Índice de Capítulo

    Hora da Recomendação, leiam Fagulha das Estrelas. O autor, P.R.R Assunção, tem me ajudado com algumas coisas, então deem uma força a ele ^^ (comentem também lá, comentários ajudam muito)

    Talvez passe a usar mais esse espaço para recomendar outras obras (novels ou outras coisas que eu achar interessante ^^)

    O Carvalho Branco continuava a avançar na névoa fina. A poderosa força do seu núcleo a vapor impulsionava seu sistema de propulsão massivo e eficiente, permitindo-lhe atravessar rapidamente esta área marítima coberta de névoa.

    O céu escureceu um pouco em algum momento, e o vento frio sobre o mar tornou-se ainda mais desconfortável. Lawrence apertou o casaco, sentindo que já havia passado tempo suficiente soprando o vento no convés hoje, e se virou para voltar para a ponte de comando.

    Um jovem sacerdote, vestindo uma túnica preta com bordas prateadas e padrões azuis, estava orando ao lado de uma máquina, balançando suavemente o turíbulo em sua mão, permitindo que a fumaça envolvesse vários painéis de controle. Ao ver o capitão, ele parou e acenou educadamente para Lawrence.

    Ele era o sacerdote de bordo para esta viagem, Jameson. Lawrence não conhecia bem o jovem clérigo. Na verdade, a maioria dos capitães que transportavam “itens anômalos” tinha que lidar frequentemente com clérigos desconhecidos. Os sacerdotes em seus navios eram designados diretamente pela igreja da cidade-estado e trocados com frequência. Um sacerdote de bordo geralmente acompanhava o navio em apenas duas ou três viagens, e esse sistema de substituição era, naturalmente, por razões de segurança.

    Afinal, os navios que transportavam mercadorias perigosas eram inevitavelmente afetados por forças sobrenaturais. E como a “barreira sobrenatural” de todo o navio, o sacerdote de bordo suportava quase toda a pressão causada pela interferência sobrenatural. Isso incluía a contaminação dos itens a bordo e a pressão mental gerada pelos membros da tripulação durante a viagem. Até mesmo a influência real dos sonhos de cada tripulante à noite se refletiria nas orações e rituais diários do sacerdote.

    Os sacerdotes de bordo também eram mortais. Sob pressão constante de uma influência sobrenatural específica, eles seriam inevitavelmente assimilados e afetados. Após várias viagens de longa distância, eles perderiam sua sensibilidade aguçada à contaminação sobrenatural e poderiam até se tornar uma fenda para a invasão do subespaço. Portanto, em circunstâncias normais, os sacerdotes que acompanhavam os navios tinham que retornar à terra após um período de tempo para passar por um período de purificação e remodelação espiritual em uma igreja específica. A maioria deles poderia se recuperar e ser designada para outros navios para continuar servindo como sacerdotes de bordo, enquanto alguns que sofriam de problemas mentais residuais só podiam ficar longe do mar, passando o resto de suas vidas como clérigos em terra, continuando a servir à igreja.

    Portanto, em certo sentido, esses respeitáveis sacerdotes… também eram consumíveis na navegação.

    Mas, por outro lado… quem não era um consumível na navegação?

    “Senhor Jameson, como estão as máquinas?”, Lawrence acenou para o jovem sacerdote à sua frente e perguntou com preocupação.

    “Funcionando bem, capitão”, disse o jovem sacerdote, com a voz calma. “Acabei de ir à sala de máquinas inferior, e todo o sistema de propulsão e os dutos de vapor estão normais.”

    Lawrence assentiu com satisfação, conversou casualmente com o jovem sacerdote por mais alguns minutos e depois foi para a ampla janela na frente da ponte de comando, observando a paisagem lá fora.

    O convés estava cinzento, o céu lá fora estava um pouco escuro, coberto por nuvens caóticas e turvas. A luz difusa flutuava entre as nuvens, caindo sem força sobre o mar. O tempo não estava bom, mas eles já não estavam longe de Geada e não deveriam ficar presos por uma tempestade ou algo pior antes de chegar à cidade-estado.

    Lawrence franziu a testa de repente e olhou para um membro da tripulação sentado em um painel de controle não muito longe: “Geada ainda não respondeu ao nosso sinal?”

    “Não”, o membro da tripulação responsável por monitorar o sistema de telégrafo balançou a cabeça. Ele usava fones de ouvido, segurava um lápis em uma mão e, na sua frente, uma pequena máquina brilhava com uma luz laranja-amarelada. “Também não recebemos um retorno do sinal. Mas, pela nossa posição, já estamos a uma distância em que podemos entrar em contato direto com o porto de Geada.”

    “…Não está certo”, o velho capitão finalmente sentiu uma ponta de inquietação. Ele olhou para longe novamente, sua expressão tornando-se gradualmente séria. “A esta hora, nesta posição, já deveríamos conseguir ver a costa de Geada…”

    Ele se virou de repente, olhando para seu primeiro-imediato: “A rota foi confirmada?”

    “Acabamos de confirmar, nossa posição está correta.”

    Lawrence franziu a testa e, após um momento, respirou fundo: “Vou confirmar pessoalmente mais uma vez. Prepare a sala de observação de estrelas.”

    Ao ouvir as palavras do capitão, o primeiro-imediato obviamente hesitou, mas antes que ele pudesse falar, o jovem sacerdote de bordo, Jameson, aproximou-se e disse a Lawrence: “Capitão, sua idade já não é mais adequada para entrar na sala de observação…”

    Lawrence olhou para o jovem sacerdote, mas não falou.

