Capítulo 86 de 20 – Escuridão superada!
No chão, seus olhos estavam apagados, e ela aguardava em silêncio, o momento final. Karma se aproximou lentamente e observou-a com uma expressão fria. Com um sorriso calculado, ergueu o pé e o pousou sobre a cabeça dela.
— Você, entre todas essas escórias, foi o único cujos golpes realmente me fizeram sentir dor. — pegou-a pelo cabelo. — Não pense que sua morte será indolor!
— Me…
— Hum!
— Mate logo.
Com raiva, pressionou o rosto dela contra o chão e intensificou a força a cada movimento. A mulher, já quase sem vida, permanecia imóvel, sem emitir um único gemido de dor. Irritado com a falta de reação, repetiu o gesto, cada vez mais impaciente.
— Que droga é essa? Não sente dor, nem medo? Como um humano pode ser tão insensível?
Exausto e frustrado, ele decidiu acabar com tudo e matá-la de uma vez. No entanto, assim que tomou a decisão, seu corpo começou a tremer. Ele percebeu que não era o único; todos os demônios derrotados ao redor sentiam a mesma presença.
— O que é isso?
Karma olhou ao redor e perguntou em voz alta quem estaria por trás daquela força que subjugava até os demônios. Examinou cada rosto ao seu redor, mas sabia que nenhum deles possuía tal poder. Por um momento, pensou em Camion, mas logo afastou a ideia.
Enquanto isso, a mulher caída no chão parecia despertar de seu torpor. Aquele sentimento sombrio e familiar trouxe uma centelha de vida a seus olhos. Com esforço, começou a rastejar. O demônio, surpreso ao perceber seu movimento, se aproximou e, intrigado, perguntou:
— Não me diga… é você?
Recuou, confuso. Não conseguia acreditar que uma simples humana pudesse emanar uma energia negativa tão poderosa. Considerou, então, que talvez ela fosse um demônio disfarçado ou uma mestiça, algo além do que aparentava ser. Mas, ao vê-la apenas rastejando no chão, pensou que, apesar daquela presença ameaçadora, seu corpo ferido e exausto não lhe permitiria reagir.
Convencido de sua fraqueza, ele se aproximou rapidamente e voltou a atacá-la, aliviado pela aparente vulnerabilidade dela. No entanto, algo interrompeu sua tranquilidade: percebeu que a mulher fazia algum movimento estranho. De repente, o som de dentes mastigando ecoou.
— Você…
Karma ficou atônito. Mesmo se ela fosse uma mestiça, jamais imaginaria que alguém teria coragem de devorar outro demônio. O choque o fez recuar novamente, incapaz de esconder o horror e a repulsa diante da cena. Observava cada movimento dela com cautela, respirou fundo e, hesitante, perguntou:
— Não me diga… você é uma das filhas da Avareza?
Ui não ouvia nada do que ele dizia; seu mundo estava reduzido a uma única presença, uma figura que dominava completamente seus pensamentos. Seu olhar fixo e febril ignorava o horror ao redor, concentrado apenas naquela força misteriosa que a impulsionava.
Izumi, Izumi, Izumi, Izumi, Izumi!
Ao contrário dele, Ui sabia exatamente de quem vinha aquela energia negativa. A lembrança trouxe uma clareza feroz: ela não podia morrer, não antes de conquistar seu amado e entregar a ele o que considerava sagrado.
Determinada, continuou devorando os restos do demônio reptil, e, lentamente, seus ferimentos começaram a cicatrizar. Ela se ergueu, mas logo percebeu algo incomum.
Diferente das outras vezes, seu corpo parecia envolto em uma aura densa e escura, como se uma fumaça de energia negativa emanasse de diversos pontos ao longo de sua pele. Sentindo essa força desconhecida, ela levou a mão ao rosto, e com uma voz carregada de firmeza, murmurou:
— De novo… Não consigo controlar o meu sorriso.
— És mesmo uma mestiça?
Ela ignorou completamente as palavras inimigas, em um movimento repentino, avançou para atacar. Surpreso com sua velocidade aumentada, Karma não teve tempo de reagir e foi atingido em cheio no abdômen.
O impacto foi brutal e lançou-o pelo ar até que seu corpo colidiu violentamente contra a muralha da cidade.
— Xixixixixi! De novo, me sinto invencível!
