Hora da Recomendação, leiam Fagulha das Estrelas. O autor, P.R.R Assunção, tem me ajudado com algumas coisas, então deem uma força a ele ^^ (comentem também lá, comentários ajudam muito)
Talvez passe a usar mais esse espaço para recomendar outras obras (novels ou outras coisas que eu achar interessante ^^)
Capítulo 490: A Mansão Bizarra
Duncan parou no topo da alta escada em espiral, olhando e examinando a mansão antiga e suntuosa, confirmando novamente seu julgamento: esta misteriosa mansão e o quarto onde a Rainha de Geada, Ray Nora, estava antes eram quase idênticos em estilo!
Com um pensamento súbito, ele se virou imediatamente, olhando para a outra direção no topo da escada em espiral.
Lá havia um corredor profundo no segundo andar. Nas paredes de ambos os lados, pendiam pinturas a óleo bizarras cujos detalhes não podiam ser vistos claramente. Entre as pinturas, havia candelabros de ferro, negros como espinhos, com chamas pálidas. O corredor estava mal iluminado, e em suas profundezas, entre as sombras nebulosas e escuras, parecia haver uma porta.
‘Será aquele o quarto do dono da mansão?’
Duncan imediatamente deu um passo, caminhando rapidamente em direção às profundezas do corredor escuro e sombrio. O velho piso de madeira rangia monotonamente sob seus pés, e os pálidos candelabros em ambos os lados do corredor pareciam ser perturbados pela leve brisa que ele criava, balançando de forma irregular. O corredor, que já era sombrio e bizarro, ficou ainda mais tremeluzente e turvo.
Duncan parou no final do corredor, as sobrancelhas franzidas, olhando para a escuridão à sua frente.
Não havia porta ali. A grande porta que apareceu nas sombras antes parecia ter sido apenas uma ilusão passageira. Diante dele, havia apenas um corredor que terminava abruptamente. O piso, as paredes e o teto do corredor estavam quebrados e fraturados, e do outro lado da fratura, havia apenas um espaço escuro, vazio e aterrorizante.
Duncan aproximou-se cuidadosamente da beira do piso despedaçado, esticou a cabeça para dar uma olhada e depois se virou, observando os arredores da fratura.
Lá fora, havia um espaço vazio e infinito. O corredor sob seus pés flutuava abrupta e solitariamente no ar, sem apoio. Nenhuma outra parte da mansão podia ser vista, muito menos o quarto e a porta que teoricamente deveriam estar no final do corredor.
Duncan recuou, olhando silenciosamente para aquele lugar vazio.
Algo deveria ter existido ali. Um quarto, uma porta. No entanto, agora havia desaparecido, como se tivesse sido “arrancado” da mansão, sumindo naquele vazio.
De repente, um som de sussurros veio de perto, interrompendo as reflexões de Duncan.
Ele olhou bruscamente na direção do som.
Uma figura sem cabeça, vestindo um casaco preto, estava de pé perto da parede, não muito longe, curvada e limpando cuidadosamente uma mesa de decoração de mármore.
Duncan pensou por um momento e depois caminhou em direção à figura sem cabeça.
A figura sem cabeça não fugiu como as outras que haviam desaparecido num piscar de olhos, mas lentamente se endireitou. Quando Duncan se aproximou, ela até se curvou ligeiramente, como um mordomo bem treinado, exibindo uma postura apropriada.
Só que a estrutura nua acima de seus ombros tornava essa postura educada e apropriada ainda mais bizarra e aterrorizante.
“Convidado, a quem procura?”, uma voz oca e abafada soou do peito do corpo sem cabeça, soando polida.
Uma sensação bizarra surgiu em seu coração, mas Duncan, afinal, já lidara com muitas coisas sinistras neste mundo. Ele rapidamente ignorou essa estranheza e conversou com o corpo sem cabeça à sua frente com uma expressão calma: “O que aconteceu com o quarto no final do corredor?”
“Ele partiu”, respondeu o corpo sem cabeça. “Partiu há muito, muito tempo.”
Duncan franziu a testa e perguntou novamente: “E a pessoa no quarto? Deveria haver alguém no quarto, certo?”
“A dona do quarto também partiu, junto com o quarto — há muito, muito tempo”, respondeu o corpo sem cabeça.
“Há muito, muito tempo?”, Duncan não pôde conter a sensação de incongruência. “Não acabou de partir?”
“Sim, convidado, acabou de partir, o que foi há muito, muito tempo”, respondeu o corpo sem cabeça, muito educadamente. “Aqui, qualquer coisa que já aconteceu, aconteceu há muito, muito tempo. A próxima coisa, por sua vez, acontecerá muito, muito tempo depois.”
As palavras do corpo sem cabeça eram estranhas e difíceis de entender, mas Duncan não pôde deixar de ter muitas suposições provocadas por essas palavras estranhas e obscuras. ‘Descontinuidade do tempo? Uma falha? Esta mansão está em algum tipo de falha temporal?’
Duncan pensou de repente na chave de latão. Ele só chegou a esta mansão bizarra depois de girar a chave, e a chave de latão veio de um Pregador do Fim lúcido — um grupo descontínuo no tempo.
‘A chave de latão?’
Com um pensamento súbito, Duncan sentiu algo e imediatamente olhou para sua mão. A sensação de frio, como se tivesse sido retardada por muito tempo, de repente alcançou sua palma. Uma chave de latão estava ali, silenciosamente.