    Ele sabia o que o outro queria dizer. Entrar na sala de observação exigia suportar uma certa quantidade de contaminação. As luzes e sombras vindas da fenda entre as Profundezas e o Plano Espiritual pressionariam a mente. E como um velho capitão que navegara no Mar Infinito por metade da vida, sua mente já não era tão normal e completa quanto na juventude. Ele poderia facilmente se perder durante a observação das estrelas.

    Mas, em muitas ocasiões, apenas os capitães mais velhos tinham experiência suficiente para ver os menores indícios de desvio de curso nas sutis mudanças da luz das estrelas — algo que os jovens navegadores de mente sã não conseguiam fazer.

    “Terminarei o mais rápido possível”, após se encararem por alguns segundos, Lawrence finalmente falou, com uma expressão muito séria. “Suspeito que o navio desviou do curso, mas há um erro de calibração na sala de observação. Eu tenho experiência em calibrar.”

    Confirmando a atitude firme de Lawrence, o sacerdote de bordo só pôde suspirar e se afastar para o lado: “…O senhor é o capitão, e o capitão é a lei a bordo. Prepararei a proteção para o senhor.”

    Lawrence assentiu e olhou para a proa do navio novamente.

    Na direção em que esperava ver a costa de Geada, ainda havia apenas o vasto e infinito mar, e uma névoa fina e sem fim.

    Ele desviou o olhar e caminhou em direção à passagem que levava à sala de observação.

    Saindo da ponte de comando, atravessando um corredor, descendo uma escada que levava aos níveis inferiores do Carvalho Branco, passando por alguns compartimentos de conexão e várias portas, chegava-se à sala de observação.

    No nível mais baixo do casco do navio.

    Lawrence parou em frente à porta. O sacerdote de bordo, Jameson, começou a se ocupar. O jovem clérigo adicionou especiarias especiais e óleo sagrado ao turíbulo e, enquanto recitava escrituras obscuras e difíceis de entender, balançava a corrente em sua mão, permitindo que o aroma do incenso se espalhasse gradualmente ao redor de Lawrence. Em seguida, ele pegou uma pequena faca cerimonial com várias runas da tempestade desenhadas e a passou pelo ar na frente de Lawrence, simbolizando a chegada da proteção da Deusa da Tempestade, Gomona.

    O navegador do Carvalho Branco já havia chegado, avisado. Era um jovem de rosto um tanto pálido, que parecia um pouco inquieto. Ao ver que o capitão ia entrar pessoalmente na sala de observação para confirmar a rota, ele ficou tão nervoso que quase arrancou os botões de sua roupa.

    “Relaxe”, Lawrence notou a reação do navegador e sorriu, consolando o jovem. “Não é necessariamente sua culpa. O Plano Espiritual e as Profundezas estão cheios de mudanças imprevisíveis, e a Lente do Plano Espiritual nem sempre é confiável. O desvio das estrelas é uma ocorrência normal. Você tem pouca experiência, isso é normal.”

    “Eu… eu verifiquei repetidamente, nossa rota está correta”, disse o jovem navegador inconscientemente. “Mas…”

    Lawrence acenou com a mão: “Vou descobrir o que está acontecendo.”

    “Capitão, a bênção está completa”, a voz do sacerdote de bordo soou ao lado. “O senhor pode entrar na sala de observação. Mas, por favor, lembre-se, não fique muito tempo, não olhe por muito tempo. Em quinze minutos, se o senhor não tiver saído, eu entrarei para procurá-lo.”

    “Dez minutos serão suficientes”, disse Lawrence, ajeitando as roupas, com uma expressão calma.

    Em seguida, ele soltou um leve suspiro, aproximou-se da grande porta de metal com runas da tempestade desenhadas e fios de prata sagrada incrustados, e a empurrou para entrar.

    Uma cabine mal iluminada apareceu.

    Lawrence fechou a porta de metal atrás de si e verificou rapidamente a situação na sala de observação.

    A sala não tinha janelas, e a porta de metal era a única entrada e saída. Não havia nenhuma instalação extra na sala. O único móvel era um dispositivo cilíndrico com cerca de um metro de diâmetro, colocado no centro da sala.

    Parecia um altar, mas ao redor de sua base cilíndrica havia um grande número de manivelas, bielas e espelhos. Ao seu lado, havia uma pequena plataforma para uma pessoa ficar, o lugar do navegador. E no topo do dispositivo cilíndrico, havia um componente transparente e côncavo.

    Era uma lente de cristal, sustentada por um conjunto muito complexo de hastes. A lente de cristal tinha a forma de uma tigela, e seu interior parecia vazio — mas quando se focava o olhar nela, parecia haver um brilho de ondas no interior da lente.

    Aquele brilho parecia estar cheio de água do mar.

    Lawrence subiu na pequena plataforma ao lado do dispositivo cilíndrico e olhou para a lente à sua frente.

    Um navio navegando no vasto Mar Infinito, quase sem nenhum marco de referência na superfície do mar. As cidades-estado eram ilhas isoladas, e se um navegador errasse o destino, ele se perderia no mar sem fim. Portanto, a navegação tornou-se uma ciência muito importante.

    O Fenômeno 001, o Sol, era um ótimo marco celestial. Usar o sol para determinar a posição do navio era, obviamente, uma das técnicas de navegação. Mas o céu nem sempre mostrava o sol, e às vezes, apenas o sol não era suficiente para fornecer uma navegação precisa. Quando isso acontecia, como determinar com precisão se o navio estava na rota correta?

    A resposta, é claro, era — olhar as estrelas.

    Observar as estrelas era uma habilidade essencial para a navegação oceânica moderna.

    Lawrence abaixou a cabeça, inclinou-se lentamente e mergulhou todo o rosto na estrutura côncava da grande lente de cristal.

    As estrelas estão em um lugar muito, muito profundo. Para vê-las, não é necessário apenas um equipamento engenhoso, mas também uma mente sã.

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