Capítulo 32 – Cada batalha, um aprendizado
Enquanto suas forças eram exiladas a cada passo da corrida, Akemi escutava uma voz feminina chamando-o.
— Garoto bisonhooo… Tá me ouvindo?!
— Ãhn? Quê…? Agh! — Ao virar a cabeça rápido demais para a direita, o garoto tropeçou e quase foi ao chão, mas com um reflexo desesperado, balançou os braços e conseguiu se equilibrar, mantendo a corrida.
— Ei! — A voz soou preocupada — Desse jeito, vai acabar se esborrachando. Toma cuidado!
Ainda arfando como um cachorro cansado, Akemi finalmente ergueu o olhar e percebeu Nikko Ichikawa trotando ao seu lado, quase sem esforço. — N-Nikko?! — arquejou ele — por favor, não se preocupe comigo… Uff… Você vai acabar ficando pra trás…
De postura impecavelmente ereta, Nikko mantinha o ritmo sem dificuldade. Ela ajustava os passos curtos para acompanhar a lentidão do garoto, como em um passeio. Suas marias-chiquinhas balançavam ao vento, e seu rosto exalava uma energia tão leve que era quase impossível não achar aquilo injusto. Para ela, aquela corrida era só uma brincadeira. — Relaxa! É apenas uma corrida de performance, um aquecimento. O que importa é terminá-la!
“Ela falou ‘aquecimento’? Eu já nem sinto minhas pernas!”
— É, hehe… Vocês parecem bem acostumados com isso… — Akemi puxava o ar, tentando não soar desesperado.
Nikko sorriu, aparentando saber de algo que ele não sabia. — Miya me contou mais sobre você naquela hora no refeitório.
— M-Miya? O-o que ela falou?!
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— Nada demais, só me pediu pra cuidar de você, já que nossas numerações são próximas. Ela disse que tava preocupada contigo.
“Tomar conta de mim? É sério isso?!”
— Olha… Uff… Fico lisonjeado pela disposição, mas estamos em testes individuais! E… Uff… Nesse meu estado, eu só vou te atrapalhar, e eu não quero isso!
— He hii! Primeiro, respire pelo abdômen. Desse jeito, você vai desmaiar antes de completar metade da volta.
Lutando para manter o ritmo, Akemi olhou para a própria barriga. — Pelo… abdômen?
— Sim, respire profundamente. Deixe o ar preencher a parte baixa dos pulmões — Nikko colocou a mão no próprio abdômen para mostrar como fazer. — Inspire pelo nariz, bem devagar, e sinta o ar encher seu abdômen antes de subir para a caixa torácica. Depois, solte o ar lentamente pela boca. Isso vai te dar mais controle e te ajudar a correr mais sem se cansar tão rápido.
Akemi tentou seguir o conselho, mas seu corpo se recusou a colaborar. “Caramba, isso é muito estranho! Acho que sempre respirei errado, e agora parece impossível mudar… Mas eu tenho que tentar.” Ele fechou os olhos por um momento, concentrando-se no que Nikko dizia, inspirou profundamente e tentou deixar o ar descer até o abdômen. Para sua surpresa, a sensação tornou-se diferente.
O ar parecia fluir mais livremente, e respiração tornou-se menos eufórica.
— Melhor? — perguntou Nikko, com um sorriso ao perceber a melhora.
— Um pouco… Mas meu corpo tá esquentando… E muito! Por quê?!
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— Você é áurico, né? Deve ser sua aura reagindo. Quando a gente respira certo, o fluxo da aura melhora. Acontece comigo também. Com prática, essa técnica ativa a “energia áurica”, energia essa que nos dá uma capacidade física muito além dos triviais. Isso é parte do que nos torna especiais.
