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    — Então, tudo está para acabar? — Arthur avança. Ao seu lado, Amai, emburrada por ter se encarregado apenas de demônios “fracos” e não protagonizado nenhum avanço significativo, segundo ela…

    Não só…

    Ethan, Natalie, Masaru, Elizabeth, Sofie e Satoshi estão ali também, enquanto os demais que sobreviveram recuam, acompanhados por exorcistas mais fracos… e poucos humanos vivos.

    Percebendo que estão agitados para eliminar o último alvo, Masaru caminha até a frente deles e os observa hesitantemente.

    — Não, para nós, acabou! — ninguém entende. — Kryntt me pediu para deixar que somente ele encerre com o traidor… nosso último alvo é Rasen, e sim, está envolvido nisso!

    A revelação atinge os que estão imersos em um mar de ignorância; a informação de que ele estava com os demônios foi dada exclusivamente a poucos exorcistas e aos membros do conselho…

    — Rasen? Quem é esse? — Natalie resmunga, baixinho.

    — O Assassino do Hazan, melhor amigo dele! Enfim, vocês entendem?

    — Mas você viu a espiral? Acha que um exorcista normal pode lidar com isso? — Zahira cruza os braços e, então, coloca a mão no ombro da ruiva, que está indignada demais. — Não é melhor terminar isso? Amai tem potencial para eliminar esse verme antes que ele pense!

    — A missão é nossa… — Bufa.

    — Exatamente… mas… vocês não estão confiando no potencial de Kryntt?

    — E ele tem motivos! — O loiro complementa, sentando-se entre os escombros. — Acho justo que seja ele. Hazan era o único que ele ainda tinha. Gostariam que alguém se intrometesse em sua vingança?

    — Mas… — Natalie quase gagueja. — Ele não está só… não? Não estamos todos por um e todos por todos?

    — Não se trata de solidão! Mas de uma dívida, uma reparação. Acho que até posso entender isso, então, acho que vocês não serão piores do que eu, não é? — O celeste encara o horizonte e, então, se fixa em Yami, que está atrás de todos, encarando os céus, recostado a um pilar. — Temos que cuidar dos sobreviventes… Vocês já pararam para pensar no que acabou de acontecer? Isso é…

    Todos recuam diante de suas palavras, enquanto, com a mão entre os lábios, o garoto, de cabelos sujos e olhar cansado, ainda segura os vômitos de sangue…

    “Que saco… sair de casa, passar mal, e agora o bosta do Azaael sumiu, que dia! Grande dia!”

    — Uma catástrofe! Não só isso, mas depois disso aqui, acho que a humanidade vai colapsar… — Ethan divaga, complementando no mesmo instante, olhando para os outros. — Se alguns mil humanos estiverem vivos, caramba, teremos sorte! Sinto muito… a quem tinha família aqui…

    Agora, Shirasaki cerra os punhos, assim como Satoshi. Eles estão tão imersos que esquecem que a sede de seu clã está à mercê de ataques.

    Irmãos, pais, será que alguém se feriu? Ou pior?

    Eles não suportam nem mais um segundo…

    — Shirasaki? Ah, Satoshi? — Sofie vê ambos sumirem de sua vista e acaricia seus cabelos loiros, olhando para os demais. — Desculpa, gente… — Ela corre atrás, não quer perder este amigo, após ver Arthur com tanta indiferença que já não o reconhecia.

    Em tão pouco tempo, a dor já o mudava, o luto está como uma crosta em seu ser…

    — Alguém mais? Sejam rápidos… ainda dá para se despedir… — Zahira sobe um monte de escombros, seu corpo repleto de feridas. 

    Perdas, pessoas, lugares e feridas profundas são o que restam.

    Ela se aproxima de Masaru, que sente a brisa bater em seu rosto. E, de repente, sem trégua, todos percebem duas auras se chocando… adiante, só podem ser ambos, o antigo messias e o vingador!

    — Depois de hoje, tudo vai mudar! Está preparado? Nós… vamos ter bastante importância… ou seremos os mais perseguidos!

    — Ehr… — Ele se senta. — Pois é… mas por hora, não vamos nos preocupar demais, está bem? O Gabriel já vai surtar por nós!

