Capítulo 154 de 05 – Eu não sou idiota, seu idiota!
A intenção assassina espalhou-se pelo entorno. Dentro de um raio de um quilômetro, ninguém escapou do alcance. A tartaruga, ao perceber, soltou um rugido carregado de pavor. Entre os demais, instalou-se um peso sufocante no peito.
— Estranho… dessa vez a sensação não foi a mesma.
Ele guardou suas espadas e pensou:
Bem, por enquanto tá tranquilo. Acho que não vou precisar cagar por um bom tempo.
Izumi avançou na direção da fortaleza. Esta, ao notar sua aproximação, recuou com pressa, em passadas mais ligeiras do que o comum.
— Hum? O que foi isso? Ela tá fugindo?
Ele desatou a correr, e a tartaruga, em desespero, acompanhou a fuga com uma velocidade incomum. Dentro dela, Loi observava incrédula. Jamais imaginou ver aquela criatura em tal estado, tampouco se mover com tamanha agilidade.
Izumi, ao notar a insistência da fuga, perdeu a paciência. Ativou sua velocidade especial e, num instante, alcançou a fortaleza ambulante, entrando por uma das aberturas.
Ao sentir o invasor atravessar seus limites, a estrutura estremeceu. O corpo da criatura tremulava junto com os corredores internos.
Mesmo dentro dela, Izumi tornou-se alvo. O espanto tomou conta de todos, mas nenhum se igualou ao de Loi, conhecedora das engrenagens internas daquela fortaleza viva. Sabia do que era capaz, mas nunca a viu lançar um ataque contra outro ser vivo.
A fortaleza mudava. Corredores convertiam-se em quartos; quartos, por sua vez, tornavam-se passagens estreitas. Izumi, que seguia por um dos corredores, viu-se subitamente encerrado num aposento sem saída.
Logo, uma fenda se abriu no chão e transformou o piso numa espécie de esteira que buscava varrê-lo para fora. Mas, graças à sua velocidade, retornava sempre ao mesmo ponto, frustrando o mecanismo.
Diante do fracasso, a criatura selou-o dentro de uma sala reforçada por placas de metal. Em seguida, começou a encolher. Ao perceber a intenção. Sacou a espada. Com a força da técnica Speed Brute Force Iz, rasgou o metal e escapou.
Do lado de fora, embora surpresos com o que se passava, os demais não sofriam ataques diretos. Apenas sentiam o tremor da estrutura viva. Loi, angustiada, correu pelos corredores, determinada a resolver o impasse.
Izumi, impaciente, se aproximou da cabeça da tartaruga e chamou:
— Ei!
Naquele instante, ao vê-lo sobre si, ela o reconheceu. Sentiu sua presença no alto da cabeça, e algo dentro dela se rompeu. O movimento cessou. Todo o tremor que a agitava parou de súbito. Pela primeira vez, a fortaleza provou o verdadeiro terror em sua própria carne.
— Tartas! Ele é amigo! — Loi chegou correndo. — Não vai fazer mal nenhum, confia em mim!
Loi, ao alcançá-lo, fez sinais para que se acalmasse e guardasse as espadas. Ele atendeu, embora a contragosto. A tartaruga, ao presenciar o cenário, tentou falar, mas a voz lhe falhou. Gaguejou:
— Te-te-te-tem… ce-ce-cer-ce-certe-certe-certeza?
Loi se surpreendeu ao ouvir a voz da Tartas. Jamais soube que tal coisa fosse possível. No entanto, conteve o espanto. Não era momento de hesitação. Com suavidade, respondeu-lhe com carinho.
— Sim, então vamos nos acalmar, está bem?
— Então você fala? — Izumi agachou, a mão firme no chão. — Escuta aqui: enquanto não me fizer mal, você vai viver. Lembre-se disso.
A tartaruga nada respondeu. Limitou-se a girar o corpo na direção costumeira e retomou sua marcha, como se nada houvesse interrompido o percurso.
Max e Idalme, que haviam seguido Ui até o local, chegaram pouco depois e perguntou o que ocorreu. Loi explicou com brevidade, dissipando as dúvidas. Max, porém, afastou-se dos demais, aproximou-se do irmão e disse:
— Izumi, aquela intenção assassina… não use de novo.
— Quê? Quem é você para me ordenar?
— É um pedido. Aquela intenção era diferente do habitual. Eu senti como se estivesse morrendo. Foi estranho.
— Sim, Izumi. Eu também senti isso — completou Ui.
