Índice de Capítulo

    Hora da Recomendação, leiam Fagulha das Estrelas. O autor, P.R.R Assunção, tem me ajudado com algumas coisas, então deem uma força a ele ^^ (comentem também lá, comentários ajudam muito)

    Talvez passe a usar mais esse espaço para recomendar outras obras (novels ou outras coisas que eu achar interessante ^^)

    Duncan estava falando a verdade—depois de se despedir de Shirley, ele realmente foi até as lojas próximas ao Distrito da Encruzilhada para comprar uma bicicleta para Nina.

    Aproveitou também para finalmente resolver algo que havia planejado há tempos, mas que fora constantemente adiado devido a diversos imprevistos: abrir uma conta bancária para si.

    No banco da Cidade-estado de Pland, Duncan aguardava enquanto a atendente preparava os últimos formulários necessários para a abertura da conta. O processo de espera era tedioso, então ele aproveitou o tempo para observar o ambiente ao redor.

    Talvez por não ser um dia de descanso e pelo fato de que poucos cidadãos do Distrito Inferior precisavam realizar transações bancárias, o salão da agência—que já não era muito grande—parecia particularmente vazio. Dos cinco guichês disponíveis, três estavam desocupados, e os funcionários de uniforme preto nos balcões vazios estavam conversando entre si. A luz elétrica intensa refletia no vidro dos balcões, criando um brilho difuso e sonolento.

    Duncan levantou o olhar e percebeu que, próximos aos guichês, estendiam-se longos tubos de ferro fundido, finos como colunas, que se conectavam diretamente ao teto e se alinhavam ordenadamente no alto, desaparecendo em algum ponto do salão. Do chão, um ruído baixo e rítmico de cliques ecoava—parecia ser algum tipo de mecanismo funcionando sob o piso.

    A atendente finalmente concluiu a preparação do último formulário. Ela o entregou a Duncan e, em tom burocrático, explicou:

    “Após confirmar que não há erros, assine no final do documento. Acima, você encontrará o número da sua conta e a amostra do seu selo bancário. A taxa de manutenção para contas anônimas é de 6 soras e 5 pesos.”

    Duncan pegou o formulário, curioso para analisar seu conteúdo. Inevitavelmente, surgiram em sua mente várias conjecturas sobre a civilização das cidades-estado e seu sistema econômico. No entanto, como ele não era especialista no assunto, afastou essas divagações após um breve momento e focou no final do formulário. Depois de memorizar a sequência curta de números registrada ali, ele assinou seu nome e devolveu o formulário junto com a taxa exigida.

    A atendente pegou os papéis e, após uma rápida conferência, colocou-os sobre uma máquina perfuradora. Com um clique preciso, o aparelho perfurou uma série de pequenos furos ao longo da borda do documento, criando um padrão complexo de marcas. Em seguida, ela enrolou a folha, colocou-a dentro de um cilindro metálico e o inseriu em um dos tubos ao lado do balcão.

    O som metálico de um mecanismo foi ouvido, seguido pelo fechamento automático do tubo. O barulho do vapor pressurizado sibilou no ar, acompanhado pelo som de um objeto deslizando rapidamente dentro da tubulação. Duncan acompanhou com os olhos a leve vibração de um dos canos conectados ao teto—sua documentação estava agora a caminho de algum lugar distante.

    “Espere um pouco”, disse a atendente atrás do balcão, casualmente. “Se o sistema de tubos não estiver com defeito hoje e a máquina do outro lado estiver funcionando corretamente, você deve receber seu comprovante em cerca de meia hora. Mas, se aquela luz de erro ali acender… então terá que voltar amanhã.”

    Que processo curioso.

    Para Duncan, a eficiência desse sistema não parecia grande coisa, mas para este mundo, aquilo já representava um dos avanços mais sofisticados que a civilização das cidades-estados conseguira alcançar desde a chegada da Era do Mar Profundo.

    Ele observava tudo com curiosidade e certa admiração, enquanto captava fragmentos da conversa entre os funcionários do banco.

