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    Mas aquilo não foi apenas um confronto, nem uma guerra de vontades; fora um duelo em que cada extensão revelou o limite do corpo e da alma.

    Uma fatalidade do acaso regia todo o destino.

    Gabriel sabia que não poderia lançar tudo o que tinha — não por falta de coragem, mas porque a diferença de energia era esmagadora. Expandir sua força significaria expor seu adversário ao colapso e matá-lo da forma mais cruel.

    Mesmo assim, algo dentro do exorcista ardia: um desejo feroz, incontrolável. Ele queria provar que havia avançado, que seu potencial era mais do que apenas um reflexo do passado. Seus dedos entrelaçaram-se em um nervoso ritual silencioso, enquanto sua respiração tornava-se irregular.

    Ele queria que o mundo o visse, que seu antigo companheiro presenciasse.

    — Vou com tudo! — sua voz cortou o ar como um trovão.

    E o celeste não hesitou.

    As roupas de ambos agitaram-se violentamente, quase rasgadas pela explosão repentina de poder de suas auras. O solo cedeu sob seus pés, rachando em padrões fractais, enquanto a pressão da atmosfera os envolvia como uma parede invisível prestes a desmoronar.

    E então, em uma fração de segundo, ambos moveram-se. “— Extensio energiae, Intangibilitas possessiva!”, o exorcista vociferou, sentindo o mundo ao seu redor vibrar com a pulsação de sua essência. “— Extensio energiae: Conspectus mundi inconscia!”, seu adversário respondeu.

    Uma coalizão de extensões.

    O impacto foi imediato. O ar explodiu para os lados, criando um vácuo momentâneo antes que um rugido ensurdecedor preenchesse o espaço. A terra estremeceu. As forças colidiram em um espetáculo caótico, onde cada partícula do ambiente parecia ser dilacerada pela convergência de energias que transcendiam a compreensão.

    O duelo estava apenas começando.

    O celeste não sentiu seus pés tocarem o chão e, assim como as pedras e árvores caídas ao seu redor, flutuou. A gravidade fora anulada no instante em que ele a tornou intangível.

    — O que você fez? — soou, perplexo.

    E ele sorriu, orgulhoso. Melhor ainda, desviava com facilidade do golpe da criatura horrenda que emergiu dos pesadelos do celeste: Mahaganash. A deidade demonificada nas escrituras antigas.

    Um grandioso elefante meio zumbi, de pele escura, maior que um prédio, com seis braços, cada um empunhando uma espada capaz de rasgar arranha-céus. Essas eram as Garras do Diabo, fragmentos de um dragão caído, morto após ser expulso dos céus pelo Criador.

    Seus golpes invocavam tempestades, e a simples movimentação de sua colossal forma distorcia o espaço ao redor.

    Mas, naquele momento, o exorcista tinha a vantagem, colocando ambos à mercê da própria incapacidade de se mover.

    Ainda mantinha o controle de seus pés. Já seu adversário, no entanto, não. Seu corpo permanecia suspenso, livre das amarras da gravidade… Mas por que ele não era afetado?

    Tá, feitiços inatos e não inatos normalmente não afetam quem os conjura, mas anular um elemento essencial como a gravidade deveria atingi-lo de alguma forma, não?

    Não… Ele também estava intangível, existindo na mesma dimensão que a gravidade. Então, nada havia mudado para ele, enquanto para os outros, sim.

    — Isso pode ficar ainda mais insano! — Ele exclamou, encarando o ser entre os dedos. — Explodire!

    No instante seguinte, sua segunda etapa se ativou, transformando a intangibilidade em um material explosivo, enquanto a gravidade se normalizava abruptamente. Ele convertia o impulso gerado pela transformação dimensional em dano massivo. A Incisura.

    E em um raio de 8 mil km², tudo explodiu. A devastação varreu a paisagem, uma onda de pura destruição dissipando-se.

    O ar escapou de seus lábios em um suspiro exausto enquanto ele contemplava o maior feito que já alcançara com sua técnica inata.

    Tudo estava envolto em uma densa neblina de poeira, estendendo-se até as fronteiras dos campos mórbidos da capital.

    — Isso é incrível! — O elefante, agora coberto de feridas superficiais, ergueu uma de suas mãos colossais — a que estava vazia. Para sobreviver, sacrificara uma de suas espadas. E ali, entre seus dedos, Gabriel estava. — Você ainda pode mais? — Sua voz reverberou enquanto as espadas restantes, capazes de cortar qualquer coisa, dançavam no ar.

    Girava as espadas — não iria esperar por conversa.

    Esse bicho… cacete…

    O exorcista não hesitou em se preparar.

    E, por um instante… quando a onda de destruição estava prestes a reduzi-lo a purê…

    Ele conseguiu ficar intangível.

    O estrondo às suas costas o fez vacilar.

    Viu uma tormenta — não, duas — surgirem em uma escala apocalíptica.

    Mas… foi salvo pela última vez por sua runa. Já havia usado a da mão esquerda para proteger Yoruichi. Agora, ativava a da direita — um feitiço inato, gravado em sua pele, feito para resgatá-lo nos momentos mais críticos.

    Quando não podia entoar, o feitiço se ativava automaticamente, salvando-o. E cruzar os dedos? Otimizava essa liberação, pois esse ato normalizava o fluxo de energia.

    — Mas agora você acabou com meu truque! Maldito…

    Ele deveria estar frustrado. Deveria sentir-se acuado. Mas, ao contrário disso, um brilho selvagem cintilava em seus olhos. Estava animado.

    — Tente superar este pesadelo!

    Não era uma zombaria. Não era arrogância. Era um instante puro, em que podia simplesmente se deixar levar, como o vento atravessando a vastidão sem resistência.

    — Mas ainda tinha muito mais!

    Começou a usar as pernas, flutuando no ar enquanto escapava dos cortes. A besta atacava sem se mover, esperando acertar.

    O difícil… era que eram invisíveis.

    Desviava puramente por instinto, confiando apenas em sua percepção ao redor.

    Concentre-se! Concentre-se!

    Magnus sussurrou em seus pensamentos.

    Era incrível que um mero avatar dos sonhos e pesadelos do celeste possuísse tanta força, velocidade e habilidades.

    E isso era apenas uma extensão de energia. Apenas uma fração do que era capaz.

    Grrrrrr!!!

    A entidade rugiu, enquanto seu criador a observava com um olhar sério. Estava tentando adivinhar como seu adversário superaria aquele fardo à sua frente.

    Cinco espadas… cinco vidas…

    Deduziu.

    Mas essa desgraça não se aproximará?

    A cada piscada, a terra se rasgava. Cortes surgiam do nada, rompendo o solo como um trem desgovernado.

    E quando alcançou uma distância segura…

    A criatura balançou o corpo, pisou firme, e um terremoto se espalhou até ali. Suas pernas vacilaram com o impacto.

    Está vindo!

    Teve que pular e, quando menos percebeu, a poeira se dissipou, revelando a criatura já diante dele, pronta para acertá-lo.

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