Capítulo 156 de 07 – Me ajudem!!!
Alguns minutos se passaram enquanto o grupo avançava depressa pela encosta da montanha. À medida que subiam, o calor tornava-se mais intenso, mas pareciam pouco afetados pela mudança.
— Uff… Ah, chega! Vamos descansar — disse Dam, ofegante, jogando o peso no chão.
— Que foi, Ham? Nem faz tanto tempo assim — Loi pousou tranquilo ao lado.
— Injusto demais… você salta feito um foguete, e o resto aqui são uns monstros de resistência. Não tem como — reclamou Dam, caindo de vez.
Contudo, ao cair, o corpo deslizou pela encosta com mais rapidez do que havia subido. Na tentativa de frear a descida, sacou a faca e a lançou contra o solo em diagonal. Mesmo cravada na parede, a lâmina não suportou o peso, e a queda prosseguiu.
— Me ajudem!!! — gritou, desesperado.
— Esse é o Ham que conheço — respondeu, com um sorriso meio nostálgico.
Loi descia velozmente, sustentado pelo próprio vento. De súbito, perdeu Dam de vista e se perguntou o que teria acontecido. Foi então que ouviu Idalme chamando por ela. Ao erguer os olhos, ficou incrédula com o que via.
Izumi olhou firme para ele e falou:
— É a última vez que eu te carrego.
— Tá… — respondeu ele, meio sem jeito.
Ao retornar ao grupo, Loi se indagou como ele pudera ser tão rápido. Antes que encontrasse resposta, sentiu a mão de Idalme sobre o ombro. Disse-lhe que tentar entender aquele sujeito era pura perda de tempo.
— Ele é forte, só precisamos saber disso — comunicou.
— …
À medida que avançavam, a montanha tornava-se mais inclinada e exigia, por vezes, o uso das mãos para alcançar pontos mais altos ou cobertos por rochas irregulares. Idalme seguia por entre elas quando avistaram uma pedra menor que poderia ajudar na subida. Ao pisá-la, o pé escorregou, deslizando para baixo.
— Cuidado — alertou Max.
— Sim…
Idalme lançou um olhar incerto para baixo, mas prosseguiu na subida. Com o tempo, tornou-se indispensável o uso das mãos para continuar escalando. Avançavam lentamente, trecho por trecho, até que a voz de Max ecoou do alto, em um grito.
— Estamos chegando!!!
— Ao inferno!!!
Todos se puseram em alerta. A voz que ecoou, grave e intimidadora, não pertencia a nenhum deles. Trocaram olhares inquietos, sem saber quem poderia ter dito aquelas palavras. Foi então que a montanha tremeu, como se um terremoto despertasse sob seus pés.
Parte da montanha — mais precisamente uma das rochas que a formavam — começou a se moldar, endurecendo até tomar a forma de uma mão. Num movimento brusco, agarrou a perna de Dam e bradou com voz rouca:
— Menos um!!!
Dam, que já desconfiava de algo estranho desde a queda, reagiu sem hesitar. Sacou a arma pequena e disparou contra a rocha. Enquanto o som ecoava pela encosta, murmurou com firmeza:
— Achou que eu era fraco? — a pedra se despedaçou numa explosão. — Achou errado!
— O que foi isso, Dam?! — gritou Max, alarmado.
— Essa rocha… ela tem vida própria!!!
Surpresos, viram a montanha revelar garras. Várias mãos de pedra emergiram, enquanto um rosto humano começava a se formar na rocha imensa. As mãos avançaram contra o grupo, mas todos conseguiram bloquear o ataque. Sem hesitar, Ui desferiu um soco poderoso na pedra, mas começou a cair.
— Izumi, me salve!!!
Ele permaneceu imóvel e observava-a cair com indiferença. Ela, porém, sorriu e fechou os olhos. Então, sentiu-se segura nos braços de alguém, como uma princesa nos colos do príncipe.
— Eu sabia que ia me salvar, meu príncipe — disse ela, abraçando-o forte.
— Me desculpa, mas pode parar? Tão me comendo com os olhos — respondeu ele, desconcertado.