    No guichê ao lado, um jovem atendente comentava com entusiasmo:

    “Ouvi dizer que a Academia da Verdade está negociando com a matriz para instalar uma máquina nova que pode aumentar várias vezes a eficiência do processamento…”

    “Ah, está falando da Grande Máquina Diferencial?”, respondeu a atendente sentada à frente de Duncan, entrando na conversa. “O Banco da Cidade-estado de Mok já usa isso há tempos. Na verdade, aqui em Pland também temos algumas, só que em menor escala. O Departamento de Impostos e o Instituto de Matemática possuem algumas unidades menores. Dizem que até a Catedral tem uma, usada para gerenciar arquivos. Se me perguntar, a matriz demorou demais para se mexer nesse assunto.”

    Outro atendente, que estava sem nada para fazer, decidiu se juntar à conversa:

    “Não faz diferença para a gente. Essas máquinas são caras e enormes. Se contar o núcleo de vapor que serve como fonte de energia, as perfuradoras e os analisadores auxiliares, uma única Máquina Diferencial ocuparia o salão inteiro…”

    “Dizem que a Academia da Verdade também está trabalhando em um modelo de próxima geração. Algo que teria metade do tamanho das atuais, mas com desempenho quase igual às grandes. E, pelo que ouvi, será movida a eletricidade…”

    “Eletricidade? Sem núcleo de vapor? E se a máquina for possuída durante o processamento? Isso aí precisa calcular quantidades enormes de dados sem parar. Sem a proteção do Vapor Sagrado, os rolamentos e engrenagens vão ser um prato cheio para espíritos malignos!”

    “Sei lá… Talvez tenham que deixar um sacerdote por perto. A máquina faz os cálculos enquanto o sacerdote queima incenso e reza missas para ela…”

    “… Então, no fim das contas, a miniaturização não ajudaria em nada. Só adicionaria mais um clérigo ao processo.”

    “Ah, mas um sacerdote ocupa muito menos espaço do que meia Máquina Diferencial. Já viu o preço dos imóveis no centro da cidade?” concluiu o atendente, rindo.

    Parece que, independentemente do mundo, as conversas informais durante o expediente sempre acabam se tornando divagações sem rumo. Os funcionários do banco rapidamente desviaram do assunto das Máquinas Diferenciais para discutir os preços dos imóveis na cidade.

    Por outro lado, aquilo que para eles era apenas um bate-papo casual era algo fascinante e cheio de informações novas para Duncan. Ele ouvia atentamente, tão entretido que até se esqueceu do tédio da espera.

    Mas essa conversa não durou muito. Um estrondo metálico ecoou de um dos tubos de transmissão próximos, interrompendo a discussão sobre qual era mais caro—um imóvel ou um sacerdote.

    A atendente à frente de Duncan abriu o tubo de cobre ao lado do balcão e retirou um cilindro metálico de dentro dele. Esse cilindro era visivelmente diferente do primeiro—mais pesado e robusto, com um fecho complexo que a atendente precisou destravar com uma ferramenta especial. Após alguns instantes de manipulação, ela finalmente conseguiu abrir a tampa e retirar o conteúdo.

    Era uma pequena placa metálica, do tamanho de meia palma da mão. Sua superfície trazia letras e símbolos gravados em alto-relevo por estampagem a frio, e as bordas estavam perfuradas com um padrão aleatório de furos de diferentes tamanhos. A sequência de números que Duncan havia memorizado instantes atrás estava marcada em uma das extremidades da placa.

    “Esta é a sua Placa de Selo Bancário”, disse a atendente, entregando o objeto para Duncan. “Ela pode ser utilizada em qualquer banco dentro da Cidade-estado de Pland, assim como nas agências do Banco da Liga Comercial do Mar Infinito em outras Cidades-estado. No entanto, transações realizadas fora de Pland podem levar de três a sete dias para serem processadas, devido ao tempo necessário para as comunicações via telégrafo transoceânico ou mensagens espirituais.”

    “Obrigado.”

