Capítulo 120 de 15 – Ui, me devore!
Dam jazia no chão, atormentado pela dor, enquanto ponderava se Ui havia derrotado a destemida. Os demônios invocados, no entanto, continuavam a surgir incessantemente. Ziro, apesar de sua ineficácia na batalha, lidava com as criaturas, embora fosse incapaz de superar a defesa afiada dos inimigos, cuja visão aguçada tornava a tarefa ainda mais difícil.
Ciente de que não podia permanecer naquele estado, tentou erguer-se, mas a dor era insuportável. Incapaz de prosseguir, deitou-se e empunhou Adriana. Sentiu o metal frio da arma em suas mãos trêmulas, o suor escorria pela testa.
O coração pulsava com fúria. Olhos fixos no inimigo, respirou fundo e, com um grito que ecoou pelo campo de batalha, bradou:
— Afaste-se!
Ziro escutou e se afastou com rapidez. Em poucos segundos, Dam havia disparado 150 balas em uma velocidade impressionante e eliminou todos os demônios que estavam em seu campo de visão.
No entanto, o alívio que a destruição dos inimigos proporcionou foi breve. Loi, que havia sido gravemente ferida, agora se erguia. As marcas das queimaduras em seu corpo começaram a desaparecer, as chamas da dor sendo substituídas pela regeneração rápida de suas células.
Ela olhou para Dam, seu sorriso enigmático refletia uma confiança perigosa e em um movimento ágil, correu em direção a ele. Ziro, notou a movimentação, imediatamente correu para interceptá-la.
Mas Loi, balançou a mão e o atingiu com uma força brutal. O impacto foi tão forte que o inseto foi lançado para trás, colidindo com uma das estátuas femininas que adornavam o local.
Dam, ainda caído no chão e antes que pudesse tentar qualquer movimento ou reação, foi agarrado pela cabeça com uma força esmagadora e ergueu-o do chão como se fosse uma simples marionete. O olhar da destemida estava fixo, mas havia um sorriso quase imperceptível no canto de seus lábios.
Ela olhou diretamente nos olhos dele e, com uma calma inquietante, perguntou, enquanto seu sorriso se alargava:
— E agora, qual o próximo jogo sujo?
Apesar da dor intensa que sentia, não cedeu. Um sorriso torto se formou no canto de sua boca. Com um esforço visível, ele cuspiu diretamente no rosto do demônio.
Ainda com a mão firmemente presa em sua cabeça, Loi congelou por um instante, o calor do desprezo se espalhando por seu rosto. Porém, o gesto de Dam não foi o suficiente para amedrontá-la. Ele, por sua vez, levantou o dedo do meio e fez um gesto improprio.
— Vai se fuder!
Loi ficou visivelmente decepcionada. Ela soube que ele jogava de maneira suja, que não hesitaria em usar truques para se manter em vantagem, mas cuspir diretamente em seu rosto? Aquilo ultrapassava todos os limites, beirando a mais pura idiotice.
Ela, uma mulher destemida, que prezava sua aparência, não poderia permitir tal afronta. A ideia de ser tratada dessa maneira, especialmente por alguém como Dam, era, no mínimo, insultante.
Ela olhou fixamente para ele, seus olhos cheios de frieza. Seu rosto, normalmente impecável, agora estava marcado pela saliva, e isso a fez sentir uma onda de raiva se formar dentro de si. Ela sempre cuidou de sua aparência com zelo, e aquele desrespeito não seria tolerada.
Loi estava vestida com roupas características de um capoeirista, um conjunto que moldava perfeitamente seu corpo. Sua cintura bem definida era realçada pela roupa justa, e o top que usava apertava suavemente seus seios. Mesmo após a explosão e o caos que havia se desfeito ao redor, sua roupa estava praticamente intacta.
— Pare! — gritou Ui de longe.
Loi olhou fixamente para Dam. Sem perder tempo, lançou-o para o ar com um movimento ágil.
Ela então começou a gingar, movendo-se com a graça e a precisão de um capoeirista experiente. Cada movimento fluía com a naturalidade de uma guerreira pronta para atacar.
Antes que Ui pudesse se aproximar o suficiente para intervir, Dam já havia caído a um nível que o ataque da destemida tivesse exito.
— Armada poderosa!
Ao girar seu corpo, Loi desferiu um chute potente que atingiu diretamente o rosto dele. O impacto foi brutal, e o corpo foi projetado para trás, como uma marionete sem controle. Ele voou pelos ares, batendo violentamente contra a parede e quebrou os destroços ao redor.
