Capítulo 172 de 23 – Ham… mas… não podemos
Na tenda, o fogo suspenso espalhava luz sobre os corpos amarrados de Léo e Slother. Mais ao lado, sobre um pano áspero, uma mulher repousava coberta, contorcendo-se em silêncio.
O calor dominava-lhe a pele, e cada suspiro pesado denunciava a luta íntima. Os dedos apertavam-lhe os seios, desciam pelo ventre e buscavam prazer entre as coxas. Gemidos abafados escapavam da boca, quebrando a quietude do lugar.
Em pensamento, evocava os homens de sua linhagem, mas a lembrança de Max surgia, indesejada, despertando nela um gozo que tentava reprimir. Negava-o com veemência e, para sufocar o desejo, forçava-se a pensar no irmão.
Entretanto, a culpa corroía-lhe o peito ao reconhecer o desejo pelo próprio irmão, e então forçava-se a recordar os homens de seu clã. Presa nesse ciclo, alternava a fuga e a recaída. Após o alívio, vinha a sensação breve de plenitude; contudo, no sono inquieto, o corpo despertava outra vez, abrasado de anseios.
Não… de novo não…
Resistia quanto podia, mas o afrodisíaco queimava-lhe as entranhas, insistente, sem dar trégua. Max, autor daquela trama, sabia que, cedo ou tarde, ela sucumbiria, lançando-se sobre ele em alguma noite de descanso. No íntimo, julgava que uma vez não seria pecado, e por isso aguardava, ansioso, a chegada dela à sua tenda.
Loi, porém, insistia na resistência. Chegou à quinta tentativa do dia para domar o ardor que a dominava; na sexta, já não obtinha resultado. O tempo passava, uma hora inteira, e nada mudava.
A inquietação crescia, pois compreendia que, se não rompesse aquele tormento, não teria forças para enfrentar o dia seguinte sob o peso da aura daqueles dois machos diante dela.
Por fim, rendeu-se. Orgulho, ética e convicção foram postos de lado. Levantou-se, deixou o abrigo e a chuva, fria e constante, molhou-lhe os passos. Ainda assim, não hesitou: avançou na direção da tenda de Max.
No entanto, ela parou no meio da chuva e pensou:
Ele é um mestiço, Loi… você os odeia… então… então não sucumba.
Foi então que ela ouviu o barulho de alguma coisa colidindo.
Aquela tenda…
As lembranças da infância do irmão atravessavam-lhe a mente, e lágrimas escorriam-lhe pelo rosto. Logo, porém, imagens recentes de Ham mostravam-lhe que já não era a criança de outrora, correndo atrás dela pelos cantos. Estava crescido, e, assim, não seria pecado o que se anunciava.
Convencia-se, passo a passo, de que nada havia de errado. Aproximou-se da tenda, enxugou o pranto e deteve-se diante da entrada. Respirou fundo e rendeu-se enfim ao peso do desejo.
Ao entrar, encontrou Dam em uma camisa curta, que deixava expostos os músculos, enquanto se ocupava com suas companheiras. Nesse instante, Loi esqueceu-se de que aquele homem à sua frente era o próprio irmão.
Avançou devagar. Ele não recuou. O olhar, dividido entre os seios molhados e o rosto ruborizado, hesitava. A dor de cabeça desapareceu e, sem que houvesse toque, Dam já se via tomado pela excitação diante da figura curvilínea que se aproximava.
— Me ajude… — sussurrou, olhando para ele. — Ham… eu não aguento mais… — murmurou perto do ouvido dele.
Quando os seios dela roçaram-lhe o peito, um lampejo atravessou-lhe a mente: recordou Germa, e, enfim, compreendeu. A figura que habitava seus devaneios, a mulher que lhe despertava desejo em silêncio, estava diante dele, ao alcance da mão.
Loi ergueu o rosto e prendeu-lhe os olhos, ávida pela boca que a tentava. Ele percebeu o anseio estampado no olhar dela. Nesse instante, um pensamento lhe atravessou como sentença:
Será que posso mesmo… acreditar que é você…
Ela aproximou-se com lentidão e pousou os lábios nos dele. Dam, atônito, correspondeu ao beijo. As mãos hesitavam, trêmulas, desejosas de envolvê-la, mas o receio de assumir a culpa por tudo o imobilizava, trazendo-lhe revolta.
