Índice de Capítulo

    Em tempos de desafios, onde cada passo acumulava dificuldades e o cansaço ameaçava paralisar qualquer avanço, havia o que mantinha a esperança e a vontade, transformando toda dor em força: o grupo.

    Juntos, as dificuldades eram superadas em pequenas conquistas e vitórias que poderiam ser insignificantes aos que olhassem de fora, mas que para aqueles jovens, eram monumentais. 

    Todo obstáculo vencido era celebrado, cada aprendizado, compartilhado. Ninguém foi deixado para trás. O que antes parecia intransponível, tornou-se memórias de superação, e com isso, o impossível foi ficando para trás, o horizonte começou a se abrir, e o que restou? A certeza de que, unidos, era possível seguir em frente, não importava o que estivesse pela frente…


    Subindo as largas escadas glaciais de um ambiente fechado, Mayumi vigiava Nikko e Minoru caminharem lentamente, superando degrau por degrau. A postura de ambos trazia os resquícios da batalha, e por mais que a vitória estivesse momentaneamente do lado deles, as marcas da luta refrescavam a memória de que talvez o desafio não fosse tão fácil assim.

    Nikko espiou o ferimento oculto sob a bandagem improvisada por suas meias, imaginando a dor que seu companheiro com certeza suportava; mas ela se impressionava com o fato dele resistir e não esboçar reclamações, nem mesmo uma mísera careta. Foi entendido que aquele foco era louvável para um jovem daquela idade. 

    “Mesmo ferido, Minoru parece firme e forte… Mas, e se ele estiver forçando demais? E se ele cair de uma vez? Talvez eu devesse tentar convencê-lo a descansar… Humpf, provável que ele escute…” pensou Nikko, duvidando dos próprios pensamentos antes de mirar seus olhos discretos em Mayumi, a serena de katana empunhada. “E depois… tem ela. É sério que essa garota literalmente faz bênçãos com o próprio sangue!? Parece até um poder divino!” O simples pensamento sobre a aura sanguínea a fazia estremecer. “Dons com capacidades de salvar uma vida são realmente fascinantes, e como se já não bastante, ela ainda luta como uma guerreira de outro mundo… E o pior é que essa ruiva faz parecer fácil!”

    Nikko suspirou baixo, afastando os pensamentos. Não era hora de perder-se em reflexões…

    Assim que transpuseram o último degrau, o teto de gelo refletiu um brilho claro e distorceu silhuetas conforme o avanço pelo salão vasto e silencioso.

    Mayumi foi a primeira a dar um passo à frente, seu olhar atento analisou a cena adiante.

    A princípio, nada parecia diferente. Kyoko continuava presa ao trono de gelo, com sua expressão já exausta e resignada. Ao seu lado, a instrutora Hisako mantinha-se na cadeira de rodas como se fosse a própria monarca daquela fortaleza congelada.

    Um riso baixo e insolente acabou com o silêncio. Hisako abriu os braços, em uma saudação, e irônica, sorriu. — Vejamos se não é o Grupo Fênix! Não esperava que chegassem tão rápido! E pelo que vejo, em bom estado, não? — O alto tom de voz continha a sensação de uma força velada, aparentemente, algum segredo estava sendo guardado… mas o quê?

    O olhar astuto achou Minoru, cujo qual cerrou os dentes. A postura rígida denunciava que a irritação fervia por dentro.

    — Ora, não tenham ressentimentos, vocês conseguiram um feito honorário! Entretanto… Onde está o outro integrante?

    Passos lentos ecoaram nas escadas.

    O grupo se virou, e ali, na retaguarda, apareceu Akemi Aburaya.

    Mas algo nele não estava natural.

    O olhar amedrontado que tantas vezes o taxava como frágil… havia desaparecido. Entretanto, naquele rosto, onde se poderia esperar um pingo de busca pela confiança depois de tantas situações complicadas, sermões e arrependimentos, sobrava apenas um vácuo inexplicável, um vazio profundo que engolia qualquer fagulha de emoção.

    A alma do garoto estava à deriva, esperando a luz de um farol que nunca acendia.

    Porém, naquele momento, o receptáculo de uma mente oca de esperança não estava em condições de procurar o próprio brilho. Ele só podia esperar… 

    Nikko trocou um olhar preocupado com o grupo. Minoru estranhou o rapaz sem alma, mas continuou em silêncio.

