Capítulo 31 – Cada passo, uma batalha
— Vinte e nooooove…! Uff!
— A ÚLTIMAAA!!!
— … Uuuuuuuugh! Trinta!
Poff!
Exausto, Akemi espatifou-se no chão.
— FINALMENTE TERMINAMOS COM ISSO, ZERO UM! ALIÁS, NUNCA CONSIDERE ISSO UMA CONQUISTA! TIVE QUE RELEVAR ESSAS SUAS EXECUÇÕES RIDÍCULAS! SE NÃO, NUNCA SAIRÍAMOS DAQUI!
“Consegui… Achei que fosse morrer!”
— FICARÁ DEIXADO AÍ ATÉ QUANDO, COMBATENTE?! DE PÉ, 1, 2!
O garoto levantou-se lentamente e voltou à posição de descansar. “Meus braços estão bambos e meu peito parecia que estava partido ao meio… Mas… nunca pensei que conseguiria fazer isso de primeira… Eu… me sinto diferente… Está muito quente. O que está acontecendo?”
O Major Yura respirou fundo e varreu os olhares em cada um dos alunos como um falcão prestes a atacar. — SENHORES! — Ele começou a andar — GOSTARIA DE CONTAR UMA BREVE HISTÓRIA!
Este conteúdo está disponível no Illusia. Se estiver lendo em outro lugar, acesse https://illusia.com.br/ para uma melhor qualidade e maior velocidade.
“Uma… história?”
— ESSA É A HISTÓRIA DE UM GAROTO SOLITÁRIO, SEM FAMÍLIA, SEM RUMO! ELE PRECISAVA ENCONTRAR UM PROPÓSITO NA VIDA. PRIMEIRO, UM LUGAR PARA CHAMAR DE LAR NO MEIO DE UMA FLORESTA ENORME E CHEIA DE FERAS MORTAIS… CERTO DIA, ESSE GAROTO FAMINTO E SOZINHO, QUE SOBREVIVIA CAÇANDO ANIMAIS PEQUENOS E BEBENDO ÁGUA SUJA, ACABOU DANDO DE CARA COM UMA TOCA DE ONÇAS-SABRE GIGANTES! E CLARO! ELE NÃO FOI MUITO BEM RECEBIDO DE PRIMEIRA VISTA!
“Onças gigantes?! Que floresta é essa?!”
— MAS AQUELE GAROTO NÃO DESISTIU! ELE LUTOU PELA PRÓPRIA VIDA COM TUDO O QUE APRENDEU SOZINHO! QUEBROU OSSOS, RASGOU MÚSCULOS, FUROU OLHOS, TUDO INCESSANTEMENTE…! NO FINAL! DO EXÉRCITO INFINITO DE ONÇAS, SÓ UM SER SOBERANO FICOU DE PÉ… UM HUMANO! QUE NAQUELE MOMENTO GLORIOSO, MAL SABIA QUE ESTAVA SENDO OBSERVADO POR OUTRO DA MESMA ESPÉCIE! MESMO EXAUSTO, FERIDO E SUJO DE SANGUE, ELE RECEBEU UMA PROPOSTA QUE MUDARIA SUA VIDA! AQUELE JOVEM GUERREIRO QUE DERROTOU FERAS SE TORNOU UM MILITAR, MAS NÃO QUALQUER MILITAR! ELE SE TORNOU O MELHOR SHIHAI DA REGIÃO! E ASSIM QUE GANHOU ESSE TÍTULO HONROSO, FOI ENVIADO PARA O EXTERIOR, ASSIM CONHECENDO A MAIOR INSTITUIÇÃO ÁURICA DO MUUUNDO!!! ALGUÉM QUER SABER ONDE ESTÁ ESSE SHIHAI AGORA?!
— Eu quero saber, senhor! — Akemi ergueu a mão com entusiasmo.
— ESTÁ BEM NA SUA FRENTE, ZERO UM! EU SOU ESSE SHIHAI!
