Índice de Capítulo

    Sentando-se no banco gasto de couro vermelho, Masaru ajeitou os ombros, estalando os dedos como quem se preparava para começar um espetáculo.

    A lanchonete cheirava a fritura, café coado e pão tostado na chapa; havia música tocando em um rádio perto do balcão.

    Clássica… Folkwave.

    Do tipo que seu avô colocaria na fita cassete antes de sair de casa, ajustando os óculos escuros no rosto.

    A melodia começa suave, violões dedilhados que se misturam ao som de ondas ao fundo, e logo entram os sintetizadores como reflexo do astro rei na água.

    A atendente, uma moça de postura ereta e olhar simpático, tinha um belo cabelo Black Power.

    Masaru a encarou com curiosidade quase infantil, como se aquele detalhe fosse o ponto mais importante do lugar.

    — Caramba… deve ser difícil manter esse cabelo, moça? — soltou, com um sorriso largo demais para ser apenas simpatia.

    Ela piscou, surpresa pela abordagem direta. O sorriso ameaçou fraquejar, mas permaneceu ali, hesitante.

    — Ah, senhor… é… — respondeu em tom baixo, ajeitando o bloquinho nas mãos.

    Era meio intimidador estar frente a frente com um homem que carregava no olhar e nos gestos a fama de incendiário do mundo.

    Enquanto, Gabriel, sentado ao lado, afundava-se cada vez mais no banco.

    O olhar fixo no cardápio plastificado era apenas uma tentativa de fuga.

    Onde eu fui me meter? Senhor… me tira daqui.

    Suspirou firme, tamborilando os dedos nervosamente sobre a mesa, como se pudesse desaparecer se ficasse quieto o suficiente.

    Mas Masaru não lhe dava trégua.

    — Cê é nova aqui? — interrompeu de supetão, sem deixar espaço para ela respirar.

    — Sou… o senhor…

    — Tem quantos anos, hein? Carinha de 20…

    — T-tenho 22, senhor… — a voz falhando no meio, mas ainda tentando soar educada.

    — Oh, mais velha, curti, curti! — inclinou-se para frente, batendo a mão na mesa como se tivesse descoberto algo maravilhoso.

    Gabriel fechou os olhos, sentindo a vergonha alheia corroer sua pele. O estalo alto de seus dedos ecoou, finalmente interrompendo-o.

    — Café, dois hambúrgueres e… ignore esse maluco, moça! — Quase suplicando.

    Ela esboçou um sorriso contido, grata pela intervenção.

    — Ehr… qual é? — Masaru levantou as mãos em rendição — Tava só… socializando — fez um joinha desajeitado e piscou, como se estivesse em um programa de auditório — Sacou?

    — Só pare…

    Infelizmente, não parou ali…

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