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    Cinco dias haviam se passado desde o casamento de Castiel. Durante esse tempo, Izumi visitava a igreja sorrateiramente, atraído por uma energia diferente que ele sentia ali. Após alguns dias, ele concluiu que aquela energia era, de fato, aura, mas só conseguia percebê-la na igreja.

    Três dias atrás, Max o informou que partiria logo após organizar suas coisas. Amanhã seria o dia da partida. Sabendo disso, ele foi ao sul da muralha da cidade, onde habitava o clã Zura, para treinar perto da fronteira.

    Já que eles partiriam por aquela direção, ele teve a ideia de matar grande parte dos demônios que circulavam por ali. Nos últimos dias de treinamento, ele aperfeiçoou sua habilidade de intimidação, aprendendo a usá-la em várias intensidades.

    Quanto mais fraca fosse a potência de sua intimidação, maior seria o alcance, e com isso, optou pela menor intensidade. Não demorou muitos minutos para ele ouvir os barulhos dos alvos correndo em sua direção.

    Havia várias variações deles, mas um em particular chamou sua atenção, destacava-se entre os demais. Os demônios geralmente possuíam pele preta e emanavam energia negativa de seus corpos, algo similar às habilidades de Izumi, embora menos potente.

    Aquele que se destacava era diferente. Enquanto os outros assumiam formas variadas, seja em corpos possuídos ou em amalgamações para ficarem mais fortes, aquele tinha a forma de um animal desconhecido. Sua energia negativa fluía como se estivesse queimando algo, emitindo uma fumaça que subia continuamente.

    Aquele ser andava sobre duas patas, como se fosse um humano. Suas poderosas pernas traseiras o impulsionavam em saltos largos e fluidos, enquanto seus membros dianteiros, embora curtos, emanavam uma sensação de perigo iminente.

    Sem pensar muito, avançou, cortando ferozmente os inimigos à sua frente em pedaços. Eles mal tinham tempo de reagir antes de serem destroçados por seus golpes precisos. Izumi estava tão confiante que nem precisou usar suas habilidades especiais, confiava apenas em sua destreza e força bruta.

    Após algum tempo, todos os demônios estavam mortos, exceto aquele que era diferente. Quando Izumi se aproximou, ele notou que a cabeça do ser parecia a de um cachorro, com orelhas curtas, semelhantes às de um coelho. A energia negativa fluía dele de uma maneira que Izumi nunca havia visto, como se estivesse queimando e liberando fumaça.

    Ele se preparou, ciente de que aquele adversário exigiria mais do que apenas força bruta.

    — Que tipo de demônio é você?

    Com um sorriso no rosto, perguntou, embora não esperasse resposta. Em um movimento rápido, ele atacou com suas duas espadas expostas, pronto para cortar o adversário. No entanto, para sua surpresa, foi abruptamente interrompido e sentiu uma dor aguda no queixo. Antes que pudesse entender o que havia acontecido, o demônio saltou e aplicou uma voadora com os dois pés, lançando-o para longe, e colidiu na muralha.

    Enquanto se levantava, Izumi notou que algumas pessoas do clã Zura observava a situação, sem torcer por ele. Ele sentiu o sangue que escorria de sua boca, limpou-o com a mão, sorriu e gritou:

    — Interessante, muito interessante! Speed Iz!

    Com velocidade, se aproximou novamente, determinado a entender o que o atingira antes. Dessa vez, ele viu claramente o seu alvo fechar sua mão de quatro dedos e golpear. Esquivou com agilidade e se preparou para atacar. No entanto, algo o alvejou por trás. Instintivamente, ele se esquivou para baixo, mas o animal aproveitou a abertura para atingir sua cabeça.

    Izumi caiu ao chão com um impacto forte. O demônio, aproveitou o momento, saltou no ar e, com uma voz gutural e ameaçadora, gritou:

    — Cacacacanguru!

    Desceu com uma velocidade impressionante, atingindo o chão com um impacto que derrubou o local ao redor. Por sorte, a vítima conseguiu se esquivar a tempo. Observando de perto, ele notou algo peculiar: a cauda do demônio tinha o formato de uma cobra.

    — Será que o seu nome é canguru? Eu lembro de vocês agora. Achava que seria um demônio comum, mas era um fundido. Melhor, mas vamos terminar aqui. 