“Realmente, quando uso minha aura, me sinto com o fôlego mais prolongado, mas nunca entendi o que é essa sensação…”
— Então, se eu respirar melhor…
— Conseguirá ir bem mais longe! O que você estava fazendo era desperdiçar energia à toa, e como seu corpo não é dos mais fortes, você precisa aprender a maximizar o que tem — Nikko deu uma leve cutucada de brincadeira no ombro de Akemi.
— Precisava falar assim?!
— He hii! Relaxe! Pois euzinha te ajudarei nisso por enquanto!
— Eh… Obrigado, eu acho.
— Vai ser difícil no começo. Seu corpo não parece acostumado, e isso é estranho… Mas, se continuar praticando, vai melhorar. A energia áurica flui conforme o controle respiratório. Quanto mais você treinar, mais forte ela fica. Mas primeiro! Você precisa lidar com suas limitações.
Akemi gravou as palavras na mente e refletiu sobre a ideia de canalizar a “energia áurica”. Ele nunca tinha pensado nisso como uma técnica física, apenas algo abstrato, ligado aos seus poderes elétricos. Mas com Nikko explicando… “Faz sentido! Se eu puder controlar melhor meu corpo, talvez… talvez eu consiga acompanhar os outros.”
— Agora é só manter o ritmo! — Nikko acelerou um pouco o passo — não pense em velocidade. Só se concentre na respiração.
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Akemi fazia o possível para acompanhar, cada passo era um desafio. A respiração profunda trazia uma estranha sensação de clareza, mesmo que seu corpo estivesse fraco e pesado.
Mas uma coisa era certa: pela primeira vez, ele não se sentia completamente derrotado pelo próprio corpo. E isso… já era um começo.
No campo de treinamento, cenário de suor e fracassos iminentes, os alunos da Turma 1F perfilaram-se em uma fileira novamente, repousando em descansar, um pesadelo para Akemi que mal conseguia ficar em pé após terminar em último colocado ao lado de Nikko na corrida de baixa intensidade.
O jovem Aburaya sentia o calor do sol queimar seu rosto pálido, seu corpo magro, frágil não parava de suar, tremendo de um esforço que claramente não fora preparado para suportar. Ele olhou para os colegas ao redor, todos firmes, era o tipo de comparação que esmagava sua autoestima, mas não era como se existisse muita escolha no momento. Sua mente só pensava em continuar. “Eu preciso… ser mais forte… Se eu fosse um pouco mais forte… talvez não parecesse tão inútil!”
O Major Yura, um leão em meio a cordeiros, caminhava de um lado para o outro, até finalmente girar sobre os calcanhares e ficar frente a frente dos jovens perfilados. Um sorriso frio espalhou-se em seu rosto.
Não era preciso muito para impor medo em alguns: um simples olhar bastava para que o silêncio tomasse conta do campo. Mas o objetivo não era silêncio — era energia.
— O PRÓXIMO EXERCÍCIO É O POLICHINELO! QUERO VER VOCÊS SE MOVENDO! EEENTENDIDOOO???!!!
— SIM, SENHOR!!!
– Quinto exercício: Polichinelos –
— FAREMOS 100 POLICHINELOS! E COMEÇAR A CONTAR DO ZERO! — Yura se preparava. — ZEEERO! — Assim, ele dava início ao primeiro movimento.
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Coletivamente, os alunos continuavam a contagem em um alto uníssono enquanto realizavam o exercício.
— UM!
Porém, alguém estava prestes a descobrir o quão difícil essa tarefa aparentemente simples podia ser.
— DOIS!
Akemi tentava se alinhar aos outros, mas a sua coordenação… Será que não tinha vindo de nascença?
— TRÊS!
Seus pés pareciam ter vontade própria, e enquanto os outros agiam perfeitamente, ele se perdia em seus movimentos, parecendo um bêbado querendo chamar atenção de um circo.
— QUATRO!
“Espera! Desde quando isso é tão difícil?!”
— CINCO!
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“E-eu fazia isso na escola, mas por que não consigo acompanhar eles agora?! POR QUÊ???!!!”
