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    Mas… qual foi a visão que Liliel teve ao ser capturada pela técnica de Yami?

    Com toda certeza, foi o vislumbre do vazio absoluto — ou de uma fração ínfima dele. Em menos de 0,01 femtossegundos, ela experimentou algo incompreensível: ver, sentir e pensar tudo simultaneamente.

    Cada átomo de seu corpo se despedaçou pela força esmagadora de sucção, desintegrando-se em partículas menores do que o imaginável.

    Nesse instante eterno, presente, passado e futuro se fundiram.

    Os fragmentos de seu ser, espalhados através do tempo, se uniram apenas para serem aniquilados em um fluxo cruel e inescapável.

    Quem ela é, quem poderia ser, e até mesmo quem jamais seria, foi arrancado, mutilado, até que restou menos que um único pedaço, que, como folhas ao vento, se esvai.

    Sua mente, então, incapaz de resistir, foi reduzida à própria inexistência — um estado além do vazio, onde até a criatividade se desfaz, deixando-a completamente inanimada.

    Por fim, o ato derradeiro ocorreu: a exclusão total de sua existência da realidade.

    Mas…

    No entanto, como esta foi apenas uma manifestação reduzida do feitiço, ele se limitou a anular somente as formas física e astral, permitindo que a consciência ainda vagasse por um tênue fio de existência, condenada a dissipar-se lentamente até seu inevitável fim.

    Foi, sem dúvida, mesmo que indiretamente, o golpe de misericórdia do rapaz. Diferente de outros demônios, ela não apenas perdeu sua forma física e astral, mas também a essência que a conectava a Alum.

    Esse vínculo, tão forte e inquebrável para outros, se desfez diante desse poder que transcende quase todas as coisas conhecidas, ficando abaixo apenas da Ordem e seu equilíbrio e do Senhor dos Senhores, Elum.

    Esse rompimento, por mais cruel que pareça e seja, lhe concedeu um último instante de lucidez. O momento para se despedir de Azaael na dimensão consciencial do demônio, onde fragmentos de suas existências ainda se cruzaram.

    Mesmo que por míseros instantes, como foi!

    E o impacto de sua derrota foi sentido em cada linha da realidade, reverberando como um eco estrondoso e alarmante. Asmael, ao receber a notícia, retirou-se das cortes do imperador.

    Após ouvir da boca do próprio como um triunfo.

    Passa pelos corredores e sente-se sozinho. Ao seu redor, há apenas escuridão. Sempre esteve ali, à margem, mas sua última esperança de ser feliz se esvaiu. Ela já sabia disso, mas a esperança é uma dádiva que todos possuem.

    Mas, parado no parapeito do castelo, seus olhos inflamados de tristeza se ergueram ao horizonte desértico, além das árvores mortas do palácio do orgulho. Seus ombros, antes eretos, cederam sob o peso do luto.

    E cortando a paisagem do mal, o grandioso pilar de luz reflete as almas dos mortos em Nova Tóquio, convocando-as para a morada dos céus. Isso, porém, o faz questionar: sua filha, para onde irá a princesa demônio? Sem um paraíso para onde ir, e ignorando o rompimento da jura de lealdade que não sabe que ocorreu, acredita que ela será consumida por Alum, sem direito a um após, sem um final feliz.

    “Oh, minha pequena… minha garotinha… perdoe seu pai. Não consigo protegê-la, nem lhe dar o futuro que tanto deseja!”

    É a insatisfação que guarda e não pode dizer… Só temos coragem quando perdemos. Esse é o poder da perda!

    Com um golpe no parapeito, ele fez parte da estrutura ruir. A queda o leva ao rio de sangue fervente abaixo, mas nem o calor, nem o peso do impacto lhe trazem alívio.

    Ele permanece ali, encarando os céus eternos, esperando que a morte da filha traga algum fim à sua própria agonia ou dê razão às suas ações até então.

    Contudo, a perda apenas intensifica seu tormento, como de praxe.

