Índice de Capítulo

    Hora da Recomendação, leiam Fagulha das Estrelas. O autor, P.R.R Assunção, tem me ajudado com algumas coisas, então deem uma força a ele ^^ (comentem também lá, comentários ajudam muito)

    Talvez passe a usar mais esse espaço para recomendar outras obras (novels ou outras coisas que eu achar interessante ^^)

    A especulação de Morris apontava para um futuro sombrio de silêncio eterno — uma perspectiva que trazia um calafrio muito mais profundo do que qualquer profecia de destruição bizarra e sensacionalista, muito mais assustador do que os desastres apocalípticos nos delírios de um louco.

    Seria uma aniquilação escura e gélida. A última chama se extinguiria gradualmente nas cinzas da civilização, e o brilho remanescente da civilização seria sufocado em uma série de retrações fatais. Como um navio afundando lentamente, onde pessoas desesperadas jogam fora o peso na esperança de adiar o destino, mas, no final, cada tábua do navio cairia inevitavelmente no infinito abismo escuro do mar.

    E o que tornava tudo ainda mais difícil de aceitar era que, a julgar pelas informações disponíveis, a probabilidade desse futuro era extremamente alta — na verdade, já era a melhor de todas as possibilidades.

    Pois a “civilização” teria ao menos a chance de sobreviver por mais algum tempo após a Quarta ou Quinta Longa Noite, desfrutando de uma última e falsa paz em seus abrigos cada vez menores e em constante colapso.

    No pior dos cenários, talvez nem houvesse tantas noites longas subsequentes — a Terceira Longa Noite já tinha sido um “milagre” e uma “sorte” irrepetíveis. O crepúsculo iminente seria o verdadeiro fim de todas as coisas.

    … Ou talvez esse fosse, na verdade, um bom resultado?

    Pensamentos turbulentos agitavam-se em sua mente. Duncan finalmente balançou a cabeça, afastando por um momento aquelas ideias confusas. “Caímos no pessimismo, Morris.”

    “De fato. Fazer essas especulações quando ainda não podemos determinar quando ou como a Quarta Longa Noite chegará… é um pouco prematuro”, disse Morris, esfregando a testa e finalmente se libertando daquele humor sombrio. “Meu mentor está organizando uma ‘assembleia’ que abrangerá as quatro grandes igrejas. Este encontro será um convite para você e, pelo menos até lá, devemos conseguir trocar informações mais úteis. Os papas dos Quatro Deuses também precisam das verdades que nós descobrimos.”

    Duncan assentiu levemente. A notícia não o surpreendeu, pois era parte do “acordo” que ele tinha feito anteriormente com Luen, o papa da Verdade.

    Se fosse para dizer algo… ele estava um pouco curioso sobre como o velho elfo tinha convencido os papas dos outros três deuses a aceitar a “proposta”. A papisa do Mar Profundo, Helena, era mais fácil de entender; ele tinha interagido com ela em Pland, e a conexão estabelecida por Vanna como “enviada secreta” existia. Aquela papisa era, de certa forma, uma líder de facção neutra com tendências amigáveis. Mas e os outros dois…

    Frem, o líder dos Portadores da Chama, poderia se interessar pelo “Pilar das Eras” que Vanna possuía. E quanto a Banster, da Igreja da Morte?

    Com uma expressão sutilmente alterada, Duncan levantou a mão e bateu em um pequeno espelho sobre a mesa de centro. “Agatha.”

    A imagem de Agatha surgiu quase instantaneamente no espelho. “Estou aqui.”

    “…Você conhece bem o Banster?”

    “Na ‘minha’ memória, tenho a experiência de ter recebido orientação de Sua Santidade o Papa e de ter treinado na ‘Arca-Cemitério'”, disse Agatha, pensativa e um pouco incerta. “Mas isso está longe de ser familiar. Existem muitos Santos no Mar Infinito, e eu não sou tão ‘especial’ quanto a senhorita Vanna.”

    Duncan coçou o queixo, pensativo. “… Então você provavelmente não sabe se Banster se importou muito com aquele navio…”

    “Ele se importou muito.”

    Duncan ficou em silêncio.

    Ele nem tinha terminado a frase!

    “Ele se importou muito”, repetiu Agatha e, como se temesse que Duncan não acreditasse, explicou seriamente: “Mesmo um Santo relativamente desconhecido como eu ouvia, de vez em quando, ele lamentar sobre aquela bela fragata.”

    Duncan continuou em silêncio.

    “Claro, Sua Santidade o Papa às vezes também se mostrava magnânimo”, continuou Agatha, relembrando. “Ele geralmente começava dizendo ‘Na verdade, eu nem me importo tanto’, depois suspirava um pouco e terminava com ‘mas foi uma pena, eu mesmo a projetei… claro que não me importo tanto’.”

    Duncan quase não conseguiu manter a compostura. “… Isso não é se importar muito?!”

    Ahem“, Morris tossiu de repente ao lado, interrompendo o ritmo cada vez mais estranho da conversa entre Duncan e Agatha. “Eu, na verdade, acho que as Treze Ilhas da Terra Murcha serão um assunto muito mais sensível na assembleia do que aquela famosa fragata, a ‘Instante Fugaz’.”

    “Na verdade… talvez as Treze Ilhas da Terra Murcha não sejam tão sensíveis assim”, contrapôs Agatha, balançando a cabeça. “Embora tenha sido uma perda muito maior, dentro da Igreja da Morte, uma parte dos clérigos tende a classificá-la como um ‘desastre do Subespaço’. Eles acreditam que o desastre foi causado por um colapso dimensional, e não pelo Banido. Este último apenas caiu no Subespaço junto com as Treze Ilhas. É como se, em um grande incêndio, duas pessoas fossem arrastadas para as chamas; não podemos simplesmente acusar a que saiu de lá de ser a incendiária.”