    — Interessante… — Hisako estudou com curiosidade o cerne de Akemi e sorriu outra vez. — Bem, já que estão aqui… Fiquem à vontade para darem seguimento ao desafio.

    Mayumi ainda observava tudo, mas com receio de continuar. “Dar seguimento ao desafio? Mas… eu não vejo mais ninguém. O que será que ela tem em mente? Quer que a enfrentamos de novo?”

    — Se eu fosse vocês, não continuava por aqui — um aviso tomou o foco do grupo.

    Quando a atenção se voltou para o lado, lá estava Kinyoku Shinkai, encostado na parede com a tranquilidade de quem não se abalava por nada: costas e pé apoiado na parede, braços cruzados, cabeça baixa e olhos fechados; certamente, foi ele quem chamou.

    Ao lado, Hikaru Sasaki meditava em posição de lótus, sua respiração profunda e lenta revelando uma recuperação, ou talvez, uma preparação para algo ainda maior; apesar de ser um espadachim, nenhuma lâmina o acompanhava, diferente de Mayumi, que por outro lado, não entendia bem a dica de Kinyoku.

    “Estranho, nem senti a presença dele…”, suspeitou a ruiva. — Por que não quer continuar?

    — Não sei se você sabe, mas outros alunos também foram jogados para andares inferiores, provavelmente em setores totalmente diferentes. Por mais que tenhamos sido os primeiros a chegar no topo, não foi uma tarefa fácil — ele abriu os olhos e viu Minoru suportado por Nikko — e pelo o que vejo, a trajetória de vocês não foi tão simples.

    — Seu grupo é apenas você e este garoto?

    — Na verdade, somos um quarteto assim como vocês. Mas digamos que a nossa outra “dupla” está passando por certos problemas nesse último desafio.

    — Eles sequer chegaram neste andar?

    — Chegaram, várias vezes.

    — … Sinceramente, eu ainda não captei o que você quer dizer com i-

    MAAALDIIIITAAAAAAAAA!!! — O rugido de ódio de um garoto enfurecido ecoou pela escada. Mais alunos chegavam.

    — Ah, que barulheira… — reclamou Nikko — quem tá vindo?

    O som da voz rouca aumentava mais e mais, estava claro que alguém estava fora de si. — “NUNCA VI UMA TRAIRAGEM DESSAS NA MINHA VIDA!!! SÉRIO, ISSO AQUI É NÍVEL LIXEIRA DE ESGOTO!!! COMO É QUE UMA PESSOA CONSEGUE SER TÃO FRIA E SEM VERGONHA NA CARA!!!???

    Cansado, Minoru levantou um dedo para dizer: — Eu conheço essa voz, é o-

    Antes da informação, uma figura surgiu da escada com passos firmes e olhar raivoso, sem diminuir o ritmo direto ao longo percurso até o trono de gelo. — AÍ, PRESTA BEM ATENÇÃO!!! EU, KENTARO OZAKI, MEMBRO OFICIAL DO GRUPO TIGRE, ONDE SÓ OS BRABOS QUE TÊM PEITO DE VERDADE REPRESENTAM!!! NÃO DEIXAREI UMA QUALQUER ME TIRAR PRA IDIOTA DESSE JEITO!!!

    Logo atrás, vinha Aya Hattori. O rosto oculto pela máscara estava tão exausto quanto o de Kentaro, e como sempre, olhando perdidamente para o nada.

    — Gente, o que deu nesses dois? — questionou Nikko.

    — Estão tentando encerrar o desafio — respondeu Kinyoku.

    Na metade do caminho, Kentaro parou e apontou com o dedo. — ÔE!!! NÃO SE ESCONDA!!! EU ESTOU AQUI DE NOVO!!! APAREÇA E ME ENFRENTE, SUA PATIFE!!!

    Sorrateiramente, passos lentos surgiram atrás do trono, alguém se escondia lá.

    Segundos se passaram até que enfim a figura tão aguardada deu as caras. Mesmo que a voz feminina fosse normalmente baixa, o eco gerado pelo ambiente a tornava audível para todos. — Argh… Você é insuportável, hein, garoto — Rin Kurosawa parou ao lado do grande trono, cruzou os braços e deu uma soprada na franja que insistia em cobrir seu olho esquerdo. Dali de cima, seu olhar desceu sobre o outro com um desinteresse cruel. Não havia fúria, nem irritação, apenas aquele tédio de quem já desistiu de esperar algo diferente do mundo. A superioridade não vinha de arrogância, mas da indiferença, nada ali era digno de esforço.