— SEIS!
“O QUE TÁ ACONTECENDO???!!!”
— SETE! — gritavam os alunos, exercitando juntamente com o Major Yura, que observava atentamente.
Akemi tentava acompanhar, mas sua descoordenação fazia com que ele saltasse meio desengonçado, batendo os pés de forma desritmada.
— OITO!
A cada contagem, a pressão aumentava.
— QUE QUE É ISSO, ZERO UM, SEU BISONHO?!
A vontade chegava a ser chorar. “Isso é tão humilhante…”
— NOVE!
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O rapaz se esforçava para recuperar o ritmo, porém sua mente estava em conflito com as pernas e braços.
— DEZ!
Ele olhava para as pernas, tentava entender o que estava acontecendo, mas isso só o confundia ainda mais ao barulho das contagens.
— ONZE!
— PELOS DEUSES, QUE P#RRA É ESSA?!
— DOZE!
— O QUE HÁ DE ERRADO COM VOCÊ, SUA PESTE?!
— TREZE!
— E-eu não sei, senhor!
— QUATORZE!
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— ARRUMA ISSO AÍ, PÔ!
Akemi estava prestes a surtar sob pressão.
— QUINZE!
A voz da turma estremecia seus ouvidos, tudo começava a ser um borrão…
Entretanto, uma pessoa finalmente decidiu ajudar.
— Akemi, para! — Ao lado dele, Nikko fazia os polichinelos com facilidade, seu ritmo era perfeito.
— DEZESSEIS!
Sem cessar seus exercícios, ela pausou os gritos de contagem para socorrer um desajeitado.
— DEZESSETE!
— Pare e tente novamente, dessa vez, siga meu ritmo.
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— DEZOITO!
— Lembre-se de respirar, ein?
Akemi pausou e a observou; seguidamente, tentou se espelhar nela, mas seus pés ainda não respondiam como deveriam. “Por que tudo é tão complicado?”
— DEZENOVE!
Com o tempo, o ritmo melhorava.
— VINTE!
Apesar de seus movimentos ainda não serem os melhores.
— MUAHAHAHAAA! ZERO UM, VOCÊ É UM DEMÔNIO!
– Sexto exercício: Barra –
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— PRÓXIMA ATIVIDADE! TODOS VÃO PRA BARRA FIXA! SE QUISEREM SOBREVIVER A ESTE CURSO, VÃO PRECISAR DE BRAÇOS QUE AGUENTEM O MÍNIMO! EEENTENDIDOOO???!!!
— SIM, SENHOR!!!
“Tô ferrado…”
Ao se aproximarem do conjunto de barras fixas de terra, os alunos começavam a se pendurar com uma facilidade quase insultante, apesar da altura, o salto dos jovens era impressionante.
Enquanto isso, Akemi olhava o topo de sua barra como quem encarava um adversário invencível. “Tudo bem, é só um pulo. Eu consigo!” Flexionando os joelhos, ele se preparava para pular. Seu coração batia acelerado. “Só preciso pegar essa maldita barra.” Seus músculos tremiam, sua respiração intensificava-se, e o momento era perfeito — o tipo de cena que fazia o tempo desacelerar. “É só pular!” Então, saltou.
Por uma fração de segundo, tudo parecia possível! A barra lá no alto… tão perto… tão…
“Eu vou conseguir!”
Akemi esticava os braços, as pontas dos seus dedos buscavam até o último momento, e…
Na verdade, seus pés mal haviam saído do chão. O salto fora ridículo.
— MUAHAHAHAAA! MINHA MÃE DE OUTRO SANGUE PULA MAIS ALTO QUE VOCÊ, ZERO UM! — gritava o Major Yura, com um escárnio que fazia alunos conterem risos. — VÁ LOGO PARA A BARRA MENOR, SEU MONSTRO!
