Índice de Capítulo

    Quatro minutos haviam se passado.

    O celeste ofegava, e o suor escorria por sua testa, misturando-se ao sangue que brotava de um corte recém-aberto no supercílio. Seus músculos tremiam—não de medo, mas da sobrecarga absurda que enfrentava.

    Não conseguia se defender; apenas reforçava seu corpo por dentro, absorvendo cada impacto como uma muralha rachada prestes a desmoronar.

    Sua aura tremia como uma chama prestes a se transformar em um incêndio. O ar ao seu redor vibrava. Era isso que o impedia de ser esmagado no processo.

    As fraturas selavam-se rapidamente, regenerando-se sob a energia avassaladora que percorria suas veias.

    Era um ciclo: destruição e reconstrução, dor e superação. Seu corpo aprendia com cada impacto, tornando-se mais forte a cada segundo. Seus músculos endureciam, seu espírito se inflamava.

    A cada golpe recebido, ele não apenas resistia—evoluía.

    Aquele instante o empurrava além de seus limites, forçando-o a dominar, em tempo real, a arte dos feitiços regenerativos. Cada célula, cada osso quebrado exigia um foco absoluto para se recompor antes que o próximo impacto o despedaçasse novamente.

    E seu verdadeiro trunfo não era apenas a energia bruta que irradiava de seu corpo, em remessas capazes de cobrir setores, mas a calmaria imperturbável que mantinha em meio ao caos.

    Um maestro de sua própria mente.

    E mesmo que…

    Os golpes vinham e iam, sem piedade, cada um cravando-se em sua carne. Seu peito ardia, a respiração tornava-se pesada, e a cabeça latejava. As contusões se multiplicavam, a dor espalhava-se como uma tempestade dentro de si. Mas ele não cedia. Não importava quantos hematomas acumulasse—sua mente se fortalecia a cada instante.

    Oito minutos apanhando. Nada mais, nada menos.

    Seus sentidos vacilavam, mas sua vontade permanecia inabalável. Ele ainda podia mudar aquele destino cruel. Bastava um instante. Uma única brecha.

    Vamos lá! Agora! Toda energia que eu tenho!

    Seus olhos brilharam com a fúria de um guerreiro determinado a romper seus próprios limites. Seu corpo estava exausto, seus ossos gritavam em protesto, e seus pulmões queimavam como se fossem feitos de brasas vivas.

    Mas nada disso importava.

    Ele queria mais. Precisava mais.

    Já Magnus seguia a todo vapor, forçando-o a cuspir sangue, tingindo o chão abaixo de si. Mas seis minutos? O que era isso, senão um lembrete de que podia ir além?

    Determinação e energia formavam a essência dos invencíveis.

    Até onde conseguirá resistir?

    A pergunta brotou em sua mente. Não importava a técnica que dominasse, nem o quão forte fosse seu punho ou quão precisa sua mente—aquilo que enfrentava estava além. Além de sua compreensão. Além de suas garras.

    E então, quando o cronômetro marcou oito minutos, a expansão que ele sustentava com tanta força—com tanta esperança—finalmente cedeu.

    Como uma onda colapsando sobre si mesma, sua aura retraiu bruscamente. O impacto o lançou como um projétil, arremessando-o contra uma enorme pedra. O som foi seco, desumano—a rocha virou farelos, mas ele…

    Foi como se fosse esfaqueado de todas as direções.

    Milhões de lâminas rasgaram seu corpo de dentro para fora. Seus ossos quebraram em sequência, como estacas de gelo estourando em uma avalanche. Sua mente colapsou sob a pressão, pensamentos despedaçados como vidro em queda livre.

    Estava se autodestruindo.

    MERDA!

    A palavra quase escapou em voz, mas ficou presa no limiar de um pensamento quebrado. Um suspiro de revolta diante do preço.

    O preço foi alto demais.

    Alto o suficiente para apagar qualquer outro.

    Só não morreu… porque…

    — Quase…

    A voz era calma. Profunda.

    Um toque quente e sereno pousou sobre seu corpo despedaçado.

    A mão de um celeste.

    E, naquele único gesto, entre a vida e a morte, algo mudou.

    — Quase me matou, seu merda…

    A voz veio carregada de irritação e cansaço, misturada ao suspiro pesado de quem já esperava aquele desfecho.

    — Ehr… Só deveria ter desistido… — Enquanto sua aura envolvia o corpo destroçado à sua frente, selando feridas, reconstruindo ossos, restaurando o que restava da dignidade do pobre desgraçado.

