Capítulo 239 - Chegando no Fim!
Com a mão estendida, ele apunhala o ar com uma intensidade que quase corta a atmosfera.
É como um grande líder de exército. Em sua mente insana, o jogo está prestes a se desenrolar.
— Avante, tropa!
Em um movimento frenético, ele conjura uma série de catapultas que emergem subitamente ao seu redor, lançando tortas com força necessária para arremessar pedregulhos; cada uma capaz de derrubar montanhas de açúcar.
— Me chame de senhor da guerra!
A cena se desenrola em uma tempestade de tortas… Caindo como meteoritos ao chão!
Liliel, no entanto, move-se com agilidade, desviando com passos tão rápidos que deixam rastros efêmeros no ar. Cada torta que atinge o solo explode em uma profusão de cores e sabores, criando crateras profundas, como se o mundo fosse moldado por uma guerra açucarada.
O cheiro inebriante de morango e uva queimado invade o ar, misturado ao perfume de destruição e ao campo em chamas. O glacê fervente respinga em sua pele, queimando como lava derretida, mas ela se mantém firme enquanto a batalha atinge um novo ápice.
— Você deveria ser dançarina de circo! — elogia ele, observando o desempenho dela.
Percebendo que suas esquivas são perfeitas…
“Quê? Ele fala cada coisa maluca…”
Ela freia, finalmente, a poucos metros dele, um sorriso sórdido em sua face.
— Que tal um ingrediente secreto em suas tortas? — provoca a criatura, sua voz carregada de ironia.
Com um gesto rápido, ela dispara uma esfera de trevas, que avança como uma bola de futebol americano, girando e crescendo em densidade enquanto corta o espaço, um presságio de destruição.
Ele reage instantaneamente… e como? Expandindo os pulmões, claro. Um sopro de ar poderoso desfaz a esfera no meio do percurso, transformando-a em uma cascata de pura energia desintegrada, que se espalha como se a essência da matéria estivesse sendo dissolvida.
No brilho de seus olhos, algo intenso e luminoso desponta — uma força além da compreensão comum.
“Ele está ultrapassando os limites… surpreendente…”
Ela observa, a mente trabalhando rápido.
Enquanto o exorcista rompe as restrições que ela mesma impôs ao combate, obrigando-a a acessar algo mais profundo. Durante todo o embate, ela vem contendo seu poder, testando-o, mantendo o confronto em um campo controlado.
Não há necessidade de se desgastar, mesmo diante de um exorcista tão habilidoso. Agora, porém, tudo mudou. Ele alcança um ápice de seu poder, e mesmo que ela esteja em vantagem, a imprevisibilidade do exorcista a força a encarar a batalha com novas perspectivas.
O ar ao redor se torna denso, a atmosfera carregada com a tensão de um poder que ele já tentou usar antes, mas agora é a derradeira hora.
O movimento é inevitável. Ele está prestes a liberar sua dádiva do abismo.
— Lá vem!
Ele respira fundo, como se absorvesse toda a pressão acumulada. A tensão pulsa em cada poro. Um suspiro escapa, mas, ao mesmo tempo, a energia ao seu redor intensifica-se como um furacão prestes a eclodir.
“Irei… hã?”
De repente, ventos invisíveis o impulsionam pelas costas; sua trajetória muda bruscamente para frente, lançando-o diretamente em direção à mão do demônio.
Mas, no instante em que as garras estão prestes a decapitá-lo, seu corpo fragmenta-se em pedaços de gelo, caindo em pilha aos pés da criatura.
A batalha não para por aí!
Ele reaparece no ar, de cabeça para baixo, segurando firmemente algo em suas mãos, que tirou inesperadamente das costas — uma embalagem, parecendo de creme dental três vezes maior que o comum. Enfim, estava na cara que seria algo assim… no sentido!
O que ele fará? Essa pergunta é a mais sincera que posso fazer!
Mas, sem hesitar, ele responde e aplica o conteúdo sobre o ferimento em sua pele, a queimadura ainda fresca do último golpe. Em questão de segundos, após esfregar, a pele se regenera diante dos olhos dela, sem deixar cicatrizes, como se nunca tivesse sido ferida.
É uma habilidade impressionante… mas…
— É agora!