    “Essa teoria não surgiu do nada — há muitas pesquisas acadêmicas sobre o ‘fenômeno de colapso da fronteira’ que apoiam essa explicação.”

    “Claro, essa visão é bastante controversa dentro da Igreja, e por razões óbvias, os bispos não gostam dessa interpretação que ‘defende o Banido’. Mas, como Sua Santidade o Papa já aceitou o convite para a reunião, acredito que ele esteja preparado para usar essa explicação para definir o que aconteceu no passado… ou, pelo menos, para acalmar os bispos.”

    “Em comparação, o ‘incidente da Instante Fugaz’ foi, de fato, um ato de… ataque indiscutível. O Banido levou aquele navio bem debaixo dos olhos da frota.”

    Morris subitamente entendeu. “Entendo…”

    Duncan, por sua vez, teve uma epifania. “Espere aí, o navio se chamava mesmo ‘Instante Fugaz’? Não foi um apelido que ganhou depois do incidente?”

    Agatha e Morris assentiram silenciosamente.

    A expressão de Duncan ficou estranha. “… Por que vocês dariam um nome tão agourento?”

    “… É a tradição da Igreja da Morte para nomear navios de guerra. Na verdade, é a nossa tradição para nomear muitas coisas, como o navio de guerra ‘Morte Injusta’ e o canhão de longo alcance modelo ‘Morte Súbita'”, explicou Agatha com uma calma imperturbável. “Nós vemos a morte e o desaparecimento como partes necessárias do funcionamento do mundo mortal. Palavras relacionadas a isso não são tabu para nós. E, a rigor, o nome ‘Banido’ também não é muito ‘afortunado’, não é?”

    Duncan pensou um pouco e concluiu que a guardiã do portão estava certa.

    Nesse exato momento, Alice de repente levantou a cabeça, interrompendo a conversa entre Duncan e Agatha. “Capitão, terminei de desenhar!”

    Até mesmo Agatha, no espelho, se assustou com o som repentino. Duncan não pôde deixar de olhar para a boneca com uma expressão peculiar.

    Alice esteve de cabeça baixa desenhando o tempo todo, como se a conversa e a discussão ao seu redor pertencessem a outro mundo. Agora que ela tinha concluído sua “criação”, ela a exibia ao capitão sem qualquer hesitação ou reflexão.

    Por um instante, Duncan sentiu um pouco de inveja da atitude positiva da boneca.

    Alice, feliz, empurrou o desenho para Duncan.

    Era… uma pintura medíocre.

    Não apenas era evidente a falta de prática da desenhista, mas também se podia ver que ela mal sabia manusear o lápis — não havia técnica alguma, muito menos beleza ou composição.

    No papel, havia um navio muito grande e abstrato. Marcas escuras de lápis delineavam as velas e as ondulações da água. Pequenas figuras de palito com os braços abertos estavam no convés, os traços pareciam caóticos, mas ainda era possível distinguir as características da tripulação do Banido.

    Vanna era alta, Morris segurava um cachimbo, Shirley estava com o Cão, Nina tinha chamas saindo da cabeça, Agatha era uma sombra escura, Ai pousava no mastro, e o Cabeça de Bode espiava pela janela da cabine do capitão…

    Duncan, usando seu chapéu de capitão, estava no ponto mais alto, desenhado com visivelmente mais cuidado, mas ainda assim torto.

    E, exceto por Duncan, de cada “pessoa” no navio se estendiam linhas que flutuavam sinuosamente no ar.

    Morris, curioso, inclinou a cabeça para olhar, sua expressão um tanto estranha. “Err… como um primeiro ‘desenho’, na verdade… não está tão ruim. Mas, geralmente, não se veem linhas saindo das pessoas… pelo menos não precisam ser representadas no desenho…”

    O velho cavalheiro fez uma crítica delicada, mas Alice claramente tinha suas próprias ideias. “Mas elas existem de verdade.”

    Morris parecia não saber se ria ou chorava. Ele olhou para Duncan, que, por sua vez, sorriu.

    “Elas existem”, disse Duncan, sorrindo. Seu olhar pousou na primeira “obra-prima” de Alice e, gradualmente, uma expressão pensativa surgiu. “… Este é o mundo aos olhos dela.”

    “Viu só?”, Alice ficou imediatamente orgulhosa. “Eu não desenhei errado!”

    “Mas…”, Duncan notou outro problema, “por que você não está no desenho?”

    Alice pareceu surpresa por um momento, olhou para o Banido que desenhara e respondeu: “Porque eu estou desenhando.”

    Duncan levou um instante para entender a lógica da boneca.

    Ele não sabia se ria ou chorava, mas achou a situação divertida.

    “Quem desenha também pode se colocar no desenho. Deixe-me ajudar.”

    Enquanto falava, ele pegou o lápis que Alice tinha deixado de lado e, com alguns traços rápidos, desenhou a figura de Alice no Banido, ao seu lado.

    Alice arregalou os olhos e soltou uma exclamação de alegria: “Uau! Capitão, você desenha muito melhor do que eu!”

    Duncan apenas sorriu, largou o lápis e, com cuidado, enrolou o desenho, colocando-o nas mãos de Alice.

    “Guarde bem. É a sua primeira ‘obra’.”

    Alice parecia especialmente feliz. “Sim!”

    Duncan então se virou e olhou para uma direção vazia na sala de estar. “Já resolveu tudo?”

    Quase no mesmo instante em que suas palavras terminaram, a figura de Lucretia apareceu abruptamente no ar, acompanhada por uma revoada de confetes coloridos.

    “Pode relaxar, pai. Já está tudo resolvido.”

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