Ui, ao ver, ficou visivelmente preocupada. Ela correu em direção a Dam, mas antes que pudesse alcançar seu aliado caído, seu caminho foi bloqueado.
A destemida começou a gingar novamente e moveu-se com a mesma graça e agilidade que a tornavam tão perigosa. Seus passos rápidos e circulares impediam qualquer avanço de Ui, que, sem poder fazer nada, se viu paralisada pela provocação.
Ao desviar o olhar para Izumi, com os punhos cerrados e a expressão carregada de frustração, Ui gritou:
— Izumi, por favor, veja se ele está bem.
— Não se preocupe, ele está bem — respondeu Izumi com calma.
— Como sabes?
— Concentre-se e escute — disse Izumi, apontando para o seu coração.
Loi, então, olhou para Izumi enquanto gingava e os pensamentos corria em sua mente. Ele se questionou, com uma dúvida crescente:
Será que foi realmente ele que enfraqueceu minha barreira de vento?
Ui, fechando os olhos, entrou em um estado de concentração profunda e buscava ouvir tudo ao seu redor. Sua respiração se acalmou, e sua mente focou no mais mínimo som. Gradualmente, os batimentos cardíacos de todos ao seu redor começaram a ecoar em sua mente. O coração de Dam estava irregular, mas ainda não havia parado.
Ela cogitou pedir auxílio a Izumi, mas logo descartou a ideia. Sabia que ele não interviria, a menos que estivesse em perigo real. Ela acreditava que se ele não a ajudou até agora, era porque ela ainda conseguia vencer sozinha.
Enquanto sua mente processava as opções, Loi, ao perceber a distração momentânea. Ela desferiu um chute certeiro no peito do seu alvo, como se fosse uma bênção. No entanto, Ui, ainda com os olhos fechados, se esquivou rapidamente para o lado.
Com o impulso do movimento, contra-atacou com um braço forte, aplicando um lariat poderoso que fez Loi ser derrubada no chão com um estrondo. Ao sorrir vitoriosamente, abriu os olhos. Sua respiração estava controlada, mas sua expressão demonstrava satisfação.
— Izumi, eu vou vencer!
De longe, Izumi observava com um sorriso leve no canto da boca, como se estivesse apenas se divertindo com o desenrolar dos acontecimentos. No entanto, por dentro, ele já começava a se cansar da espera. Sua paciência esgotava-se, e ele sentia uma crescente impaciência por não poder entrar em ação.
Enquanto os outros lutavam, ele observava, sem demonstrar interesse ou preocupação com seus aliados. Ele não acreditava na vitória de nenhum deles. Em sua mente, a derrota parecia inevitável, e ele já começava a calcular quem seria o próximo a cair.
Dam, agora desacordado e caído, já não representava uma ameaça, e Izumi, com a frieza que o caracterizava, sabia que isso apenas aproximava mais ainda o momento em que ele teria a oportunidade de lutar.
Ele calculava as possibilidades, esperando pelo momento certo em que as forças de seus “supostos aliados” falhassem. Para ele, aquele combate não passava de uma distração, uma preparação para o que realmente importava: sua própria vitória.
Loi se levantou rapidamente, voltou a dançar com sua leveza característica e, com um sorriso desafiador, disse:
— Até que você está mais forte. Interessante! Gostei de você!
— Eu não gostei de você! — respondeu ela, mostrando a língua, claramente desconfortável com o elogio.
Ela sorriu diante da afirmação de Ui, uma expressão de desafio estampada em seu rosto. Ui, por sua vez, se posicionou com raça, as pernas levemente agachadas e as mãos elevadas, ficando logo abaixo do peito, prontas para reagir a qualquer movimento da adversária.
As duas se encaravam intensamente, os olhos fixos uma na outra, como predadoras prestes a atacar.
Com agilidade impressionante, a demônio se lançou no ar, girando seu corpo com precisão. Ela chutou três vezes seguidas. Ui, com reflexos aguçados, defendeu os ataques com as mãos e bloqueou os golpes, mas a força das investidas do inimigo ainda fazia suas mãos tremerem com o impacto.
Antes mesmo de tocar o chão, Loi, mostrava uma fluidez impressionante, girou seu corpo no ar e desferiu outro chute. No entanto, Ui, reagiu rapidamente, cruzou os braços na frente de seu peito. O impacto foi forte o suficiente para empurrá-la para trás, arrastando-a alguns passos até que sua mão tocasse o chão.
Porém, usou isso a seu favor. Com a força, ela se impulsionou rapidamente para frente, correndo na direção do alvo, que continuava a gingar.
