Capítulo 351: Cidade Bloqueada

Para os protetores de Geada, esta estava destinada a ser uma noite sem dormir.

As nuvens sombrias que pairavam sobre a Ilha Adaga ainda se acumulavam, os destroços do “Andorinha do Mar”, que retornara de forma bizarra, ainda vagavam no mar do lado de fora do porto e, justamente neste momento crítico, a Frota do Névoa do Mar, envolta em inúmeras lendas aterrorizantes, chegara às proximidades da cidade-estado.

A frota de mortos-vivos portadora da maldição já havia se reunido, parada em silêncio na beira do mar costeiro. Ninguém sabia sua intenção, ninguém sabia o que fariam a seguir.

O comandante-geral da defesa do distrito portuário, Liszt, descansou apenas por menos de uma hora à meia-noite antes de reaparecer em seu escritório de comando. Lá, ele encontrou vários outros comandantes com as testas igualmente franzidas e um secretário confidencial que acabara de chegar da prefeitura.

O secretário, um homem de trinta e poucos anos vestindo um casaco azul justo e óculos de aro dourado, levantou-se imediatamente da cadeira ao ver Liszt, com a testa levemente suada: “Coronel, o governador deseja saber as informações mais recentes e precisas: a Frota do Névoa do Mar tem alguma possibilidade de lançar um ataque?”

“Se o governador quer apenas essa resposta, então sim, houve essa possibilidade todos os dias no último meio século”, Liszt pegou um óleo revigorante e, confiando em seu forte efeito medicinal para se animar, olhou para o secretário confidencial. “A Frota do Névoa do Mar não surgiu hoje. Ela sempre esteve lá. Nunca houve qualquer acordo de paz entre Geada e aquele ‘Almirante de Ferro’.”

O humor do comandante-geral claramente não era dos melhores, e o secretário confidencial percebeu que sua pergunta era inútil, então mudou imediatamente de assunto: “Qual o nosso nível de preparação?”

“Toda a artilharia costeira está em configuração de combate. A frota liderada pelo General Gaeldon está estabelecendo uma faixa de interceptação nos flancos norte e noroeste da Frota do Névoa do Mar. Eles têm combustível suficiente e munição completa. Embora tenhamos acabado de perder um valente e habilidoso contra-almirante no incidente do Andorinha do Mar, a Marinha de Geada ainda está totalmente preparada para proteger a cidade-estado”, disse Liszt com uma expressão solene. “Informações mais detalhadas, meu superior já deve ter reportado à prefeitura.”

Enquanto falava, seu olhar passou pelo secretário confidencial à sua frente e pousou em vários de seus subordinados não muito longe: “Qual é a situação da Frota do Névoa do Mar agora? Algum movimento anormal?”

Um comandante levantou-se imediatamente: “Sim, senhor. Há algo estranho. O senhor deveria dar uma olhada nisto.”

Ao ouvir isso, Liszt franziu a testa ligeiramente. Ele caminhou rapidamente até a longa mesa no centro da sala, parando diante de um relatório de inteligência recém-entregue.

“O que é isto?”

Olhando para o documento coberto de símbolos, o comandante do distrito portuário ficou um pouco chocado.

“São sinais de luz”, disse o comandante de baixa patente que havia falado antes. “Sinais de luz do Navio Névoa do Mar.”

A expressão de Liszt ficou um pouco vazia, como se o efeito do óleo revigorante de repente não estivesse funcionando. Ele olhou para as marcações de pausa ofuscantes e as anotações confusas ao lado, sentindo-se um pouco tonto. Só depois de um bom tempo ele murmurou: “Que diabos… A Frota do Névoa do Mar parece estar usando um tipo de sinal luminoso muito novo? Ou está transmitindo informações usando algum tipo de codificação clássica?”

Ele ergueu a cabeça abruptamente, olhando para seu subordinado: “Onde estão os conselheiros militares?”

“Eles estão na sala ao lado estudando essas coisas, junto com vários semioticistas e especialistas em criptografia recém-convocados. Além disso, vários especialistas em história naval clássica e no fenômeno dos mortos-vivos estão a caminho.”

Liszt franziu os lábios e encarou aqueles símbolos confusos por mais alguns segundos antes de levantar a cabeça para olhar para o secretário confidencial, que estava com o rosto cheio de preocupação.

“Ninguém vai dormir esta noite.”

“Também acho, coronel.”

Duncan dormiu muito bem na noite anterior.

Embora na maioria das vezes seu corpo principal não precisasse muito de sono, um descanso adequado ainda o ajudava a manter a energia e a aliviar o fardo de controlar múltiplos corpos simultaneamente — embora, para ele, esse fardo não fosse realmente grande coisa.

Mas ele gostava de manter esse hábito de descanso como um ser humano normal.

A neve do lado de fora havia parado, pelo menos por enquanto. Um céu claro, que ninguém sabia quanto tempo duraria, pairava sobre a cidade. O Fenômeno 001 subia gradualmente da borda da cidade em direção ao ponto mais alto do céu e, na borda daquele sol brilhante, o fraco brilho dourado dos aneis rúnicos duplos parecia resplandecente.

A pequena lacuna no anel rúnico ainda estava lá, e era visível a olho nu.

Duncan ficou em frente à janela, encarando o anel rúnico do sol com um pequeno pedaço faltando por alguns segundos, depois desviou o olhar e moveu os ombros.

Ele desceu para o primeiro andar.