E, ao mesmo tempo em que viu a chave de latão, o corpo sem cabeça à sua frente pareceu notar algo abruptamente. O corpo balançou, e uma voz abafada veio de seu peito: “Ah, então o senhor é o distinto convidado que possui a chave. Perdoe minha negligência. Por acaso, o senhor veio procurar a dona da casa?”
“A dona da casa?”, Duncan sentiu-se confuso. “Você não acabou de dizer que a dona da casa já partiu com o quarto? E que partiu há muito, muito tempo…”
“Existem duas donas da casa”, disse o corpo sem cabeça lentamente, como um mordomo explicando pacientemente as dúvidas de um convidado. “Uma é a dona do quarto. Ela nunca sai do quarto, e agora ela partiu junto com ele. A outra é a dona da mansão. Ela nunca entra na mansão.”
As palavras do corpo sem cabeça tornaram-se ainda mais estranhas. Duncan ficou completamente confuso, mas rapidamente adivinhou que a “dona do quarto que nunca saía” deveria ser a Rainha de Geada, Ray Nora, e em seguida teve uma vaga suspeita sobre a outra “dona da casa”.
“Qual é o nome da outra dona da casa?”, ele perguntou, encarando o corpo sem cabeça.
“Esta é a Mansão de Alice”, respondeu o corpo sem cabeça rapidamente. “O nome da dona da casa, é claro, é Alice.”
Duncan baixou os olhos discretamente, controlando a sutil mudança em seu olhar.
Tudo estava dentro do esperado. Ele entrou nesta mansão depois de girar a chave nas costas de Alice, então como essa mansão bizarra poderia não ter relação com “Alice”?
O nome da mansão era “Mansão de Alice”, e Alice era a dona da casa. Ray Nora era meramente a dona daquele quarto — e esta última nunca saía de seu quarto. Portanto, em vez de uma “dona da casa”, soava mais como uma prisioneira especial, o que também correspondia à informação revelada por Ray Nora:
Ela estava presa no “Lugar à Deriva” para controlar a “cópia do deus antigo” nas profundezas do mar.
E agora, com a “ajuda” de alguma sombra do subespaço, esta prisioneira especial escapou junto com sua cela.
‘E a “carcereira” desta prisão estava vagando do lado de fora?’
O rosto sorridente e ingênuo de Alice surgiu involuntariamente na mente de Duncan. Ele simplesmente não conseguia associar aquela boneca pateta com identidades como “dona da Mansão de Alice” ou “carcereira do Lugar à Deriva”.
Então, ele rapidamente controlou seus pensamentos desordenados e, enquanto recompunha sua expressão, ergueu os olhos para o corpo sem cabeça à sua frente: “Por que a dona da mansão nunca entra na mansão?”
“Ela está descansando no jardim”, respondeu o corpo sem cabeça. “Ela está descansando há muito tempo, mas ainda não é hora de voltar para a mansão.”
‘Descansando no jardim?’
Os pensamentos de Duncan giraram, enquanto ele mantinha uma aparência impassível: “Posso ir ver essa ‘dona da casa’?”
“Claro que pode”, disse o corpo sem cabeça imediatamente. Embora não tivesse cabeça, Duncan sentiu como se um “olhar” estivesse fixo na chave de latão. “O senhor é o convidado que possui a chave, pode abrir qualquer porta nesta mansão. Incluindo, é claro, a grande porta que leva ao jardim. Por favor, siga-me, eu o levarei até lá.”
Duncan assentiu com um “hum” e seguiu o corpo sem cabeça em direção à escada em espiral que conectava o primeiro e o segundo andar da mansão.
E, no caminho para o jardim, ele tentou conversar com o outro, na esperança de coletar o máximo de informações possível: “Qual é a sua função aqui?”
“Eu sou o mordomo daqui, convidado”, disse o corpo sem cabeça que se autodenominava mordomo. “Os criados e damas de companhia comuns não ousam se aproximar do senhor, então eu vim.”
“Ainda há muitos criados e damas de companhia aqui?”, Duncan lembrou-se dos sussurros que ouviu no salão e das ilusões que vira ocasionalmente. “Parece que aqui costuma ser bem movimentado?”
“O Lugar à Deriva acolhe os errantes e todas as almas que aqui chegam por engano. Aqui, todos não têm para onde ir, então é, no mínimo, um bom abrigo.”
“Qual é o seu nome?”, perguntou Duncan novamente.
“Eu não tenho nome, convidado. Pode me chamar de mordomo”, disse o mordomo sem cabeça. “A maioria dos criados e damas de companhia aqui não tem nome. Aqueles que têm, gradualmente os perdem. Os banidos eventualmente perderão seu nome, este é o nosso destino. E eu fui o primeiro a chegar aqui, meu nome se perdeu há muito tempo.”
“Os banidos1 …”, Duncan parou de andar de repente, repetindo as palavras inconscientemente.
“Convidado?”, o mordomo sem cabeça também parou, virando-se para “olhar” curiosamente para Duncan.
“Não é nada, só me distraí um pouco”, Duncan reagiu rapidamente, balançando a cabeça.
Mas, no momento em que estava prestes a dar outro passo, uma pintura a óleo na parede próxima de repente atraiu sua atenção.
- No original o termo usado aqui é 失乡之人 (shīxiāng zhīrén), que significa ‘povo sem lar’, ‘povo despatriado’, ‘povo exilado’ e etc. Nesse caso é o mesmo nome do Banido no original. Navio: 失乡号 (shīxiāng hào) → O Banido/O Navio Banido | Povo: 失乡之人 (shīxiāng zhīrén) → Os Banidos/O Povo Banido.[↩]
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