Hora da Recomendação, leiam Fagulha das Estrelas. O autor, P.R.R Assunção, tem me ajudado com algumas coisas, então deem uma força a ele ^^ (comentem também lá, comentários ajudam muito)
Talvez passe a usar mais esse espaço para recomendar outras obras (novels ou outras coisas que eu achar interessante ^^)
Capítulo 364: Partindo Furtivamente
Masha desapareceu, como se nunca tivesse existido.
No entanto, o toque quente ainda permanecia em suas têmporas, e o aroma com um leve toque de limão ainda pairava em seu nariz. Ela parecia nunca ter vindo, mas também nunca ter partido.
Lawrence sentiu seus dedos tremerem um pouco. Ele baixou a cabeça e tentou várias vezes antes de conseguir fechar a pequena tampa do frasco, e demorou muito tempo para colocá-lo de volta no bolso junto ao corpo. Sentiu seu coração bater descontroladamente — nem mesmo durante as grandes tempestades seu coração batera assim.
A razão chegou tardiamente, como quem acorda de um longo sonho. Ele percebeu que acabara de roçar a loucura e quase caíra em um estado de delírio contínuo. Para um capitão que navegou no Mar Infinito por metade da vida, uma vez nesse estado, seria impossível recuperar a razão. No entanto, naquele momento, ele não sentia nem o alívio de ter sobrevivido, nem o resquício do medo de ter enfrentado a loucura.
Ele sentia apenas uma tristeza e um arrependimento apáticos.
E essa tristeza e arrependimento apáticos eram um sinal de alerta ainda maior — significava que, no fundo, ele já não se opunha tanto à própria “loucura”.
Lawrence inspirou profundamente, tentando expulsar de sua mente os pensamentos que enredavam sua razão. Ele olhou ao redor. O Carvalho Branco estava sob seus pés, e havia uma tripulação inteira esperando que ele os levasse de volta para Pland.
Agora não era hora de enlouquecer.
“Eu realmente preciso me aposentar…”, o velho capitão suspirou, começando a andar lentamente em direção à escada à sua frente. Mas, após alguns passos, ele parou de repente, com uma expressão um tanto séria.
Ele se lembrou novamente da cena em que “Masha” apareceu. Embora soubesse que essa “lembrança” era perigosa e poderia muito bem fazer com que ela reaparecesse, ele não pôde deixar de recordar, pois de repente percebeu que algumas das coisas que “Masha” lhe disse eram muito intrigantes:
“Lawrence, cuidado, você chegou ao meio do mar…”
“Se eu fosse você, não faria perguntas desnecessárias agora, mas partiria imediatamente daqui… Sua vigilância diminuiu…”
Lawrence repetiu mentalmente essas duas frases. Embora soubesse que aquilo foi uma alucinação causada por sua memória confusa e cognição abalada, ele não pôde deixar de tomar as duas frases como um tipo de alerta. Masha talvez não existisse, mas será que, no fundo de sua intuição, ele sentiu algum perigo? Essas duas frases… eram seu subconsciente emitindo um aviso?
O velho capitão olhou ao redor, observando novamente com atenção o “Carvalho Branco”. Tudo o que via parecia normal. Em seguida, ele ergueu a cabeça e olhou para a cidade-estado de Geada ao lado.
A cidade-estado de Geada também parecia normal. A área portuária próxima parecia calma e pacífica. As luzes já começavam a se acender na área urbana um pouco mais distante. Mais longe ainda, o alto penhasco que dava para o mar exibia uma silhueta rígida e forte sob a luz fraca do céu.
Mas uma leve sensação de estranheza surgiu, irresistível como a maré subindo em seu coração. E com essa sensação, Lawrence de repente ouviu o som suave das ondas — sobreposto ao som das ondas ao redor do Carvalho Branco. A princípio, ele não conseguiu distinguir, mas logo percebeu que o som estava ecoando diretamente em sua mente.
‘O som das ondas… é um aviso? É a bênção da Deusa da Tempestade, Gomona, fazendo efeito?!’
O olhar de Lawrence se aguçou. Ele imediatamente abandonou a ideia de ir para a costa e correu abruptamente em direção à ponte de comando. O vento frio da noite assobiava em seus ouvidos, estimulando seus nervos como uma lâmina.
“Capitão?”, o primeiro-imediato de serviço na ponte ficou chocado ao ver Lawrence aparecer de repente. Ele se levantou da cadeira e correu até o capitão. “O senhor não ia para a costa…”
“A situação mudou”, disse Lawrence rapidamente. “Sinto que algo não está certo… Há quanto tempo estamos atracados aqui? Alguém escapuliu para a costa?”
“Não”, disse o primeiro-imediato imediatamente. “O senhor já ordenou que todos permanecessem a bordo, e todos foram bem obedientes. Além disso, estamos atracados aqui há várias horas.”
“É bom que ninguém tenha desembarcado”, Lawrence assentiu rapidamente e depois olhou para a direção do leme. “Acendam o núcleo a vapor, vamos deixar este porto.”
“Ah… hã?”, o primeiro-imediato não reagiu de imediato. “Deixar este porto? Nós acabamos de…”
Lawrence o interrompeu antes que pudesse terminar: “Este lugar não está certo. Não sei explicar, mas tenho um péssimo pressentimento. Lembra-se do problema na sala de observação? E antes disso, quando não conseguimos contatar Geada? Desde então, a vigilância de todos diminuiu. Algo… está afetando a todos nós.”
