Índice de Capítulo

    A sala da Távola Redonda era amplamente reconhecida por todos os que já haviam ocupado seus assentos. Por si só, a Távola Redonda não era impressionante; desprovida da presença de sua líder, era uma sala comum. No entanto, desde o momento em que Reda assumiu o comando, as dinâmicas mudaram drasticamente.

    Por essa razão, tornou-se um protocolo comum que todos se assentassem antes da chefe geral. A última vez que alguém ousou desafiar essa regra resultou em um episódio sangrento. O ex-chefe da linhagem secundária se sentou depois da chefe, e o destino cruel que sofreu naquela ocasião ainda assombrava a memória de todos até hoje.

    — Raza, eu mandei sentar.

    — Mas estou sentado.

    — Raza, não me faça repetir. 

    Intimidado pela aura intensa, Raza sentou-se obedientemente. No entanto, quando a cadeira quente tocou sua pele, um calafrio percorreu seu corpo, como se estivesse prestes a decolar em um avião. O medo apertou seu peito, e um arrepio desceu por sua espinha.

    — Se-sentei.

    — Pronto, vamos começar, pirralhos!

    Reda abraçou suas mãos e ajustou a posição dos braços. Seu corpo começou a emanar calor, e marcas de chamas começaram a aparecer em sua pele. Essas marcas dançavam como se fossem chamas vivas, algumas delas visíveis em suas mãos e rosto. Seu semblante gradualmente se fechou, revelando sua clara irritação diante da situação.

    Ela fez uma inspiração profunda e, ao expirar, uma chama percorreu a Távola Redonda, iluminando a sala de maneira impressionante e infundindo um profundo senso de intimidação em todos os que estavam ao seu redor.

    Por favor, que não seja eu. Pensou Kata, tremendo por dentro.

    A chama continuou a se espalhar pelos anciões, que permaneceram indiferentes à exibição de poder da chefe geral do clã.

    Ufa! Kata suspirou.

    Conforme a chama se aproximava de Raza, um arrepio percorreu sua espinha, e ele começou a sentir tremores nos dentes. O peso do que estava prestes a enfrentar pesava sobre ele, e um arrependimento profundo tomou conta de sua mente.

    Ele começou a lamentar amargamente suas ações passadas, especialmente a escolha de ir primeiro ao chefe da linhagem descartável antes de se dirigir à reunião. As consequências de sua decisão começaram a assombrá-lo naquele momento, quando a ordem para se sentar foi dada. Seus olhos refletiam o temor das possíveis punições que o aguardavam, e ele percebeu o quão impulsivo e precipitado havia sido em suas ações.

    Antes mesmo de a chama alcançar Raza, Reda interrompeu a tensão na sala e fez uma pergunta:

    — Quem de vocês é o espião?

    Todos na sala ficaram surpresos com a pergunta, exceto por uma pessoa que estava profundamente absorta na observação da chama. Quando a chama finalmente passou por ele, deixou escapar um suspiro. Não era um suspiro leve ou rápido, mas sim profundo o suficiente para atrair a atenção de todos na sala.

    — Raza. É você?

    — Uh! Ah! Eu?

    Ele estava claramente desnorteado, pois a pergunta feita anteriormente não havia chegado aos seus ouvidos. Uma expressão de confusão se espalhou por seu rosto, enquanto ele lutava para entender o que estava acontecendo na sala. O silêncio tenso pairava, e Raza sentia-se completamente desconectado do que estava se desenrolando à sua volta, deixando-o perplexo e em desvantagem.

    — Me diga Raza, por que farias isso?

    — Me desculpe. Eu não entendi.

    — Não entendeu? Você não entendeu? — continuou. — Raza!.

    Enquanto Reda pronunciava com veemência o seu nome, uma onda de chamas avassaladoras percorreu a Távola Redonda, formando uma barreira ardente que envolveu todo o ambiente. 

    A intensidade das chamas transformou a sala em uma prisão inescapável, onde qualquer tentativa de fuga seria recebida com um destino inclemente, pois o fogo tostaria qualquer um que ousasse desafiar a barreira. A atmosfera na sala tornou-se ainda mais opressiva com a súbita erupção de chamas.

    O que será que eu fiz?!

    Antes mesmo de abrir a boca em sua própria defesa, a situação havia tomado um rumo drástico.

    — Queime.

    — Arrrrrrgggggghhhhh!!!!

    Chefe da linhagem primaria estava sendo consumido de forma dolorosa pelas chamas que emanavam das cadeiras, as quais agora se mostravam capazes de conduzir e liberar fogo com uma intensidade avassaladora. Seu corpo estava envolto em chamas, e a dor que ele sentia era insuportável.

    — Raza. Você era dos poucos que pensei que ia me trair. Justo você. Que lamentável!

    — Grrrrrrrrrrrrrrrr!

    — Que foi Kena?

    Kena começou a murmurar nos ouvidos de Reda.

    — Entendo. Então foi isso.

    Logo em seguida, as chamas que consumiam Raza cessaram, extinguindo-se abruptamente.

    — Foi mal, cometi um erro. Kiakiakiakiakiakia!

    Quê? Fui poupado? Mas, por que eu estava sendo tostado?

    — Sua velha idiota. Vejo que estás ficando senil — disse Levi.

    — Kiakiakiakiakiakiakia! 

    — Rarararararararararara! — Levi também deu risadas.

    Vendo a situação, a anciã Matra começou a soluçar mais intensamente. Alguns alegavam que esse era o seu peculiar modo de rir.

    Esses velhos são loucos.  Pensou Kata.

    O que está acontecendo aqui?  Raza permanecia confuso e sem entender o que estava acontecendo.

    — Mas precisamos saber quem é o espião — Reda interrompeu.

    — Sim, mas o que levou a pensar nisso? — Levi fez a pergunta, buscando esclarecimentos.

    — Como vocês já sabem, o líder da cidade veio até mim e o ousado teve a coragem de me propor uma aliança.

    — Sério? Inacreditável. Aquele bebê cresceu.

    — Sim, lembro quando ele gostava de pegar meus peitos — disse Matra.

    — Rararararararara. Sim.

    — Se eu fosse mais jovem. Eu daria para ele.

    — Ei! Matra! Ponha no seu lugar — Levi expressou com seriedade.

    — Velho gaga. Eu estava brincando — respondeu na brincadeira.

    — Espero que sim.

    Kata, ao perceber a situação, ergueu a mão, esta trêmula.

    — Qual problema, chefe da linhagem secundaria?

    — Sobre a Idalme…

    — Ham. A garota encarregada de assassinar Max. Não se preocupe, sua linhagem será recompensada se ela conseguir.

    Não era isso que eu queria dizer. Kata pensou, insatisfeita com a resposta.

    — Deixando isso de lado. Temos que saber quem é o espião — disse Reda.

    Raza, já recuperado graças à sua habilidade de cura, levantou a mão lentamente, indicando que tinha algo a dizer.

    — Que foi, Raza.

    — Tenho uma ideia — disse, sorrindo, aparentemente mais confiante.

    — Sério?

    — Sim. Uma forma de saber quem são os espiões.

    — Interessante.

    Raza destacava-se como um homem de cabelos vermelhos, olhos castanhos e pele negra, mas sua autoestima era frágil, moldada pela peculiar habilidade que possuía de manipular o fogo. Quando essa habilidade estava ativa, seu ego se inflava consideravelmente, mas, assim que parava de usá-la, sua autoestima começava a minguar rapidamente. Essa oscilação constante afetava profundamente sua confiança e autoimagem.

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