Capítulo 217 - Trio Monstro e, Planejamentos Antes do Caos!
Horas antes do dia 42…
— Eu, Rasen e Liliel aguardamos o plano de reconhecimento de vocês. Assim que nos alertarem da presença dos exorcistas celestes, agimos — afirma Gallael, com um tom firme, destacando-se entre todos do grupo. — Detalhe: esperamos até que cinco horas se passem. É tempo suficiente para cansar os celestes e nos dar a chance de vencê-los!
— Ué… Por que cansá-los? Vamos ser traiçoeiros assim? — questiona Jahiel, visivelmente incomodada. — Não acha que damos conta?
— Não se trata de dar conta… — interrompe Vassael, apenas para ser silenciado pelo olhar de reprovação do irmão. — Ehr…
— Ele está certo! Ambos estão… A verdade é que um exorcista celeste pode variar muito em poder. Alguns deles conseguem exorcizar entidades do nível de nossos reis. Outros, porém, podem cair para vassalos como vocês — explica Gallael, impetuoso o suficiente para deixar clara sua falta de paciência. — Às vezes, até mesmo aqueles que não alcançam esse nível, podem ser perigosos, como a ruiva que enfrentou Leviel. Ele quase morreu, lembram?
— Verdade… — murmura Beheel, enquanto Rasen, alheio à conversa que considera tediosa, foca apenas no caos que planeja espalhar.
— Então, deixamos as entidades presas no cubo serem exorcizadas até termos vantagem suficiente? Tá bom… — comenta Liliel, caminhando até ficar em frente a Rasen. Ela estala os dedos, obrigando-o a encará-la. — E quanto a ele? O que vai fazer? Nós dois podemos lidar com um celeste, mas esse cara?
— Você adora duvidar de mim, hein? Não era você que dizia que eu era um prodígio? — retruca ele, com o tom desafiador de sempre.
No tabuleiro de xadrez que era esse jogo, ele se considera o rei!
— Disse ser um prodígio, não um cara poderoso. E, sem dúvida, você é o mais fraco daqui! — provoca Liliel, com um sorriso irônico.
É difícil lidar com ela. Nunca se sabe se está sendo irônica ou não. Na verdade, ninguém além de Azaael conhece a verdadeira Liliel.
— Chega! — brada Gallael, interrompendo a discussão com a força de suas palavras. — Rasen tem um papel maior, lembram? Como combinamos, ele dará o golpe final. Será o triunfo das trevas após este dia… não percebem?
— É verdade… Ele escolhe tentar um ato terrorista contra seus ex-companheiros, como posso esquecer? — diz Liliel, mudando sua expressão sedutora e provocante para uma calma irritante. — Acho que só estava brincando, Gallael. Queria deixar claro o que cada um pretende fazer. Mas tenho uma dúvida… algo que me incomoda… Posso?
— Fale, ué! — incentiva o príncipe, impaciente.
Afinal, o que será?
Todos a encaram ao mesmo tempo, tomados pela mesma curiosidade.
— E se os exorcistas se juntarem? O que faremos? Estamos em menor número aqui… — A pergunta de Liliel soa como uma maldição, e ela solta um sorriso nervoso, refletindo a falta de um plano sólido, já que faltam bases para que ele funcione além do necessário.
Gallael hesita por um momento, mas responde com aparente convicção:
— Observamos bem antes de atacar. Não quero que sejam tolos de agir impulsivamente. Analisem o campo e, só então, avancem. Certo?
Os demais concordam em uníssono, até que o ex-messias, impaciente, bate palmas.
— Então, ao cair da noite, estaremos finalmente livres dessa maldita prisão?
— Estaremos! — proclama Gallael, com um brilho insano nos olhos. Ele espera tanto por esse momento, o ato final do teatro que planejou. Um êxtase percorre suas veias, e saliva escorre pelos lábios. Ele está faminto… faminto pelo fim de tudo isso!
Mas… retornando ao presente, o mundo parece um caos personificado.
As ruas são um mar de desespero, tomadas por gritos, fumaça e o eco de energias sombrias. Em meio a tudo isso, as equipes formadas para conter o avanço do mal se movem com urgência. As chamadas A, B, C, D e E, lideradas por celestes, são compostas pelos guerreiros mais poderosos e experientes, enviados para locais específicos visando minimizar os danos.
Já os times menores operam sob o comando de exorcistas de alto escalão, variando de grau três a cinco, mas com poderes insuficientes para enfrentar a verdadeira escala daquele pesadelo.
