Hora da Recomendação, leiam Fagulha das Estrelas. O autor, P.R.R Assunção, tem me ajudado com algumas coisas, então deem uma força a ele ^^ (comentem também lá, comentários ajudam muito)
Talvez passe a usar mais esse espaço para recomendar outras obras (novels ou outras coisas que eu achar interessante ^^)
Capítulo 334: A Mansão de Alice
Um novo criado chegou.
Como se essa frase tivesse ativado algum mecanismo, junto com a voz grave e abafada que soou em seus ouvidos, inúmeros contornos sombrios surgiram de repente na escuridão diante dos olhos do Aniquilador. Uma luz fraca de origem desconhecida tremeluziu no ar, iluminando um salão anormalmente espaçoso, antigo e elegante!
Ele arregalou os olhos, vendo que o salão era tão magnífico quanto um palácio, mas tão antigo quanto se estivesse abandonado por décadas. Viu escadas curvas subindo em espiral no final, conectando-se a corredores e plataformas elevadas. Pilares enormes se erguiam vagamente na penumbra, e cortinas requintadas pendiam do topo dos pilares, balançando suavemente em uma brisa de origem desconhecida. Nas paredes ao redor do salão, havia janelas escuras e vazias — aquelas aberturas eram como as bocas gigantes de feras. Não havia luz do lado de fora, e as próprias janelas estavam seladas por barras de ferro cruzadas. Enormes pinturas a óleo, impossíveis de discernir, pendiam entre as janelas. As telas não continham nenhuma figura ou paisagem específica, apenas manchas de cores vibrantes e assustadoras.
O Aniquilador olhou para a cena à sua frente, atônito. Então, de repente, percebeu que a sensação de contenção em seus braços e pernas havia desaparecido em algum momento. Ele deu dois passos à frente, sentindo seu corpo novamente sob seu controle, e então, instintivamente, chamou o demônio que estava em simbiose com sua alma.
No entanto, apenas um uivo oco ecoou em sua alma. O Demônio Abissal que o acompanhou por anos, como se nunca tivesse existido, não respondeu ao seu chamado.
“Criado, avance, até o fim do tapete.”
Aquela voz grave e abafada soou novamente, desta vez diretamente em sua mente.
“Quem é?!”, o Aniquilador arregalou os olhos, aterrorizado, olhando ao redor do salão da mansão, que era lindo, mas vazio e bizarro. No entanto, ele não viu ninguém em seu campo de visão.
Ele ergueu a cabeça novamente e olhou para o final do salão — um tapete vermelho-escuro se estendia de seus pés até a distância, e no final do tapete estavam as escadas que se conectavam ao segundo andar em uma curva semelhante a asas.
Por alguma razão, quando seu olhar se voltou para lá, suas pernas começaram a se mover incontrolavelmente. Como se para obedecer à voz que acabou de ouvir, ele caminhou em direção ao final do tapete e parou a poucos metros da escada.
Uma figura apareceu abruptamente ali.
Era um corpo vestindo um fraque preto — um corpo sem cabeça.
O corpo estava em pé, ereto, em frente à escada. Seu fraque estava impecável, e um canto de um lenço dobrado podia ser visto no bolso do peito. Uma fina corrente de ouro de um relógio de bolso saía do outro bolso. Em uma de suas mãos, ele segurava um sino de cobre, e a outra estava estendida para a frente — sua postura era como a de um mordomo dando as boas-vindas a um novato, um administrador de confiança que cuidava da mansão.
Mas ele não tinha cabeça. No corpo vestido de fraque preto, havia apenas um pescoço nu, como… a junta de uma boneca.
“Que… que lugar é este!?”
A voz do “novo criado” tremeu. Ele já não se lembrava por que veio a esta mansão fechada, nem se lembrava de seu nome ou origem. Sentia apenas um medo instintivo, uma estranha sensação de bizarria corroendo lentamente seu coração. Ele olhou para o mordomo sem cabeça à sua frente, reuniu coragem para perguntar e, ao mesmo tempo em que sua voz soava, sussurros e a sensação de estar sendo observado vinham de todas as direções.
Ele se virou, atônito, e olhou para a cena no salão.
Figuras vestidas com trajes de criados e criadas movimentavam-se atarefadamente pelo salão. Eram claramente os servos que cuidavam desta enorme mansão. Ao passarem pela entrada da escada, esses servos paravam, parecendo observar o novato com curiosidade.
Discussões em voz baixa vinham de seus peitos — porque esses servos, todos eles, não tinham cabeça.
Acima de seus pescoços, havia apenas uma protuberância esférica e lisa, como as juntas de uma boneca, com uma textura entre madeira e cerâmica.
O “novo criado” olhou atônito para os servos que iam e vinham no salão, sentindo-se um pouco atordoado por um momento.
‘Havia tantas pessoas aqui antes? Quando cheguei a este salão, era tão animado assim?’
“Esta é a Mansão de Alice, e você é o novo criado aqui”, a voz abafada do “mordomo” soou de repente, interrompendo a distração do novo criado. “Siga-me, seu próximo posto é no andar de cima.”
O novo criado assentiu instintivamente e seguiu o mordomo sem cabeça. Inconscientemente, ele olhou para baixo e descobriu que, em algum momento, também estava vestindo um traje de criado — igual ao dos criados masculinos no salão.
Sua mente ficava cada vez mais turva. Mais e mais memórias estavam sendo extraídas de seu corpo, como se fossem coisas “desnecessárias”, impurezas que o impediam de cumprir seus deveres de servo nesta mansão.
