Índice de Capítulo

    — Thirk! Cala boca. Você não precisava fazer isso — Ele falou ao sair dos braços de Ui.

    — Eu sei, mas quis fazer.

    Ela disse aquilo, mas eu sabia que, no fundo, seu pensamento era outro. A forma como correu desesperadamente em direção a Izumi não parecia condizer com alguém que estava consciente disso. No entanto, fiquei surpreso por ela ter avistado Izumi de tão longe; ela deveria possuir uma visão especial.

    No entanto, enxergar através das nuvens não era algo que uma pessoa comum pudesse fazer. Além disso, a cor de seus cabelos era idêntica à de Izumi. Seria ela uma mestiça? Eu não tinha base para fazer tal suposição, visto que Izumi era o único mestiço que eu conhecia, mas decidi manter essa informação em mente.

    Izumi estava coberto de sangue, mas gradualmente o sangue desaparecia e seus ferimentos começaram a melhorar. Desconhecia essa habilidade, já que nunca o tinha visto ferido antes.

    — Uma pena que não morreu.

    Idalme se aproximou. Ela provavelmente veio correndo, mas não parecia preocupada. Como de costume, ela estava provocando Izumi.

    — Estás falando dos seus peitos?

    — Seu! — Com raiva, Idalme respondeu. — Pergunta para o único que teve a chance de os ver nu — Ela falou com um pequeno sorriso, lançando um olhar discreto na minha direção.

    — Você quis dizer únicos neerrr? 

    — Diga o que quiser, monstro.

    — Idalme!

    No momento em que falei, Idalme parou abruptamente, e Izumi olhou para mim e, em seguida, para ela, sorrindo.

    — É realmente uma vaca. Se o pastor decidir, a vaca obedece.

    — Seu filho da puta! — Com raiva, Idalme gritou.

    Uma intensa intenção assassina pareceu envolver todo o local, fazendo minha pele formigar intensamente. Provavelmente, todos nós sentimos o mesmo arrepio na espinha. O rosto de Izumi assumiu uma expressão extremamente séria. 

    Eu já tinha sentido essa intenção antes, mas dessa vez era diferente. Normalmente, ela era direcionada a um único alvo, mas agora parecia ter se generalizado.

    Nesse tenso momento, Izumi começou a sacar suas espadas lentamente, sua expressão demonstrando total concentração. Enquanto isso, Idalme estava paralisada pelo medo, seu rosto denunciando o pavor que sentia. Percebi que, se não tomasse uma atitude imediatamente, ela corria um sério risco de perder a vida. Decidi, então, agir sem hesitar.

    — Eu vou te matar!

    — Izumi, pare, vamos conversar — Ui disse, aproximando-se dele. Aproveitei a oportunidade para posicionar-me à frente de Idalme, protegendo-a.

    — Proteja sua vaca, pastor. Ela vai sugar seu leite em agradecimento, mas isso será no inferno.

    — Izumi. Acalme-se. Temos um inimigo para derrotar — falei.

    — Sim, Izumi. Vamos deixar isso para depois.

    — Calam a boca! Max, Você protege demais essa leiteira. Vejo que já bebeu do leite venenoso. Vocês não têm salvação. Speed I…

    — Não!!!— Ui pulou no Izumi.

    — Me solte, vadia.

    — Não vou soltar.

    Fiquei surpreso com a cena. Ui conseguiu agarrar a cintura de Izumi sem encontrar resistência, algo que normalmente seria impossível devido à sua velocidade de reação. No entanto, com Ui, ele não conseguiu reagir eficazmente.

    — Eu vou te matar!

    — Você não consegue me matar, não é?

    — Quê?!

    Algo deve ter acontecido entre esses dois no segundo andar para que Ui dissesse isso. Eu não sabia exatamente o que se passou, mas percebi que teríamos que depender de Ui para nos ajudar, caso contrário, todos estaríamos em perigo.

    — Não leve em consideração o que a vaca falou. Sua mãe é realmente incrível, e tenho certeza de que seu filho é igualmente notável. Conheço você bem o suficiente para saber que é uma pessoa genuinamente boa. Vamos simplesmente deixar isso de lado, Izumi, e seguir em frente juntos. 