    Mas… de fato, Liliel, onde ela está agora?

    Se não há mais forma física para andar em Crea, nem alma para vagar por Maladomus…

    Não há limbo para os demônios, mas consciências desprovidas de alma ou corpo são relegadas ao mundo dos sonhos, um domínio primordial e além da compreensão.

    Em um lugar chamado campos do esquecimento, onde tempestades cósmicas rugem entre campos floridos eternos. Ali, tudo o que é esquecido encontra seu lar…

    E foi neste lugar que ela despertou. Seus olhos se abrem para um horizonte que parece infinito — de um lado, campos eternos; do outro, mais do mesmo.

    Com os pés suspensos no ar, em sua verdadeira forma, aquela que foi derrotada…

    Ela ergue a mão, e sua aura demoníaca reage, disparando trevas que rasgam o ar, desaparecendo a quilômetros de distância.

    — Sem limites? Será que…

    Ela tenta ouvir algo, mas tudo está envolto em um silêncio absoluto. Não há sons, nem cheiros, nem qualquer outro sinal. Nem o impacto do ar sendo rasgado pelo seu golpe, nem passos de insetos, nem o correr de animais…

    — Uma prisão?

    Ela paralisa por segundos… até que um choque atinge sua mente…

    “Merda… depois daquelas visões… Espera…”

    Sua memória começa a voltar, mas não como um fluxo ordenado. Em vez disso, sua mente é um emaranhado de fragmentos desconexos, sufocando qualquer tentativa de formar um pensamento coerente.

    “Azaael?”

    Mas… há algo que se nega a ser esquecido!

    Isso faz uma lágrima escorrer…

    “Ehr, eu morri… de fato, eu morri!”

    Sente isso, retornando ao seu peito, entendendo rapidamente o que se passa…

    “O pirralho, ele me mandou para cá? Além da luxúria da carne ou angústias da alma… posso ver…”

    Ela percebe as flores, mas com uma beleza que não via antes nelas.

    “Posso ver as coisas como elas são… e entender como são, a verdade por trás da verdade!”

    Ela pousa, sentindo a grama, um arrepio que só não lhe cobra mais que as lágrimas ao lembrar de seu amado.

    — Será que ele veio também? Amor…

    Não há a quem lançar sua esperança, então ela faz consigo mesma. É a primeira a cair naquele lugar. Almas humanas? Só viriam após o descanso aos céus, mas o mundo é muito novo. Então, ela teria que esperar anos até que alguém chegasse a pisar ali…

    Aquilo lhe dá um conforto. Afinal, quem é ela? Ficou tanto tempo presa, o que seriam mais 20 mil anos? 200 mil? Uma hora chegaria!

    E é pensando assim que se senta, admirando aquilo que lhe está sendo oferecido. Está morta, sua luta chegou ao fim, e isso já é uma eterna certeza para ela!

    Saber que não terá que esperar mais, que está em um lugar de descanso…

    Mas calma… não é virtude de todos… e certo alguém goza da pressa, andando em meio ao caos!

    É Kryntt, com a bússola aberta em mãos, percebendo que não nos céus, mas na terra, a energia negra ressurge. Em um dos lugares quase intactos pela guerra, alguém controla o grandioso acúmulo dessas trevas…

    Como uma grandiosa espiral… dá para ver, como fios de linha, passando entre eles, escuridão sem nome, sem dono!

    Eles emergem para cima, e de lá, uma explosão negra surge! Aquele caos está em seus instantes finais, e Gallael, no prédio ao lado, já se prepara para recuar…

    “Hm… o que será que esse maluco fará?”

    Ele olha de lado para o ex-exorcista, mas há alegria em sua face enquanto perde a consciência.

    Não está criando um feitiço de explosão; pelas trevas sendo injetadas em suas veias, ele quer uma metamorfose! Mas será que dará certo? Mesmo que esteja despencando dos céus junto ao edifício em que estava!?

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