A cada degrau que subia, sua hesitação e incerteza diminuíam. No início, ele ainda se lembrava vagamente de que não pertencia a este lugar. Depois, lembrava-se apenas de que parecia estar preso em uma mansão estranha. A poucos passos do segundo andar, ele só se lembrava das instruções do mordomo.
Subindo o último degrau, ele ergueu a cabeça e olhou para a plataforma à sua frente e para o corredor do outro lado.
Vários servos passavam pelo corredor. Embora não tivessem olhos, o “novo criado” ainda sentia aquela sensação de estar sendo observado.
“Por que todos estão olhando para mim?”
“Porque você é o primeiro criado com cabeça”, o mordomo parou e se virou, sua voz parecendo conter um sorriso. “E, além disso, não temos um novato aqui há muitos anos.”
“O que eu devo fazer?”, o novo criado perguntou com cautela.
“Servir à nossa senhora, tornar-se um membro daqui. Você saberá naturalmente o que fazer. Mas, antes disso, você deve primeiro cumprimentar a senhora…”
O mordomo levantou lentamente o braço e apontou para uma grande porta preta no final do corredor.
“Vá, empurre a porta diretamente e cumprimente a senhora.”
O novo criado assentiu e se virou para a grande porta.
Seus passos eram firmes, e sua expressão gradualmente se acalmou. O movimento de seus membros finalmente se tornou tão rígido e mecânico quanto o dos outros servos no salão. Ele chegou à porta, estendeu as mãos e olhou calmamente para seus pulsos, que já haviam se transformado em juntas esféricas. Com um leve esforço, ele empurrou a porta.
O boneco deu um passo à frente.
Em um quarto elegante que poderia ser descrito como enorme, uma cama magnífica estava no centro. Cortinas e franjas com padrões complexos pendiam ao redor da cama. A boneca de cabelos prateados estava deitada silenciosamente na cama, em um sono profundo.
E além da cama, no final do quarto, onde deveria haver uma parede, havia apenas uma escuridão vasta e ilimitada — como se levasse a algum espaço distante e profundo. O chão, as paredes e o teto ali apresentavam uma aparência fragmentada. Sombras caóticas e escuras e inúmeros pontos de luz cintilantes à distância subiam e desciam lentamente, transformando-se em ilusões de luz e sombra bizarras, pulsando silenciosamente no final do quarto, sussurrando e vagando na escuridão.
Aquela escuridão e pontos de luz ondulantes eram como o sonho bizarro da boneca, ou como algo invisível tentando invadir esta mansão, mantido fora da realidade pelo sono da boneca.
O novo criado, já transformado em boneco, estava na porta do quarto, olhando fixamente para a bela boneca dormindo na cama e para a escuridão que se agitava atrás dela. Em seguida, ele se curvou, prestando homenagem à sua senhora com o maior respeito.
Algumas linhas brilhantes se estenderam de seus membros, flutuando no ar e desaparecendo em um instante.
O novo criado permaneceu curvado, recuando lentamente até sair do quarto. A porta do quarto da adormecida Alice se fechou com um estrondo baixo e majestoso diante dele.
Mas o rosto deste criado nunca mais teria qualquer mudança de expressão.
O boneco, ainda curvado, tirou um lenço do bolso e limpou suavemente os objetos decorativos perto da porta.
“Thud—”
“Crash—”
O som de algo pesado caindo ecoou na entrada do beco. O Aniquilador que tentou fugir caiu de repente do ar. Ele fez um barulho alto ao atingir o chão, e seu corpo, como porcelana, se estilhaçou instantaneamente, incluindo suas roupas.
Não havia vestígios de sangue nos fragmentos de porcelana quebrada, como se ele, desde o início, fosse apenas um boneco de cerâmica — um corpo de carne e osso, apenas uma ilusão de sua vida.
Alice se assustou instantaneamente: “Aaahh!”
Um uivo como um vendaval soou atrás dela. Vanna já havia corrido para a entrada do beco. Ela olhou para a cena à sua frente, boquiaberta, e só depois de um bom tempo se virou para a boneca ao seu lado: “Isso… foi você que fez?”
“…Eu não sei”, Alice piscou, olhando para trás um pouco lentamente. “Hmm… talvez?”
“O que significa ‘talvez’?!”
“É que eu peguei as linhas dele e puxei com força. Ele me atacou primeiro, eu fiquei com um pouco de medo…”, Alice falou de forma confusa, gesticulando enquanto falava. Sua explicação foi tão eficaz que deixou Vanna ainda mais confusa. “Entendeu?”
“…Não entendi”, Vanna balançou a cabeça e olhou para o fundo do beco, onde havia uma pilha de destroços carbonizados emitindo uma leve fumaça preta. “Droga, o sacerdote que eu enfrentei não disse uma palavra até o fim. O seu se quebrou em pedaços. No final, não conseguimos nenhuma informação.”
“Isso significa que o capitão não vai ficar satisfeito?”
“Não há tempo para pensar nisso, temos que sair daqui”, disse Vanna rapidamente. “Fizemos muito barulho. Mesmo não estando no centro da cidade, a patrulha noturna já deve ter reagido.”
Enquanto falava, ela ergueu a cabeça e olhou para a casa não muito longe.
Regras dos Comentários:
Para receber notificações por e-mail quando seu comentário for respondido, ative o sininho ao lado do botão de Publicar Comentário.