    Por alguns momentos, Izumi permaneceu imóvel, como se estivesse em um impasse. Então, de maneira surpreendente, ele abaixou lentamente suas espadas. Gradualmente, a intensa intenção assassina desapareceu, e seu rosto retomou uma expressão mais calma e controlada, como se ele tivesse superado um momento de fúria.

    — Ui, me larga. Já entendi.

    — Não vou te soltar até eu sentir que estás bem.

    — Faça o que quiser — Izumi sorriu levemente enquanto falava.

    Eu não estava entendendo. Era este o Izumi que eu conhecia? Agora fazia sentido o que o meu pai disse.

    Uma mulher pode mudar um homem.

    — Idalme, eu te disse antes. Cuidado com o que falas. Idalme? — Olhei para trás e ela estava inconsciente, de pé.

    — Essa vaca mereceu — Izumi falou.

    Bati nas suas bochechas algumas vezes.

    — Quê! Quê? Onde estou?

    — Você Morreu por uns instantes.

    — Quê? — olhou ao seu redor e viu Izumi. — Kyaaaaaa! — tombou no chão.

    — Lhiahahahahahaha!

    — Idalme. Dessa vez tiveste sorte, mas cuidado com a sua língua na próxima vez.

    — Quê? Sim. — Ela ainda estava confusa.

    Podíamos continuar a conversa, mas não tínhamos tempo para isso.

    — Izumi. Sobre o destemido.

    — Que foi Max? Não deixarei você roubar a minha presa.

    — Então a sua presa está lá no céu?

    — Quem sabe.

    — Izumi. Deves saber bem que tu não sabes voar.

    — E daí. Vou resolver do meu jeito.

    — Tenho um plano.

    — Dá última vez que ouvi isso. Você matou a minha presa.

    — Vamos fazer uma aposta.

    — Aposta?

    A única maneira de fazer com que Izumi trabalhasse conosco era testar o seu orgulho, e eu estava muito familiarizado com a estratégia a ser usada.

    — Vamos criar plano A e B. No plano A, matas o destemido, mas se não conseguires no plano A, usaremos o plano B.

    — Thirk! Você sabe mesmo como me irritar, mas eu aceito. Nunca vai ter um plano B.

    — Sim Izumi. Vou te ajudar bastante com o plano A — Ui disse empolgada.

    — Não precisa.

    — Inseto, como sei voar. Vais precisar da ajuda dela — Ziro disse enquanto saía do bolso do calção de Ui.

    — Ainda estás aqui, inseto.

    — Eu sei que sabias que eu estava aqui.

    — Bem. Escutem o meu plano.

    O plano era simples. Ziro levaria o Izumi até o destemido e eu ia junto. Com a minha ajuda, executaríamos o plano A, mas se falhar. Eu seria o plano B. Elaborar um plano complexo com várias etapas não seria aceito por Izumi, pois ele tem aversão a seguir ordens.

    — Inseto! Eu posso ser veloz, mas carregando alguém muito mais pesado que eu, vou ser uma lesma.

    — Entendo.

    — Inseto, queres ferrar com o meu plano?

    — Não inseto, mas eu não ia ser veloz te carregando.

    — Izumi, eu posso te chutar até o destemido e vais lá e o mate — Ui disse empolgada.

    — Não seja idiota. Eu não ia nem chegar perto das nuvens.

    — Desculpa.

    — Tenho uma ideia — Idalme falou nervosa.

    — Qual? — perguntei.

    — Podíamos usar as minhas flechas como impulso.

    — Como assim?

    — Estou dizendo que vou com vocês — continuou. — Montaria nas costas do Max, subindo até o topo do Destemido e, em seguida, usaria meu paraquedas para dar suporte aos meus ataques com flecha.  — Ela olhou para mim discretamente e deu um sorriso bobo.

    — E?

    — E o mon… Poderia usar minhas flechas como impulso para atacar — disse com uma voz suave.

    Eu estava incerto sobre se ela pretendia melhorar o plano ou se aproveitar da situação, mas eu entendi o que ela queria. Poderíamos usá-la como atacadora à distância. No entanto, o plano original era apenas Izumi e eu, com ele abraçado às minhas costas. Infelizmente, tudo foi arruinado. Eu poderia ter ajustado a ideia de Ziro, mas com Idalme, a situação se tornaria mais complicada, uma vez que ela era notavelmente inteligente.

    — Combinado então.

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