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    A batalha é mais do que uma troca de golpes. É uma colisão de vontades, de deveres que transcendem a simples sobrevivência. O exorcista sabe que enfrenta mais do que uma criatura das trevas: ele enfrenta uma força imbuída de propósito, um monstro que carrega em seu peito o fardo de servir aos seus superiores e honrar sua casa, ainda que este seja um reflexo distorcido da moralidade humana.

    Cada golpe da criatura é um terremoto de puro poder. Os escudos do exorcista vibram, trincam e, por fim, cedem em pequenos fragmentos que se desintegram no ar.

    O ser parece testar sua presa, calculando, provocando. Há uma intenção quase metódica na brutalidade.

    — Quanto mais forte fisicamente, mais resiliente… — murmura o exorcista, o olhar fixo na besta enquanto desvia por pouco de um soco que quase lhe arranca a cabeça. Seu tapa-olho voa para longe, revelando a cicatriz que o fez ser quem é hoje.

    “Mas isso não é força física pura. É a aura dele. É ela que alimenta seus músculos imateriais. Ele é tão incorpóreo quanto é avassalador!”

    O tempo para ponderar é curto. Uma dor lancinante percorre seu braço esquerdo quando um golpe o atinge de raspão, e sua respiração torna-se mais pesada. O exorcista não tem dúvidas: ele está sendo caçado até o esgotamento.

    — Droga… — range os dentes, ignorando o sangue que pinga de sua testa.

    “Ele vai me matar pelo cansaço se eu não inverter o jogo agora!”

    A próxima investida vem, brutal e rápida. Mas, desta vez, não recua. Em vez disso, canaliza o resto de sua energia em um ataque improvisado. Uma explosão de água irrompe ao redor deles, molhando a ambos, mas, com efeito limitado.

    — Já está desesperado? — zomba o demônio, um sorriso de escárnio cortando-lhe o rosto enquanto avança novamente.

    Não sente dor… apenas a sensação de umidade.

    Em seguida, ele desvia de uma sequência de golpes ferozes, movendo-se em círculos. Ele aguarda a abertura perfeita. Num instante, surge atrás da criatura, as palavras de um antigo encantamento escapando de seus lábios em um sussurro:

    — Transmutatio materiae et status!

    Um raio desce de sua mão, atingindo a besta diretamente. O clarão ilumina a escuridão ao redor, e as correntes elétricas dançam por todo o corpo da criatura. Contudo, assim que a fumaça se dissipa, a besta emerge, saltando para longe como se nada tivesse acontecido.

    — Água é um péssimo condutor, exorcista! — ruge Beheel, sua voz reverberando como trovões.

    Mas já esperava por isso. Ele calculou tudo.

    “Agora!”

    Ele reúne suas forças.

    Quando o demônio avança novamente, novamente não foge. Em vez disso, escapa no último instante, surgindo ao lado da criatura. Com a palma aberta e firme, toca a face do monstro.

    Xeque-mate.

    As águas escarlates que se espalham aos pés de ambos se transformam instantaneamente. O líquido se solidifica em espinhos afiados que perfuram a criatura de todos os lados. As lanças emergem em uníssono, empalando Beheel e elevando-o do solo. O chão, antes encharcado, revela um abismo negro onde rostos de agonia e desespero se contorcem, como se os mortos daquele plano se materializassem para testemunhar a queda da besta.

    O corpo pesado como uma estrela é arremessado contra o solo com tamanha força que uma cratera profunda se abre.

    O impacto ressoa como um choque de corpos celestes, balançando o cenário. Quando a poeira assenta, o exorcista, ainda arfando, observa o resultado de sua obra. A criatura está coberta por lanças escarlates, um monumento grotesco de sangue e destruição.

    Porém, o momento de alívio é curto.

    De pé, entre os destroços e a carnificina, a criatura se levanta. Lentamente, quase zombando da gravidade, o demônio ergue-se, o sorriso sádico ainda estampado em seu rosto. Seus olhos queimam com uma determinação sombria e seu corpo, cravado de espinhos, parece mais um troféu de guerra do que uma derrota.

    — Você acha que isso é o suficiente para me derrubar, exorcista? — sussurra, cada palavra carregada de uma vontade crescente. Há raiva, sim, mas a maior parcela de seus sentimentos é prazer.

    O exorcista engole em seco. Ele sabe que a verdadeira luta está apenas começando… seu feitiço expansivo, restrito e ativo não será suficiente!

    “Então…”

    Ele entrelaça os dedos, escapando de uma manifestação negra que o cerca como um predador faminto. Subitamente, sua aura negra explode em um cataclismo de fragmentos sombrios, espalhando destruição com a intenção de reduzir tudo ao pó. O impacto reverbera no ambiente, fazendo as estruturas estremecerem, mas, surpreendentemente, o lugar resiste, como se a própria realidade ali fosse reforçada.

    O celeste recua, levitando com pés que mal tocam o vazio ao redor. Cada explosão ameaça desintegrá-lo, obrigando-o a se mover com agilidade instintiva para evitar o fim.

    “Maldição… pela segunda vez na minha existência… Estou forçando algo que mal domino!”

    Ele murmura, ofegante, a frustração tingindo suas palavras.

    Quando consegue se afastar o suficiente para ganhar uma breve pausa, seus olhos brilham enquanto suspira pesadamente. Ele então vê. A entidade, envolta em trevas puras, observa-o com um sorriso insano, como se soubesse que a verdadeira batalha continua por vir.

    — Venha com tudo, homenzinho! — a voz reverbera, carregada de desprezo e provocação.

    O celeste fecha os olhos e ergue uma das mãos, murmurando como se evocasse as forças que governam o equilíbrio entre o sagrado e o profano.

    — Incantatio divina, Delirium Aeternum!

    As palavras ressoam como um cântico celestial, enchendo o espaço com uma luz tão pura que parece desenhar o limiar entre a virtude e o caos. Ele vê, por um instante, duas realidades colidirem: Caelestia, a cidade dos anjos, e Maladomus, o reino profano, ambos vibrando em uma batalha transcendente.

    Então, vem o impacto.

    Um bombardeio de energia divina desce sobre a entidade sombria, esmagando sua resistência como uma maré incontrolável.

    Seu corpo começa a ser consumido, os fragmentos de trevas cedendo ao brilho esmagador da luz. Mas o que acontece em seguida vai além do físico.

    Sua mente, sobrecarregada pela intensidade da energia, é lançada em um redemoinho de sonhos, visões e pesadelos tão vívidos que colapsam sua consciência. Memórias distorcidas e horrores sem forma o consomem, levando-o à paralisia mental absoluta.

    Quando o domínio se dissipa, não há mais nada. Nem mente, nem alma para reagir.

    O golpe final é silencioso. A luz perfura o que resta do ser e, sem uma mente para coordenar ou resistir, o dano é fatal.

    — Enfim… acabou! — diz, com os dedos apontando para onde havia atingido. Tudo está feito, mas ele se encontra inutilizado como exorcista…

    “Eu acho…”

    Assim, a segunda besta cai. Mais uma peça é retirada de um tabuleiro cósmico, onde cada movimento aproxima o jogo de seu clímax inexorável!

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