    Mas não sem um preço.

    — Agora, você vai se foder pra caralho. Vou te curar… e vai ficar em dívida comigo!

    A energia fluía de suas mãos, pulsando como um rio de vida e ressentimento. Cada segundo de cura era um castigo disfarçado, um lembrete de que ele não sairia ileso—nem físico, nem moralmente.

    E, ainda assim, estava feliz.

    A luta havia acabado. Ninguém morreu. Nem mesmo aquele que ergueu o punho contra ele.

    Magnus, deitado, sentia uma faísca de ódio misturada com um agradecimento amargo. Não tinha morrido. Parte dele era grata por isso. Mas a outra parte…

    — Seu filho da puta!

    Foi a única coisa que conseguiu dizer antes de desmaiar.

    Enquanto… as coisas não eram fáceis para Yoruichi.

    Aceitar a celeste era um desafio quase maior do que enfrentá-la. Elizabeth havia desaparecido de sua frente como fumaça ao vento e, mesmo que ele conseguisse disparar um bilhão de feitiços de luz em um piscar de olhos, a diaba dançava entre eles com um tédio elegante.

    O campo de batalha que haviam criado era uma pintura caótica.

    Quilômetros ao redor estavam marcados como cicatrizes em terra viva: crateras, trincheiras, poeira suspensa no ar. Uma guerra entre dois prodígios. Mas só um parecia estar se divertindo.

    — Vadia!

    Berrava, a exaustão escapando de seus lábios rachados, enquanto ela… de costas para ele, apenas observava o horizonte com um olhar suave.

    Lá longe, podia ver—ver com a alma—seu amor ainda vivo.

    Ele estava bem.

    — Hm… como pensei… — sussurrou, antes de desviar casualmente de um ataque que teria atravessado seu rosto.

    — Tá maluco?!

    Mas ela só balançou a mão. E, num instante, sua palma cortou o ar, atingindo a lateral do rosto dele com a força de um caminhão a mil quilômetros por hora.

    Era sua técnica inata. Brutal. Imprevisível. Desgraçadamente eficiente.

    É impossível!

    O pensamento relampejou em sua mente enquanto rolava pelo chão, atordoado, tentando entender de onde tinha vindo aquele golpe.

    — Ainda não aprendeu que, quando eu erro, eu acerto? — zombou, girando nos calcanhares com leveza. — Por que não usa sua técnica inata ou sua extensão, hein? Assim seria mais fácil…

    Ele cuspiu um dente. E sangue. Seu orgulho também estava sangrando.

    — Não tenho moral pra disputar domínio… ehr… extensão… eu não domino!

    — Então não usa sua inata?

    — Não…

    E estreitou os olhos, sentindo o peso daquela provocação.

    — Isso me lembra alguém… — apontou o dedo direto para ele, como se o marcasse. — Me mostra sua técnica inata. Vai!

    — O quê? Por quê?

    — Isso vai ser mais interessante se você vier com tudo. Tá, você é muito bom com feitiços de luz… mas… ehr… tão genérico!

    — Você usa feitiços de vento e eu nem falo nada… — retrucou, com veneno na voz.

    Aquilo doeu. E sorriu sem jeito.

    — Mas eu pelo menos uso minha inata de alguma forma! Vai, não pode ser tão ruim… Tipo, o que pior pode ser? Você virar um polvo gigante? Coisa de Aijiano…

    Ele desviou o olhar, constrangido.

    — Eu… — hesitou, quase se engasgando nas palavras — Eu… eu… eu…

    — Eu o que, cacete?

    — Posso conjurar animais marinhos…

    Silêncio.

    — Como o Dagon?

    — Não…

    — Putz… isso é realmente idiota… e vergonhoso…

    — Pois é… — abaixou o olhar, preparando-se para o próximo ataque. Humilhado em combate e agora também no orgulho.

    Mas não esperava.

    A figura à sua frente não o olhava como um oponente. Era uma leoa que o via como um filhote — não uma presa, nem um rival.

    — Me mostra aí… — pediu, ainda com aquele sorriso torto nos lábios.

    Ela queria rir. Sim.

    Mas também queria ver.

    Porque às vezes, o ridículo escondia o extraordinário.

    E talvez — só talvez — aquele “idiota” que conjurava animais marinhos tivesse algo que ninguém mais tinha. Algo que não se explicava em palavras, nem se anulava com golpes. Algo… autêntico.

    — Que desgraça! — veio das profundezas do seu coração.

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