Índice de Capítulo

    Hora da Recomendação, leiam Fagulha das Estrelas. O autor, P.R.R Assunção, tem me ajudado com algumas coisas, então deem uma força a ele ^^ (comentem também lá, comentários ajudam muito)

    Talvez passe a usar mais esse espaço para recomendar outras obras (novels ou outras coisas que eu achar interessante ^^)

    Em toda a casa, exceto pelo quarto onde Brown Scott passou seus últimos momentos, nenhum outro lugar apresentou qualquer anormalidade.

    Na verdade, mesmo naquele quarto “contaminado” pela lama cinza-escura, não havia nenhum vestígio de poder sobrenatural. Além do choque visual causado pela estranha substância de lama, não havia o menor poder sobrenatural neste edifício.

    Tudo o que não pertencia a este mundo já havia partido com o desaparecimento de Brown Scott.

    No primeiro andar da casa, Galoni ainda dormia. A alta Sen’jin de pele como pedra estava encostada no canto do sofá, dormindo pacificamente, com uma expressão relaxada no rosto.

    Em seus sonhos, ela ainda era uma aluna estudando com seu professor, vivendo dias pacíficos como sempre. Seu professor, erudito e gentil, acabara de retornar de muitos anos de viagem e lhe contaria muitas, muitas histórias de lugares distantes.

    “Se Heidi estivesse aqui, ela prepararia algumas poções. Pelo menos faria essa moça se sentir um pouco melhor ao acordar”, Morris olhou para Galoni no sofá, com uma expressão complexa. “Eu posso ver que a relação entre ela e Brown era muito boa.”

    “…As sombras sempre passam”, disse Duncan. Após um momento de silêncio, ele procurou no bolso e tirou um pequeno pingente de cristal. Ele o levou aos lábios e sussurrou algo, depois o colocou na mão de Galoni. “Tenha um bom sonho. Tudo vai ficar bem.”

    Morris observou silenciosamente a ação de Duncan. Depois de um longo tempo, ele finalmente não pôde deixar de perguntar: “O senhor trouxe esses pingentes para cá também?”

    “…Comprei demais da última vez. Metade da caixa sobrou e não consegui vender, ninguém queria nem de graça”, disse Duncan, sem expressão (principalmente porque as ataduras cobriam seu rosto), em um tom neutro. “Então pensei em distribuí-los durante minhas viagens… Você quer um?”

    “Não, obrigado”, Morris acenou apressadamente com a mão. “Este tipo de adorno feminino não combina comigo.”

    “Ah, é verdade.”


    O vento frio da noite soprava por um beco escuro e silencioso. Sob a luz fraca da lâmpada a gás no cruzamento, os olhos de Vanna vigiavam atentamente os arredores.

    Alice estava ao seu lado, imitando-a e olhando ao redor — mas era óbvio que ela não tinha a menor ideia do que Vanna estava observando.

    “A rua está tão quieta, não tem ninguém”, provavelmente desconfortável com o ambiente excessivamente silencioso e opressivo, a senhorita boneca finalmente não aguentou e falou. “Senhorita Vanna, o que você está olhando o tempo todo?”

    Vanna disse em tom calmo: “Certos praticantes sobrenaturais que possam aparecer, ou sombras suspeitas pairando ao redor daquele prédio, se houver.”

    “Hã?”, Alice ficou pasma. “Haverá?”

    “…Para que você acha que o senhor Duncan nos deixou de prontidão aqui fora?”

    Alice pensou um pouco: “Não foi porque ele achou que eu ia atrapalhar?”

    Vanna: “…Você está certa.”

    Ela sentiu que seria difícil explicar para aquela cabeça oca, então simplesmente desistiu.

    Mas ela mesma entendia perfeitamente o significado de vigiar aqui.

    Havia uma “réplica” do mar profundo que esteve ativa na cidade por muitos dias, e essa réplica morava no prédio não muito longe. Era impossível que os Aniquiladores que seguem o Senhor das Profundezas não tivessem nenhuma reação a isso.

    Era até possível que eles estivessem por trás de tudo.

    O senhor Duncan e o senhor Morris foram investigar a situação dentro daquela casa. Eles estavam tanto investigando quanto servindo de isca. Algum cultista estaria de olho neste lugar? O poder que enviou “Brown Scott” de volta se moveria esta noite? Haveria sombras à espreita neste beco? Com a chegada de visitantes inesperados, a sombra conseguiria ficar parada?

    Vanna controlava sua respiração e batimentos cardíacos, contendo sua aura e poder. Depois de confirmar que ainda não havia movimento na rua, ela se escondeu novamente na sombra do prédio.

    Então ela viu Alice ao seu lado, como se de repente se lembrasse de algo, inclinar-se para a frente. Em seguida, a boneca levantou as mãos, segurou a própria cabeça, sacudiu-a e, com um “PLOC”, a arrancou. Depois, com uma mão apoiada na parede e a outra segurando a cabeça, ela a balançou para fora no canto da parede.

    Mesmo uma inquisidora experiente como Vanna não conseguiu controlar o tremor em seus olhos ao ver a cena. Ela arregalou os olhos e sussurrou: “O que você está fazendo?!”

    Alice, depois de balançar a cabeça no canto, ouviu a voz de Vanna, pegou a cabeça de volta apressadamente e a encaixou com um “PLOC”, com uma expressão inocente: “Estou vendo o movimento do outro lado…”

    “Da próxima vez que tiver um plano desses, você me avi…”, Vanna olhou para a boneca à sua frente, mas engoliu o resto da frase no meio do caminho e acenou com a mão, exausta. “Esqueça, não se importe.”

