Hora da Recomendação, leiam Fagulha das Estrelas. O autor, P.R.R Assunção, tem me ajudado com algumas coisas, então deem uma força a ele ^^ (comentem também lá, comentários ajudam muito)
Talvez passe a usar mais esse espaço para recomendar outras obras (novels ou outras coisas que eu achar interessante ^^)
Capítulo 318: Gradualmente Distorcido
No minuto seguinte, Tyrian permaneceu imerso em um estado de confusão e torpor causado pelo choque imenso. Seu olhar tinha dificuldade em focar, e sua mente estava cheia de um ruído interminável, seu intelecto como um barco solitário balançando em uma tempestade — mas mesmo assim, sua razão permanecia clara.
Ele sabia que foram as chamas espirituais que apareceram na escuridão que salvaram sua mente, impedindo que fosse contaminada pelo poder do Senhor das Profundezas.
Após mais um momento, ele gradualmente recuperou o controle da respiração. Como não havia sofrido uma contaminação mental muito forte, as visões em sua mente se dissiparam rapidamente. Ao mesmo tempo, ele ouviu uma voz firme vinda do outro lado: “Parece que você se recuperou.”
Tyrian levantou a cabeça e olhou para a figura alta do outro lado da mesa de navegação: “Foi o senhor que me ‘puxou’ de volta…”
“Você ficou olhando por tempo demais. Vanna disse que você estava preso em um pesadelo”, disse Duncan com calma. “Felizmente, recentemente tenho pesquisado um pouco sobre ‘intervir em sonhos’.”
“Pesadelo”, Tyrian esfregou a testa instintivamente. “Eu parecia estar em um pesadelo?”
“Parece que você teve uma experiência incomum?”, havia um toque de curiosidade no tom de Duncan. Ele de fato interveio com urgência no mundo mental de Tyrian, mas, diferente do que costumava ver ao entrar nos sonhos de outros usando o poder da caminhada no Plano Espiritual, desta vez ele não “viu” nada. O “pesadelo” de Tyrian era apenas escuridão, como se a “fonte” que o criara já tivesse partido antes de sua intervenção, o que o deixou ainda mais curioso sobre o que havia acontecido.
“Eu… vi uma existência difícil de descrever com palavras”, disse Tyrian, tentando se lembrar das imagens que viu e descrevendo-as com cautela. “Não consigo dizer sua forma exata, nem ouso lembrar de todos os seus detalhes, mas suspeito que fosse o Senhor das Profundezas…”
Tyrian contou o que viu e ouviu naquela escuridão, acrescentando suas várias percepções mentais. Com exceção da incapacidade de se lembrar do contorno completo daquela sombra gigantesca como uma montanha, ele não escondeu nada.
Depois de ouvir o relato de Tyrian, Duncan franziu a testa imediatamente: “Você está dizendo que a única coisa que esse suposto ‘Senhor das Profundezas’ lhe disse foi para ‘correr’?”
“Estritamente falando, foi a única frase que consegui entender”, Tyrian abriu as mãos. “Ele parecia ter me dito muitas coisas, mas tudo se perdeu em um ruído imenso. No final, ele pareceu desistir e disse a palavra mais curta, que eu mal consegui ouvir…”
Duncan ficou pensativo: “Então, quando a inspiração espiritual de uma pessoa é muito alta, ela acaba não conseguindo ouvir os sussurros dos deuses antigos…”
Tyrian não entendeu de imediato: “Pai, o que o senhor disse?”
“Ah, nada, não tem a ver com isso”, Duncan acenou com a mão, voltando sua atenção para o assunto em questão. Ele pensou por um momento e se virou para Vanna. “Você acha que o que Tyrian encontrou foi o Senhor das Profundezas? Você acha que Ele disse a Tyrian para ‘correr’ com a intenção de protegê-lo?”
“Pela descrição do Capitão Tyrian e por suas próprias sensações, mesmo que não fosse o Senhor das Profundezas, era pelo menos uma entidade do tipo divindade herética”, respondeu Vanna prontamente. “Mas quanto ao motivo do ‘corra’… desculpe, senhor Duncan, não ouso fazer um julgamento precipitado.”
