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    Ham se animou ao ouvir aquilo. Apesar dos momentos de sofrimento, era por razões como essa que ainda suportava aquela mulher rabugenta. Com um brilho nos olhos, respondeu:

    — Sim!

    Desanimada, a velha ordenou:

    — Pegue uma das pedras e mostre-me o que você consegue comprimir com ela.

    Tomado pela empolgação, apanhou uma das pedras. Apertou-a com força, sentindo-a reagir sob seus dedos. A cada pressão, ela tremia mais, até se despedaçar por completo.

    — Oh, interessante!

    — Serio?!

    Ham, que antes mal conseguia partir a pedra ao meio, mostrava agora uma evolução notável. A anciã, intrigada, observava em silêncio.

    — Pegue outra e aqueça.

    — Sim, mestra!

    Ao seguir os passos, a pedra aqueceu rapidamente, tingindo-se de vermelho. Logo, começou a flutuar ao redor da mão dele, provocando espanto em Lai. Pouco depois, transformou-se em chamas.

    — Você… é realmente o Ham?

    — Não entendi — respondeu ele.

    — Esqueça.

    — Hum!

    Esse miúdo, como ele cresceu tanto da noite pro dia?

    — Agora, comprima essas chamas — ordenou a velha.

    — Sim!

    Ele começou a comprimir, que lentamente assumia uma forma pontiaguda. A idosa, cada vez mais surpresa, mal reconhecia o discípulo diante de si. Ele prosseguiu, moldando o fogo até o transformar em algo de formato estranho até mesmo para ela.

    — Terminado! — declarou Ham.

    — Hum… Como… O que é isso? — perguntou ela, incrédula.

    — Uma bala!

    — Bala? O que é isso?

    — Bala?… O que é bala? — perguntou ele, confuso.

    — Sei lá, foi o que você disse.

    — Eu disse? — Ham pareceu surpreso.

    A anciã cessou os movimentos e o observou por mais um instante, tomada por um pensamento silencioso:

    Ham que conheço seria incapaz de chegar nesse nível em tão pouco tempo. 

    Ele fitava a mestra com desconfiança. As palavras dela soavam estranhas aos seus ouvidos. Percebendo a inquietação no olhar do discípulo, Lai falou:

    — Esquece, vamos continuar.

    — Sim!

    Se ele conseguiu chegar nesse nível… não sei como. Talvez seja a hora de o ensinar a próxima etapa…

    — Ham, pegue a próxima pedra, aqueça e comprima ao mesmo tempo.

    — Não vai dar certo, mestra, a pedra vai quebrar.

    — Como você sabe disso? Nunca te ensinei.

    — Eu não sei… Só sinto isso… — respondeu, hesitando.

    Essa criança…, pensou, ao suspeitar de algo.

    — Mestra? — perguntou, curioso.

    — Apenas faça o que eu digo! — gritou, impaciente.

    — Sim!

    Ele seguiu as instruções, mas o resultado foi exatamente como previu. A pedra se despedaçou.

    — Foi o que eu disse.

    A velha se levantou, bateu na cabeça do discípulo e falou:

    — Idiota! Seu aquecimento estava mais lento. Mantenha ambos na mesma intensidade e verá a mágica acontecer.

    — Sim — respondeu, colocando a mão na cabeça, ainda atordoado.

    Ele prosseguiu com o treinamento, mas a pedra ora se despedaçava, ora se incendiava. Ainda não conseguia alcançar o que a mestra havia proposto. Mesmo assim, ela se surpreendia com o progresso do discípulo.

    Incrível, demorei anos para chegar nessa fase, e essa criança, com somente uma noite de sono, chegou nesse nível. Um gênio, ele é um gênio!

    Os dias passavam, e o treinamento seguia. Ham sentia que não progredia, a frustração crescia a cada tentativa falha. Após insistir inúmeras vezes, soltou um grito:

    — Eu não consigo!

    — Continue — ordenou Lai.

    — Mas… já faz dias que não saio dessa etapa… — lamentou, exausto.

    — Não seja idiota, moleque — retrucou a velha. — Alcançar esse nível na sua idade não é pra qualquer um. Continue, ou então vai experimentar o gosto da minha língua.

    — Sim… — respondeu, com medo, já imaginando o que poderia acontecer.

    Ham insistiu mais uma vez. Uma semana se passou, e ainda não superava aquela etapa. Exausto, deixou-se cair no chão e murmurou:

    — Eu desisto. Isso é impossível. Ninguém conseguiria fazer algo assim. Eu nem sei o que isso deveria gerar. Uma perda de tempo.

    — Kiakiakiakia! Quer ver, moleque? Vai entender o quão incrível é essa habilidade.

    — A mestra consegue fazer? — perguntou, animado, com os olhos brilhando.

    — Claro. Eu sou a mais forte!

    Lai se levantou do banco de braça e, ao longe, avistou uma grande rocha. Em seguida, apanhou uma pequena pedra. Começou a aquecê-la e a comprimi-la. Ela se tornava mais rígida e brilhava em vermelho intenso. Crepitava sob o sopro do vento, até flutuar suavemente entre as mãos dela.

    Transpirava intensamente à medida que concentrava sua energia. A pedra, que estava envolto em chamas vermelhas, começou a mudar de cor, escurecendo gradualmente, até que se tornou negra.

    O suor escorria por seu rosto, mas, ao atingir o resultado desejado, ela sorriu. Fitou as rochas à sua frente, ergueu a esfera sombria e a lançou como um projétil. A esfera cortou o ar e perfurou uma das rochas com precisão.

    — Não aconteceu nada — disse Ham, desanimado.

    A velha suspirou profundamente e respondeu, com um sorriso:

    — Acalme-se… está chegando.

    A pedra, ao perfurar a rocha enorme, explodiu instantaneamente em uma onda de energia incandescente. Um misto de calor abrasador, vento ionizado e uma poderosa onda de choque se espalhou, fazendo desaparecer completamente a área onde a rocha havia sido atingida, como se jamais tivesse existido.

    No centro da explosão, uma energia negra se concentrou, esvaziando-se lentamente até se tornar vermelha, desaparecendo por completo, como se nunca tivesse estado ali. O estrondo da explosão foi ouvido por várias pessoas, que logo se reuniram para ver o que acontecia.

    Alguns observavam pela janela, enquanto outros subiam até o topo, preocupados com o que havia acontecido. O vento soprava forte, e ele assistia àquela exibição de explosões com admiração, acreditando que, um dia, poderia alcançar tal nível de poder.

    Quando desviou o olhar para a velha, por um instante, viu diante de si uma jovem mulher, bela e sorridente, contemplando o horizonte. Antes, não respeitava sua mestra, mas naquele momento, Ham acreditou, ou talvez somente sentiu, que ela era a pessoa mais forte do mundo.

    Lai, após observar o estrago causado pela sua explosão, olhou para seu discípulo com um sorriso e declarou:

    — Eu sou a mais forte!

    Naquele momento, Ham se viu apaixonado pela força de sua mestra. Seu olhar refletia a admiração profunda, e seu rosto não conseguia esconder o quanto estava impressionado com a beleza da mulher à sua frente.

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