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    Antes de suas auras se chocarem, o exorcista sentiu o peso da atmosfera mudar bruscamente.

    Seus joelhos cederam sob a pressão avassaladora, tremendo enquanto uma força invisível parecia apertar seu coração, causando ansiedade. E seu escudo, outrora de pé, começou a rachar com sons secos, até se despedaçar em fragmentos que se dissolveram no ar, como cinzas sendo levadas pelo vento.

    À sua frente, Rasen cambaleava, os pés mal firmes no chão, enquanto se erguia como uma marionete desajeitada. 

    Seus olhos pareciam desfocados, mas uma centelha de lucidez começava a emergir, trazendo-o de volta de seu estado dramático.

    O exorcista viu, com o coração acelerado, a aura dele vacilar entre a escuridão absoluta e uma luz muito fraca, oscilando como uma fogueira no inverno… como se uma batalha interna estivesse prestes a explodir.

    Deveria ser o efeito colateral…

    E então, antes que qualquer palavra pudesse ser dita ou reação tomada, o som de um impacto ecoou como um trovão. O golpe direto na face do traidor fez o ambiente tremer, espalhando uma onda de choque que fez a poeira no chão levantar e os pedregulhos se converterem em pó.

    A cabeça dele gira com o impacto, mas não cai!

    — Vamos, seu covarde! — brada, lançando-o com força contra os escombros. Seu punho pesa como nunca, e o segundo golpe no peito de Rasen é quase um apagão de energia.

    Ele sente cada fibra do seu corpo quase se partir; aqueles socos têm uma força tão descomunal que poderiam apagar o brilho das estrelas sem sequer tocá-las.

    — Ehr… maldição… — diz com a voz rouca, enquanto tenta se erguer.

    Mas antes que consiga, o vingador avança novamente como uma tempestade, e outro golpe o acerta em cheio, desta vez na boca do estômago. A dor explode em ondas latejantes, arrancando-lhe o fôlego, enquanto a pedra atrás de suas costas se desfaz em pó, reduzida a nada.

    — Vamos!? — repete, com a voz carregada de desprezo. — Ainda lhe dou a vantagem de se erguer, seu assassino covarde!

    O outro, ofegante, luta para recuperar o fôlego e tenta reagir com um soco desesperado. No entanto, é recebido por uma sequência implacável de golpes no rosto, que o fazem cuspir sangue para o lado, o líquido rubro manchando o chão aos seus pés.

    Seu corpo vacila, os joelhos tremem, quase cedendo. Ele está à beira do nocaute!

    “Não darei abertura!”

    Pensa, sentindo a adrenalina correr pelo corpo, enquanto dá uma rasteira no maldito.

    “Merda, esse maldito está me encurralando…”

    O pensamento é quase um grito em sua mente. Quando cai, tenta, com um esforço desesperado, cruzar os dedos, buscando qualquer forma de resistência. Mas, antes que consiga, o exorcista agarra sua mão com uma força inumana e o lança para os céus.

    O movimento é tão rápido que mal tem tempo de processar o que acontece. 

    Tudo o que sente é o ar cortando suas costas como uma lâmina afiada, antes de ser brutalmente lançado para cima.

    — Ainda não aguenta meus golpes?

    Um sorriso surge nos lábios, mas, ao mesmo tempo, algo gélido atravessa seu corpo.

    Rasen sente um arrepio profundo, não pela dor que sente, mas pela presença do que está por vir. Ele está diante daquele que, sem dúvida, o ceifará. 

    Ninguém está ao seu lado para impedir!

    E sem dar trégua… o exorcista avança.

    Com um movimento quase instintivo, grita, em um tom baixo e carregado de poder:

    — Transmutatio materiae et status!

    As palavras de seu feitiço são lançadas. Suas mãos brilham com uma energia translúcida que se transforma em um impulso eletromagnético. Ele o canaliza, concentrando toda a sua força naquilo, e o impacto disparado entre seus dedos é monstruoso.

    Com uma carga de até 500 kV/m, a energia criada pode paralisar o maldito ou, no pior dos casos, causar uma falha cardíaca fatal!

    Então…

    Logo após ser alvo dessa técnica devastadora, ele cai entre os escombros, sem qualquer reação, seu corpo estirado como uma marionete sem fios.

    O ar escapa de seus lábios com dificuldade, uma nuvem de vapor que se dissipa rapidamente, enquanto a energia ainda reverbera no ambiente…

    Até que… em menos de um minuto.

    A poeira baixa e o que resta dele é uma visão aterradora: sem roupas, seu corpo está completamente tingido de vermelho, as marcas da energia elétrica ainda são visíveis em sua pele.

    E continua imóvel, quase sem vida, completamente entregue ao impacto devastador…

    “Ele tentou me matar de dentro para fora?”

    Pensa, só podendo mover o pescoço para cima, já que seus dedos, tão poucos, mal conseguem se dobrar…

    E rapidamente, percebe: Kryntt está acima de si, no ar, e pousa, esmagando seu braço esquerdo.

    Pois, acima de tudo, está determinado a trazer o seu fim!

    — Grr…

    Ele até tenta tocar a perna de seu agressor, enquanto o som dos próprios ossos se quebrando o perturba, mas, sem piedade, seu pescoço é esmagado… Com a outra perna, ele decapita praticamente o maldito com esse golpe!

    — Acabou! — enche-se de sangue, bem como seus sapatos, — agora… você vai poder pedir desculpas a nosso amigo!

    Quando diz… sente o peso do coração ficar mais leve…

    “Agora… basta eu finalizar este mal para sempre…”

    Ele mira em sua cabeça, mesmo sem vida; sua aura reluz, transformando a saudade e os sentimentos bonitos em energia positiva, explodindo a cabeça do ser… mas…

    Seria um belo momento, se quase não fosse vítima de um golpe no peito logo após se desarmar, recuando instintivamente em um salto para trás… aquele golpe, de quem vem?

    — Quem é? Por acaso é um aliado desse verme?

    Ele tenta achar, mas não há ninguém além… nenhuma presença que possa sentir…

    “Será que ele não está sozinho?”

    E quando olha para o corpo, já não está ali, somente o sangue; mas dos céus, o traidor surge tentando o agarrar! 

    Mas não, é qualquer exorcista, e por isso é rápido em seu contra-ataque. Mesmo estando perdido naquele embate, ele joga os pés para cima, mãos ao solo e golpeia com os pés, lançando-o para trás.

    — Por acaso tu és imortal, porra?

    Não, mas estou bem próximo disso.

    — Isso te deixa com medo, é?

    É miserável o suficiente para arriscar brincar, vendo que suas ambições não terminaram com sua cabeça arrancada.

    — Medo? Você quem estava apanhando!

    Foi então que, quando pousa, arrastando os pés no árido solo, revela, em suas mãos, garras; e seus olhos estão vermelhos; sua pele, onde deveria ter sido regenerada, está cinza e meio escamosa, e os chifres se escondem entre os cabelos.

    Aquilo é um tapa na cara; sua pele é só casca. Na verdade, sua aparência humana precisa cair para que nasça e floresça sua versão demoníaca.

    Ele sorri, meio forçado com a resposta, meio insatisfeito…

    Mas o que importa é que a sua metamorfose da certo, ou ao menos é o que parece… o fim do maldito está mais longe do que o exorcista imagina!

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