Mas não é o suficiente.
Até agora, o número de baixas entre exorcistas chega a um a cada dois minutos.
E apesar de todo o esforço, de colocarem alma e corpo na luta, e possibilitar mais de sessenta entidades serem exorcizadas em uma hora – um feito impressionante em qualquer outra situação –, mas diante de um total que ultrapassa mil, aquilo parece uma gota no oceano.
Quantos mais irão morrer para que isso enfim termine?
O mal se multiplica, como se algo invisível alimentasse sua força. Um núcleo sombrio pulsa no coração do caos, mas sua localização permanece oculta. A energia negativa que satura o ar impossibilita identificar a origem à distância, forçando os exorcistas a agirem quase às cegas.
Cada metro conquistado vem com um custo exorbitante… Então, mais reforços chegam.
Um carro preto desliza pela rua devastada e para a alguns metros da zona de conflito, entre os destroços de um prédio parcialmente destruído por trevas tão densas que deixam um negrume permanente no concreto.
Mais precisamente, ele se posiciona nos limites do distrito três, onde o caos já domina completamente.
Das portas, saem três figuras de autoridade, como se o próprio ar ao redor delas se tornasse mais denso… Talvez seja devido a suas auras poderosas.
Primeiro, emerge Rimuru Shirasaki, com um ar preocupado e profissional; em seguida, Mahmoud, o herdeiro das terras de Shamo, que carrega consigo o peso de sua linhagem ancestral, mais tranquilo, exibindo a valentia de um guerreiro; por último, Kyotaka Shibata, o ancião cuja presença exala mistério e uma força quase imensurável, narrada em lendas de sua era, mesmo com seus mais de cem anos.
Os três fazem parte do seleto grupo dos nove líderes do conselho – entidades que raramente abandonam suas posições elevadas. Mas, naquela noite mais longa, algo os traz ao campo de batalha: o desejo de ajudar e a inevitabilidade de cair junto a seus soldados.
— Senhor… tem certeza disso? — pergunta o subordinado que dirige o veículo, o medo evidente em sua voz e no olhar que varre os espelhos e a parte traseira do carro. — Vocês são homens tão importantes… Já há muitos lá fora. Eles podem lidar com isso, não?
Rimuru ouve atentamente, mas sua expressão denuncia discordância. Sem dizer nada, ele retira um bastão de beisebol desgastado de suas costas. A arma, imbuída de energia espiritual e selada com um pacto, é seu fiel instrumento de trabalho, com o qual já exorcizou inúmeras entidades… quando ainda era apenas um exorcista, jovem e imaturo.
— Importantes? — ele gira o instrumento no ar e apoia o peso do corpo nele. — Sou só um líder substituto! Não me coloque em um pedestal, garoto. Meu trabalho é simples: derrubar algumas cabeças! Não sou mais que espuma do mar… importantes mesmo são aqueles que não podem lutar!
Enquanto Mahmoud ajusta seu manto sagrado, ele concorda humildemente com a fala de seu companheiro. A peça, adornada com metais preciosos e joias que reluzem sob a luz das chamas de sua aura, está coberta por runas entalhadas à mão, relíquias de seu povo. Ao retirá-lo, sua aura explode em chamas intensas, como as de uma fogueira, criando uma imagem de pura majestade.
— E eu, apenas um exorcista! — diz ele, sua voz grave vibrando com a intensidade de um guerreiro resoluto. — É meu dever proteger as pessoas, e se eu morrer aqui, será apenas uma fatalidade! E que meu povo seja honrado! — Há algo de selvagem em suas palavras, como o rugido de uma pantera pronta para caçar.
O negro de sua pele se mistura ao brilho das joias e às runas espirituais, prontas para impulsioná-lo.
Kyotaka, o mais experiente do trio, dá um passo à frente, ignorando as súplicas de cautela de seu subordinado. Seus passos são lentos, mas cada um reverbera sua autoridade como líder de todos os exorcistas, como se o mundo reconhecesse a presença de um titã. Ele olha em volta, fixando os olhos nos rostos aterrorizados das pessoas, fugindo do mal.
— Vou relembrar meus tempos de juventude… — murmura, quase como se falasse consigo mesmo. — Será uma honra lutar ao lado de vocês, rapazes!
Neste instante, os três reis deixam seus palácios para se unir ao povo. A cada segundo, tudo se torna mais caótico.
Neste instante, os três reis deixam seus palácios para se unir ao povo… E a cada segundo, tudo se torna mais caótico!
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