    Um sorriso amargo… é a resposta da celeste.

    Enquanto o caos tomava conta do Domus-dei, o grandioso edifício, que até então representava a grandiosidade da ordem, parecia mal ter sido tocado pelas sombras.

    Apenas vidraças estavam manchadas, como se o próprio edifício estivesse contendo a escuridão ao seu redor. 

    E no último andar, Seiji Watanabe permanecia impassível, com as mãos entrelaçadas nas costas, observando o estrago com um olhar frio, como se as tensões à sua volta fossem meras distrações. 

    O ar parecia pesado, como se algo sombrio o envolvesse.

    De repente, a porta se abriu abruptamente, interrompendo seus pensamentos. Hugo, com a postura visivelmente abalada, entrou, hesitando antes de se aproximar.

    Ele não precisava dizer muito para que a tensão no ambiente se ampliasse.

    — Senhor… tenho uma péssima notícia…

    Ainda com a frieza de sempre, olhou de soslaio, já antecipando a gravidade da situação.

    — O que foi? Miyazaki foi morto? — A preocupação foi quase imperceptível em sua voz, um leve contraste com a rigidez de sua postura.

    Hugo negou, e sua resposta só aumentou o desconforto na sala.

    — Não!

    — Então, quem foi? Megumi?

    Engoliu em seco antes de dar a notícia, quase como se fosse um golpe fatal.

    — Kyotaka! — Quase teve que se segurar em uma cadeira para não desabar. — Ele morreu salvando Mahmoud e Shirasaki, o líder que mais viveu da ordem… não…

    Mas, com um leve suspiro, não demonstrou o abalo esperado.

    — Que pena — interrompe, sua voz quase desinteressada —, mas ele já estava velho… pobre homem. Ele sempre foi bom demais para esse mundo. Morrer pelos outros? Sabia que faria algo assim, mas também… o que ele disse quando alertei que o líder não deveria sair dos seus aposentos?

    Suas palavras foram secas, como se o peso da perda não fosse suficiente para atingir suas emoções.

    Já Hugo parecia não conseguir controlar a dor que ainda ecoava em seu peito, mas ele não parecia nem um pouco impressionado. 

    Seus braços estavam cruzados e seu olhar fixo nas vidraças, como se observasse algo além da destruição… um futuro? Talvez.

    — Ele… eh… disse que deveria estar lá! Mas…

    — Mas? — Seu tom se tornou impaciente. Seus braços se cruzaram com mais força. — O que foi? Você lamenta tanto assim, Hugo? Logo você, que sempre criticou o jeito dele de resolver os problemas?

    Hesitou, mas a dor ainda transparecia. Seus olhos estavam nublados pela tensão da perda.

    Ele, no entanto, não demonstrava nenhum sinal de fraqueza ou compaixão.

    — Mas… independente de tudo, ele era um dos nossos, não é? — Tentou, mas a pergunta pareceu fútil aos olhos do velho.

    Ele fez uma pausa, seus dedos tocando a vidraça com um toque suave. Estava distante, e sua visão já estava voltada para o futuro, ignorando o que ficou para trás.

    — É, mas… já perdi tantos garotos, você também. Só lamento que ele se vá e rompa uma relação tão boa com o império… enfim, acho que nem isso nos salvaria da opinião pública! — Refletindo na superfície vidrada, a frieza de seu olhar. — Mas com minha regência, me apoiando na regra de idade para liderar, irei levar a ordem a um novo triunfo! Ganharei essa guerra!

    Então, em silêncio, observava a cena, seu olhar, um misto de respeito e apreensão, já ciente de que algo muito maior estava em jogo.

    — Seiji… — Murmurou, mas a palavra pareceu vacilar no ar, sem encontrar realmente um eco. 

    O que ele esperava? Sempre fora cúmplice de suas atitudes questionáveis. Agora, ele via o que mais almejava: Watanabe seria o próximo líder do que restava da ordem, e essa transformação parecia irreversível.

    E ele olhou para Hugo, seus olhos tão imperturbáveis quanto antes, e a sala ficou em silêncio, com o futuro da ordem decidido por um homem tão frio quanto o próprio edifício que os cercava.

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