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Akemi olhou para suas mãos e pernas, triste. “Não pode ser. Eu… não consigo nem saltar mais…” Com o rosto pegando fogo de vergonha, ele se arrastou até a barra menor, longe do instrutor.
Lá, uma surpresa foi encontrada.
Kyoko, com seus exatos 1 e 44 de pura fúria condensada, agarrava a barra de terra e se erguia como se estivesse arrancando uma porta das dobradiças. Seu corpo disparava para cima em movimentos vigorosos, sem margem para erro. Os longos cabelos brancos estavam presos em um coque volumoso, tão impressionante em tamanho que parecia rivalizar com a circunferência da cabeça.
— Merda! — resmungava a baixinha, entre dentes —nunca tive um instrutor tão panaca! Por que ele mandou pra essa barra?! Eu faria facilmente nas maiores! Inferno!
— É… Shimizu?
— O QUE FOI???!!! — gritou Kyoko, seguindo o exercício e assustando o próximo.
— Ahm! Eu vou… tentar nessa barra… posso ir depois de você?
Repentinamente, a garota pausava os movimentos e ficava ali, pendurada, incrédula. — Tá de brincadeira? — Com seus afiados olhos prateados, ela encarava.
— É que eu não consegui alcançar as outras…
Kyoko desceu da barra e começou a se afastar. — Se você não conseguir, aí é pra desistir da vida.
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As palavras doíam.
— T-tá bom, já entendi… — Akemi suspirou e colocou as mãos na barra sem nem precisar pular. “Nossa, realmente é baixa… Vamos lá, eu tenho que fazer!” Ele respirou fundo, encheu o peito, e ao tirar os pés do chão, se pendurou no ar como se sua vida dependesse daquilo. “É só passar o queixo! Só isso!”
Seus braços tremiam feito varas verdes, sua careta de esforço era tão intensa que parecia estar tentando levantar um piano com as sobrancelhas.
Mas por um instante, seu corpo reagia, subindo míseros dois centímetros.
“Tô subindo! TÔ SUBINDO!”
A animação aumentava a cada milímetro erguido, tudo dava certo! A motivação era notável!
Só que…
Crec!
Como um raio, uma dor atravessou as costas de Akemi.
Ele escorregou as mãos e desabou no chão numa posição estranha, deitado com as mãos na coluna. — Ahhg! Minhas costas!
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— Sério, cara? — Kyoko cruzou os braços e balançou negativamente a cabeça — patético.
Enquanto Akemi se afundava ainda mais na dor, Nikko se aproximava com um sorriso largo. — Oi genteee! O que tá acontecendo aqui, hein?
— O pateta aí tava tentando fazer barra… Acabou f#dendo as costas.
— Poxa, mas essa não tem nem dois metros!
— Exatamente… — O comentário atingiu Kyoko.
Nikko inclinou-se para entrar na visão do rapaz deitado, encarando-o de cima com um dedo de dúvida perto da boca. — Que foi agora? Deu defeito na lombar? Vamos lá, vou te ajudar! — Ela estendeu a mão e ajudou Akemi a ficar de pé.
— Pelo jeito não sou a única passando vergonha. Mas duvido que esse aí consiga continuar mais tempo aqui.
— Ah, não seja tão dura com ele! Esse garoto será tão forte quanto a gente! Não é mesmo, Akemi?! — Tap! O coitado recebeu um tapa nas costas.
— Ahg!
— Para de ser frouxo, ô! Fique tranquilo porque eu vou te ajudar!
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— Vamos lá, vou te ajudar! Kyoko, segura ele aí na base.
— O QUÊ???!!! — Kyoko olhou para Nikko, para ela, era a coisa estúpida do mundo.
— Você acha que não consegue erguê-lo?
— Ah?! É claro que eu consigo! Só que ajudar esse aí a fazer barra seria estranho demais!
— Ownn… então você não consegue?
No fim, convencer Kyoko não foi tão difícil.
— Argh, isso é tão ridículo…
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