Índice de Capítulo

    Hora da Recomendação, leiam Fagulha das Estrelas. O autor, P.R.R Assunção, tem me ajudado com algumas coisas, então deem uma força a ele ^^ (comentem também lá, comentários ajudam muito)

    Talvez passe a usar mais esse espaço para recomendar outras obras (novels ou outras coisas que eu achar interessante ^^)

    Por um momento, Lucretia não soube como responder ao seu irmão — ele a contatou no meio da noite, atravessando milhares de quilômetros com uma esfera de artes arcanas, apenas para fazer esse tipo de piada.

    Mas logo, a “Bruxa do Mar” percebeu que algo estava errado.

    Seu irmão, de personalidade rígida, normalmente não faria algo assim. E, diferente dela, que sempre agia sozinha, seu irmão tinha uma frota inteira para cuidar. Além disso, o quarto atrás dele, que claramente não era no Névoa do Mar, parecia um tanto… familiar?

    Através da esfera de cristal, Tyrian notou a mudança na expressão de Lucretia.

    Era exatamente por isso que ele fez uma viagem especial de volta ao seu porto-base para levar a esfera de cristal a bordo do Banido.

    “Você não vai acreditar”, o capitão pirata suspirou, dando dois passos para o lado com um sorriso, expondo a cena da cabine diretamente em frente à esfera de cristal e ao conjunto de lentes. “Estou no meu quarto — ‘meu quarto’.”

    Lucretia ouviu a ênfase deliberada dele e observou a imagem na esfera de cristal. Primeiro ficou confusa, depois pensativa, e finalmente, seus olhos se encheram de espanto e tensão. Perdendo a calma inicial, ela se levantou abruptamente: “Você…”

    “Como pode ver”, Tyrian retornou para a frente da esfera, abrindo as mãos com um sorriso amargo. “Muitas coisas inesperadas aconteceram no meio do caminho, e o resultado final é… eu vim para cá.”

    Lucretia ficou parada diante da esfera de cristal, boquiaberta, e permaneceu em silêncio por uns bons seis ou sete segundos antes de franzir a testa e se sentar lentamente de volta na cadeira.

    “Eu cuidarei bem da frota do Névoa do Mar para você”, disse ela com uma expressão calma. “E também das suas vinte e sete contas bancárias em Porto Frio, Moco, Mormonzo e Zarbustro, além dos seus sessenta e dois esconderijos de tesouro nos mares do norte.”

    Desta vez, quem pulou na frente da esfera de cristal foi Tyrian.

    “Como você sabe…”, o grande pirata olhou para sua irmã na esfera de cristal, quase aterrorizado, mas no segundo seguinte ele entendeu. “Você deixou uma marca no Névoa do Mar?”

    “Eu não preciso de um método tão estúpido”, disse Lucretia com uma expressão calma. “Sua técnica para esconder coisas nunca foi muito boa. Desde criança, algum dos seus lanches escondidos já durou até o final?”

    O rosto de Tyrian enrijeceu por um momento, e então ele suspirou, impotente: “Eu pensei que os locais dos tesouros eram bem secretos. Afinal, nada aconteceu por tanto tempo…”

    “Qualquer um que possua uma frota tão vasta quanto a do Névoa do Mar, mesmo que esconda seu tesouro no centro da cidade, ele ainda será ‘o tesouro secreto do pirata que ninguém pode tocar’.”

    “… Não consigo discutir com você”, Tyrian acenou com a mão, desviando do tópico um tanto embaraçoso. “Parece que você não está preocupada com a minha segurança.”

    “Fiquei preocupada no começo, mas se você estivesse realmente em apuros, não estaria com humor para brincar comigo”, Lucretia ainda mantinha uma expressão serena. “Então, o que aconteceu exatamente? Por que você está no Banido? O pai…”

    “Ele encontrou meu porto secreto. Provavelmente é como você disse, minha técnica para esconder coisas nunca foi boa o suficiente”, Tyrian suspirou novamente. “As coisas por aqui em Geada… estão complicadas. Algo está se agitando sob o mar profundo e chamou a atenção do pai. Agora ele veio investigar pessoalmente e me procurou.”

    Lucretia franziu a testa: “Então, você já o viu, cara a cara.”

    Tyrian abriu as mãos: “Precisa mesmo perguntar? Eu já estou no navio.”

    Lucretia ficou em silêncio, parecendo hesitar sobre algo. Depois de um longo tempo, ela soltou uma frase aparentemente sem contexto: “…Como o pai está agora?”

    “Ele está… melhor do que imaginávamos”, Tyrian escolheu suas palavras com cuidado, tentando evitar que sua resposta fosse influenciada pelas coisas bizarras que experienciou no Banido. “Ele realmente recuperou sua humanidade — e se tornou uma pessoa ainda mais pacífica do que nos lembramos. Ele conversou muito comigo, sobre a frota do Névoa do Mar, sobre o Mar Gélido, sobre você e eu. Ele também me contou algumas coisas…  relacionadas ao Subespaço. Claro, apenas algumas descrições gerais.”

    “Você até conversou com ele sobre o Subespaço?!”, o canto da boca de Lucretia se contraiu visivelmente. “Você não está ficando anormal, está?”

    “Não fui eu que iniciei a conversa”, Tyrian deu de ombros. “Eu só perguntei por curiosidade por que a escotilha do convés inferior estava trancada. E então ele me disse que toda a estrutura inferior do Banido está imersa no Subespaço. Trancar a porta é principalmente para evitar que alguém caia lá dentro.”