Loi, em busca de mais, tomou-lhe a mão e a levou aos próprios seios. Os olhos marejados de desejo fitavam-no de perto, quando sussurrou:
— Aperte… não importa o pecado…
Dam obedeceu, e a outra mão dela desceu para tocar as partes íntimas. Interrompeu o beijo, tomou a mão dele e pediu que apertasse, repetidas vezes. Ele seguiu a ordem, mas a mente se enchia de dúvidas: se a despisse agora, o que aconteceria? O medo de ultrapassar limites o paralisava.
Contentou-se em cumprir o comando, observou-a gemer, entregue ao prazer que provocava em si mesma. Ao desviar o olhar, percebeu que o volume de sua excitação começava a diminuir, trazendo-lhe confusão e surpresa.
Eu gozei?
O desejo dele, porém, não diminuía; a excitação voltou com intensidade. Loi percebeu o sinal, e, ao reconhecer que até seu irmão a desejava, sentiu-se tomada por uma onda de prazer. O pensamento de tudo aquilo entrando nela foi demais, e cedeu, entregando-se ao alívio que a consumia.
Ela logo voltou a si, fitando Dam com olhar sério:
— Me desculpe… mas vamos parar por aqui.
Ela ergueu-se, afastando-se dele. Um arrependimento leve percorreu-lhe o peito, misturado à satisfação de não ter ultrapassado a linha que separava o desejo da transgressão.
— Vamos esquecer… como se nada tivesse acontecido.
Dam permaneceu imóvel, os olhos fixos nela, enquanto as memórias de Germa invadiam-lhe a mente. Imaginou-se no chão, em vez de tê-la abandonado, e sentiu o peso do passado refletir-se no presente.
Ela deixava a tenda com um leve sorriso, satisfeito consigo mesma por não ter cruzado o limite. Ainda assim, o coração disparava, lembrando-lhe da sensação das mãos dele sobre seu corpo, que a percorria mesmo agora, na distância.
— Até logo, Ham…
Ao sair, Loi percebeu a mão esfriar, um arrepio percorreu-lhe o corpo. Ao olhar para trás, encontrou Dam, o olhar firme e decidido, revelando sem palavras o que pretendia fazer.
— Ham…
Ele a puxou de volta para dentro da tenda e ficou por cima dela. Loi não compreendia suas intenções; o homem que cuidava apenas de suas namoradinhas a olhava agora de modo diferente.
Os rostos avermelhavam-se e trocaram olhares cheios de vergonha. Por alguns instantes, o silêncio dominou. Ele, então, percebeu a impulsividade momentânea que o havia levado àquele gesto.
O que faço agora?
— Não vai dizer nada, Ham? — Desviou o olhar.
— Não…
— …
— Hoje… você… — O rosto dele queimava de vergonha. — Você é minha!
Loi surpreendeu-se com a atitude dele. Antes que pudesse reagir, Dam percebeu que não esperaria resposta e fechou-lhe a boca com os próprios lábios. Ela, atônita, acabou correspondendo.
Naquele instante, sentiu-se presa, sem chance de escapar — ou talvez fosse apenas a desculpa que inventou para si mesma. Mesmo sem o mesmo ardor de antes, ainda desejava prosseguir, caso fosse aquilo que Ham realmente quisesse.
Mas, ao se lembrar de que ele era seu irmão, afastou-o com força:
— Não podemos… somos irmãos!!
— …
Ela tentou erguer-se, mas Dam, dominado por decisão e pelo ciúme que lhe queimava o peito ao lembrar do homem que quase a tocou, empurrou-a de volta ao chão e disse:
— Você se aproveitou de mim… agora é minha vez.
— Mas… somos irmãos…
— Cala a boca! Sua hipócrita!
— Hipócrita?
Ele tocou-lhe os seios, ao mesmo tempo, em que os lábios deslizavam pelo pescoço dela. Havia algo diferente nele, uma vontade que antes não se notava.
— Me usou e agora quer ir embora, depois de se aliviar? Não aceitarei.
— Ham… mas… não podemos.
Dam, lembrando-se dos movimentos que ela fazia com a parte inferior do corpo, deslizou a mão até o fruto dela e penetrou-lhe delicadamente um dedo. Naquele instante, Loi esqueceu-se de que eram irmãos e das barreiras que não deveriam ultrapassar.

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