Índice de Capítulo

    Aos quatro anos, Izumi vivia uma época de felicidade pura. O quintal era seu refúgio, um lugar onde o sol iluminava as flores amarelas que cresciam ao longo do corredor. Ele corria atrás de sua mãe, ela, que, com o vestido azul esvoaçando, se movia com graça entre as flores. 

    Ele vestia uma túnica simples que caía até os pés e corria atrás dela, com os pés descalços, tocava a grama macia do quintal. 

    A cada passo, ele tentava alcançar, mas ela, com um sorriso travesso no rosto, se esquivava com facilidade, deslizando entre as flores como se fosse uma brisa. Apesar de seus esforços incansáveis, o mestiço não se deixava desanimar. 

    Para ele, a brincadeira com a mãe era um presente raro, já que Victory passava a maior parte do tempo acamada.

    — Venha, Izumi, estou aqui! — chamou, com um riso no rosto.

    Com os olhos brilhando, estendeu as mãos para ela e correu com tudo o que tinha.

    — Mamãe! — gritou, a voz cheia de esperança.

    Após tanta insistência, sentiu que finalmente conseguiria pegá-la. Porém, no último instante, Victory saltou graciosamente, aterrissando do outro lado do quintal. O coração de Izumi afundou por um momento, e ele fez um beicinho, frustrado, enquanto observava seu alvo sorrir ainda mais. Ele cruzou os braços e exclamou:

    — Isso não vale, é trapaça!

    A mãe dele sorriu suavemente, seu olhar cheio de ternura. Preocupada, ela se aproximou, agachou-se perto dele e acariciou gentilmente sua cabeça, os dedos deslizaram pelos cabelos cacheados do filho. Com uma voz suave e amorosa, ela disse:

    — Desculpe, Izumi, a mamãe estava tão animada que esqueceu.

    Ele sorriu, seus olhos brilhavam, e abraçou-a:

    — Te peguei!

    — Ah, não! Era uma armadilha! Eu perdi! — respondeu Victory.

    — Eu venci!

    Ela o abraçou forte, o coração transbordava de amor:

    — Eu te amo!

    — Eu também te amo, mamãe!

    Antes que o afeto de Victory pudesse continuar, os dois começaram a ouvir gritos de crianças vindo de uma área próxima. Era o som de risadas e brincadeiras, e ao olhar em direção ao barulho, viram três crianças que corria pelo quintal, que brincava de pega-pega. 

    Entre elas estava Max, cujo sorriso iluminava seu rosto enquanto ele se divertia, claramente imerso na diversão do momento. Izumi, observou aquelas crianças felizes, sentiu uma pontada de curiosidade. Ele virou-se para sua mãe e, com uma expressão curiosa, perguntou:

    — Mamãe, por que não posso brincar com eles?

    — Isso… um dia vais entender, meu filho — ela respondeu suavemente.

    Sentiu um aperto no peito, insistiu:

    — Mas… eu queria brincar com eles…

    Victory afastou-se suavemente do abraço e o encarou com um olhar carinhoso, mas ao perceber a tristeza que começava a tomar conta do filho, ela desviou o olhar para as crianças. 

    O som das risadas, fez seu coração apertar um pouco, ao saber o que se passava na mente de seu filho. Ela então apontou para uma das crianças que corria mais livremente e disse, com um sorriso suave, tentou confortá-lo:

    — Você está vendo aquele menino de olhos azuis?

    Izumi olhou com atenção para ele, curioso.

    — Hum? Sim, o que tem ele?

    Victory se inclinou ligeiramente, como se fosse contar algo importante.

    — Vou te contar um segredo, algo que só eu e o Castiel sabemos.

    O mestiço ficou animado, os olhos brilhando.

    — Sério?! — perguntou, ansioso.

    — Mas você promete não contar para ninguém? — Victory perguntou, com um olhar sério.

    Agora mais determinado, fez um gesto de confiança.

    — Prometo!

    Ela estendeu o mindinho, e Izumi, cruzou o seu com o dela. Ambos apertaram com firmeza, um gesto simples, mas cheio de significado. Quando o fez, a mãe dele sorriu calorosamente, e olhou nos olhos do filho, falou:

    — Pro…

    — Promessa feita! — disseram em uníssono.

    Victory, com um sorriso carinhoso, se aproximou lentamente e, com delicadeza, sussurrou na orelha dele:

    — Aquele menino… é o seu irmão mais velho.

    Izumi, seus olhos brilhando de felicidade, se afastou de repente e gritou, surpreso:

    — Sério, mamãe?!

    — Shh… silêncio, ninguém pode saber disso. É um segredo, uma informação sigilosa — respondeu em um tom baixo, mas com um sorriso divertido.

    — Sim, mamãe, me desculpe — murmurou, ainda empolgado.

    Victory passou a mão na cabeça do filho e o acariciou carinhosamente.

    — Bom menino.

    Izumi sorriu, ansioso por mais.

    — Hehe! Mamãe, posso falar com ele?

    — Não se preocupe, logo, logo. E quando acontecer, lembre-se de respeitar o seu irmão mais velho.

    — Respeitar? — perguntou ele, confuso.

    — Sim, como irmão mais novo, você deve sempre ouvir o mais velho.

    Ele franziu a testa, ainda sem entender.

    — Por que, mamãe?