— Wooow…
— QUERO QUE VOCÊS ENTENDAM UMA COISA COM ESSA HISTÓRIA: NÃO FUI CRIADO SEGUNDO OS PADRÕES QUE VOCÊS CONHECEM AQUI… MAS ADIVINHEM SÓ?! VIM AQUI PRA MUDAR ISSO! E SIM! PEDI AUTORIZAÇÃO AOS SUPERIORES PARA IMPLEMENTAR MINHAS PRÓPRIAS METODOLOGIAS…! Nunca fiquei tão feliz por escutar um “positivo”.
“Ainda não entendi de onde ele vem, me parece um lugar familiar.”
— NOS PRÓXIMOS DIAS, VOCÊS PASSARÃO POR UMA SÉRIE DE TESTES DE APTIDÃO FÍSICA E ÁURICA! ESSES EXAMES SERÃO CRUCIAIS PARA O INÍCIO DE SUAS ATIVIDADES! DEPENDENDO DO DESEMPENHO, PODERÃO RECEBER HONRARIAS ESPECIAIS! E MAIS UMA COOOISA!!! — a voz do Major Yura ficava ainda mais alta e enfática, segurando a atenção de todos. — OS RESULTADOS DE CADA UM DE VOCÊS SERÃO EXIBIDOS NAS LOUSAS DO PRÉDIO PRINCIPAL! ISSO MESMO, SENHORES! GENERAIS E MARECHAIS TERÃO ACESSO DIRETO AOS DESEMPENHOS! E VOCÊS CERTAMENTE NÃO VÃO QUERER FAZER PAPEL DE INCOMPETENTES, NÃO É MESMO?!
Este conteúdo está disponível no Illusia. Se estiver lendo em outro lugar, acesse https://illusia.com.br/ para uma melhor qualidade e maior velocidade.
“Legal, mais um motivo de chacota…”
— ENTÃO SEM MAIS ENROLAÇÕES! VOCÊS CONTINUARÃO SOB O MEU COMANDO ATÉ ÀS QUATRO HORAS DA TARDE! Temos muuuito o que fazer, héhéhééé…! VAMOS AOS EXAMES! TODOS PARA A PISTA DE OBSTÁCULOS!
Alguns alunos começaram a olhar um para o outro, eles não entenderam muito bem a ordem.
— Senhor — Mayumi ergueu o punho.
— DIGA, ZERO SETE!
— Creio que não há nenhuma pista de obstáculos por aqui, só há terra.
— Ah, muito bem observado, espertinha! SÓ HÁ TEEERRA!!! — Juntamente do berro, Yura levantou ambas as mãos, assim, equipamentos de treino como barras, halteres, tatames etc. — todos feitos de terra, aparentemente um material extremamente resistente — foram erguidos por todo o campo.
“Ele é um áurico de terra? Caramba, ele tinha que usá-la apenas para nosso meu sofrimento?”
Naquele momento, o instrutor contava com a iminente vinda do suor árduo de seus alunos… ou lágrimas.
Este conteúdo está disponível no Illusia. Se estiver lendo em outro lugar, acesse https://illusia.com.br/ para uma melhor qualidade e maior velocidade.
O campo de treinamento tornava-se mais ameaçador a cada passo dos alunos. Providas do próprio solo, cordas penduradas, barras, pesos, paredes cinza e poças de lama estavam espalhadas por todos os lados.
Alguns murmuravam entre si, animados como em um passeio no parque.
Mas Akemi? Ele sabia que… “Isso vai ser um desastre…”
— ZERO UUM!!!
— Sim, senhor!
— SUBA AQUELA CORDA!
Akemi dirigiu o olhar para uma corda de terra pendurada balançando levemente sob a brisa fresca do ambiente. Ela estava no céu, desafiando qualquer um a conquistar o topo de uma larga parede terrosa…
– Primeiro exercício: Escalada –
A imagem do desafio se gravava na mente de Akemi. Um frio na barriga invadia o estômago do garoto, fazendo-o parecer ter engolido um bloco de gelo.
O suor escorregava das palmas antes mesmo de tocar a superfície áspera da corda. Mas não adiantava recuar.
