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    A entidade, por mais experiente e astuta que seja, não compreende verdadeiramente contra quem está lutando.

    Quando acredita que a vitória está ao seu alcance, um simples gesto de Gabriel, um olhar imperturbável, lhe diz tudo o que ela precisa saber. Não há arrogância, não há sorriso de superioridade, mas há algo mais perigoso: confiança inabalável.

    Aquilo é a ruína da criatura.

    O exorcista não hesita. Ele corta o espaço entre eles com uma rapidez imprevisível. O movimento de sua mão gera uma ventania tão feroz que parece abalar as estruturas daquela dimensão.

    Em um instante, a força gerada é lançada contra o demônio, um golpe tão preciso que parece arrancar qualquer defesa.

    “Esse humano…”

    A entidade pensa, sentindo-se arrastada para trás, sua postura vacilando pela primeira vez.

    Mas, sem demonstrar fraqueza, tenta contra-atacar, disparando uma rajada de trevas diretamente nele, um feixe fino capaz de matar se acertar. No entanto, os poderes da criatura são contidos instantaneamente por uma barreira invisível, e logo o que resta dessa energia é dissipado pelos cristais da mesma, que começam a perfurar seu corpo.

    Transmuta a energia de sua barreira, usando ofensivamente.

    — Você não disse que podia me prever? — Sua voz soa fria e firme.

    E de repente desaparece num piscar de olhos, deixando a entidade confusa. Sem perder tempo, o demônio dispara mais trevas para as suas costas, um movimento rápido, mas que falha. Gabriel já está em outro ponto, cortando o braço da entidade com um golpe com os dedos, um reflexo de sua agilidade sobrenatural.

    “Ele opera em outro nível… Velocidade… Força… Então, assim são os exorcistas dessa era?”

    O demônio mal tem tempo de processar a informação antes de sentir o fio da morte. O toque do braço direito do exorcista se aproxima de suas costas, uma presença que parece premeditar o fim.

    Em um último esforço desesperado, a entidade libera sua metamorfose, uma transformação grotesca. Sua cabeça se distorce, transformando-se em uma forma de peixe, com os olhos arregalados como se prestes a explodir, e então mais quatro surgem. Seu corpo se deforma, expandindo-se, liberando um sangue escarlate, não púrpura como de costume.

    Braços deformados começam a se estender de seu corpo, buscando prender desesperadamente o exorcista, enquanto outros, desordenados, tentam agarrar qualquer coisa ao redor. Seus olhos, distorcidos, parecem contorcer-se em agonia.

    “Por Elum, como algo assim pode existir?”

    Gabriel se vê perplexo pela transformação da entidade, mas não hesita. Ele sabe que essa é apenas mais uma camada da criatura, mais uma mentira a ser desfeita.

    A carne da entidade se retorce e então uma boca surge entre ela, cheia de dentes afiados, sorrindo retorcidamente.

    — Hahaha! Nunc… Nullum evasionem erit! — Ele ri, cheio de escárnio e convicção. Mas, no meio de suas palavras, outras vozes clamam por fim, gritos de almas que parecem não ser suas, vozes de vítimas, de demônios, ou talvez de ambos.

    É nesse momento que o golpe traiçoeiro é lançado. O chão treme sob seus pés e ele sente o impacto de uma energia esmagadora. É como ser esmagado por uma prensa de toneladas, cada direção é uma força contrária que tenta reduzi-lo a pó.

    — Stulte! Arrogantia tua tantum stultitiam tuam demonstrat! — A criatura zomba, observando a postura vacilante do exorcista.

    Mas Gabriel não cai. Ele está em um estado deplorável, mas sua raiva queima como uma tempestade, e, sem hesitar, une suas mãos, sua aura intensificando, emanando uma luz pura.

    — Desgraçado! — O grito de Gabriel ecoa, uma onda de energia que joga a criatura para trás. O exorcista, mesmo gravemente ferido, sente a dor sendo rapidamente mitigada, suas cicatrizes se fechando, a energia curativa envolvendo seu corpo. — Aerem in ignem transforma! — Com essas palavras, as chamas irrompem, envolvendo a criatura em um corredor de fogo purificador, forçando-a a sentir a dor de sua própria destruição.

    Mas antes que um segundo golpe possa ser lançado, a criatura é bloqueada pela barreira de Gabriel, a energia dela refletida e desviada para o próprio corpo da besta. No entanto, sabe que a batalha ainda não está vencida… A entidade não cede, ciente de que sua carta na manga pode salvá-la…

    Mas…

    Mal sabe ele que um pacto está incorporado em seus escudos. Quando os golpes são refletidos, o dano não retorna, mas, em troca, é validado como um toque de seus dedos, como fez com a primeira entidade que exorcizou, ativando sua técnica inata.

    — Acho que é você que não terá escapatória! — declara, com seu semblante imperturbável enquanto a energia ao seu redor se intensifica. A criatura, assombrada, vê tudo desabar diante de seus olhos e, então, em um instante, é exorcizada pelo pesadelo… sendo findada com o pensamento: “como ele conseguiu?”

    O silêncio cai sobre o campo de batalha e, embora exausto, ele permanece firme…

    Nesse instante, cruza seus dedos e, enfim, encerra aquele domínio espacial… atrás de si, estão Sofie e Satoshi.

    — Demorou, hein, te deram trabalho, foi tiozão? — diz o rapaz, recebendo uma cotovelada da garota. — Aí… aí…

    — Você brinca até nessas horas? AFF… como foi, Sr. Souza?

    — Foi… — ele olha para si, sobretudo meio rasgado. — Caramba… estou um caco… iria dizer que foi fácil, mas… fazia tempo que eu não sentia essa sensação, sabe… — tenta encontrar palavras para descrever.

    — Adrenalina? Se for… é incrível, não? Invade suas veias, deixa você em transe… Primeiro, você acha que morrerá. Depois, se sente invencível. — Ele deu uma risada curta e amarga, balançando a cabeça. — Aff… esse trabalho não é o bombom que todos imaginam… — murmurou, mordendo o lábio, como se tentasse conter pensamentos intrusivos. — Merda… o que estou pensando?

    Sofie, ao seu lado, inclinou a cabeça, arqueando a sobrancelha com um sorriso zombeteiro.

    — Está divagando… ah, Satoshi. Será que finalmente está morrendo?

    Ele a encara, perplexo, antes de soltar um riso nervoso.

    — Quê? Ah… você está mais animada que o normal hoje, Sofie. Por acaso sentiu um calafrio quando pensou no seu amor quase indo para o além? — provoca, com um tom ácido, antes de receber uma cotovelada certeira no estômago.

    Um gemido escapa de seus lábios, genuíno dessa vez.

    — Idiota… — ela resmunga, desviando o olhar para esconder o sorriso que insiste em surgir.

    Os dois permanecem em silêncio por um momento, respirando fundo enquanto o ambiente ao redor parece pulsar. No entanto, o instante de trégua é interrompido.

    O celeste ergue o olhar, seus olhos se estreitando ao sentir o solo sob seus pés tremer levemente, como um aviso.

    — Infelizmente… há um caos lá em cima para lidar. Vamos? — dá um passo à frente, o sorriso de canto desaparecendo, substituído por um semblante sério.

    O dia promete ser longo…

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