Índice de Capítulo

    Enquanto alguns exibem arrogância desmedida diante do caos, outros se tornam “heróis”.

    O trio, mesmo sob o peso avassalador do golpe da entidade, resiste nos limites do mesmo distrito. Eles veem o grandioso cone de destruição negro e, em meio à poeira parcialmente dissipada, presenciam um perigo que desvia a atenção do fato principal… Uma enxurrada de demônios emerge, desesperados, como predadores menores em fuga, conscientes da presença de algo muito mais letal que eles…

    — Rapazes! Vamos com tudo! — brada o líder, a voz firme como aço.

    Seu quimono está rasgado, os tecidos pendem como bandeiras destroçadas, mas o corpo que sustenta aquelas vestes é uma muralha esculpida pelo tempo e batalhas. 

    Seus músculos, mesmo envelhecidos, são como aço forjado, e a aura que dele emana é um incêndio fervente, abrasando o ar ao seu redor. Em um único instante, o homem toma o centro da rua desolada, disposto a conter a horda que se aproxima como uma maré escura.

    Então, um demônio grotesco irrompe das sombras, metade lacraia, metade humanoide. Seu torso é ereto e imponente, coberto de cicatrizes negras, com garras alongadas como lâminas de obsidiana.

    — Saia da frente, seu velho! — ruge a criatura, a voz gutural reverberando pela rua, enquanto rasteja rapidamente, o chão rachando sob seu peso. 

    Ao lado, outro ser desce dos céus em uma rajada de vento pútrido. Suas asas, como as de uma borboleta infecta, batem com força, levantando poeira e escombros.

    Seu rosto inumano, com olhos bulbosos de inseto e uma boca repleta de dentes finos, se escancara em um sorriso faminto. 

    — Vou te rasgar em pedaços!

    Kyotaka não hesita. Inspira fundo, os olhos fervendo, e dá um passo firme para trás, preparando-se.

    — Extensio energiae: Vis amplificata, centuplum!

    O ar explode ao seu redor, um vendaval de força pura. O soco atinge o demônio rastejante com um impacto tão colossal que sua carcaça imensa é pulverizada instantaneamente, fragmentos do corpo sendo lançados como poeira.

    A besta alada tenta aproveitar a brecha, atacando por cima, mas um gancho certeiro atinge sua mandíbula com a força de um trovão. 

    Ela é arremessada para trás, colidindo com um edifício e estilhaçando vidraças.

    Trevas dançam em sua direção, tentando alcançá-lo em um instante — uma rajada negra que serpenteia como serpentes de sombras. Mas o velho é ágil, a experiência o transforma em algo mais que humano. Move-se como um rio em meio à tempestade, desviando com passos firmes.

    Enquanto pelas laterais, as criaturas tentam flanqueá-lo.

    — Extensio energiae: Vis amplificata, centuplum! — grita novamente, os músculos do braço tremulando antes do impacto.

    A rajada negra que vem é anulada com uma força tão colossal que o chão treme. O goblin chifrudo, que disparou o ataque, com múltiplos olhos infernais espalhados pelas costas, mal tem tempo de compreender o que aconteceu antes de ser obliterado. 

    Os que assistem, demônios ou aliados, hesitam — o impacto reverbera como um trovão contínuo.

    Ele é o próprio deus do Trovão!

    — “Como um soco pode ter tanto poder?”

    A criatura borboleta, ferida, se agarra a um prédio para não ser arremessada novamente. Seu peito sobe e desce em agonia, mas sua morte é rápida e impiedosa… Um bastão surge pela lateral, em um movimento brutal e rápido demais para escapar. É Shirasaki que, emergindo como um vulto, desfere um golpe tão devastador que esmaga a criatura como se fosse um inseto insignificante.

    O som da carapaça se partindo ecoa pela rua, o sangue escorre pelas varandas.

    Abaixo, os demônios se acumulam, como larvas em um ninho prestes a eclodir. Um mar de olhos famintos e mãos retorcidas.

    — Transmutatio materiae et status! — vocifera Mahmoud, o terceiro membro do trio.

    Ele vem de cima…

    As chamas em suas mãos giram em espirais crescentes, um redemoinho de destruição que queima os seres em uma fúria incandescente. Os gritos ecoam como uma sinfonia de horror, mas o espetáculo de chamas cobre a rua em purificação. 

    “MALDITOS… que sua maldita existência se apague!”

    Ele pensa, carregando um ódio recíproco por aqueles seres tão desprezíveis.

    Em instantes, o cheiro de carne queimada impregna o ar, enquanto o avanço dos demônios diminui.

    Aqueles que ousam escapar encontram Kyotaka, aguardando na saída.

    — Extensio energiae: Vis amplificata, centuplum! — mais uma vez, o líder libera sua técnica inata, já arfando, o suor escorrendo por seu rosto.

