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    Ponto de vista do Izumi.

    O velho disse: — E foi isso que aconteceu.

    Tudo o que ele acabara de revelar, em sua maioria, era algo que eu já esperava ouvir. No entanto, apesar de pensar que ficaria furioso ao descobrir o passado de minha mãe, estranhamente me senti aliviado. 

    Verifiquei que ela realmente sofreu nas mãos dos demônios, e agora não havia nada que me impedisse de eliminar todos eles. Ainda assim, permanecia o desejo de saber o que aconteceu após a partida do velho.

    Entre todas essas revelações, a surpresa de que Max era meu meio-irmão era algo que não esperava. Agora, sinto-me compelido a considerar suas opiniões. Contudo, persiste a sensação de que ele ainda estava me ocultando informações importantes.

    — Só isso?

    — Sim, me desculpe por não conseguir proteger a sua mãe.

    — Eu não esperaria muito de um velhote.

    — Realmente…

    — Izumi, o lado bom é que somos realmente irmãos — disse Max, colocando a mão no meu ombro.

    — Tanto faz, vou embora — falei, enquanto afastava sua mão.

    — Espere, ainda tem mais uma coisa — pronunciou enquanto levantava de sua cadeira.

    — Que coisa?

    — Venha comigo — disse enquanto andava e continuou: — Max também e o resto me espera aqui.

    — Pirralho maldito, vai me fazer esperar mais? 

    — Me desculpe Reda, mas é importante. 

    — Pirralho!!!

    Não sabia ao certo o que ele planejava fazer em seguida, mas pude perceber uma mudança súbita em sua expressão. Se antes ele parecia triste, agora seu rosto assumia uma seriedade incomum. Essa mudança me deixou intrigado, alimentando a suspeita de que ele realmente escondia algo de mim.

    Segui-o até outro quarto da mesma casa, onde encontramos uma mulher deitada na cama inconsciente, seus braços ausentes. Era Carmine, visivelmente sofria com algo desconhecido.

    — Izumi, poderias tirar a energia negativa do seu corpo? — perguntou com um olhar preocupado, enquanto suas rugas pareciam profundas.

    — Quê? Por que eu faria isso com a mulher que matou a minha mãe?

    — Izumi, pode ser confuso, — olhou para baixo e depois para mim — mas não foi ela que matou sua mãe.

    — Quê?! Como assim?!

    Meu mundo pareceu desmoronar diante da revelação chocante. Como assim não foi ela? Eu tinha certeza absoluta de que a vi envenenar minha mãe até a morte. As lembranças daquele dia continuavam nítidas em minha mente, impossíveis de esquecer ou confundir. A sensação de incredulidade crescia dentro de mim, alimentando minha determinação em descobrir a verdade por trás de tudo isso.

    — Sei que é confuso, mas Carmine nunca foi assim, tudo mudou quando eu retornei. Ela sempre foi uma mulher seria e destemida — sentou na beira da cama e acariciou o rosto da mulher com ternura — Nunca esboçava suas emoções, mas tudo mudou quando a vi novamente depois da sua suposta morte.

    — E o que isso tem a ver?

    — Izumi, ainda não tenho provas o suficiente, mas tem grandes chances dela ter sido manipulada pelo destemido que vocês mataram — disse enquanto olhava para mim e Max.

    — Quê?!

    — Sim, eu achava que ela ia voltar ao normal com a morte do destemido, mas não foi isso que aconteceu. A minha teoria é que talvez a energia negativa não dissipa com a morte do destemido ou o destemido ainda esteja vivo.

    — Pai, mas eu o explodi em pedaços.

    — Sim, mas era um corpo muito grande para saber se de fato ele morreu, por isso Izumi, faça isso por nós.

    — E o que eu ganho com isso?

    — A verdade.

    Eu estava perplexo e confuso diante da situação. Não conseguia entender o que ganharia ajudando-os, especialmente quando eu mesmo estava incerto sobre o que estava acontecendo. A única solução que eu conseguia enxergar era recusar. Não tinha sentido me envolver em algo tão obscuro e incerto.