    Lucretia respirou fundo, suas pupilas tremeram tão visivelmente que até Tyrian pôde ver.

    “Espanto, tensão, uma sensação de incredulidade misturada com a emoção de ter os olhos abertos, não é?”, Tyrian sorriu amargamente. “Eu entendo como você se sente, já passei por tudo isso.”

    Lucretia não falou mais, parecendo imersa em pensamentos.

    Por menos de um segundo, ela realmente ponderou se seu irmão já havia sido corrompido pelo Subespaço, se o homem sentado diante da esfera de cristal agora era um louco.

    Depois de um tempo indeterminado, ela quebrou o silêncio novamente: “O que o pai… está fazendo agora?”

    “Não sei, ele voltou para a cabine do capitão. As outras pessoas no navio disseram que ele vai usar alguns métodos especiais para investigar a cidade-estado de Geada. Não perguntei os detalhes.”

    “Há outras pessoas no navio?”, perguntou Lucretia, surpresa.

    Tyrian abriu a boca, parecendo prestes a responder, mas foi interrompido por uma batida repentina na porta. Ele se levantou e se afastou da esfera de cristal. Pelos sons fora da imagem, Lucretia só ouviu algumas frases abafadas de uma conversa.

    Parecia que alguém havia vindo entregar algo no quarto.

    Um momento depois, Tyrian voltou para a imagem. Havia um prato na sua frente, com uma torta de maçã recém-assada.

    A esfera de cristal transmitiu instantaneamente a exclamação de Lucretia: “Vocês têm até torta de maçã aí?!”

    “O navio agora tem fornecimento de água quente e suprimentos frescos de Pland”, disse Tyrian casualmente. “Eu sei que é difícil de imaginar. Na verdade, o pai até mencionou que planeja instalar um núcleo a vapor no navio, para que o fornecimento de água quente seja de vinte e quatro horas e também possam adicionar geradores…”

    Enquanto falava, ele abriu as mãos: “A boa notícia é que agora parece que o pai não vai se importar com as modificações que eu fiz no Névoa do Mar.”

    Lucretia: “…?”


    O vento frio da noite soprava pela costa. Uma chama verde fantasmagórica riscou o céu e, antes que alguém pudesse notá-la, caiu em um canto deserto perto do porto.

    Uma figura alta e robusta, mas com o corpo inteiro queimado a ponto de ficar irreconhecível e aterrorizante, saiu das chamas.

    Sentindo o sopro do vento frio da noite, Duncan respirou fundo na terra de Geada.

    Fisiologicamente, este corpo já não tinha mais a função de respirar, mas ele ainda podia sentir o fluxo de ar entrando em seu peito e sendo exalado de forma estável e poderosa.

    “Ah, Geada…”, Duncan ergueu o olhar para a área urbana iluminada à distância, depois balançou a cabeça e se aproximou lentamente da costa. Ele encontrou uma poça de água calma e, sob a luz da Criação do Mundo, observou o rosto que agora usava refletido na água.

    ‘Com essa aparência, serei detido pelo xerife e pelos guardas no momento em que aparecer.’

    A poça d’água refletia uma imagem imponente e aterrorizante, cheia de majestade, mas também suficiente para fazer qualquer um correr para chamar a polícia ao primeiro olhar.

    Era realmente difícil imaginar que o dono original deste corpo pudesse, com força de vontade, manter a consciência até o último segundo de sua vida.

    “Belazov… que sua alma tenha uma jornada segura.” Duncan olhou para o reflexo na poça, despedindo-se pela última vez do antigo mestre deste corpo, e então olhou para não muito longe.

    Ai estava em pé sobre um pedaço de rocha próximo. Ele ergueu as asas e soltou um grasnido alto.

    Duncan acenou com a mão, e o pombo se transformou instantaneamente em um fluxo de luz flamejante, desaparecendo no céu noturno em um piscar de olhos.

    Através da conexão estabelecida nas profundezas de sua mente, ele pôde confirmar que Ai já havia chegado instantaneamente ao Banido.

    Assim como nos testes anteriores, depois de estabelecer um sinalizador de ida e volta, Ai podia usar um método semelhante ao “teletransporte” para cruzar vastos espaços de tempo e chegar diretamente à localização de cada sinalizador.

    Duncan baixou a cabeça e olhou para o corpo que estava usando no momento.

    O “avatar” que ele ocupava através da caminhada no Plano Espiritual era o “sinalizador de ida e volta” que Ai podia usar como ponto de referência.

    Ao confirmar isso, ele também se lembrou do corpo temporário que ocupou em sua primeira noite em Geada.

    Extremamente fraco, com percepção anormal e que começou a se desintegrar logo após sair do caixão — na época, ele não teve tempo para fazer muitos testes, mas, relembrando agora, aquele corpo de fato não lhe deu o retorno de “estabelecer um sinalizador”.

    ‘Uma das características das réplicas, talvez…’, Duncan murmurou pensativo. ‘Por não ser um corpo mortal completo, não pode conter poder?’

    Enquanto ponderava sobre isso, o som crepitante de chamas explodindo subitamente interrompeu seus pensamentos. Em seguida, um portal de chamas verde-espectrais apareceu do nada na costa ao seu lado.

    Ai havia retornado do Banido.

    Duncan se virou para o grande portal de chamas flutuando no ar, e três figuras gradualmente apareceram na luz e na sombra do fogo.

    Estes eram os “ajudantes” que ele pediu a Ai para trazer do Banido.

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