Capítulo 109 de 04 – Meu amado é tão forte
Na fogueira, sentado sobre uma das pedras, Dam observava a arma menor com seriedade, embora carregasse um ar desanimado. Max, ao notar sua expressão, sentiu-se curioso sobre seus pensamentos. Em silêncio, retirou duas luvas do bolso.
Dam lançou-lhe um olhar breve, sem demonstrar grande interesse. Ao calçar as luvas pretas, atraiu também a atenção de Idalme. Ele a fitou com um sorriso discreto, mas ela logo desviou o olhar.
Ao apontar o polegar da mão direita para cima, Max olhou para ele, que estava disfarçadamente analisando sua arma. Em seguida, ele disse com confiança:
— A minha habilidade são explosivas!
Dam olhou para ele, sem demonstrar surpresa. Max continuou, sem perder o ritmo.
— Quanto mais acumulo, mais forte fica. E com essas luvas, a potência é ainda maior. E é assim que consigo fazer isso.
Uma bala explosiva disparou para o céu, explodindo com a força de um fogo de artifício. Dam observou em silêncio, sem mostrar qualquer reação.
— Eu posso usar essas explosões em qualquer parte do meu corpo — explicou, sua voz carregada de confiança. — Meu combate é corpo a corpo, e eu também posso voar usando minhas explosões.
Ele sentiu a vontade de exaltar suas armas, mas manteve-se contido. Costumava falar apenas para dar ordens ou responder a perguntas. Ao perceber isso, Max voltou a atenção para Idalme, que o observava mais uma vez.
Ela desviou o olhar, mas, segundos depois, encarou-o novamente. Para sua surpresa, ele ainda a observava, o que a deixou sem jeito.
— Idalme, sua vez — disse Max, com a voz firme.
Ela entendeu o que ele queria, se recompôs e olhou para Dam, mas logo percebeu o desinteresse claro dele.
— O que alguém do clã Zura pode mostrar, se não fogo? — zombou, seu tom carregado de desprezo.
Idalme não gostou nem um pouco do comentário e franziu a testa e, respondeu com firmeza:
— O que queres dizer com isso?
Ele a encarou, o sorriso sarcástico no rosto e continuou:
— É exatamente o que escutaste. Ou será que as chamas já queimaram os seus ouvidos?
— Seu…!! — Ela se levantou furiosa, mas antes que pudesse avançar, Dam também se levantou.
— Calma, somos um time agora. — Max levantou ambas as mãos, tentando intervir e acalmar a situação. — Vamos sentar?
Ele sentou-se logo depois, mas Idalme permaneceu imóvel, observando-o. Aceitaria afrontas de alguém de fora, mas ser julgada por alguém do próprio clã, sem conhecerem sua história, era algo que não tolerava.
— Eu sei sobre você, um fracassado que fugiu do clã como um covarde. Você é uma piada sem talento — zombou, seu olhar desafiador.
Dam, claramente irritado pela provocação, levantou-se de imediato e apontou a arma para Idalme. Sem hesitar, ela ergueu o arco e, mirou com precisão. Quando ele olhou as flechas, um sorriso se formou em seu rosto.
— Vai, tente, atire. Vamos ver o que é mais rápido: a minha bala ou a sua flecha.
— Você só tem boca — Idalme retrucou, sem perder a confiança.
— E você, a única coisa grande em você são essas mamas, que só atrapalham.
Dessa vez, ela não respondeu. As flechas incendiaram-se enquanto as tensionava ainda mais, pronta para disparar. Dam não hesitou. Estava preparado para atirar a qualquer instante.
Como isso foi acabar assim? pensou Max.
Antes mesmo daquela conversa começar, Izumi meditava, buscando uma forma de ocultar a energia demoníaca, já que apenas os demônios conseguiam senti-la.
Tentou estabilizá-la ampliando sua aura, mas não obteve sucesso. Apenas conseguia senti-la e controlar a que já possuía. Em seguida, tentou reduzir a intenção de sua energia negativa, sem êxito.
Parecia impossível ocultá-la. Suas energias permaneciam no máximo. Agora, mais forte do que nunca, intimidava demônios mais fracos, que temiam até mesmo se aproximar.
Logo depois, Izumi pegou suas espadas e sussurrou, quase como se falasse para si mesmo:
— Essas espadas… se tivessem mais aura…
Ele cogitou pedir mais, mas hesitou. Seria humilhante demais mendigar poder a alguém, como se rebaixasse ao nível deles. Em vez disso, decidiu continuar meditando, na esperança de descobrir uma forma de elevar sua aura.
Minutos se passaram, e a frustração cresceu. Sentia-se estagnado, incapaz de progredir. Cerrava os dentes, seus punhos apertavam a espada com mais força. Em meio à irritação, sussurrava insultos entre os dentes: “droga… porra… foda-se.”
Ui, que dormia por perto, despertou com os murmúrios intensos do amado. Levantou-se e o chamou pelo nome, mas não recebeu resposta. A raiva acumulada atingiu o limite. Izumi ergueu-se num grito, a explosão de energia derrubando Ui.
— Seus inúteis, venham atacar!!!
Assim que gritou, ativou sua intenção assassina sem perceber. Todos os demônios dentro de um quilômetro sentiram aquela aura, mas, em vez de fugir com mais medo, começaram a correr em direção à origem da intenção.
Ui, naquele momento, sentiu-se estranha, como se tivesse sido dominada por uma ordem para atacar Izumi. Idalme e Dam experimentaram a mesma sensação. Contudo, antes que pudessem reagir, uma horda de demônios os cercou.
Com a flecha ainda carregada, Idalme disparou e perfurou um dos inimigos. Dam, sem perder tempo, disparou várias balas contra os inimigos ao redor. Max saltou para o alto, carregando uma bala explosiva que lançou e, derrubou vários.
No entanto, exceto pelos que eram ligeiramente mais fortes, a maioria ignorou o grupo e avançou diretamente para Izumi.
Ui, vendo a quantidade de demônios que se aproximava a grande velocidade — mais de cem no total —, gritou o nome dele, preocupada. Izumi, até então alheio ao que acontecia, despertou quando Ui o tocou e o balançou.
— O que está acontecendo? — disse, enquanto um sorriso começava a se formar em seu rosto. — Eu consegui!
Ele sentia-se estranho. Embora estivesse feliz por atrair tantos, não conseguia entender o que acontecia. Aqueles mesmos seres que fugiam diante de sua intenção assassina, agora estavam furiosos, prontos para dilacerar seu corpo.
Dentre a centena de inimigos, havia demônios de várias categorias: humanos demonificados, animais transformados e até criaturas com partes de outros seres fundidas em um só corpo — geralmente, os mais poderosos.
Ativando o “Speed Iz”, começou a eliminar os mais fracos com velocidade sobrenatural. Para eles, seus movimentos eram invisíveis. Enquanto isso, Ui, que não era atacada, observava com um sorriso no rosto, já que todos estavam concentrados em Izumi. Ela viu a felicidade de seu amado e, sorrindo, disse:
— Meu amado é tão forte.
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