Índice de Capítulo

    Hora da Recomendação, leiam Fagulha das Estrelas. O autor, P.R.R Assunção, tem me ajudado com algumas coisas, então deem uma força a ele ^^ (comentem também lá, comentários ajudam muito)

    Talvez passe a usar mais esse espaço para recomendar outras obras (novels ou outras coisas que eu achar interessante ^^)

    Em Porto Brisa, uma “luz solar” tênue se espalhava do mar, envolvendo toda a cidade-estado sob a “noite”. A informação contida na luz fluía silenciosamente por toda a área marítima, mas a única que conseguia ler essa informação era uma boneca.

    Sinceramente, até Duncan achou isso um tanto inconcebível.

    Então, no mundo aos olhos desta boneca… quantas outras coisas eram diferentes da cognição comum? O céu aos olhos dela era azul? As folhas das árvores eram verdes? Que contornos os humanos tinham, e que ondas o mar formava?

    E mesmo que ela descrevesse o que via — as cores, os sons e as formas que ela mencionava eram realmente como as pessoas comuns as percebiam?

    Este parecia ser um enigma que se repetiria em um ciclo contraditório, um mistério que nunca poderia ser resolvido.

    Alice se virou, seus belos e grandes olhos refletindo o brilho da lâmpada a gás. Ela olhou para Duncan com um misto de confusão e preocupação e, depois de um longo tempo, perguntou em voz baixa: “Capitão, as coisas que eu vejo são realmente úteis, não são?”

    Os pensamentos confusos se dissiparam gradualmente. Duncan não deixou que aquelas associações desordenadas continuassem. De repente, ele começou a concordar com algumas das coisas que Alice havia dito — certas questões irritantes e destinadas a não ter resposta, era melhor simplesmente não pensar nelas.

    Então, ele sorriu, sua expressão relaxando gradualmente: “Claro que são úteis. Além dessas informações, o que mais você viu? Quero dizer, depois que o sol se apagou, você ‘viu’ mais alguma coisa diferente do normal?”

    Alice entendeu rapidamente o que Duncan queria dizer. Ela franziu a testa, lembrou-se com seriedade, olhou ao redor e, depois de um tempo, disse com incerteza: “Se tenho que dizer, é que sinto um zumbido constante…”

    Duncan franziu a testa: “Zumbido?”

    “Sim, zumbido, um som muito baixo, e não sei dizer se é realmente um ‘som’. Só sinto que há esse barulho, ressoando na minha cabeça sem parar, mas se não prestar atenção, ele é ignorado”, Alice explicou, gesticulando, e apontou para a janela. “Quando vejo aquela ‘luz solar’, o som fica ainda mais forte…”

    Duncan assentiu levemente. Após um momento, ele perguntou novamente: “Você ouviu esse zumbido da última vez que o sol se apagou? Viu aquelas ‘informações’ sobre a ‘Âncora de Estabilização do Efeito do Observador’?”

    “Não”, Alice balançou a cabeça, segurando-a. “Só ‘vi’ e ouvi tudo isso depois de chegar a Porto Brisa desta vez…”

    Ouvindo o relato da boneca, Duncan não pôde deixar de mergulhar em pensamentos.

    De acordo com Lucretia, há pouco tempo, outro conjunto de equipamentos de observação em Porto Brisa também recebeu um sinal fraco do sol extinto, com características idênticas às do sinal liberado pelo “Corpo Geométrico de Luz”. Ou seja, durante a extinção, o corpo principal do Fenômeno 001 também estava “transmitindo” o aviso de “falha na Âncora de Estabilização do Efeito do Observador”. No entanto, Alice disse que não “viu” esse conteúdo durante a última extinção do sol, mas só leu a mensagem de falha da “luz solar” aqui em Porto Brisa… Por quê?

    Será que foi porque a falha durante a última extinção do sol não foi tão grave, e por isso o corpo principal do Fenômeno 001 não emitiu o aviso? Se for essa a explicação, a situação seria muito mais grave do que todos esperavam, pois significaria que todo o sistema se deteriorou ainda mais — uma deterioração rápida em um período tão curto.

    A sala de estar ficou em silêncio. Lucretia, Morris e os outros se reuniram ao redor, ouvindo a conversa entre Duncan e Alice, e olhando com preocupação para a mudança de expressão no rosto de Duncan. Depois de um tempo, foi Nina quem não resistiu a perguntar: “Tio Duncan, o senhor sabe o que significa essa ‘Âncora de Estabilização do Efeito do Observador’?”

    Duncan abriu a boca, mas de repente engasgou.

    Neste mundo, explicar o conceito de planetas e do universo já era uma tarefa incrivelmente difícil. Como ele poderia explicar o ainda mais abstrato “Efeito do Observador”? Como explicar os fenômenos inconcebíveis entre o mundo macroscópico e o microscópico?

    E o mais importante — a teoria do observador que ele conhecia realmente se aplicava aqui?

