Capítulo 241 - Quem é Esse Garoto?
“Quem é esse garoto?”
A voz ecoa como um trovão na mente de Daniel, não como um sussurro, mas como uma pergunta carregada de incredulidade e fascínio. O garoto avança contra a entidade, os olhos faiscando com intensidade, fixos como se nada mais no mundo importasse. Sua mão corta o ar com precisão, a centímetros de atingir a criatura, como se buscasse eliminá-la imediatamente.
A entidade hesita por um instante — um feito raro. No momento em que ele quase a atinge no estômago, ela se abaixa, planejando um contra-ataque com um gancho poderoso. Mas Yami a surpreende. Ele salta, pousando com uma leveza impressionante, seus pés mal tocando o chão.
— Que rápido… — murmura Liliel, estreitando os olhos.
— É… me chamam assim, o cara muito rápido! — responde Yami, com provocação no tom. Ele ergue as mãos ao lado do corpo, deixando que uma energia carmesim comece a se acumular, girando como tempestades furiosas em suas palmas. — Transmutatio materiae et status!
Subitamente, chamas violentas irrompem, avassaladoras. Elas giram em espirais, um espetáculo de fúria e poder. Yami as lança contra o demônio, que, em um movimento resiliente, envolve-se com suas asas regeneradas.
A princesa bloqueia o ataque e ri. Uma risada baixa, carregada de malícia. Então, golpeia o chão com força destruidora. Ventos ferozes emergem, formando um tornado brutal que dissolve parte das chamas.
— Te peguei!
Antes que Yami perceba, Lilith, o dragão conjurado, o surpreende por um ponto cego. Sua presença é um assombro. A cauda da besta, fria como a morte, se enrola ao redor do pescoço de Yami. O rosto monstruoso da criatura se aproxima, presa brilhando à luz do fogo que ameaça acabar com tudo.
— Um dragão? Sério? — grunhe Yami entre dentes, lutando para se soltar.
A besta não responde, apertando ainda mais. No último instante, ele finca os pés no chão e, com força sobre-humana, lança a criatura contra os escombros.
“É a conjuração maldita dela… um segundo corpo. Como sempre, ela usa essas bestas para encurralar o inimigo e replicar técnicas!”
As palavras ecoam na mente de Yami, mas não tão rápido quanto a torrente de energia negra que vem em sua direção. Ele ergue o sobretudo, transmutando o tecido em um escudo improvisado. Os disparos negros, como dardos de pura destruição, são bloqueados enquanto ele analisa freneticamente a situação.
As explosões criam fissuras na terra.
“Entendi! Essa criatura está testando meus limites. Mas qual o alcance real de sua energia? Essa maldita princesa do inferno… é mais resistente do que qualquer coisa que já enfrentei!”
— Já cansou, pirralho? — zomba a princesa, atrevida. Ela se aproxima com passos firmes, sua voz carregada de prazer sádico. Ventos negros giram ao redor de suas mãos como espirais de caos.
“É… ela está vindo com tudo, mas suas garras estão além de Liliel!”
— Grr… que saco! — Yami limpa o suor do rosto, recompondo-se com um suspiro pesado. Ele ergue as mãos na altura do peito, um brilho feroz nos olhos. Sua aura explode em chamas negras, irradiando ódio puro.
— Será que seu fogo é forte o bastante para meus ventos demoníacos? — desafia a princesa, inclinando a cabeça com um sorriso predatório.
— Ventos? — Yami ri, uma risada venenosa. — Quer me vencer sendo um ventilador?!
Antes que ela responda, ele desaparece. Um instante depois, surge à sua frente, perto demais para que ela reaja a tempo.
— Assimilatio!
As chamas negras surgem, vorazes e arrebatadoras, como se o próprio abismo tivesse sido convocado. Elas avançam em um turbilhão, e por um instante, até mesmo a princesa vacila, seus instintos gritando perigo. Ela salta para trás, tentando se proteger, mas não é rápida o suficiente.
“Chamas negras… vorazes, devoradoras de mundos. Esse garoto… quem é ele realmente?”
Mas ela não recua completamente.
— Procella Nigra Mortis!
O vendaval negro colide contra as chamas. O impacto é devastador, uma explosão que reverbera por toda Nova Tóquio.
Ondas de calor e destruição varrem o que resta dos distritos, transformando bairros inteiros em ruínas. O céu parece se partir em duas metades — uma tomada pelas chamas, outra pelos ventos.
O caos é absoluto. A temperatura no ar ultrapassa os 55 graus, e gritos se apagam enquanto mais de 60% da população sucumbe ao apocalipse.
No epicentro do confronto, Yami e a demônio permanecem imóveis, como duas forças da natureza em equilíbrio.
Sem as mãos, que se regeneram quase instantaneamente, Liliel parece espantada.
“Esse garoto… suas chamas… estão além de Azaael.”
Ele, por sua vez, limpa a poeira dos ombros, como se o cataclismo ao redor fosse insignificante.
— Hm… jurei que tinha te matado. — Ele cruza os dedos, casualmente, um gesto que faz Liliel estremecer. — Mas você é mais resistente do que eu esperava.
“O quê? Ele… ela vai expandir?”
Em sua mente, um flash revela uma verdade escondida. Por trás de todo aquele show, há sacrifício, frustração… lágrimas silenciosas escorrem pelo rosto dela.
Mas Liliel sorri. Um sorriso carregado de ironia e, talvez, alívio.
— Vai proteger meu Azaael, pirralho? — pergunta, sua voz gélida como o vazio.
Sem aviso, ela avança novamente.
Yami não tem tempo de responder. Ela o atinge com um golpe direto no estômago, tão rápido e preciso que ele mal vê o movimento. Suas garras negras perfuram sua carne, explodindo em uma onda de energia cortante que atravessa suas costas.
O impacto é brutal, mas Yami não cai.
Ele segura o braço dela com força, ignorando a dor e o sangue que escorre. Com um rugido feroz, gira o corpo e a lança contra o chão, criando uma cratera no concreto.
A criatura tenta se levantar, mas ele já não está mais ali. Ele desaparece novamente, sua velocidade quase impossível de acompanhar.
Então, lá está ele, acima dela, pairando no ar como um espectro vingativo. Sua aura flamejante é um espetáculo fatal. Com um grito de pura fúria, ele acumula toda a energia em seu punho. O som do vento assobiando ao redor ecoa como um pedido de socorro, uma melodia apocalíptica no cenário devastado.
Entre os escombros, dois espectadores assistem. Daniel, o exorcista, treme de animação enquanto Karoline luta para manter o escudo de energia ao redor deles.
— Isso… isso é incrível! — sussurra ele, com os olhos arregalados.
— Não… — responde Karoline, fixando o olhar em Yami. — Isso é assustador. Ele… ele está se tornando algo mais… Sua presença é quase demoníaca.
Regras dos Comentários:
Para receber notificações por e-mail quando seu comentário for respondido, ative o sininho ao lado do botão de Publicar Comentário.