    Izumi avançou novamente, trocando golpes rápidos com o alvo. Enquanto lutava, analisava atentamente os movimentos de seu adversário. Percebeu que, embora os golpes das mãos fossem perigosos, eles não eram fatais para ele. O verdadeiro perigo estava na cauda em forma de cobra, cuja mordida parecia letal.

    Mas ele também notou algo importante: a cauda não se movia com a mesma rapidez que os golpes das mãos. Havia um ligeiro atraso em seus ataques, uma fração de segundo que ele poderia explorar. Com essa nova informação, ele formulou um plano.

    Ele decidiu focar sua atenção em desviar dos golpes das mãos, usando sua agilidade para evitar a cauda da cobra. Se pudesse manter a distância certa e encontrar uma abertura, talvez tivesse uma chance de virar o jogo a seu favor.

    Com um sorriso confiante, Izumi se preparou para o próximo embate, sua mente já trabalhava em como desarmar a maior ameaça, mas…

    Com um olhar zombeteiro, disse: — Droga, fui mordido.

    — Canguru!

    — Não se empolgue. Vou te matar agora.

    Intensificou seu Speed Iz, aumentando sua potência ao máximo. Com uma velocidade impressionante, ele se posicionou para correr e, num instante, atravessou o alvo. Enquanto passava, disse:

    — Cem cortes! 

    O demônio foi cortado em vários pedaços, incapaz de reagir. No entanto, Izumi sentiu que aquilo não pereceu. O corpo começou a se reunir e se juntar novamente, embora ainda mostrasse as cicatrizes dos cortes.

    — Deixei a cobra me morder, mas vejo que o meu corpo é imune a veneno. Valeu a pena tentar. Mas, nunca imaginei que ias voltar. Demônio.

    O canguru demoníaco, com uma bolsa que começou a se encher de repente, deu origem a um mini canguru. Izumi, percebendo isso, ativou novamente seu Speed Iz, ciente de que aquele novo adversário era ainda mais forte do que o anterior. Assim que o mini canguru saiu, o demônio original se despedaçou novamente.

    — Guru.

    No momento em que falou, asas brotaram de suas costas, revelando uma beleza incomum para um ser demoníaco, com várias cores brilhantes como amarelo e azul. Com uma velocidade impressionante, o canguru alado atacou, e iniciava um intenso intercâmbio de golpes.

    Enquanto Izumi tentava cortar o seu inimigo, o canguru tentava golpeá-lo com seus punhos, aproveitava sua posição no céu para manter a vantagem. A agilidade e a capacidade de voo do demônio complicavam a situação, que precisava não apenas se defender dos ataques físicos, mas também encontrar uma maneira de neutralizar a vantagem aérea de seu adversário.

    — Que saco, odeio demônios que voam. Não tenho escolha. Speed Iz Veloz!

    Com um salto rápido e decisivo, Izumi cortou-o em dois. Mesmo assim, o alvo tentou reagir, mas enquanto caía, ele aplicou o “Kotxi giratório”.

    — Humilhado!

    Após consumir as presas derrotadas, Izumi voltou ao treinamento de sua aura negativa, confiante de que sua versão atual não teria dificuldades contra qualquer destemido. Enquanto praticava, ele percebeu o cheiro de uma presença que se aproximava, mas inicialmente não deu muita importância, mantendo-se concentrado em seu treino.

    No entanto, ao perceber que o ser se dirigia diretamente para ele, ficou alerta. Quando o ser finalmente estava ao seu alcance, usou sua intenção assassina para intimidá-lo, abalando o humano com sua presença. Em seguida, correu em direção ao ser, ativando seu Speed Iz para se aproximar rapidamente.

    Para sua surpresa, o ser não era um demônio fraco como ele havia presumido.

    Izumi percebeu que o humano estava enfraquecido e cogitou brevemente encerrar sua vida ali mesmo. Preparou suas espadas para o golpe fatal, mas hesitou abruptamente quando o humano mencionou algo sobre os destemidos.

    Guardou suas armas novamente, ele começou a considerar se aquele humano poderia ter informações úteis sobre os destemidos. Sabia que partiria no dia seguinte, mas se aquele indivíduo conhecesse o caminho para o próximo destemido, poderia ser uma vantagem crucial.

    Após refletir, decidiu levar o humano para o clã Zura. Kata, ao tomar conhecimento da situação, ofereceu sua ajuda, e percebeu que o humano pertencia ao seu clã, embora não o reconhecesse de imediato. Izumi partiu novamente para seus treinos, deixando claro:

    — Espero que ele saiba de algo.

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