    — Consegue fazer, Izumi?

    — Eu nã…

    — Relaxa pai, isso é mamão com açúcar pro Izumi.

    — …

    — Sério Izumi?

    Eu não estava gostando nada do rumo daquela conversa. Se eu admitisse que não era capaz de fazer o que eles pediam, provavelmente seria motivo de zombaria por um bom tempo. Ainda estava aprimorando meu controle sobre a energia demoníaca, e a ideia de extrair energia negativa era totalmente nova para mim. Sabia que precisaria de muito treino antes de me sentir confortável em tentar algo assim.

    — Não confio em vocês, primeiramente me deem o que eu quero — falei enquanto levantava a mão.

    — Hum! O que queres?

    — Livros sobre como controlar aura e energia negativa. Se me derem isso, vou pensar no vosso caso.

    — Então temos um acordo — disse levantando da cama e continuou: — E Izumi, daqui a sete dias é o meu casamento, não esqueça de aparecer — afirmou com um fixe e esboçando um sorriso.

    — Casamento?

    — Sim, vou casar com a segunda mulher mais linda do mundo.

    — E quem seria a primeira? — perguntou Max.

    — A vossa mãe.

    Aquelas palavras do velho me pegaram de surpresa. Nunca imaginei ouvir algo assim vindo dele, mas comecei a entender que talvez houvesse mais sobre minha mãe do que eu jamais soubera. Era estranho pensar que não era o único a amá-la.

    — Thirk! Vou me lembrar disso.

    — Combinado.

    Após o término da reunião, caminhei de volta para casa, ainda absorvendo as informações reveladoras que havia recebido. Ui, como de costume, me seguiu de perto, seus passos silenciosos ecoavam ao lado dos meus. Ela parecia mais quieta do que o habitual, talvez também ponderando sobre as revelações feitas durante a reunião.

    Chegando em casa, a sensação de solidão habitual tomou conta do ambiente. Ui se acomodou na cama, observava-me com seus olhos profundos e inquisitivos. Era estranho como ela parecia entender meus pensamentos sem que eu precisasse dizer uma palavra.

    Mais tarde, quando alguém bateu à porta, fui atender, esperando encontrar um visitante inesperado. No entanto, ao abrir a porta, não havia ninguém à vista. Um breve instante de confusão se seguiu antes que eu percebesse que alguém havia fugido rapidamente. Eu estava prestes a correr atrás dele, mas, ao dar o primeiro passo, algo macio e irregular sob meu pé chamou minha atenção.

    — O que é isso?

    Curioso, inclinei-me para pegar o objeto embrulhado. Com cuidado, desfiz as amarras e abri o embrulho, revelando um livro antigo e empoeirado. As páginas amareladas e gastas indicavam que aquela obra havia sido manuseada muitas vezes ao longo dos anos. Uma sensação de expectativa crescente se apoderou de mim enquanto eu segurava o livro em minhas mãos, imaginando o que ele poderia conter.

    Tudo sobre aura?  Espero que seja tudo mesmo.

    Com dedos ansiosos, abri o livro e comecei a folhear suas páginas, observando as palavras impressas em uma caligrafia antiga e elegante. A cada página virada, minha curiosidade aumentava, ansioso para descobrir o que estava registrado ali.

    Mas espera, cadê o livro de tudo sobre energia demoníaca?

    Minha frustração crescia à medida que folheava o livro em busca das informações prometidas sobre energia negativa. No entanto, para minha decepção crescente, as páginas revelavam-se vazias de qualquer menção ao assunto. Uma onda de raiva começou a crescer dentro de mim, alimentada pela sensação de ter sido enganado.

    — Hum? O que é isso? — disse depois de ver um papel cair no chão.

    Com cuidado, agachei-me para pegar o papel e o abri.

    Não sei nada sobre energia negativa, se vira.

    — Izumi, quem era? Izumi? Por que estás com raiva?

    Eu juro que vou te matar, velhote!!!

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