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    — Não disse que ia acabar com sua lâmina? — A voz dela cortou o ar, entre risos abafados e uma aura flamejante que ondulava como se o próprio espaço estivesse em combustão.

    As chamas não apenas queimavam – cantavam, giravam com fúria, celebrando a conquista árdua.

    Seu ataque foi uma liberação pura de energia latente, capaz de apagar seres da existência. Quanto à lâmina?

    Reduzida a algo menor que um quark.

    — O que tem de importante aí? — apontando com o queixo para os destroços da lâmina, como cacos de vidro — Usava para manifestar sua técnica? Ou… fortificar?

    Talvez esperasse vê-la em pânico. Talvez em choque.

    Surpresa?

    Não. A ruiva sorria.

    Um sorriso torto lhe curvava os lábios – mais que deboche, havia algo de sádico ali. Encantador. Cruel.

    Ela avançou um passo, olhos semicerrados, cheios de provocação.

    O sorriso cada vez mais travesso. Malicioso. Quase desarmante.

    — Na verdade… — girou o pulso com leveza, como quem desenha memórias no ar — Concentrava toda a minha técnica inata na ponta da lâmina. O fluxo se comprimindo ao longo dela… um desperdício, se quer saber. Às vezes perdia força. Nem sempre era eficaz. Um saco, né?

    Os olhos da entidade se estreitaram. O sangue fervia.

    — Então… — ergueu os ombros em um quase suspiro, como se aquele instante fosse banal — …agora eu posso fazer literalmente o que quiser. Não que antes eu não pudesse… mas te dar um desafio… foi, bem… fofo!

    — Fofo? — a palavra ricocheteou na mente dela como uma punhalada envenenada.

    O ódio explodiu num rugido. Veias saltaram sob a pele, vibrando com fúria.

    — FOFO!?

    Sua voz rasgou o ar, estilhaçando o silêncio como distorção dimensional. O chão tremeu. O céu vibrou.

    Mas então…

    Um estalo.

    Simples. Sutil.

    Como uma vela sufocada pelo vento, sua aura abissal recuou – puxada, apagada, engolida pelo nada.

    — O quê…? — Arfou, o olhar perdido por um instante, tentando compreender o que acabara de acontecer.

    Ela ergueu o braço com casualidade, como quem traça uma linha invisível no ar.

    — Ehr… sabe — Agora soava quase doce, mas carregada de um sarcasmo sutil — eu não gosto de lutas assim. Detesto ser óbvia… Mas você é um demônio… então foi divertido enquanto durou…

    Estalou a língua.

    — Mas já deu, né?

    Os dedos brilharam por um momento. Havia algo ali – profundo, despertando.

    — O QUE VOCÊ FEZ, SUA VACA!?

    — Tirei sua aura — respondeu, serena — Não só para manipular esse espaço… ou sua energia… mas você!

    — Me… manipular? — Até tentou mover um dedo. Nada. As pernas, imóveis. Os dentes rangeram sob a pressão. Um suor frio escorreu. Não era medo.

    Era humilhação.

    A encarava com olhos semicerrados, o olhar curioso de quem observa uma criatura rara presa num frasco.

    — Já sei…

    Outro estalo.

    — Gr…

    Num segundo, uma explosão de luz espiritual e distorção. No outro…

    Nada além de uma banana.

    Amarela. Levemente manchada. Com uma aura constrangedoramente cômica.

    Ela se aproximou com os olhos brilhando, os lábios e as pálpebras marcadas por finos rastros de sangue – um toque de guerra… de sua diversão inconsequente.

    — Não consegui pensar em uma fruta rara o suficiente pra você… então… — pegou a banana, observando-a com um certo prazer — se ficasse de cabeça pra baixo… — começou a descascá-la, devagar, teatral — pareceria uma banana semi-aberta. De ponta-cabeça…

    E então ela fez.

    Girou a fruta, ergueu como um troféu.

    Riu alto – debochada, triunfante.

    Uma gargalhada que ecoou no vazio como um insulto.

    — Piada pronta, né?

    …Fazendo-a cair por terra, junto com a última migalha da sua dignidade.

    É… era oficial.

    Amai Shiraksa havia exorcizado uma entidade de nível realeza do submundo como se fosse… nada.

    Um estalo, uma banana e uma piada de mal gosto – fim de jogo!

    Seria trágico… se não fosse cômico.

    Diferente do embate entre os exorcistas e o Solitário, que ainda rolava – e mais parecia uma peça teatral escrita às pressas por um roteirista bêbado.

    No caso, eu.

    Só drama.

    Um inferno à parte para o casal. Porque ele não era apenas forte — parecia sempre um passo à frente.

    Mesmo contra dois celestes.

    Pegá-lo de surpresa? Esquece. Nem em sonho.

    Seus golpes surgiam acima da luz – no máximo, dava tempo de um revidar.

    Abaixo disso? Morte certa.

    Ele atacava antes mesmo de pensar em atacar. O lag corria solto, como se o tempo estivesse sempre contra eles.

    — Lutando de um jeito óbvio assim… — zombou. A voz arrastada, parecia tudo, menos veloz — Vocês não vão nem me acertar!

    Sarcástico. Entediado.

    Mas antes que o som morresse no ar, deixou escapar um sorriso.

    E, num piscar de olhos, segurava a espada reluzente de Gabriel.

    — Cê acha? — rosnou.

    Quem ri por último… ri melhor.

    A lâmina brilhou – parecia até sagrada, intensa.

    Mas só por um instante.

    Sendo convertida numa explosão luminescente brutal e descontrolada.

    Um sonho lúcido que durou poucos segundos.

    Era tudo o que dava pra usar.

    E a besta… mal teve tempo de gritar.

    Elizabeth já estava atrás dele.

    Um baque seco. Um golpe curvo, certeiro, carregado de fúria e energia.

    Ele teve que cravar os pés no chão para não ser lançado longe.

    — Óbvio? — rosnou, olhos em chamas — Vou enfiar esse óbvio no seu cu!

    Ela socou o chão com a palma aberta. O impacto ecoou como um terremoto.

    Sua energia se espalhou como uma maré violenta.

    Num piscar de olhos, o solo tremeu e um bloco inteiro de terra e concreto se ergueu, como se a cidade decidisse dar um salto.

    Ele não podia ultrapassar a resistência do ar.

    A pressão o travou — sendo lançado aos céus.

    — Vai, amor!!!

    O grito cortou o caos como uma ordem divina.

    Era a deixa que precisava.

    Aproveitou o momento.

    Quase caiu – firmou os pés no último segundo.

    Espero ficar semanas sem lutar depois disso! Pensou, cravando a decisão como uma promessa silenciosa.

    Seu coração ansiava por um fim.

    Um basta. Uma explosão que encerrasse tudo.

    De sua mão, a esfera de luz começou a se formar – imensa, pulsante, viva.

    Rangeu os dentes.

    Veias saltaram em seu pescoço.

    Os olhos turvaram, como se seu corpo inteiro fosse luz prestes a se romper.

    E quando lançou…

    Foi como ouvir bilhões de bombas atômicas explodindo ao mesmo tempo.

    O estrondo foi avassalador – um rugido primordial que rasgou o céu.

    A luz engoliu tudo.

    E, no fim, uma mega explosão, com um raio tão vasto e assustador que parecia capaz de engolir continentes.

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