Desferia golpes rápidos e furiosos. Porém, Loi, com uma habilidade impressionante, defendia com as mãos, desviava e bloqueava com facilidade. Mas não se limitava apenas a isso.
Aproveitava-se da proximidade para bofetear o rosto de Ui. A cada bofetada, o sorriso de Loi se alargava, como se ela estivesse se divertindo com a frustração crescente de sua oponente.
Ui, no entanto, não podia mais conter a raiva. Cada bofetada era como uma chama que alimentava o fogo dentro dela, e sua paciência se esgotava. O olhar de sua adversária, tão tranquilo e zombeteiro, só fazia aumentar seu desespero.
A destemida, ao notar a raiva crescente dela, notou a brecha em sua defesa e, com um movimento ágil, aplicou uma rasteira que desequilibrou Ui. O corpo dela foi projetado para o ar, girando horizontalmente antes de cair no chão com um impacto seco. O golpe foi eficaz, mas a destemida não parou por aí.
Enquanto o corpo dela ainda estava no ar, Loi, ainda com a velocidade de seu giro, já se preparava para seu próximo ataque. Com uma precisão brutal, ela desferiu um chute de baixo para cima, seu corpo sendo arremessado para cima.
Não dando tempo para que sua oponente se reagrupara, o adverso pulou no ar, seu corpo girando com graciosidade e força. Ui, ainda atordoada e indefesa, não conseguiu se esquivar do movimento.
— Parafuso poderoso! — gritou, no exato momento em que o golpe acertou com força.
O impacto do golpe de Loi foi brutal. Ui caiu pesadamente no chão, seu corpo desabou como se tivesse perdido toda a força. O sangue começou a escorrer de seus lábios e do lado de seu rosto, onde o golpe a atingiu com precisão.
A dor foi quase insuportável, e seu corpo começou a fraquejar, os músculos enfraquecidos pela violência do ataque. Mesmo tendo tentado se defender com os braços, a força de Loi havia sido demasiada.
O golpe ressoou em cada fibra de seu ser, e Ui sentiu como se o chão estivesse se desintegrando sob ela. O que restava de sua energia parecia ter sido drenado, e ela ficou paralisada, deitada no chão. Cada respiração vinha acompanhada de um arrepio de dor, sua visão embaçada enquanto tentava reunir forças para se levantar.
Loi após cair no chão, perguntou:
— Isso é tudo?
Ui, deitada no chão, tentava reunir forças para se levantar, mas seu corpo estava ferido, os músculos doloridos e a mente enfraquecida pela dor. Ela forçou os olhos a se abrirem, mas a sensação de impotência a envolvia. Sua “Aura Profana”, que antes a cercava, começou a se esvair lentamente.
Isso a deixou ainda mais desesperada. Sem sua aura, ela não tinha a mesma resistência nem a confiança para enfrentar Loi, e a visão do campo de batalha se tornava cada vez mais turva.
Em um último esforço, ela olhou para Izumi, esperando, mesmo que por um momento, que ele fosse intervir. Mas o que viu a deixou ainda mais desamparada. Ele estava distante e observava a luta sem o mínimo sinal de preocupação. Seus olhos não demonstravam nem a mais mínima intenção de ajudá-la.
Foi então que ela pensou, com um fio de determinação ainda queimando em seu interior:
O que estás esperando Ui, um príncipe encantado?… Não… Eu tenho que vencer sozinho… Sou o príncipe encantado!
Ao gritar de esforço, conseguiu finalmente se levantar, embora suas pernas tremessem e o corpo parecesse quase incapaz de sustentá-la. Cada movimento era doloroso, e ela sabia que qualquer tentativa de agir bruscamente resultaria em sua queda novamente.
Loi, por outro lado, havia parado de gingar e observava sua oponente com um sorriso de satisfação. Ela parecia esperar pacientemente que sua oponente se recompusesse.
Enquanto isso, Ui, com uma força de vontade que não parecia vir de seu corpo, tateou o bolso com dedos trêmulos. Lá dentro, pegou o pedaço de carne que havia guardado antes.
Duas é o meu limite, se não vencer agora… não, eu vou vencer!
Ziro apareceu repentinamente e surgiu ao lado de Ui com uma presença firme. Ele a olhou de cima, a interrompendo no momento em que estava prestes a colocar a carne de demônio na boca.
— Acho que está na hora.
— Hora? — perguntou, confusa.
Ziro, então, parou na frente dela e, com um sorriso enigmático, declarou:
— Ui, me devore!
Regras dos Comentários:
Para receber notificações por e-mail quando seu comentário for respondido, ative o sininho ao lado do botão de Publicar Comentário.