Ele falou rapidamente, ciente de quão anormal era a ordem que estava dando. Além de uma leve sensação de estranheza intuitiva, ele não tinha nenhuma prova para justificar sua ordem. O Carvalho Branco acabara de passar por uma longa viagem, e tanto os homens quanto as máquinas precisavam de descanso. Nessas circunstâncias, sua ordem de partida parecia uma loucura.
Além disso, a partida exigia coordenação com as autoridades portuárias. Reacender o núcleo a vapor sem aviso prévio era uma violação grave, e ele teria que assumir a responsabilidade por sua decisão.
Mas o forte sinal de alerta pulsava em seu coração, e o som cada vez mais intenso das ondas ecoava em sua mente. A bênção de Gomona o alertava: não continue em contato com o “porto” de forma alguma, nem mesmo mais uma palavra.
O primeiro-imediato olhou fixamente para o capitão à sua frente. Após quase meio minuto, ele de repente se endireitou e disse em voz alta: “Sim, capitão!”
A bordo, a palavra do capitão é a lei.
Um capitão que perdeu o juízo pode levar toda a tripulação à ruína, mas, com maior probabilidade, um capitão experiente salvará toda a tripulação de uma crise.
A ordem foi rapidamente transmitida a todo o navio. Os marinheiros, confusos, foram instados a agir e logo, em uma habilidade reflexa, prepararam-se para zarpar novamente.
Novo catalisador de Ouro Fervente foi inserido no núcleo a vapor. Um som baixo de vibração mecânica despertou nas profundezas do Carvalho Branco. Os marinheiros soltaram silenciosamente as amarras do costado e recolheram a prancha para o convés. Lawrence, na ponte de comando, observava atentamente os movimentos no cais através do amplo vidro do navio.
Algumas figuras se moviam no cais. Sob a luz fraca das lamparinas a gás, as silhuetas eram turvas e pouco nítidas. Alguns veículos de carga passavam um pouco mais longe, deixando sombras longas e escuras na estrada.
Eles pareciam não ter notado que um navio reacendeu seu núcleo a vapor sob o manto da noite, e nenhuma “coisa” apareceu de repente para interceptar o Carvalho Branco que se preparava para partir furtivamente.
A situação já era melhor do que o esperado. Na pior das hipóteses de Lawrence, ele até temia que, no instante em que o núcleo a vapor fosse reacendido, centenas de tentáculos de monstros marinhos surgissem de repente das águas circundantes e arrastassem o Carvalho Branco para o fundo.
“Mantenham o blecaute de luzes, não soem a sirene”, disse Lawrence rapidamente ao primeiro-imediato ao seu lado, e depois caminhou até o leme, assumindo-o pessoalmente. “Eu mesmo vou pilotar. Mantenham a caldeira em alta pressão, pronta para sobrecarga a qualquer momento.”
“Sim, capitão.”
Embora ainda houvesse dúvidas em seus corações, todos a bordo executaram a ordem do velho capitão sem hesitação. Lawrence sentia o gigante de aço sob seus pés começar a se mover lentamente.
Todo o navio manteve o blecaute de luzes. As hélices sob a água começaram a girar. O Carvalho Branco foi se afastando gradualmente do porto. O som da água sendo agitada ecoou, e todos ficaram tensos, com os olhos voltados para a cidade-estado vizinha, envolta na noite.
Lawrence sentia as palmas das mãos suadas.
Mas a cidade-estado ainda não mostrava nenhuma reação anormal. Mesmo que o movimento do Carvalho Branco já não pudesse ser escondido, ninguém veio verificar a situação.
Ele olhou novamente para a estação de rádio ao lado. O telégrafo estava silencioso como a morte.
Em teoria, o escritório de assuntos portuários já deveria ter enviado um contato de emergência, e o oficial do porto de serviço estaria questionando o motivo da partida repentina do Carvalho Branco. Mas nada aconteceu.
Isso, ao contrário, fortaleceu a confiança de Lawrence, fazendo-o acreditar que seu julgamento estava correto.
Este lugar realmente não estava certo!
A potência do núcleo a vapor aumentou um nível, a velocidade das hélices aumentou gradualmente. O Carvalho Branco se afastou cada vez mais rápido da área do cais, e o mar aberto começou a aparecer bem na frente da ponte. A superfície da água brilhava com reflexos.
Lawrence inspirou profundamente e segurou o leme com força: “Velocidade máxima!”
Um vento cinzento varreu o pátio, tomando forma no átrio da Grande Catedral. A figura de Agatha emergiu do vento cinzento. Ela atravessou rapidamente o pórtico e o salão, chegando ao “Santuário de Meditação” onde o Bispo Ivan da cidade-estado se encontrava.
A estátua do deus da morte, Bartok, erguia-se silenciosamente no final do santuário. O caixão preto e pesado estava deitado na plataforma aos pés da estátua. A tampa do caixão estava aberta, mas o Bispo Ivan, que costumava descansar no caixão, estava ao lado, olhando na direção de Agatha.
O bispo, envolto em bandagens como uma múmia, com apenas um olho exposto, hoje usava uma túnica preta com bordas douradas e segurava um báculo de estanho. Quando Agatha se aproximou, ele falou primeiro: “Eu já soube do que aconteceu na Ilha Adaga.”
“Percebe-se, o senhor vai presidir a reunião pessoalmente”, Agatha assentiu, mas com um pouco de preocupação. “Seu corpo aguenta?”
O Bispo Ivan ergueu a mão e, na fresta das bandagens, uma névoa branco-acinzentada parecia flutuar lentamente.
“Basta que o corpo ou a vontade aguente.”
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