Hora da Recomendação, leiam Fagulha das Estrelas. O autor, P.R.R Assunção, tem me ajudado com algumas coisas, então deem uma força a ele ^^ (comentem também lá, comentários ajudam muito)
Talvez passe a usar mais esse espaço para recomendar outras obras (novels ou outras coisas que eu achar interessante ^^)
Capítulo 245: Um Grande Problema
Duncan mergulhou em um silêncio pensativo.
Esta foi a primeira vez que o Cabeça de Bode lhe contou tantos segredos sobre o subespaço, e foi a conversa mais franca que tiveram.
Até hoje, este Cabeça de Bode sempre demonstrou uma enorme aversão ao subespaço, evitando o assunto sempre que possível e nunca respondendo diretamente às suas perguntas indiretas. Sua atitude na época parecia não se dever apenas à preocupação com a estabilidade do Banido, mas também com a estabilidade do “Capitão Duncan”.
Mas hoje, sua atitude mudou — depois que o capitão foi ao subespaço, fechou a porta e voltou como se nada tivesse acontecido.
Parecia que ele finalmente se tranquilizou e ousou contar o que sabia.
O Cabeça de Bode disse que não sabia muito e não garantia a veracidade de todas as informações. Mas, para Duncan, mesmo o que ele acabara de dizer já era suficiente para fazê-lo pensar por um bom tempo. Isso não só ultrapassava seu conhecimento atual sobre o subespaço, mas talvez também a profundidade da pesquisa dos eruditos do mundo civilizado.
Depois de pensar por um longo tempo, Duncan ergueu a cabeça e olhou pensativamente para os olhos do Cabeça de Bode: “…Você sabia de tanta coisa.”
“Um pouco, aqui e ali… mas de forma alguma eu escondi de propósito”, a voz do Cabeça de Bode soou um tanto nervosa. “Coisas relacionadas ao subespaço, quanto menos se sabe, melhor. Porque, muitas vezes, o próprio conhecimento é a contaminação. Mas, pelo visto, o grande Capitão Duncan obviamente não precisa se preocupar com isso…”
“Vou considerar isso um elogio sincero”, disse Duncan casualmente. Em seguida, examinou o Cabeça de Bode de cima a baixo e perguntou, inconformado: “É só isso mesmo que você sabe? Não tem mais detalhes? Como a identidade daquele ciclope pálido, por exemplo…”
“Aí o senhor me aperta”, disse o Cabeça de Bode, um tanto resignado. “Para ser sincero, minha memória… teve uns problemas. Muitas coisas foram esquecidas ‘lá do outro lado’. O que me resta são apenas estas impressões superficiais.”
Duncan olhou silenciosamente para os olhos do Cabeça de Bode por um longo tempo e depois desviou o olhar.
O Cabeça de Bode admitiu indiretamente outra coisa: ele de fato não era um “tripulante” original deste navio, mas viera do “outro lado”, do subespaço!
O Banido, ao sair do subespaço, “trouxe” algo consigo, e essa coisa se transformou no Cabeça de Bode? Ou este Cabeça de Bode pegou uma carona conscientemente, escapando do subespaço? Foi uma troca?
Por alguma razão, a imagem do gigante pálido morto na beira do fragmento celestial surgiu novamente na mente de Duncan.
O subespaço estava cheio de destroços do velho mundo, mas aqueles não pareciam ser apenas destroços… O Cabeça de Bode parecia vir do subespaço, e ele tinha razão, podia pensar e até se comunicar. Então, haveria outras coisas como ele no subespaço? Ou… se voltasse ao subespaço, o Cabeça de Bode se transformaria em outra coisa, em algo… parecido com aquele gigante pálido? Por isso ele era tão avesso a “voltar”?
Muitas perguntas surgiram na mente de Duncan, mas no final ele não as fez diretamente.
Porque ele sabia que, perguntas que apontassem diretamente para o próprio Cabeça de Bode, e que pudessem apontar para o “Capitão Duncan”, ele com certeza não responderia. Isso envolvia a estabilidade do Banido na dimensão da realidade.
Então, ele soltou um suspiro, levantou-se, sinalizando o fim temporário do assunto.
A luz brilhante do sol entrava pela janela, iluminando a mobília antiga e elegante da cabine do capitão, criando um brilho nebuloso nas partículas de poeira.
“Eu perdi o nascer do sol de hoje”, disse Duncan de repente. “O sol nasceu normalmente hoje?”
“Sim, o sol nasceu pontualmente”, respondeu o Cabeça de Bode imediatamente. “Parece que o atraso anterior foi apenas um acidente. O Fenômeno 001 ainda está funcionando normalmente..”
“…Para uma existência como o Fenômeno 001, uma vez que um problema ocorre, o medo fica para sempre impresso no coração das pessoas. Aqueles que notaram os ‘15 minutos’ provavelmente nunca mais saudarão o nascer do sol com a mesma tranquilidade de antes”, Duncan balançou a cabeça suavemente e, de repente, pareceu se lembrar de algo. “Espere, você se lembra a que horas o sol se pôs ontem?”
“O pôr do sol?”, o Cabeça de Bode pensou por um momento e falou com alguma incerteza. “A hora do pôr do sol deve ter sido pontual, não foi afetada. Por que a pergun… Ah!”