    Alice parecia confusa, mas assim que ia abrir a boca, pareceu sentir algo novamente e não pôde deixar de olhar para fora: “Senhorita Vanna, eu sinto que… parece que tem alguém por perto, mas não consigo ver ninguém.”

    “Alguém por perto?”, Vanna ficou instantaneamente alerta. Ela não relaxou só porque Alice geralmente não era confiável. Em vez disso, tensionou os nervos imediatamente e, enquanto sentia a aura ao redor, perguntou em voz baixa: “Onde?”

    “Logo ali na diagonal, debaixo daquele poste de luz”, Alice também sussurrou, até se agachando no chão para mostrar sua cautela, enquanto apontava para a saída do beco. “Mas eu só vi as linhas, não vi a pessoa.”

    Vanna, a princípio, não entendeu, apenas olhou na direção que Alice apontava. Dois segundos depois, ela se assustou e se virou para a senhorita boneca: “Linhas? Que linhas?”

    “As linhas nas pessoas, oras. Todo mundo tem, aquelas que flutuam do corpo para o céu”, Alice gesticulou, falando com naturalidade. “Tem atrás da cabeça, e nas mãos e nos pés também…”

    Nesse ponto, ela parou por um momento e acrescentou: “Ah, é verdade, o senhor Duncan não tem. Mas ele é o senhor Duncan, então é normal…”

    Enquanto Alice falava, sua voz gradualmente hesitou e parou.

    Mesmo sendo lenta, ela finalmente notou a expressão estranha no rosto de Vanna.

    “…Você não consegue ver?”, a boneca hesitou, pensando na única explicação. “Ah, bem, eu não vou rir de você. O capitão disse que os olhos das pessoas são diferentes…”

    “…Eu não consigo ver, mas agora não é hora para isso”, Vanna se recompôs com um sobressalto, forçando sua atenção para o poste de luz não muito longe. “As linhas ainda estão lá?”

    Ela sabia priorizar.

    Alice podia ver “linhas” invisíveis flutuando nos corpos humanos, e ela sempre achou que isso era um fenômeno normal que todos podiam ver. Era tão natural para ela que o fato só foi revelado agora, por uma frase casual. Isso poderia ser seu poder especial como Anomalia 099, ou poderia haver uma explicação mais complexa e bizarra por trás disso. Mas, de qualquer forma, essas coisas não deveriam ser investigadas agora.

    Havia alguém escondido por perto, e agora ele ou eles estavam expostos à visão da boneca — isso era o que importava.

    “Ainda estão, e balançando um pouco para a esquerda e para a direita”, Alice olhou para a área perto do poste de luz e relatou em voz baixa. Mas logo em seguida, ela franziu a testa. “Ah, parece que algumas sumiram?”

    “Sumiram?”, o coração de Vanna gelou. No segundo seguinte, um alerta soou em sua mente. O instinto de batalha forjado ao longo de anos e o pressentimento de crise concedido pela deusa explodiram simultaneamente em sua percepção, fazendo-a olhar abruptamente para um ponto no fundo do beco.

    Em uma sombra estranha que o poste de luz não conseguia iluminar, uma sombra escura e rastejante emergiu de repente!

    Quase instantaneamente, um vulto esquelético apareceu ali, seguido por uma monstruosidade disforme conectada ao vulto por correntes.

    Era uma pessoa, ou pelo menos tinha o contorno de uma pessoa. No entanto, seu corpo já estava torcido e inchado a um estado chocante. Sua pele, como se tivesse sido queimada pelo fogo, estava enegrecida e enrolada. Seus ossos, em um crescimento desordenado, formavam placas ósseas descontínuas na superfície do corpo. Espinhos ósseos afiados se projetavam de suas costas, como os restos de algum monstro do mar profundo. E onde deveria estar o rosto, só se via uma cavidade vazia, dentro da qual brilhava um halo vermelho-escuro.

    Ao primeiro olhar, Vanna percebeu o que era aquilo: um sacerdote da Aniquilação que havia alcançado uma simbiose profunda com um Demônio Abissal e “purificado” seu corpo a um grau extremamente alto.

    Os Aniquiladores consideravam seus corpos de carne e osso como prisões criadas pelos deuses. Sua forma de jurar lealdade ao Senhor das Profundezas era usar continuamente o poder demoníaco para transformar seus corpos e “purificar” sua forma. Esse processo fazia com que mais e mais características demoníacas aparecessem neles, tornando-os cada vez menos humanos. Um Aniquilador que atingisse um certo grau de purificação teria seus membros tão deformados que nem mesmo feitiços de transformação temporários poderiam restaurá-los à forma humana. Eles não podiam mais se mover na sociedade humana e, portanto, dependiam de cultistas de nível inferior para sustentá-los. Em troca, no entanto, eles ganhavam um poder ainda maior e uma conexão mais forte e direta com as profundezas abissais.

    ‘Esses cultistas malditos estavam mesmo de olho neste lugar!’

    O pensamento passou pela mente de Vanna e, no mesmo instante, seu corpo já havia saltado alto.

    Para se mover na cidade-estado, ela não carregava sua espada gigante de aço abençoada.

    Mas para uma fiel sacerdotisa da Deusa da Tempestade, seria a “espada” um objeto tão inconveniente?

    O ar se comprimiu, o vapor d’água se condensou. O sopro do mar e do vento foi instantaneamente comprimido em uma lâmina de gelo sólido em suas mãos — apenas o suficiente.

    “Herege!”

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