Ao recuperar do impacto, percebeu que Ui se aproximava rapidamente, disposta a atacar novamente. Sem tempo a perder, ela saltou para cima dele com uma voadora.
No último instante, ele conseguiu se esquivar com um movimento desesperado e desapareceu da sua frente. Em um piscar de olhos, reapareceu atrás dela. No entanto, antes que pudesse reagir, foi surpreendido por um golpe. Ui, com sua velocidade, o atingiu com um movimento rápido.
— Posso sentir o seu cheiro do além!
— Mestiça desgraçada!
A luta seguiu intensamente, com Ui que dominava o confronto. Karma, sentia pressão, logo percebeu que um confronto direto não era uma opção. Decidiu então adotar uma estratégia mais cautelosa e esquivava-se para recuperar suas forças e os danos sofridos. Ui continuava a atacar com um sorriso feroz.
Após alguns minutos de batalha, o demônio parou subitamente. Ele começou a juntar as mãos e preparava algo mais poderoso. Quando ela estava prestes a atacar, ele, com um sorriso calculado, disse:
— Bem-vindo ao meu mundo, novamente. Escuridão Imensurável!
De repente, tudo ao redor mergulhou na escuridão total. Ui, incapaz de ver qualquer coisa, ficou parada por um momento, o que parecia ser a oportunidade perfeita para o inimigo. Ele avançou com um ataque e confiou em sua vantagem, mas logo se viu surpreso.
Antes que seu golpe alcançasse seu alvo, Ui, sem depender da visão, reagiu. Com um movimento rápido e certeiro, ela contra-atacou, pegando Karma de surpresa e deixou-o momentaneamente sem reação.
— Como é possível?
— Xixixixi! O seu cheiro é fedorento!
— Quê?
Incrédulo diante da resistência, continuou a atacar furiosamente, sem entender como ela conseguia reagir. Ele sabia que poderia mudar de tática, se afastar, esquivar e desgastar a força inimiga, mas seu orgulho não permitia. Mesmo ferido, com o corpo marcado pelos contra-ataques incessantes, ele persistia a acreditar que, em algum momento, sua força superaria a dela.
Ui, por outro lado, estava desesperada para vencer antes que o efeito do demônio que havia consumido desaparecesse. Porém, em meio à luta, havia algo de peculiar em seus sentimentos.
Ela estava feliz por estar nesse confronto, nessa dimensão isolada, onde ninguém podia ver a monstruosidade que ela se tornou. Sabia que seu lado demoníaco era horrível, e embora amasse o lado sombrio de Izumi, ela temia que ele nunca pudesse amá-la por completo, caso visse quem ela realmente era.
A cada golpe que desferia, a energia negativa fluía através dela e danificava profundamente o demônio à sua frente. Mas, por mais que causasse estragos, aquilo não parecia ser suficiente para derrubá-lo. Nem ela, nem a dimensão estavam próximas de um fim. No fundo, sabia que precisaria mais do que sua força atual para alcançar a vitória.
— Sua escória!!!
Tomado pelo desespero e pela raiva, ele atacava desordenadamente, sem qualquer estratégia, apenas em um impulso cegante. Isso o fez vulnerável, e Ui aproveitou a brecha. Ela disparou mais golpes rápidos e intensos, o que resultou na queda do oponente.
Ui se aproximou dele lentamente, seus olhos ainda brilhavam com a energia negativa que pulsava ao redor dos seus olhos.
— Xixixixix! Que Foi?
— Hum?
— Está com medo da escuridão?
Tomado pelo medo, gritou desesperado, mas suas súplicas eram em vão. Ela não se importava com suas palavras, e naquele momento, pela segunda vez no mesmo dia, Karma sentiu o desespero tomar conta de seu ser. Seu corpo, exausto e ferido, já não tinha forças para reagir.
Sem perder tempo, Ui acumulou energia em seu punho e concentrava toda a sua força em um golpe mortal. Ela disparou um soco violento contra a barriga do alvo e atravessou sua carne com violência.
Ele soltou um grito abafado de dor, mas antes que pudesse sequer reagir, ela o lançou para o alto. Foi arremessado pelo ar, seu corpo caía sem controle, enquanto o sofrimento se espalhava pela sua mente e corpo.
— Escuridão superada!
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