— Concordo, aquilo foi estranho — disse Idalme.
— Não tenho culpa da fraqueza de vocês.
Izumi afastou-se, e os outros permaneceram observando à distância, exceto Ui, que o seguiu. Ao adentrar um dos quartos em reconstrução, deu uma ordem firme:
— Tartaruga inútil, faz uma banheira com água quente.
Ela emitiu um rugido de insatisfação, mas ao ver o mestiço empunhar a espada, cedeu sem resistência ao seu pedido.
— Boa menina.
Ele logo retirou as vestes que usava para a batalha. Ao segurá-las, sentiu um odor forte, familiar, ao qual já estava acostumado. Ao perceber aquilo, admitiu para si o quanto era um cagão.
Lançou as roupas ao chão e ordenou novamente à tartaruga que as lavasse. Desta vez, ela atendeu sem resistência. De repente, um balde cheio de água surgiu do chão, e as roupas começaram a girar dentro dele em alta velocidade.
Izumi observou e declarou:
— Interessante!
Despido, Izumi entrou na banheira e sentiu um conforto que há muito não experimentava. Perguntou-se mentalmente quando foi a última vez que tomou banho. Sempre recusava os convites de Ui para se banharem juntos e alegava que um guerreiro não precisava cuidar da higiene com frequência. Contudo, desde que deixou a cidade, não se lavava.
O apelido de “cagão” o atingiu de maneira inesperada. Aceitaria qualquer insulto, menos aquele, que feria seu orgulho — embora fosse verdade. Contudo, por consumir grande quantidade de energia negativa, não precisaria literalmente cagar — nem tampouco enfrentar as consequências naturais do corpo.
— E quando vai ser o meu próximo banho?
Izumi ouviu Ui o chamar de longe. Sem hesitar, ordenou que a tartaruga selasse a porta, o que ela fez de imediato. Contudo, não passou muito tempo até que ela arrombasse a parede e o encontrou relaxando na banheira.
— Te encontrei! — disse, sorrindo.
— Droga!
Ui não hesitou e começou a despir-se rapidamente. O short curto deslizou pelo corpo firme e pelas pernas longas. Embora não tivesse os seios volumosos como Idalme, sua silhueta ainda chamava atenção — menos para Izumi, que se sentia desconfortável com a situação.
— Não venha… — alertou.
Ela ignorou e pulou na banheira, fazendo a água quente espirrar ao redor. Ambos estavam nus. Ele fitava o corpo dela com indiferença, enquanto ela o olhava com um leve rubor no rosto. As mãos dela tremiam, hesitantes e buscava algo para segurar.
— Está sentindo alguma coisa? — perguntou Ui, curiosa.
— O que acha que está fazendo? — questionou, preocupado.
— Vai! Vai! Fique duro! — ela disse alegre, acariciando.
— Pare! Sua idiota! — ele ordenou, dando uma bofetada no rosto dela.
Ui ficou triste. Levou as mãos ao rosto e as lágrimas acumulando-se sem controle. Parecia não acreditar no que ele havia feito.
— Por que fez isso? — perguntou, com lágrimas que escorria pelos olhos.
Desta vez, Izumi não a olhou com indiferença. Por trás da expressão séria, havia um arrependimento. Internamente, preocupava-se e questionava-se por que agiu assim com ela, quando jurou protegê-la.
Em meio ao desespero, a lembrança da mãe veio à tona — seus gestos carinhosos, o toque que lhe trazia consolo. Com cuidado, levava a mão até a cabeça dela, desviando o olhar.
Ela, ao perceber o constrangimento do amado, surpreendeu-se. Ansiosa, aproximou a cabeça, e ele, então, passou a acariciá-la suavemente.
Consegui mãe, eu… estou fazendo igualzinho a você! pensou Izumi alegre por dentro.
Com um fio de coragem, ele virou o rosto devagar e se surpreendeu com o que encontrou. A mulher que antes chorava, agora sorria, e falou:
— Te peguei, não é?
— Quê? Não me diga…
— Sim! Hehe!
Rapidamente ele afastou a mão, no entanto, Ui foi mais rápido e agarrou.
— Não, ainda quero sentir seus gestos na minha cabeça — disse, pegando os ovos. — E agora? — completou com um sorriso travesso.
— Sua… Você é realmente idiota?
O rosto de Ui se contraiu. Soltou a mão das bolas de Izumi e afastou-se do braço dele. Cruzou os braços e gritou:
— Eu não sou idiota, seu idiota!
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