Ela fez uma pausa, como se sentisse que a resposta não era responsável o suficiente, e acrescentou: “As informações sobre o Senhor das Profundezas sempre foram escassas, e mesmo os dados que as quatro grandes igrejas possuem são limitados. A visão predominante atualmente é que o Senhor das Profundezas é uma enorme entidade singular localizada no centro do domínio abissal. Ele não possui capacidade de se mover, nem projeta ativamente seu poder no mundo real. Ele não pode se comunicar e parece não pensar, como…”
Vanna bateu na testa, parecendo lutar para encontrar a palavra certa para descrever tal existência. Vendo isso, Duncan disse casualmente: “Como uma colônia de bolor limoso submersa nas Profundezas Abissais? Viva, enorme, mas uma massa de fungos que não pensa nem se move?”
“…O senhor provavelmente é a única pessoa no mundo a descrever o Senhor das Profundezas como bolor limoso”, disse Vanna com uma expressão estranha, mas ainda assim assentiu levemente. “Mas é de fato como o senhor disse. Se as informações que extraímos das almas dos demônios e dos cultistas estiverem corretas, o Senhor das Profundezas é um ‘deus herético silencioso’. A única coisa que ele faz é constantemente diferenciar1 mais demônios abissais de seu corpo ou absorver os demônios abissais que morrem em combate.”
Duncan não pôde deixar de esfregar a testa: “…Isso soa como um tumor de biomanta fúngica2…”
O capitão estava falando seu “dialeto do subespaço” incompreensível de novo.
Mas Vanna já estava acostumada. Ela ignorou habilmente o termo que não entendia e continuou a conversa naturalmente: “No geral, o Senhor das Profundezas pode ser considerado uma divindade herética relativamente inofensiva, pois pelo menos nunca demonstrou uma tendência a corroer o mundo real. Mas, mesmo assim, na classificação das quatro grandes igrejas, ele ainda é classificado como um ‘deus maligno’.”
“Independentemente da consciência subjetiva, sua própria existência já é um perigo?”
“Sim. Tanto os demônios abissais que se diferenciam dele quanto os Aniquiladores que fazem pactos com demônios abissais e enlouquecem, são grandes inimigos do mundo civilizado.”
Duncan não disse nada, apenas mergulhou em pensamentos.
Por alguma razão, o que lhe veio à mente naquele momento foi o “Sol Negro” moribundo nas chamas, que sustentava a falsa coroa solar.
Mas foi apenas uma associação momentânea, e ele não fez nenhum julgamento sobre a natureza do Senhor das Profundezas — a razão era simples: falta de provas. Ele não tiraria conclusões sobre algo com que não teve contato pessoal.
Tyrian esfregou a testa. O ruído em sua cabeça havia desaparecido completamente, restando apenas uma leve tontura e um cansaço como se tivesse passado várias noites em claro. Enquanto Vanna falava sobre o Senhor das Profundezas, ele também tinha seus próprios pensamentos.
“Independentemente de aquele ‘corra’ ter demonstrado boa vontade, uma coisa é certa: a situação do Obsidiana é claramente o resultado da influência do poder do Senhor das Profundezas. E agora, há Aniquiladores ativos na cidade-estado de Geada, e eles provavelmente estão atrás disso também”, disse Tyrian lentamente. “Se a influência que sofri está realmente relacionada à minha participação naquele projeto, então agora até o Projeto Abismo está ligado a este assunto. Raciocinando mais a fundo, acredito que o que mais devemos focar agora é provavelmente aquela ‘Ilha Adaga’. Ela é o rescaldo do Projeto Abismo de meio século atrás que continua até hoje.”
“O oitavo ‘Submersível Nº 3′”, disse Duncan em voz baixa. “O que você sabe sobre a situação da Ilha Adaga?”