Este conteúdo está disponível no Illusia. Se estiver lendo em outro lugar, acesse https://illusia.com.br/ para uma melhor qualidade e maior velocidade.
— Vamos! Eu tenho que conseguir!
Akemi agarrava a corda com toda força que lhe restava, mas o que deveria ser um movimento tranquilo transformava-se em uma apresentação desengonçada; seus pés deslizavam contra a parede, buscando apoio, mas em vez disso, encontravam uma resistência traiçoeira.
Olhares perturbadores devoravam a força de vontade do rapaz, alguns vinham de risadas contidas, outros de rostos sérios ou até impacientes.
Akemi sentiu o nervosismo alastrar, e em um movimento forçado, tentou impulsionar-se, porém seu corpo apenas continuou patinando na parede sem sequer sair direito do chão. Ele se via em uma montanha-russa de tentativas, ora subindo, ora despencando. — Eu… preciso… conseguir chegar lá!
A vontade ainda era grande, mas… já era tarde demais; como resposta ao esforço, a gravidade levou costas ao chão com um baque.
Poff!
O som percorreu o campo, seguido por um silêncio temporário.
— … Inacreditável… — o Major Yura, de mãos na cintura, balançou a cabeça em desaprovação. — COMO ALGUÉM MAL CONSEGUE SUBIR UMA CORDA COMO ESSA?! VOCÊ É UM INSULTO AO UNIFORME QUE VESTE, ZERO UM! PRÓÓÓXIMO!!!
Akemi levantou-se novamente com dificuldade, seu rosto ardia de vergonha. Ele mantinha o olhar baixo, incapaz de encarar seus colegas que, um após o outro, subiam pela corda de terra com a leveza e a agilidade de gatos escalando árvores. Cada avanço deles era uma pequena humilhação para o falho, algo para nunca esquecer de sua própria fraqueza…
Este conteúdo está disponível no Illusia. Se estiver lendo em outro lugar, acesse https://illusia.com.br/ para uma melhor qualidade e maior velocidade.
– Segundo exercício: Afundos –
— AGORA VAMOS PARA OS AFUNDOS! 3 SÉRIES DE 50 POR PERNA!
Afundos, também conhecido como lunges: um exercício de força para as pernas e glúteos, basicamente dar um passo à frente com uma perna, dobrando ambos os joelhos até que a perna de trás quase toque o chão e a da frente forme um ângulo de 90 graus.
Depois, o aluno retornou à posição inicial e repetiu o movimento com a outra perna.
Os afundos exigiam equilíbrio e força, e Akemi já não tinha mais nenhum dos dois. Ele tentou mais uma vez abaixar o corpo, mas suas pernas não suportaram e caíram de joelhos no chão. A terra fria acolheu mais uma vez.
— LEVANTE-SE, ZERO UM! VOCÊ AINDA NEM COMEÇOU!
Akemi tentou se levantar com todas as forças. Em poucos minutos de exercícios, seus braços, suas pernas, tudo, parecia estar à beira da morte. Mas ele sabia que não podia parar, mesmo quando seu corpo se recusava a cooperar, sua mente se agarrava à única coisa que ainda tinha: a vontade.
– Terceiro exercício: Levantamento de Peso –
Os alunos avançaram para a área de supinos, onde barras de terra com pesos de vinte quilos no total os aguardavam no solo.
Este conteúdo está disponível no Illusia. Se estiver lendo em outro lugar, acesse https://illusia.com.br/ para uma melhor qualidade e maior velocidade.
Os mais fibrados pegavam barras com uma facilidade assustadora, seus músculos eram contraídos, veias saltavam em braços que levantavam peso com movimentos treinados.
Aquele material parecia leve, subindo e descendo em bom ritmo, quase automático.
Os praticantes pareciam máquinas perfeitamente ajustadas para aquela tarefa.