Com um movimento fluido, ela estende a mão direita e, em um gesto rápido, invoca um vórtice de ventos. Ele é lançado como uma folha, e sua aura é completamente apagada enquanto sua técnica luta para convergir os danos dos ventos que agem como lâminas, deixando-o desnudo de sua natureza sobrenatural em prol de sua vida…
Ele gira no ar, mas a colisão contra a parede é inevitável. O impacto reverbera, ecoando pelo campo de batalha.
Uma grandiosa cortina de poeira se ergue…
Enquanto ela sente algo se enrolar em sua perna. É Lilith, que olha para cima e, através de sua aura abissal, transmite uma verdade desconcertante à sua dona: ele já está no limite.
“Então…”
Pensa, enquanto conjura energia negra, os dedos apertando a esfera de energia que pulsa em sua palma logo após se formar, a concentração máxima de seu poder.
A batalha está a um passo de seu fim, mas para alguns, o fim já chegou. A grande energia da guerra, o estrondo das lutas, se dissipa lentamente, dando espaço a um silêncio profundo. A luz ainda pende baixa no horizonte, tingindo a arena de um vermelho sombrio, enquanto as almas dos guerreiros, perdidas e destroçadas, pairam como ecos do que um dia foram.
No centro de tudo, há a presença do senhor abissal, a entidade que vigia esse momento, seu olhar tão profundo quanto o próprio.
Ali estão os irmãos, Vassael e Moloel, com seus destinos entrelaçados não apenas pelo sangue, mas pela honra e o peso das palavras de seu senhor.
O mais novo está de joelhos, a expressão de pesar estampada em seu rosto, seus ombros caídos sob o fardo da derrota. Ele olha para as areias ao redor, como se buscasse ali alguma resposta ou redenção. A dor é imensa, mas sua voz não vacila quando se dirige à entidade.
— Meu senhor… — a voz treme, mas há algo de sincero, um arrependimento profundo. — Sinto muito… Eh…
Não consegui te honrar, nem ao meu irmão, nem à minha casa!
O vento parece sussurrar, movendo-se entre as ruínas da batalha, como se refletisse a tristeza que paira sobre o momento. A figura de Alum permanece impassível, seus olhos insondáveis, um reflexo das vastas profundezas que ninguém ousa explorar completamente.
Antes que ele possa responder, o irmão mais velho está ali, seu punho cerrado, socando as areias com fervor desesperado.
— Não, seja tolo, irmão! — grita, seus olhos incendiados com a paixão de um espírito que, apesar da dor, se recusa a se submeter à fragilidade da derrota. — Você honrou nossa casa, e mesmo que para os outros seja vergonha, para mim, foi meu orgulho! — Ele ergue a cabeça, o olhar desafiador fixo no senhor abissal, uma chama de resistência queimando em seus olhos. — Se há alguém que deveria pedir desculpas, sou eu! Senhor…
Mas o mais novo não pode continuar, a emoção o consome. Com a face marcada pela luta, mas a alma ainda inquebrantável, ele se lança a um último apelo.
— Moloel… — murmura, sua voz quebrando, como se as palavras fizessem parte de um peso insuportável.
Seus olhos, antes cheios de arrependimento, agora estão tingidos de resignação. Ele sente a proximidade do fim, mas ainda assim, seus olhos não vacilam, permanecendo firmes, como uma promessa não dita.
O senhor do abismo observa com um silêncio que engole a vastidão ao redor.
— Pobres corações que sofrem… não lamentem. Em meu acalento, aceito seus corações, e mesmo que se vejam indignos, não há maior dignidade que a serventia! — Cada palavra ressoa, implacável, profunda como o eco de um trovão da noite eterna que jaz no vazio daquelas terras. Ele avança, a figura imponente se aproximando de ambos, suas palavras afiadas como uma lâmina que se crava no peito de ambos. — E agora, seus corações pertencem a mim!
É o convite para o sono eterno, um convite que nenhum deles pode recusar. Moloel, o mais resiliente, é o primeiro a ceder. Seus olhos brilham uma última vez, mas a força que queimava em seu interior se apaga lentamente. Vassael, já derrotado, tem seus últimos suspiros levados pelo vento, suas palavras sem mais peso.
Só mais uma alma a vir visitar o derradeiro fim!
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