    Duncan pegou a placa, examinando-a com curiosidade. Aquilo era um testemunho direto do nível tecnológico da civilização das Cidades-estado. Seu olhar percorreu os pequenos furos na borda do metal e, sobre o balcão do banco, ele percebeu uma máquina projetada especificamente para ler essas placas.

    Diferente de tudo que existia na Terra, mas igualmente fruto da engenhosidade humana—essas tecnologias eram os marcos da jornada da civilização na Era do Mar Profundo.

    “Mais alguma coisa em que eu possa ajudar?” a voz da atendente soou do outro lado do balcão.

    “Ah… Não, acho que é só isso. Obrigado.”

    Duncan despertou de seus pensamentos, esboçou um leve sorriso e se levantou da cadeira. Porém, antes de sair, algo lhe ocorreu, e ele fez uma pergunta aparentemente casual:

    “A propósito… máquinas realmente podem ser possuídas?”

    “Mas é claro”, respondeu a atendente sem hesitar, como se aquilo fosse a coisa mais óbvia do mundo. “Neste mundo, qualquer coisa pode ser corrompida, exceto pelo Subespaço. Isso não é conhecimento comum?”

    Duncan ficou momentaneamente atônito. Ele só havia perguntado por curiosidade, mas a resposta inesperada da atendente tocou algo profundo em seus pensamentos.

    Uma centelha de entendimento brilhou em sua mente—fugaz, mas intensa.

    Por um instante, Duncan ficou em silêncio. Então, assentiu levemente.

    “… De fato. Neste mundo, qualquer coisa pode ser corrompida—exceto pelo Subespaço.”

    Com isso, ele deixou o banco.

    De acordo com seus planos, ainda havia uma grande rodada de compras a fazer naquele dia. Além da bicicleta para Nina, sua lista de compras incluía uma variedade de itens que provavelmente fariam a garota surtar de espanto.

    O dinheiro que havia recebido pela venda da adaga ao velho Morris, somado à recompensa por denunciar os cultistas, era suficiente para garantir a sobrevivência confortável de uma família de três pessoas no Distrito Inferior por um ou dois anos. No entanto, até aquele momento, ele mal havia tocado nessa quantia. Duncan achou que era hora de finalmente colocá-la em uso.

    Assim, ao longo da tarde, ele praticamente varreu os mercados e lojas ao redor do Distrito da Encruzilhada como um verdadeiro furacão de compras…

    Por volta das quatro da tarde, em um beco sombreado próximo ao Distrito da Encruzilhada, Duncan deixou cair no chão sua última sacola de compras com um estrondo metálico. Ele soltou um longo suspiro de alívio.

    Satisfeito, observou a montanha de mercadorias empilhada diante dele.

    Sacos de farinha, vegetais frescos, sementes, especiarias, carnes frescas, ingredientes curados, uma grande variedade de fungos secos, bebidas alcoólicas—e queijo.

    Queijo comestível. Queijo normal. Queijo mais jovem do que ele próprio.

    Além disso, havia também uma quantidade absurda de panelas, pratos, utensílios de cozinha e diversos itens que Duncan considerou ‘potencialmente úteis’.

    Depois de transportar tudo para o Banido, o ambiente a bordo do navio passaria por uma revolução completa.

    Pelo menos, a cozinha finalmente teria o que produzir… comida de verdade.

    Duncan assentiu satisfeito e chamou casualmente:

    “Ai!”

    Um som de asas batendo veio do alto dos edifícios próximos, e Ai pousou com precisão em seu ombro.

    No instante seguinte, a pomba olhou para a montanha de compras no chão e imediatamente exclamou, chocada:

    “VOCÊ SÓ PODE ESTAR TIRANDO COM A MINHA CARA!”

    Antes mesmo que Duncan dissesse qualquer coisa, a ave se jogou para trás dramaticamente, caindo em queda livre em direção ao chão—claramente já entendendo qual seria sua função naquele momento.

    Duncan apenas riu, pegando a pomba no ar antes que ela despencasse de verdade.

    “Não se preocupe. Se não conseguir levar tudo de uma vez… basta fazer várias viagens!”

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