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    Em outro espaço. Além do físico – ou mesmo do astral – já conhecidos. Ainda que limitado por esses conceitos.

    Luz combatia as trevas…

    E o choque dos golpes bagunçava até mesmo esse lugar.

    Intocado pelas leis conhecidas – uma dobra da realidade, onde o tempo hesitava e o caos assumia sua forma mais poderosa.

    No centro da realidade alternativa criada pela Dama Carmesim, duas entidades se enfrentavam: Amai, a exorcista marcada pelo equilíbrio entre a flor – com sua delicadeza e aparência – e o aço – com seu poder latente imensurável; e a Besta, uma divindade da ruína por natureza, e da entropia por intenção.

    E que poder imensurável…

    O terreno florescia a cada passo seu — ainda que não houvesse, de fato, terreno algum sob seus pés. Apenas um conceito físico de inexistência, que ela nomeava: a incapacidade de haver algo.

    Seu avanço era uma dança — cada golpe com a katana vibrava como se cortasse o próprio tecido do mundo. E, de fato, cortava: retaliava possibilidades e realidades.

    Mas não era uma luta comum. Não ali.

    A Besta movia-se com uma brutalidade sublime. Seu punho, desferido contra o golpe, foi tão veloz que rivalizou com o fio da lâmina.

    Trilhões de vezes mais rápido que a luz.

    Ali, não havia limites.

    Um choque de forças — cada impacto gerando ondas de distorção, como se o próprio espaço implorasse por estabilidade. Tempestades de chamas negras colidiam com fragmentos de cristal congelante e rajadas de energia luminescente, em um espetáculo de ataques.

    Eram técnicas onipresentes, sem alvos definidos — apenas o emanar selvagem de suas capacidades, girando ao redor como furacões primordiais, até culminarem em uma explosão de antimatéria que engoliu o horizonte.

    Sinto que… ela poderia me matar a qualquer instante!

    Pensou a Besta, o coração martelando como um tambor de guerra.

    Sua resposta foi insana: de suas asas monstruosas brotaram esferas negras – dezenas de milhares – cada uma fervendo com energia capaz de energizar estrelas. Elas se expandiram num instante e, em seguida, explodiram como supernovas.

    A onda de destruição era inevitável, estava além do inimaginável.

    Mas Amai estava além do impossível. Era crer que se tornava verdade, algo incrível, sua extensão tão assustadora… e aquilo era apenas sua inata em forma reduzida.

    Uma felina com garras menores, mas ainda assim suficientes para amedrontar uma entidade.

    A destruição se converteu em novos tons para suas unhas – o vazio.

    — Me diz aí, isso é tudo?

    Brincalhona, fatal, poderosa… O sangue escorreu por seu nariz, mas, com um simples passar de língua, resolveu.

    Grr…

    Ela mordeu a língua, percebendo a exorcista que era sua oponente. Em um estalar, as roupas da garota se tornaram escuras, ela manipulava a realidade com a mesma facilidade com que respirava.

    — Já enfrentou inimigos do meu nível, mesmo?

    Mas não era seu limite…

    — Isso…

    Ainda havia Munimentum Ferum.

    — …Não é tudo!

    Seu corpo pulsava com a dádiva da fortificação selvagem, sua habilidade ancestral. A cada gota de suor derramada, seus atributos se intensificavam.

    Mais rápida. Mais forte. Mais letal. Quanto mais a batalha exigia, mais selvagem se tornava.

    Ela suspirou.

    Agora, liberando sua técnica maldita.

    — Maxima Annihilatio!

    Um disparo de trevas tão rápido que atravessava os conceitos de velocidade, tempo e espaço. Tão forte, que até mesmo seu braço foi pulverizado ao liberar tamanha energia negra…

    Mas… assim que atingiu, o ataque foi convertido em uma explosão de espumas, que desapareceram instantaneamente.

    O impacto?

    Bem… em confetes.

    E avançou — sua lâmina quase cortou o pescoço da entidade demoníaca, que, por um instante, sentiu a morte abraçá-la.

    — Sério? Achou mesmo que eu faria todo esse show e ficaria desarmada?

    — Maldita…

    O fio da lâmina ecoou. O corte se propagou pelo espaço oco e fervente como se fosse feito de chamas, deixando uma cicatriz ardente na entidade.

    Que sumiu logo em seguida… e reapareceu às suas costas.

    — Está brincando comigo?

    Ela rosnava, pousando agachada — a força de seus pés gerava uma pressão de ar insuportável, distorcendo o ambiente ao redor.

    — Por quê?

    — Poderia…

    Colocou a mão no pescoço.

    — …Ter me decapitado aqui…

    — Será? — mais sangue escorreu por seu nariz — Me acha tão poderosa assim?

    Ela está alimentando o próprio ego… putinha desgraçada! É… divina, sim… mas eu tenho que aproveitar. Deve haver uma chance. Uma brecha…

    Então, instintivamente, se levantou. O braço regenerou-se em meio à raiva, e disparou uma sequência brutal de esferas de trevas.

    — Morra!

    As explosões fizeram tremer aquele espaço suspenso – aquele não-lugar – em ondas caóticas.

    Mas, em um gesto quase sereno, ela cortou as ondas destrutivas.

    Sua lâmina diluía os ataques como névoa, e os ferimentos leves em sua pele pareciam apenas cicatrizes de respeito.

    Dobrando a realidade à vontade, a katana reluzia com uma luz que não pertencia a nenhum espectro conhecido.

    Com um golpe dessa luminescência, feriu a entidade, arremessando-a para trás — um impacto cortante com a força de uma explosão.

    — Boa tentativa… isso teria detonado qualquer coisa… mas enquanto eu tiver essa lâmina… você não vai me vencer!

    A Besta hesitou. A espada… era esse o segredo? A brecha?

    Não esperou. Sumiu como uma rajada de vento cósmico, desaparecendo do ponto onde havia se ajoelhado. Reapareceu em um salto, alavancada por suas asas vibrantes.

    Seus cabelos, em tons múltiplos, liberaram chamas coloridas – azul, púrpura, carmesim, dourado – cada cor representando um aspecto de seu ser, uma faceta da própria essência.— Só uma vez…

    A ruiva balançou os cabelos, o olhar incendiado.

    Enquanto a maldita girava em círculos a seu redor, as chamas se uniam ao seu, formando espirais.

    Era um resplendor.

    Um espetáculo de energia negra – intenso, hipnótico – como algo que jamais se imaginaria testemunhar.

    — Vou liberar tudo o que tenho!

    Disseram em uníssono.

    Quando deu a última volta, BOOOMM!

    — Donum infernale: Apotheosis flammarum divinarum! Potentia maxima!

    Seu punho foi carregado com a essência de cada chama, e, em um único soco, desferiu todo o peso que carregava. Força suficiente para desviar o curso de uma galáxia. Atingiu a lâmina – e, de repente, com o olhar vitorioso, agarrou-se ao chão para não ser lançada longe.

    A desintegrou por completo. Não só ela, mas também o próprio punho, que se reduziu em cinzas junto ao impacto… apenas para se regenerar imediatamente, como se a própria fúria do golpe alimentasse sua restauração.

    — E agora, ruivinha? — sorriu.

    Orgulhosa viu Amai encarar as próprias mãos nuas… quase queimadas pela energia.

    — Minha espada…

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