    O silêncio ao redor permaneceu um pouco mais.

    — … O que ela tá fazendo alí em cima? — indagou Minoru.

    — É o último estágio do castelo — afirmou Kinyoku.

    — Uma aluna sozinha é o último desafio? Rá, tá de brincadeira.

    — Eu queria estar brincando se ela não fosse brincadeira.

    — Hm, então, o que será que essa garota tem de tão especial?

    — Espere e verá.

    EU NÃO CAIO MAIS EM SEUS TRUQUES SUJOS, ENTENDEU!!!??? — gritou Kentaro.

    A expressão de Rin continuava a mesma de sempre: tediosa. — Eu só preciso aguentá-los até as 18 horas… Então, vou garantir que você tenha mais dificuldade em voltar aqui novamente. Isso vai me poupar de mais trabalho.

    Como esperado, o careca não gostou nem um pouco daquilo: se sentiu insultado, reduzido a nada mais que uma mera distração, e a raiva, fervilhante em seu interior, explodiu. — TÁ ACHANDO QUE EU SOU OTÁRIO, É!!!??? VOU TE MOSTRAR O QUE É BOM PRA TOSSE!!! — Ele partiu em disparada, agressivo e desafiador, aproveitando a força da corrida para posteriormente atacar com fúria. Ele sentia-se pronto para tudo.

    Rin desejava, mais do que tudo, que aquele barulho sumisse, que o mundo inteiro se dissolvesse num silêncio vazio, onde ela pudesse simplesmente existir sem que ninguém exigisse nada dela. Ela estendeu o braço à sua frente, seus dedos entreabertos e relaxados não se davam ao trabalho de obedecer direito.

    Foi quando percebeu-se uma anomalia: um tom arroxeado substituía a pele daquelas mãos, um violeta profundo, errante, que se mexia como algo que não pertencia àquele mundo. Não eram simples mãos, eram um aviso, uma marca de algo prestes a causar estragos.

    — O que… é aquilo? — murmurou Nikko, a primeira a perceber o fenômeno. Seus olhos não saíam das cores púrpuras nas mãos de Rin. — Eu já havia visto que as mãos dela tinham uma cor diferente, mas não sabia que podiam pulsar!

    Minoru também sentiu a situação, mas a confusão tomava conta de sua mente. — Isso… o que será que está acontecendo?

    Então, como se tivesse ouvido a pergunta, Rin fez um gesto quase imperceptível com a mão. No instante seguinte, o piso congelado abaixo de Kentaro pareceu se distorcer.

    Mas o perigo foi rapidamente notado.

    “Não! Não dessa vez!” Com uma rapidez inesperada, o rapaz saltou para frente; milésimos depois, a pura escuridão se abriu: um portal oval de bordas roxas e tortuosas surgiu repentinamente, engolindo a luz ao seu redor. Entretanto, o garoto escapou de um destino inimaginável. Ele rolou no ar, usando a força do movimento para evitar ser tragado pelo breu. 

    De pés de volta ao chão, o rapaz ergueu uma mão para cima, concentrando sua aura de aço: uma longa vara de metal brotou de sua palma, estendendo-se até cair em sua posse. Ele impulsionou-se no ar, mantendo-se na ponta da haste e preparando-se para saltar de lá, convicto de que variar o ataque aumentaria as chances de alcançar a oponente.

    Mas não se podia deixar levar pela confiança cega.

    O solo estava distante, e o tempo entre seu impulso e a aproximação da oponente foi suficiente para que sua mente analisasse todos os cenários possíveis. Ela poderia usar outro portal, ou mesmo tentar alguma estratégia mais suja.

    Como imaginado.

    De início, Rin parecia nem se importar, a expressão de tédio beirava o insulto. — Você não desiste nunca… — murmurou, exasperada com uma das mãos púrpuras ainda estendida. 

    Um estalo abafado denunciou a ativação de seu poder: diante da trajetória de Kentaro, outra distorção negra se abriu.