“Agora é uma zona militar restrita. Mesmo com a força da frota do Névoa do Mar, não é fácil se aproximar. O Banido provavelmente poderia desembarcar à força devido à sua natureza especial, mas encontrar aquele submersível em pouco tempo provavelmente não seria fácil. Afinal, a ilha é grande, a estrutura das instalações de pesquisa é complexa, e o pessoal militar na ilha poderia ordenar a destruição direta em uma emergência…”
Quanto mais Duncan ouvia, mais estranho soava. Ele rapidamente interrompeu o chefe pirata: “Pare, pare, pare. Quando foi que eu disse que íamos invadir diretamente?”
Tyrian hesitou, percebendo na mesma hora: “Desculpe, pai, eu pensei que…”
Duncan acenou com a mão, indicando que não precisava de explicação: “Não vamos falar sobre isso. Apenas me diga o que você sabe sobre a Ilha Adaga, pode ser útil.”
“Certo, sobre aquela pequena ilha…”
Belazov olhava com uma expressão séria para o sino de mergulho suspenso no centro do salão.
Ele já estava naquela instalação de pesquisa há dois dias e, nesse tempo, passou metade dele neste salão, lidando com este sino de mergulho.
Ele não era um pesquisador profissional, não entendia de mecânica nem o significado da série de testes físico-químicos que os acadêmicos realizavam nas amostras. Ele estava aqui puramente por curiosidade, despertada por este dispositivo mecânico envolto em uma aura de mistério e com um histórico bizarro.
Uma curiosidade irresistível.
Como um homem de Geada com menos de quarenta anos, ele não havia vivenciado o grande evento de meio século atrás, mas como um dos altos funcionários da cidade-estado, ele pelo menos conhecia o Projeto Abismo através dos arquivos confidenciais.
O Submersível Nº 3, a parte mais importante em todos os arquivos, a parte mais arrepiante de todo o Projeto Abismo.
Ele estava enferrujado, coberto de sujeira por dentro e por fora, pendurado docilmente no gancho de ferro como um pedaço de sucata, parecendo completamente comum.
O Professor Melson estava ao lado do general, apresentando as medidas de segurança do laboratório.
“…Abaixo do cabo de suspensão, há um acesso direto à fornalha. Em caso de emergência, o gancho se soltará instantaneamente, e o submersível quebrará a grade e cairá na fornalha. E se o dispositivo de desacoplamento for ativado e o submersível não cair no túnel, um mecanismo interligado será ativado, e toda esta sala se desprenderá da estrutura da ‘câmara secreta’, deslizando por um trilho até uma caverna atrás da baía — que está cheia de dinamite de nitroglicerina.”
“E o pessoal do laboratório?”
“Temos trinta segundos para evacuar — depois disso, a rota de evacuação será trancada”, disse o Professor Melson. “No entanto, se for o pior cenário… o responsável máximo, ou seja, eu, também pode escolher não abrir a rota de evacuação.”
Belazov assentiu levemente e se aproximou lentamente do sino de mergulho.
Ele olhou para a janela de vidro circular coberta de sujeira e espiou curiosamente para dentro.
A lama vermelho-escura e turva se agitava levemente dentro do submersível. Algo parecido com um globo ocular se pressionou contra a janela de vidro e, através das frestas na sujeira, encontrou o olhar de Belazov.
Depois de um longo tempo, o general desviou o olhar: “Está escuro lá dentro, não consigo ver nada.”
“Sim, ainda não abrimos a escotilha”, assentiu o Professor Melson. “Naturalmente, também não podemos limpar seu interior.”
O General Belazov sorriu: “Assim deve ser.”
- Na frase “A única coisa que ele faz é constantemente diferenciar”, a palavra original em chinês para “diferenciar” é 分化 (fēnhuà). Embora possa significar “separar”, seu sentido mais forte é o biológico de “diferenciar” (como quando células-tronco se tornam células especializadas). Mantive a tradução como “diferenciar” para passar a ideia de que o Senhor das Profundezas está ativamente criando e formando os demônios a partir de sua essência, e não apenas se quebrando em pedaços.[↩]
- Esse Tumor de Biomanta Fúngica é o Creep Tumor de Starcraft II, se você já jogou vai saber visualizar bem o Senhor da Profundezas descrito aqui[↩]
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