“Você percebeu”, Duncan desviou o olhar da janela. “O sol de ontem atrasou quinze minutos para nascer, mas se pôs na hora certa. Isso significa uma coisa.”
“…Ele percorreu o céu em uma velocidade maior do que o normal ontem”, o Cabeça de Bode percebeu tardiamente. “O Fenômeno 001… consegue ajustar conscientemente seu modo de operação?”
Duncan falou com voz grave: “Pelo menos ontem ele acelerou conscientemente para garantir que executaria o ‘pôr do sol’ na hora certa.”
O tom do Cabeça de Bode era um tanto hesitante: “Então isso… é uma coisa boa? Isso significa que o Sol tem uma certa capacidade de autorreparação. Mesmo que tenha um pequeno problema, ele está conscientemente garantindo que o mundo funcione de forma estável…”
Duncan não falou mais.
A atitude do Cabeça de Bode parecia otimista, mas ele não se sentiu nem um pouco aliviado com o “autoajuste” do Fenômeno 001. Pelo contrário, depois de confirmar que o sol havia acelerado ativamente por um dia, sentiu uma tensão ainda maior.
Porque ele conhecia um princípio: quando um sistema vasto, antigo e não supervisionado de repente começa a usar seus recursos de reserva para se autorreparar, isso geralmente não significa que o problema será resolvido, mas sim que os problemas já se acumularam a um ponto perigosamente crítico!
Duncan não pôde deixar de ir até a janela, abri-la completamente e olhar para o céu, para o enorme corpo luminoso que iluminava o mundo, e para as duas fileiras de runas que o circundavam.
A luz emitida pelo Sol era muito brilhante, mas não ofuscante. Duncan conseguia até mesmo olhá-lo diretamente, com algum esforço.
Mas, de repente, o olhar de Duncan congelou.
Ele encarou fixamente o sol, as runas na borda do antigo fenômeno. Ele examinou com atenção e finalmente confirmou que não estava enganado.
Na faixa externa das runas duplas, sob o brilho da luz, havia um ponto ligeiramente mais escuro. Olhando de perto, parecia haver uma… lacuna tênue.
Em Pland, na loja de antiguidades, Duncan, que estava sentado atrás do balcão supervisionando Shirley, Alice e Cão copiarem o alfabeto, ergueu a cabeça de repente. Em seguida, sob os olhares surpresos dos três “alunos”, ele saiu apressadamente da loja e, no espaço aberto em frente, ergueu a cabeça para olhar o céu.
Depois de um bom tempo, até que este corpo humano frágil começasse a sentir tontura, Duncan finalmente fechou os olhos e baixou a cabeça.
Nina, que estava ajudando a supervisionar Shirley e os outros, saiu correndo, preocupada: “Tio Duncan, o que aconteceu?”
Duncan ergueu a cabeça e afagou suavemente os cabelos de Nina.
“Nada, só vim ver o tempo.”
“Ver o tempo?”, Nina olhou para o céu claro, confusa. “Não dava para ver da janela da loja? Com um dia tão ensolarado… Ah, será que vai acontecer alguma coisa de novo?”
Dizendo isso, Nina de repente baixou a voz e, com um ar de mistério, aproximou-se e segurou a manga de Duncan: “Foi algo que o senhor pensou no navio? Vamos ter uma aventura?”
“…Aventura, aventura, onde tem tanta aventura para se ter?”, Duncan olhou, sem saber se ria ou chorava, para a moça que, desde que soubera sobre o Banido, não parava de sonhar com uma “vida nova, emocionante e cheia de perigos”. “Não queira o caos no mundo. A paz mundial não é boa?”
Nina mostrou a língua, envergonhada. Shirley, que se esgueirou para a porta por curiosidade, ficou um tanto atônita ao ouvir as palavras de Duncan. Ela ficou parada por um momento e depois se virou para sussurrar com o Cão, que se escondia nas sombras: “O capitão disse que gosta da paz mundial.”
O Cão não reagiu.
Shirley franziu a testa, repetiu, e depois, em um ângulo escondido pelo batente da porta, puxou a corrente que se fundia com seu braço: “Cão, você não me ouviu?”
A voz do Cão finalmente veio das sombras: “Estou decorando o alfabeto, não me atrapalhe a estudar.”
Shirley: “…Você realmente levou a sério?!”
“Claro, o Senhor Duncan vai verificar a lição de casa depois… A senhorita Alice está mais dedicada que você!”
Shirley ficou perplexa: “Lição de casa? Que lição de casa?”
No entanto, o Cão não lhe respondeu.
Porque Duncan já havia voltado para a porta com Nina, e o último sussurro de Shirley chegou aos seus ouvidos.
“A lição de casa é aquilo que, se você não fizer, eu fico um pouco irritado”, Duncan olhou sorrindo para Shirley, que de repente ficou rígida. “Volte e copie o alfabeto dez vezes.”
Shirley estava quase chorando: “Então… então que tal o senhor me dar uma surra…”
“Sério?”
Shirley estremeceu: “Não, não, eu vou copiar o alfabeto agora mesmo!”
Duncan balançou a cabeça e, por enquanto, mandou Shirley, Cão e Alice estudarem por conta própria, pedindo a Nina que os supervisionasse. Ele, por sua vez, deu uma última olhada no céu lá fora e, parado em frente à vitrine, mergulhou em pensamentos.
O Fenômeno 001… realmente tinha um grande problema.
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