    Mas Kentaro já estava um passo à frente, trepando-se ainda mais na ponta da haste de onde havia saltado, deixando os pés dali por uma fração de segundo antes de saltar. Seu corpo passou por cima do portal obscuro. Assim, ele se viu acima dela. “Agora eu te peguei…” Um sorriso de triunfo se formou em seu rosto, a vitória era clara. Duas lâminas de aço foram criadas, grandes como facões e encadeadas como a representação do caos. Girando-as enquanto despencava, o rapaz iria acabar com o serviço e torna-se vitorioso no desafio.

    Rin nem se importou.

    Suavemente, ela ergueu ambos os braços. O espaço ao seu redor ondulou, e um pulso de energia roxa e translúcida expandiu-se em um instante.

    Kentaro sequer teve tempo de compreender. A barreira sônica explodiu contra ele, o impacto foi potente. O mundo girou, seus ossos vibraram e seu consciente foi arrancado de si como se tivesse levado um golpe direto na alma. Seu corpo foi arremessado para trás como um boneco de trapo.

    Por um instante, tudo ficou em silêncio.

    Então, o chão se abriu: um novo portal se materializou no solo bem abaixo de Kentaro. Sem sequer ter controle sobre o próprio corpo, ele despencou direto na escuridão do vórtice.

    Nikko arregalou os olhos, incrédula. — E-ele… Ele foi jogado num limbo?!

    Minoru sorriu de canto. — Tsc, de todas as maneiras que eu imaginei ele perdendo, essa foi a mais deprimente.

    O destino de Kentaro era irreconhecível, mas sua derrota era a prova de que, apesar do Grupo Tigre ter sido o primeiro a alcançar o topo do castelo, o verdadeiro desafio apenas começava.

    Hikaru, que até então permanecia meditando, procurava uma energia que se fugia cada vez mais. Aya continuava imóvel e de olhar indecifrável; quantas vezes havia tentado? Quantas mais tentaria? Essas perguntas seriam difíceis de arrancar de uma garota aparentemente muda, e que talvez, por ora, tivesse aceitado a pausa como única opção.

    Já Kinyoku? Esse era uma incógnita. Sua postura na parede não demonstrava qualquer intenção de agir contra Rin. Covardia ou sensatez?

    Lá do alto, Rin cruzou os braços e suspirou, bocejou. — Como eu queria que isso acabasse logo… — Ela olhou para Aya. — A próxima é você?

    Aya não reagiu, apenas continuou parada próxima aos grupos.

    Rin deu de ombros e aceitou a resposta muda sem resistência.

    Mayumi notou, e indignada, não receou questionar para Kinyoku, que nem sequer abriu os olhos.

    — Os seus estão caindo e você ainda não fez nada?

    — Eu tentei avisar, mas Kentaro é péssimo para escutar.

    — Isso não releva! Como companheiro você deveria arrumar um modo de ajudá-los de verdade!

    — Não vale a pena. A posição daquela garota é excelente para defesa e anulação de investidas, e além disso, meu time está debilitado. Minhas sombras seriam úteis para ataques furtivos, mas não aqui. O terreno não me favorece, e o pior de tudo, não tivemos a mesma sorte que a tua de achar uma arma, o que dificultou nossa jornada nesses andares de cenários congelados. Porém, se você acha que consegue, vá você mesma. Mas lembre-se, você tem um ferido que precisa da supervisão de outra e um companheiro fora da realidade, sem contar o adversário que já mostrou ser capaz de te jogar para os andares abaixo se você não foi ágil o bastante. Como pretende proceder?

    Mayumi sentiu as palavras entrarem em sua mente. A análise de Kinyoku foi clara e precisa. O cenário dificilmente poderia ser pior. O peso da escolha recaía sobre a ruiva.

    Lá no topo, Rin suspirou, recostando-se levemente contra a lateral do trono de gelo. — Vocês vão demorar muito para decidir? Eu realmente prefiro evitar esforços desnecessários…

    Mayumi fechou os olhos por um segundo para estudar tudo, cada detalhe, cada variável. O tempo estava contra eles, e a única certeza era que a demora custaria caro.

    Ela abriu os olhos. Decidida. — Então vamos ver o que acontece… — E em seguida, ajoelhou-se, repousando a kanata de gelo sob as coxas.

    — O que você tá fazendo, ruivinha?

    — Esperando.

    — Esperando o quê?!

    — … Reforços.

