de transição! Entende?

    O homem assente, os lábios se curvando em um sorriso frio.

    — Interessante… Agora faz sentido. Quanto mais trevas, mais próximo do abismo. Então… vamos em frente, mestre. Mostre-me o caminho!

    — Certo… — Cria uma esfera densa de trevas que imediatamente se forma sobre a palma de sua mão, a energia parece vibrar, uma fusão incomum entre escuridão e calor. A luz de seu controle molda o vórtice sombrio, que, gradualmente, se torna mais compacto e denso, como se fosse forjado sob pressão. — A energia que vai é imensa… Para usá-la novamente, levaria alguns minutos… Não se apoie em meio a um embate, entendeu?

    — Está bem… — A resposta vem abafada, hesitante, mas firme.

    Ele observa o resultado do seu esforço. Lentamente, a substância das trevas converge, mudando de forma, fluindo, como um líquido viscoso. A criatura, que antes era uma besta humanoide e nada assustadora a não ser pelas garras e chifres, abre sua boca de maneira grotesca, engolindo-a com rapidez, como se fosse uma reação instintiva.

    — Você… a torna líquida, como? — A surpresa na voz dele é clara, os olhos se arregalando enquanto observa a cena.

    A entidade solta um suspiro pesado, um vapor frio escapando entre os lábios, seus olhos imperturbáveis.

    — Aqueço ela até 100 milhões de graus… o suficiente para transformá-la em um fluido… — Ele faz uma pausa, a expressão séria, carregada de um cansaço que só os que lidam com as forças do além conhecem. — A forma mais fácil de digerir… — A energia ao redor começa a ondular, seu corpo tremendo com a intensidade do controle sobre as trevas. Então, de repente, a aura que o envolve se dissipa completamente, como uma vela que se apaga, o calor e a pressão sumindo no ar.

    — O que…

    — E agora… a pior parte… — A voz é grave, distante, como se estivesse alertando para o inevitável. — Você corta o fluxo de energia negativa, seu corpo imaterial foca em regenerar os danos internos… e, enquanto isso, elas se injetam diretamente nas suas moléculas astrais… Se o limite for ultrapassado, dependendo da quantidade de breu acumulado, você morre. Se for uma entidade cuja energia negativa for milhões de vezes mais forte do que a que você está controlando, então… as chamas negras surgem. O ápice do controle sobre o mal!

    Ele observa, com os olhos estreitos de compreensão. Um silêncio pesado paira entre eles. As palavras ecoam em sua mente, distorcidas por uma crescente ansiedade.

    “Espera… então aquele pirralho opera a esse nível?”

    A tensão reflete no próprio corpo. Ele percebe a mudança, o leve tremor de nervosismo. Fica rígido, como se algo tivesse se quebrado em sua mente.

    — É uma técnica arriscada, mas… — Tenta dar um sorriso forçado, uma fachada de confiança. — Não posso negar que vale a pena! — Sua voz vacila por um instante, mas ele a esconde rapidamente, como se engolisse sua própria dúvida. — Que venha o tão aguardado dia 42!

    O momento está selado. O casamento entre a morte e sua vítima está marcado!

    ÚLTIMO CAPÍTULO ESCRITO AQUI!

    Regras dos Comentários:

    • ‣ Seja respeitoso e gentil com os outros leitores.
    • ‣ Evite spoilers do capítulo ou da história.
    • ‣ Comentários ofensivos serão removidos.
    AVALIE ESTE CONTEÚDO
    Avaliação: 100% (1 votos)

    Nota