Outros alunos, menos treinados, lutavam para manter o mesmo controle, seus corpos tremiam ao segurar o peso, o suor escorria por suas testas, e a terra não parecia mais tão leve. Mesmo assim, continuavam, forçando cada repetição. Era evidente o esforço que colocavam em cada movimento.
A diferença de experiência era clara, mas a determinação era a mesma — todos estavam ali para testar seus limites.
O Major Yura, atento, observava cada movimento. Ele não estava apenas avaliando a força bruta, mas a resistência mental de cada aluno. Porém, quando seus olhos encontraram um em específico…
“Minhas pernas mal aguentam meu próprio peso… como vou conseguir erguer isso?” A simples ideia de levantar algo tão pesado parecia absurda para Akemi.
— ZERO UM! — A voz trovejante do Major Yura quebrou qualquer chance do aluno fugir mentalmente do exercício. — PARE DE ENCARAR O PESO COMO SE ELE FOSSE UM MONSTRO E ERGA-O AGORA!
“Como se fosse fácil…” Akemi foi até a barra de terra no chão, suas mãos trêmulas estenderam-se para agarrar. Ele puxou com toda a força que tinha, sentindo seus músculos contraindo.
Mas o peso permaneceu imóvel, parecia cimentado ao chão.
Este conteúdo está disponível no Illusia. Se estiver lendo em outro lugar, acesse https://illusia.com.br/ para uma melhor qualidade e maior velocidade.
— Grrr…! — um rosto ficava vermelho pelo esforço. — Caramba, isso é muito mais pesado que aquela maldita escotilha…! Vamos! Levante isso! Uuuuff!
O peso não se moveu. Nem um milímetro.
– Quarto exercício: Corrida de Baixa Intensidade –
Uma pista de atletismo desenhada por relevos de terra no solo percorria toda a parede interna do campo de treinamento, uma longa trilha, interminável aos olhos de Akemi, que já estava exausto só de olhar.
Os outros dez alunos, lado a lado, alongavam os músculos como se fosse apenas mais uma etapa. Mas Akemi, prestes a largar em primeiro lugar na raia colada na parede, estava no limite de sua resistência. “Quanto tempo a gente ainda tem que ficar aqui? Aliás, mesmo não sendo um especialista, sinto que essa ordem de exercícios não faz o menor sentido! Na verdade… não sei como ainda estou de pé.” Ele respirou fundo, e posicionado junto aos outros em cada raia da linha de partida, tentou ignorar o olhar impaciente do Major.
— AOS SEUS LUGARES! COOORRENDOOO!!!
Akemi partiu junto dos outros, mas rapidamente se viu ficando para trás. Seus pés pareciam pesar o dobro do normal, suas pernas moviam-se como se estivessem amarradas a bolas de ferro, e seus braços? Tão moles quanto macarrão cozido. Ele parecia mais um zumbi embriagado do que um garoto cansado. “Eu não vou conseguir… de novo?”
O pensamento surgiu afiado como uma lâmina.
Era podia sentir o coração pulsando em seus ouvidos. Cada passo era um tormento. O suor escorria por seu rosto, misturando-se ao vento frio da tarde.
Este conteúdo está disponível no Illusia. Se estiver lendo em outro lugar, acesse https://illusia.com.br/ para uma melhor qualidade e maior velocidade.
À medida que os outros sumiam de sua vista, tudo para Akemi começou a desacelerar, suas pernas desaprenderam movimentos básicos e sua respiração tinha o peso de mil âncoras. O mundo ao seu redor parecia desfocado, e o som de risadas imaginárias ao longe se sobressaía ao barulho de seus passos pesados.
“Hahahaaa! Você não irá conseguir seguir aqui!”
“Hihiii! Esse garoto não consegue fazer um mísero exercício sequer!”
“Que situação deplorável… Eu estou adorando!”
“Um trivial de meia idade iria mais longe!”
“E pensar que alguém assim sonha com um lugar alto no mundo áurico…”
— Garoto bisonho? Você tá bem?
Regras dos Comentários:
Para receber notificações por e-mail quando seu comentário for respondido, ative o sininho ao lado do botão de Publicar Comentário.