    O som inconfundível de passos se misturou ao estalar do fogo devorando as escadas, chamas furiosas pareciam ser levantadas pelo caminho. As sombras oscilavam pelas paredes da entrada com a intensidade da luz dourada, enquanto o calor crescente tomava o salão. 

    Uma silhueta emergiu das chamas: Nihara Miyazaki passou pelo topo da escadaria e continuou avançando, bufando labaredas pela boca e soltando chamas ao contato dos pés com o solo.

    A expressão de fúria era tão intensa quanto o fogo que o acompanhava, mas algo a mais chamava a atenção: seu rosto carregava cortes e hematomas de uma batalha cruel. No entanto, os ferimentos, mesmo provavelmente recentes, estavam cicatrizados. Tudo parecia ter sido curado há muito tempo, o que não faria sentido considerando o inferno que deviam ter enfrentado nas últimas horas dentro do castelo.

    Por fim, ele parou e estufou o peito, respirando o mais forte que conseguia e extravasando toda a força em suas mãos cerradas.

    O que aconteceu com ele? — Nikko sussurrou para o companheiro ao lado, todavia, companhias apareceram logo atrás.

    Teruo Kenzo, Aruni Yamamoto e Sho Yamamoto surgiram na escadaria.

    O primeiro, um garoto de expressão calculista e postura ereta, ajeitou os óculos enquanto observava os arredores.

    Sho, embora igualmente atento, não conseguia disfarçar o receio. Mas Aruni? Ela estava pálida.

    A garota sempre tímida tremia de forma incontrolável, seus olhos arregalados transmitiam um pavor profundo. Ela se encolheu levemente ao cruzar o olhar com a instrutora, como se qualquer movimento brusco fosse suficiente para desmoroná-la por completo.

    — Parece que a maioria das peças estão finalmente se encaixando — comentou Hisako, um sorriso enigmático curvou seus lábios. — Senhorita Kurosawa — a voz tranquila e arrastada de Hisako se fez ouvir do outro lado do trono — você podia aproveitar o momento e fazer novamente como eu te ensinei.

    As íris lilases da garota se moveram para o lado, pousando na mulher de cabelos prateados. A jovem permaneceu impassível, mas era evidente que tentava entender o que ela queria dizer. — Fazer… o quê?

    Hisako sorriu de maneira zombeteira, inclinando ligeiramente a cabeça. — Ora, ora. Não é óbvio? Chegaram integrantes novos, minha cara. E como uma boa vilã, você sabe o que deve fazer, não sabe?

    A vontade de Rin perdeu ainda mais a energia, se é que isso era possível. A monotonia a abateu antes mesmo que ela precisasse dizer algo. — Ai ai, por que você, uma instrutora de um quartel que forma… “heróis”, está ensinando vilanias para os alunos?

    A mulher tapou delicadamente a boca para uma risada peculiar. — He ho ho ho! Ah, minha querida, eu mesma não tenho tanto ar de vilania. Mas veja bem, uma boa imersão é essencial para manter a animação no desafio! Além disso, uma apresentação adequada da sua parte também vale pontos, você sabe.

    Rin fechou os olhos por um momento. Depois, respirou de maneira prolongada e pesada. — Não acredito que estou fazendo isso… — sussurrou ela, com a clara expressão de alguém que preferia estar dormindo a lidar com aquilo, mas ainda assim, gesticulou vagamente enquanto falava, adotando um tom forçadamente dramático e entediado ao mesmo tempo. — Pois bem, meu nome é Rin Kurosawa, portadora da aura do vazio, um poder singular, misterioso e, claro, assustador. Posso manipular a representação de eventos espaciais ao meu bel-prazer. A partir de agora, eu sou o estágio final do desafio, o que isso significa? Vocês terão que passar por mim para poderem salvar a… “princesa”. Enfim, entenderam agora ou querem que eu desenhe?

    Todos permaneceram em silêncio por alguns instantes.

    Minoru coçou a nuca, olhando de relance para os outros. — Eventos espaciais? E o que os portais têm a ver?

    — Acho que temos problemas maiores do que nos preocupar sobre como o poder dela realmente funciona.

    Hisako sorriu, satisfeita. — Excelente, excelente! Agora sim, estamos todos devidamente apresentados. Podem prosseguir.

    O olhar de todos voltou-se para os próximos desafiantes. O verdadeiro embate estava apenas começando.

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