    Desta vez, o impacto é ainda mais devastador. O soco atinge um demônio gigante com força suficiente para não apenas explodi-lo em pedaços tão microscópicos quanto o tecido astro-celular que o compõe, mas também criar uma onda de choque que reverbera por todo o campo de batalha.

    O impacto lança outros inimigos para longe, como folhas sob um vendaval implacável.

    Ali está a verdadeira manifestação da técnica inata: a manipulação do vetor de força, amplificado cem vezes. Através de sua extensão, cada golpe é uma sentença de morte, uma execução inevitável.

    Diante disso, os demônios começam a hesitar. Pela primeira vez, o predador maior tem um rosto humano. O ar se torna denso, como se o próprio inferno prendesse a respiração, aguardando um desfecho impossível de prever.

    Até que… um deles surge. Das profundezas do fogo, as chamas se distorcem, moldando uma silhueta. O som do calor é abafado pelo silêncio cortante quando a figura se materializa às costas do líder. Os três arregalam os olhos, os corpos congelados em um misto de choque e horror.

    Um temor indescritível os paralisa.

    As trevas ao redor, como se possuídas por uma vontade própria, começam a ser sugadas para o corpo que emerge — um abismo encarnado. Sua pele negra parece líquida, mas sólida ao mesmo tempo, algo que os sentidos mortais não conseguem compreender. Um brilho tênue e insidioso pulsa sob a superfície daquele ser, como um coração doentio bombeando energia profana.

    Então, a criatura abre os lábios.

    O som que emerge não é humano, nem animal, mas algo entre um sussurro e um rugido. Sangue púrpura escorre de sua boca, tão viscoso e denso que evapora ao tocar o chão, erodindo pedra como ácido.

    O vapor tinge o ar com um odor metálico e pesado.

    É nesse instante que Shirasaki se move. O bastão dele avança, em um lampejo de luz e habilidade, visando esmagar o ser abissal com sua precisão sobre-humana.

    — Que rápido… — sussurra, com uma voz arrastada e preocupada.

    O ataque erra o alvo por um milésimo de segundo. O bastão golpeia o solo com tamanha força que um buraco se abre, rachando as fundações do terreno. Mas o exorcista mal tem tempo de perceber o movimento seguinte. 

    A sombra se dissolve e reaparece, como um borrão impossível de acompanhar.

    É então que Mohamed surge.

    — Cuidado!

    O escudo dele brilha, um muro reluzente e sólido erguendo-se no último instante para conter uma explosão de trevas. O impacto é monstruoso. Uma onda de destruição irrompe, consumindo o ambiente ao redor. Prédios inteiros viram poeira em questão de segundos, sugados pela escuridão que se expande como um furacão faminto.

    No alto, a criatura recua para o topo de um prédio. A pose é desleixada, como se ainda estivesse se acostumando ao próprio corpo. Não parece totalmente consciente, mas cada movimento é deliberado, cada ataque, uma sentença de morte a eles. 

    Seu olhar, ou o que parece ser olhos naquela face deformada, fixa-se nos exorcistas abaixo.

    — Ele não é um demônio comum…

    Kyotaka não hesita. Ele se move como um raio, uma centelha de luz cortando o ar. Um único golpe, rápido e devastador, acerta a criatura em cheio, fazendo-a cambalear. 

    O impacto estremece o terraço, rachando o concreto sob os pés dela, que quase cede.

    — Extensio energiae: Vis amplificata, centuplum! — brada, concentrando uma força descomunal no ataque. A aura ao redor dele explode em luz pura, e o chão ao redor do impacto se pulveriza em um clarão cegante.

    A criatura é empurrada, seus dedos distorcidos cravados no solo para impedir que seja arremessada. O som metálico de suas unhas riscando o concreto ecoa como lamentos agudos.

    Quando a poeira baixa, ela continua lá, inclinada, mas ilesa.

    Como? O que é aquilo? A pergunta ecoa na mente dele, suas mãos apertando-se até os nós dos dedos ficarem brancos.

    O chão aos pés da criatura começa a rachar em padrões sinuosos, como se estivesse sendo consumido de dentro para fora. Mas o que mais lhe intriga não é a força descomunal daquele ser. Não é sua resistência absurda ou seus ataques imprevisíveis.

    É o significado.

    O que é aquela criatura? Que propósito sinistro faz com que ela exista entre a realidade e o vazio absoluto?

    Uma pausa. Apenas o som distante dos destroços caindo, dos ecos da batalha que parece não ter fim… talvez um dia tenha?

    ÚLTIMO CAPÍTULO ESCRITO AQUI!

    Regras dos Comentários:

    • ‣ Seja respeitoso e gentil com os outros leitores.
    • ‣ Evite spoilers do capítulo ou da história.
    • ‣ Comentários ofensivos serão removidos.
    AVALIE ESTE CONTEÚDO
    Avaliação: 0% (0 votos)

    Nota