Índice de Capítulo

    Quando chegou em casa se atirou na cama de lençóis rosados, afundando no colchão macio, ainda cercada pelos papéis de parede da Hello Kitty, que decoravam seu quarto desde os oito anos. Apesar de já ter dezenove, nunca teve coragem de mudar — havia algo reconfortante naquele rosa infantil, naquele laço vermelho repetido pelas paredes.

    No fundo, fazia parte de quem era.

    A televisão no canto do quarto ainda estava pausada no sexto capítulo de O Desejo Depois da Morte, sua série favorita. Havia semanas que não assistia, mas amava. Aquela já era sua quinta vez vendo tudo, e ainda se arrepiava em certas cenas.

    Deitada de lado, balançando as pernas para o ar como quem toca o céu com os dedos dos pés, ela segurava o smartphone na mão. A tela iluminava seu rosto, refletindo nos olhos cor de mel que piscavam devagar, cansados, mas atentos.

    Digitou “Yami Yamasaki” na barra de pesquisa.

    A primeira manchete a fez rir.

    Desastre no distrito de Hiragana: Vandalismo e descaso, a academia esportiva quase vai ao chão — o exorcista é culpado!

    — Dramáticos como sempre… às vezes tudo só… fica difícil de segurar — murmurou, zombando, com um brilho leve nos olhos. Nunca faria algo assim — ela se dizia —, mas havia certo carinho naquela crítica, empatia, como quem vê outro herói cometer erros e ainda assim o admira.

    Entrou no site oficial da Ordem — http://a-ord.com.aj —, o coração acelerando quase imperceptivelmente. O carregamento foi rápido. Já conhecia a interface de cor. Sabia navegar como quem percorre a própria casa no escuro.

    Ali estava o registro dele. O único que usava chamas negras. Yami Yamasaki.

    Já havia lido tudo antes — três vezes, se contasse direito. Conhecia a trajetória, o início precoce, sua falta de disciplina, sua nota negativa, mas as ressalvas de ser um gênio de sua geração, grau V, sem nunca comprovar nenhum feito. Só sua aura já assustava os mestres que lecionavam na época.

    Então olhou para o canto da tela. Faltavam duas horas para virar o dia. A madrugada iria envolvê-la como um cobertor silencioso.

    Logo ela, que havia dormido só meia hora hoje.

    Seus olhos estavam pesados. Quase não ouviu quando a mãe bateu à porta.

    — Amor? Não vai comer…

    Ela levou um segundo a reagir, puxada bruscamente de volta à realidade.

    — Ehr… — gaguejou, sentando-se com pressa e um pouco zonza. — Tá… tá… vou sim, mãe…

    As bochechas estavam quentes. E vermelhas.

    Foi paixão à primeira vista?

    Talvez. Ou talvez fosse só o começo de algo que nem ela sabia nomear.

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