Capítulo 373: "Vá para Geada"

Era uma ilha com uma costa sinuosa e penhascos rochosos, coberta por uma camada de névoa. Não era possível ver claramente a situação nela, apenas se podia distinguir vagamente o terreno acidentado e as silhuetas bizarras que se escondiam na névoa, como rochas disformes ou edifícios desmoronados.

Sua aparição foi extremamente abrupta, quase como se tivesse surgido do nada perto do Carvalho Branco.

“O que é aquilo?”, o primeiro-imediato olhou chocado para a silhueta da ilha que aparecera no mar distante. A tensão e o medo causados pelo súbito retorno do conceito de “sol” à sua mente ainda não haviam se dissipado, e agora ele via uma ilha aparecer de repente, a ponto de até mesmo um velho marinheiro como ele, que lidava com o Mar Infinito há anos, ter a voz trêmula. “Uma ilha… existe uma ilha assim perto de Geada? Havia uma ilha assim em nossa rota planejada?”

“Já não existe mais uma rota planejada. O Carvalho Branco está navegando em uma área marítima anômala. Estamos longe do mundo real, ver qualquer coisa é normal”, a voz calma de Lawrence soou, como se tivesse o poder de acalmar os ânimos. Embora um segundo antes estivesse chocado com o desaparecimento do “sol”, o velho capitão parecia ter se acalmado completamente. “Uma ilha… perto de Geada há uma ‘Ilha Adaga’, mas não tenho certeza se é ela… não se parece com a do mapa de identificação.”

“O que devemos fazer?”, o primeiro-imediato se virou. “Devemos nos aproximar? Ou nos afastar?”

Lawrence ficou em silêncio, ponderando rapidamente.

‘Aquela ilha apareceu de repente, logo depois que eu e o primeiro-imediato percebemos o conceito de “sol”. Sua aparição está relacionada à correção da cognição?

Aquela ilha está envolta em névoa. É uma névoa densa e real, ou uma ilusão causada por um viés cognitivo?

Aquela ilha é fixa? O Carvalho Branco pode realmente se afastar dela? Se a aparição daquela ilha foi de alguma forma “intencional”, então não importa como o Carvalho Branco corra, ela pode continuar a aparecer na frente do navio.

Mas, de qualquer forma, por uma questão de cautela, não se deve aproximar precipitadamente.’

“Contorne-a”, disse Lawrence com voz grave. “Contorne pela esquerda, afaste-se a toda velocidade.”

“Sim, capitão!”

O primeiro-imediato correu para a ponte de comando. Um momento depois, uma sirene soou alto sobre o Carvalho Branco. Lawrence sentiu o navio sob seus pés começar a virar, e as máquinas a vapor nas profundezas do casco emitiam um rugido de potência.

Muitos marinheiros já haviam notado a ilha que aparecera de repente. Alguns se aproximaram da beira do convés, observando com nervosismo e inquietação a ilha envolta em névoa à distância. E sob os olhares de todos, a ilha foi sendo deixada para trás do Carvalho Branco, afastando-se gradualmente.

Lawrence soltou um suspiro de alívio, virou-se e também caminhou em direção à ponte de comando.

Seus passos pararam de repente.

Uma figura apareceu em seu campo de visão — vestindo um uniforme de capitão feminino, com longos cabelos levemente cacheados soltos nas costas, de braços cruzados, e um leve sorriso no rosto.

“Lembra-se do que eu disse?”, a figura falou, com um tom de profunda resignação. “Você realmente deveria se aposentar. Não espere até que eu apareça no seu navio para começar a se arrepender… Lawrence, você já está velho.”

“Masha…”, Lawrence chamou o nome inconscientemente. Em seguida, ele rapidamente enfiou a mão no bolso, querendo pegar o frasco de remédio.

Ao mesmo tempo, um choque encheu sua mente. ‘Por que tão rápido? Por que o efeito do remédio passou tão cedo? Faz apenas um dia desde a última aparição de Masha… a duração do remédio já está tão curta?’

Ele sentiu a palma de sua mão tremer, e seu braço também tremia. Ele finalmente tocou o frasco de remédio, mas assim que ia abri-lo, uma mão pousou de repente em seu braço.

Sabe-se lá quando, Masha já estava ao seu lado. Ela estendeu a mão, segurando o braço do velho capitão, com uma expressão de preocupação no rosto.

“O remédio não funciona mais, você sabe disso, na verdade”, disse Masha em voz baixa. “Se você o beber agora, eu irei embora por um tempo e depois reaparecerei. Se você beber o frasco inteiro, eu irei embora por mais tempo, mas ainda reaparecerei… Lawrence, o remédio não funciona mais.”

“Eu… eu não entendo…”, Lawrence piscou, hesitante. Ele olhou para o rosto mais querido de suas memórias, mas sentiu apenas um hálito gelado se espalhando em seu coração. “Eu conheço meu estado, e aquela psiquiatra é uma especialista renomada, mas por que…”

“Sua mente está sendo afetada, Lawrence, você não sentiu? Esta área do mar está te afetando”, disse Masha em voz baixa — talvez fosse a voz de Masha, ou talvez a própria consciência de Lawrence falando. Obviamente, em sua consciência, este velho e experiente capitão já havia percebido um pouco da verdade. “À medida que você permanece aqui, sua mente se deteriora mais rapidamente. Cuidado, Lawrence, você já está no meio do mar…”

“Como eu saio daqui?”, Lawrence falou inconscientemente. Sem perceber, ele já havia soltado o frasco de remédio.