Mais acima, Idalme os observava, o olhar cheio de raiva.
— Hum? Max? Ahhh! — ela se afastou dele e continuou caindo.
— Essa idiota… — resmungou Max, frustrado.
— Izumi, me desculpa!!! — gritou, desesperado.
Ui seguia em queda. Ele lançou um olhar ao irmão e sinalizou que deveria salvá-la, mas ele insistia em dificultar. Enquanto isso, o demônio da montanha continuava a atacar o grupo restante.
Ao perceber que não seria socorrida, Ui compreendeu que teria de ser seu próprio príncipe. Desferiu um golpe poderoso na rocha e conseguiu deter a queda, mas várias mãos de pedra aproveitaram para investirem contra ela.
Ui sorriu e pensou:
Eu me lasquei?
— Morra!!!
Dezenas de mãos surgiram, desferindo ataques violentos ao redor e deixou todos incrédulos diante da brutalidade. Idalme gritou o nome da amiga em desespero, mas Ui permaneceu em silêncio.
— Ela morreu? — perguntou, a voz trêmula de preocupação.
— Menos uma!!!
Os ataques não cessavam. Ao queimar em fúria, Idalme ativou as cicatrizes de chama que marcavam seu corpo e iniciou uma sequência de bombardeios contra a montanha. Qualquer braço de pedra que surgisse era imediatamente pulverizado pelas suas chamas.
Enquanto todos enfrentavam suas próprias batalhas, ficaram surpresos com a brutalidade daquela mulher que, até então, parecia delicada. Com a mão cravada na rocha, ela avançava veloz, destruiu e consumiu a pedra em seu caminho.
Aproximava-se do nariz do demônio, mas, no instante em que ia desferir o golpe, o nariz deslocou-se, escapando do ataque.
— Quê? — Idalme ficou com dúvida.
Max vendo, gritou:
— Ataquem o nariz, olhos e boca!! Deve ser o ponto fraco!
Todos concordaram. Max dirigiu-se à boca da montanha, enquanto Dam e Loi avançaram na direção dos olhos.
— Não vão me matar!!!
Apesar do plano, a montanha escapava com facilidade dos ataques do grupo. Percebendo que aquela estratégia não funcionária, Max ergueu a voz e gritou novamente:
— Afastem-se!!!
Ele alçou voo, afastando-se ainda mais da montanha, e parou subitamente enquanto explosões irrompiam em suas pernas. Apontou os cinco dedos na direção do alvo, acumulando energia nas pontas, prestes a desferir seu ataque.
— Alvos travados — disse ele, com o olhar afiado. — Aproveitem qualquer brecha!
Todos assentiram, prontos para agir.
— Metralhadora de tiros explosivos!
Embora mais fracos, os tiros permaneciam letais, acertando a rocha diversas vezes. Dam pediu a Loi que o segurasse enquanto disparava sua metralhadora e intensificou a devastação sobre a montanha.
Idalme não perdeu tempo e lançou flechas consecutivas, imbuídas de marcas que aumentavam sua letalidade.
Quando a fumaça finalmente se dissipou, todos pararam de atirar e perceberam que, apesar dos danos causados, ainda não haviam conseguido subjugar a montanha.
— Vou matar todos vocês!!! — gritou, mesmo com o corpo cheio de feridas.
— Seu fim chegou! — declarou Izumi, descendo a montanha em disparada.
A montanha lançou várias mãos em sua direção, mas ele as cortava como se fosse manteiga. De repente, o demônio perdeu o rastro de Izumi, que reapareceu mais abaixo, empunhando duas espadas.
— Speed Brute force Iz! — o som de espada entrando na bainha tocou. — Cem cortes!
As partes da montanha foram cortadas repetidas vezes e começaram a desmoronar enquanto Izumi caía ainda mais rápido. Para surpresa de muitos, a montanha se desfez como vento, restando apenas sua energia negativa a pairar no ar.
Izumi, ainda que estava apoiado na rocha, caiu em alta velocidade, quando, mais acima, ouviu um grito ecoar.
— Me ajudem!!!

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