Alice já havia preparado o café da manhã. Embora torradas simples, ovos fritos e rolinhos de vegetais não pudessem ser considerados um banquete, era possível ver que as habilidades da boneca estavam de fato melhorando gradualmente. Vanna e Morris estavam sentados à mesa de jantar e, ao verem Duncan aparecer, levantaram-se.

“Continuem comendo, não se preocupem comigo”, Duncan acenou para eles.

O café da manhã era bom, mas infelizmente o corpo que ele usava atualmente não podia desfrutá-lo.

Embora ambos fossem “corpos temporários”, o corpo que ele usava agora era drasticamente diferente daquele na loja de antiguidades de Pland. O corpo de Pland, embora também assumido após a morte, estava em um estado quase idêntico ao de uma pessoa viva devido aos danos mínimos e à posse oportuna. Já este corpo em Geada… já havia perdido a maior parte de suas funções internas.

Era mais como um cadáver movido por uma força misteriosa, em sua natureza, ainda mais próximo de um “cadáver” do que os mortos-vivos sob o comando de Tyrian.

O próprio Duncan não conseguia explicar o princípio por trás disso, mas havia tantas coisas estranhas neste mundo que ele já havia aprendido a aceitar.

‘Se é bizarro, que seja. De qualquer forma, eu mesmo sou a maior bizarrice deste mundo.’

“Há um jornal novo ao lado do sofá”, disse Morris da mesa de jantar. “O senhor pode dar uma olhada, há notícias que podem lhe interessar.”

“Oh?”, Duncan caminhou até o sofá e viu o jornal da manhã recém-entregue. O jornal ainda exalava um leve cheiro de tinta, e as várias folhas estavam empilhadas ordenadamente. Ele pegou os jornais e, enquanto se sentava no sofá, abriu-os casualmente e logo encontrou a notícia que Morris mencionara.

Alice se aproximou com seus passinhos rápidos e espiou por trás do sofá, curiosa com o jornal nas mãos de Duncan: “O que diz o título aqu…”

CLACK

Uma cabeça redonda caiu sobre o jornal de Duncan e rolou de lá para seu braço.

A cabeça virou, e Alice, de face para cima, ficou cara a cara com Duncan, piscando os olhos inocentemente: “Aju… aju… ajude…”

“Você não aprende nunca?”, Duncan suspirou, quase resignado, pegando a cabeça de Alice. Ele ajeitou a peruca loira que ela usava por fora, presa por uma fita, e seu cabelo prateado por baixo, depois levantou a mão e pressionou a bela cabeça de volta no pescoço da boneca gótica. “Além disso, até o Cão consegue ler jornal. Você não entende nem um título?”

Alice, enquanto ajeitava a cabeça atrapalhadamente, murmurou sem graça: “Na verdade, só não entendi umas quatro ou cinco palavras…”

Duncan imediatamente a encarou com o olhar: “O título tem oito palavras no total!”

A boneca analfabeta: “…Hehe.”

“É um aviso da prefeitura”, Duncan suspirou, sentindo que discutir com essa boba era exaustivo para o corpo e a mente. Ele apontou para as palavras no jornal, lendo-as uma por uma para Alice: “Aos cidadãos, reduzam as saídas. O conteúdo abaixo informa aos residentes de Geada para não se aproximarem das áreas costeiras recentemente, reduzirem as aglomerações em vias públicas, estarem prontos para cooperar com as inspeções dos oficiais de segurança ou guardas, e que o nível do toque de recolher foi elevado. Agora, exceto pelo pessoal da igreja e por aqueles com licenças especiais de trabalho noturno, ninguém pode sair de casa à noite.”

Alice contornou o sofá e sentou-se ao lado de Duncan. Enquanto se inclinava curiosamente para olhar as palavras no jornal, ela virava a cabeça seguindo o dedo de Duncan. Só depois de ler tudo, ela ergueu a cabeça, curiosa: “O que isso significa?”

“Significa que a pressão de Tyrian funcionou”, disse Duncan com indiferença. “Se nada der errado, o tráfego externo de Geada será bloqueado. Assim, não precisaremos nos preocupar com a contaminação desta cidade-estado se espalhando, e os Aniquiladores escondidos na cidade não poderão mais contatar o mundo exterior. Por outro lado, a ‘carta-denúncia’ que enviei parece ter estimulado a igreja também. Um toque de recolher mais alto e proibições de trânsito rigorosas significam uma investigação de hereges mais rigorosa. Mais Aniquiladores serão expostos.”

“E então… o problema estará resolvido?”, os olhos de Alice se arregalaram de surpresa. “Os bandidos serão todos presos?”

“Como poderia ser tão simples?”, Duncan deu de ombros. “Capturar alguns Aniquiladores é apenas o começo. Mas, à medida que mais e mais deles forem capturados, o método que eles usam para se conectar com as profundezas do mar poderá ser exposto. Só então o problema será verdadeiramente desenterrado.”

Enquanto falava, ele dobrou o jornal e o colocou de lado.

Ele havia passado os olhos pelo resto do conteúdo e não havia mais nada que valesse a pena notar.

“Então… o que vamos fazer agora?”, perguntou Alice ao lado.

“Já que as autoridades de Geada estão ocupadas, nós também vamos dar uma volta”, Duncan se levantou e olhou na direção da sala de jantar. “Depois do café da manhã, vamos sair. Vamos dar um alô para um ‘informante’ do Tyrian.”