O pequeno frasco caiu no convés, estilhaçando-se com um som nítido. O meio frasco de remédio derramou-se, misturando-se com a água acumulada no convés, tornando-se indistinguíveis.

Lawrence baixou a cabeça, olhando atônito para o frasco de remédio quebrado.

Masha ainda segurava seu braço e falou em voz baixa: “Vá para Geada…”

Lawrence sobressaltou-se, como se despertasse de um sonho. Ele ergueu a cabeça, mas viu que ao seu lado não havia ninguém — apenas um leve calor residual permanecia em seu braço.

O som de passos apressados veio de repente de não muito longe. Lawrence ergueu a cabeça e viu o primeiro-imediato correndo em sua direção.

“Capitão, nós ‘despistamos’ a ilha”, disse o primeiro-imediato rapidamente. Mas então ele ergueu a cabeça, olhou ao redor com curiosidade, como se procurasse por algo. “E a pessoa que estava com o senhor agora? Também era um marinheiro do navio?”

“Você viu errado, eu estive sozinho o tempo todo…”, Lawrence disse inconscientemente, mas no meio da frase ele reagiu, erguendo a cabeça abruptamente e encarando o primeiro-imediato. “O que você disse? A pessoa que estava comigo agora?!”

“Sim, estava ao seu lado agora há pouco, parecia ser uma senhora, mas eu não vi direito”, disse o primeiro-imediato, um tanto confuso. “Será que eu vi errado?”

Lawrence arregalou os olhos. Seu olhar arregalado até assustou um pouco o primeiro-imediato. Após vários segundos, ele falou de repente: “Você consegue vê-la?!”

O primeiro-imediato engoliu em seco inconscientemente. Ele não sabia por que seu capitão reagia assim: “…Eu realmente a vi.”

Assim que terminou de falar, este experiente marinheiro pareceu ter pensado em algo, e seu rosto ficou tenso: “Espere, será que aquilo era uma ilusão? Eu fui afetado?”

“Aquilo era de fato uma ilusão… mas em teoria deveria ser uma ilusão que só eu poderia ver”, o rosto de Lawrence tornou-se excepcionalmente feio. Ele acenou com a mão, sinalizando para o outro não se assustar demais, mas sua própria mente estava uma bagunça. “Não deveria, não deveria…”

O velho capitão ergueu a cabeça, olhando ao redor um tanto confuso, como se ainda quisesse encontrar a silhueta de Masha.

E em sua mente, tudo parecia misturado — realidade, ilusão, memória, delírio…

A fronteira entre o real e o ilusório parecia ter desaparecido aqui. A ilusão que em teoria só ele poderia ver também apareceu nos olhos de outros. O falso estava se tornando real, e o real?

‘Esta área do mar é real? O Carvalho Branco é real?

Que lugar diabólico é este?’

A mente de Lawrence estava um caos, mas de repente, um grito de marinheiro vindo de algum lugar no convés interrompeu seus pensamentos confusos.

Um marinheiro havia descoberto algo no mar.

Lawrence e o primeiro-imediato se entreolharam e correram rapidamente em direção à amurada lateral. Logo, eles viram o que causara a exclamação do marinheiro:

Uma ilha apareceu na frente do Carvalho Branco. Tinha uma costa sinuosa e altos penhascos de pedra, e a ilha estava envolta em névoa…

Aquela ilha apareceu novamente.

“…Aquela ilha se move…”, o primeiro-imediato engoliu em seco, nervoso. O pior de seus palpites se tornara realidade diante de seus olhos. “Ela nos alcançou…”

“Também é possível que estejamos andando em círculos, e que esta área do mar esteja cheia de ‘véus’ que podem ofuscar a visão temporariamente”, a voz de Lawrence era baixa, seu olhar fixo naquela ilha. “É até possível que ‘Geada’ esteja ao nosso lado agora…”

O primeiro-imediato olhou chocado para o capitão. Ele não sabia por que o velho capitão de repente mencionara a palavra “Geada”, mas logo se recompôs e perguntou: “Capitão, o que faremos desta vez? Continuaremos a contorná-la?”

Lawrence ficou em silêncio, pensando rapidamente por um momento.

As palavras que Masha sussurrou em seu ouvido ainda ecoavam em sua mente:

“Vá para Geada.”

Aquela ilha certamente não era a cidade-estado de Geada, mas sua aparição repetida perto do Carvalho Branco talvez fosse algum tipo de “guia”.

Pouco tempo antes, ele liderou o Carvalho Branco em uma “fuga” apressada da cidade-estado de Geada, que exalava uma atmosfera bizarra, apenas para ficar preso nesta área marítima desconhecida. E agora, “Masha” o guiava novamente, dizendo-lhe para “ir para Geada”.

E diante dele apareceu uma pequena ilha desconhecida, com uma atmosfera ainda mais bizarra, que apareceu de repente ao lado do Carvalho Branco duas vezes seguidas.

Qual escolha seria a correta?

“…Vamos nos aproximar daquela ilha.”