    — Porque ele é o mais velho! — declarou com orgulho, como se fosse a coisa mais natural do mundo.

    Izumi olhou para ela, ainda confuso.

    — Mais velho? Não entendi.

    — Bem… é… ele é o mais velho… então… — Victory tentou explicar, mas suas palavras ficaram desconfortáveis.

    — Mamãe?

    — Isso… é uma regra entre irmãos! Você tem que seguir, entendeu? — ela declarou, um pouco apressada.

    Mesmo sem entender muito bem, levantou o peito e respondeu com raça:

    — Sim, mamãe!

    Victory voltou a acariciar a cabeça de Izumi, e o gesto trouxe um sorriso ainda mais brilhante ao rosto do filho. Ele sentia-se seguro e amado, o mundo ao seu redor parecia perfeito naquele momento. 

    No entanto, a expressão dela mudou rapidamente. Ela desviou o olhar para Max, e seus olhos se suavizaram, tornando-se cheios de pesar. 


    Essas memórias, que surgiram repentinamente na mente de Izumi, o tomaram por completo. Ele, que até então protegia seu irmão, acreditava ser uma pessoa confiável ou talvez por se apegar à ideia de um vínculo de sangue, nunca se sentiu completamente convicto de que aquilo fosse verdade. 

    Mas agora, ao reviver aqueles momentos, as lágrimas começaram a acumular em seus olhos, e ele se deu conta, finalmente, com clareza: aquele homem que sempre o abraçava com carinho, cuidando dele como um igual, era de fato o mais velho.

    Com um gesto rápido, Izumi afastou-se de Max e virou-se de costas, tentando esconder as lágrimas que teimavam em cair. Limpou o rosto com a mão e, ao virar-se novamente, esboçou um sorriso sutil, tímido, mas sincero. Com um tom suave, mas cheio de certeza, falou:

    — Faça o que quiser.

    E logo em seus pensamentos, ele pensou:

    Irmão mais velho!

    Max, sem entender o motivo de Izumi se afastar repentinamente e sem questionar, observou-o com um olhar de confusão. No entanto, logo voltou sua atenção ao que fazia. Olhou para os outros destemidos. Com a voz firme, ele disse:

    — Vocês devem ter entendido que não devem falar tal atrocidade como essa, se dão valor as vossas vidas. Entenderam?

    Os gêmeos não se abalaram com as palavras de Max. Mas sabiam que continuar insistindo nessas promessas, só os levaria a um caminho perigoso, onde a morte poderia ser a única certeza. 

    Eles se olharam, comunicando-se sem palavras. Finalmente, Loi, com um olhar firme, fitou Max nos olhos e comunicou:

    — Vamos contar.

    Dam, que havia decidido deixar as coisas nas mãos deles, estava parado em seu canto e observava ambos com raiva contida. 

    Seu corpo estava tenso, a vontade de agir ardia dentro dele, mas ele sabia que, sozinho, seria incapaz. Sua mente fervilhava de frustração, sentindo-se impotente diante daquela situação. Com a cabeça abaixada, ele pensou, seu coração:

    Eu sou tão fraco…

    Ui, ao perceber que seu amado estava momentaneamente estranho, se aproximou dele com delicadeza e segurou sua mão. Izumi não a rejeitou, pelo contrário, a aceitou com um gesto suave, e, olhando de canto, esboçou um sorriso. 

    Ui, ao ver isso, sentiu uma felicidade indescritível, como se algo dentro dela tivesse se aquecido. 

    Enquanto isso, Idalme observava com um olhar cheio de ciúmes, o peito apertado ao ver aquela troca de olhares entre os mestiços. Depois, seus olhos se voltaram para Max. 

    Seus passos, agora, estavam um pouco vacilantes. Caminhou até ele e parou ao seu lado, os olhos refletiu um nervosismo que ela não conseguia esconder. Max a fitou, ao perceber a inquietação nela. 

    Dam, ao perceber que todos se aproximavam dos gêmeos, não hesitou e deu um passo à frente, juntando-se a eles. Idalme, ainda tímida, olhou para seu amado com certa hesitação, mas, com o coração que batia mais rápido, estendeu sua mão em direção a ele. 

    Os seus dedos se tocaram, ela ficou um pouco nervosa. Max, atento aos sinais dela, percebeu o nervosismo e, com um gesto gentil, pegou o dedo mindinho dela com o seu.

    Idalme não o rejeitou, mas o gesto, por mais delicado que fosse, não conseguiu esconder a leve tristeza que surgiu em seu rosto. Ele, logo notou essa mudança em sua expressão, retirou suavemente o mindinho do dela, como se sentisse a necessidade de respeitar o espaço dá peitos caídos.

    Ela simplesmente se sentiu insegura, pois, normalmente, era o seu amado quem tomava a iniciativa. Quando ela o viu afastando-se, um impulso repentino a fez mudar de atitude. 

    Decidida, ela tomou a mão dele com firmeza e, com um gesto suave, encostou o braço no dele, como se quisesse mostrar que também estava disposta a se entregar àquele momento, como um casal apaixonado.

    Max ficou surpreso com a ação de Idalme, mas, ao ver a confiança e a sinceridade em seu gesto, um sorriso se formou no canto de sua boca. Ele não precisava de mais palavras para entender que ela se entregou àquele momento com ele.

    Os destemidos, ao os fitar, pensaram:

    Humanos…

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