    Ele ergueu a cabeça com uma expressão sutil, olhando para o mundo do lado de fora da janela.

    “Eu posso adivinhar algumas coisas, mas isso se desvia enormemente da ‘teoria do observador’ que eu conheço. Deveria acontecer no mundo microscópico, não…”

    Ele hesitou e parou.

    Se o outro nome do Fenômeno 001 era realmente “Âncora de Estabilização do Efeito do Observador”, isso já não explicaria o verdadeiro mecanismo de “supressão de contaminação” e “estabilização da ordem” deste antigo fenômeno?

    Inconscientemente, ele se lembrou da verdade sobre a Grande Aniquilação, dos conflitos subjacentes de todas as coisas no mundo e dos vários fenômenos transcendentais em escala mundial causados pela contaminação cognitiva. Se o mundo microscópico era a “pedra angular da ordem” de cada universo, então, quando essas pedras angulares colidiram, se aniquilaram e se misturaram em uma “sopa de informações” incrivelmente caótica e complexa… o Efeito do Observador realmente ainda estaria confinado ao mundo microscópico?

    No instante em que as leis matemáticas de vários universos foram rasgadas, no momento em que a estrutura material de todas as coisas foi completamente aniquilada e reduzida a unidades de informação básicas, talvez os conceitos de “microscópico” e “macroscópico” já tivessem deixado de existir há muito tempo!

    Em meio a uma tempestade de pensamentos que surgiram de repente, Duncan murmurou para si mesmo: “… A manifestação específica da contaminação da informação subjacente e do conflito de leis de todas as coisas… é na verdade a perda de controle do Efeito do Observador no mundo macroscópico?”

    Morris e Lucretia se entreolharam. Após alguns segundos, viraram a cabeça ao mesmo tempo: “… Ah?”

    “… Depois eu tentarei explicar a vocês o que é o Efeito do Observador e algumas das minhas conjecturas sobre ele, mas isso exigirá muito tempo e esforço”, Duncan acenou com a mão rapidamente. “Agora, estou mais interessado em entender outra questão.”

    Lucretia falou imediatamente: “Outra questão?!”

    Duncan assentiu, olhando para a boneca gótica que estava ao seu lado, com uma expressão inocente (principalmente porque não havia entendido nada).

    “Vocês já pensaram — por que Alice consegue ver e entender esses ‘sinais’?”

    “Ei, é verdade!” Shirley, ao lado, reagiu instantaneamente (principalmente porque esta era a única pergunta que ela conseguia entender até agora). “Que ela consiga ‘ver’, tudo bem, afinal, só ela consegue ver aquelas ‘linhas’. Mas como ela entende? Tantos especialistas e acadêmicos na cidade-estado ficaram carecas e ninguém conseguiu entender essa coisa!”

    Vanna, por sua vez, notou a expressão séria e pensativa no rosto de Duncan quando ele lançou a pergunta: “O senhor já tem uma resposta?”

    Duncan assentiu lentamente ao ouvir isso. Após um momento de reflexão e organização de suas palavras, ele mencionou o conteúdo registrado naquele “Livro da Blasfêmia”:

    “Vocês devem se lembrar que, de acordo com o que está registrado naquele livro, após duas gêneses fracassadas, foi o ‘Rei Rastejante’ quem completou com sucesso a gênese na Terceira Longa Noite e deu início à Era do Mar Profundo.”

    Vanna assentiu imediatamente: “Sim, claro que nos lembramos disso.”

    “A ‘construção’ do Fenômeno 001 também ocorreu na mesma era”, Duncan continuou com uma expressão séria. “O Rei Rastejante fez do clã de Creta seus assistentes e, junto com eles, projetou e construiu o ‘Sol’. E o Rei Rastejante é o que conhecemos como o ‘Senhor das Profundezas’. Então, vocês ainda se lembram de como Alice nasceu?”

    “Oh, oh, essa eu sei!” Shirley entendeu na hora. “Foi criada manualmente por uma cópia do Senhor das Profundezas no fundo do mar!”

    Todos entenderam.

    Seus olhares se voltaram para Alice.

    Alice ouvia a discussão ao seu redor, atordoada, e só agora conseguiu acompanhar o raciocínio de todos. Depois de confirmar que não havia estragado nada, ela não sabia mais o que pensar e seu rosto se iluminou com uma expressão de orgulho e alegria.

    “… Sempre soubemos que Alice, em certo sentido, é uma ‘criação abissal’. Mas, muitas vezes, só prestamos atenção à sua conexão com a Rainha de Geada, Ray Nora, e ignoramos que sua conexão com o Senhor das Profundezas é o ponto principal”, Duncan olhou com uma expressão um tanto sutil para a boneca, que por algum motivo parecia orgulhosa, e se lembrou da cena em que estabeleceu contato com o Senhor das Profundezas por acaso no jardim daquela mansão. “Agora, parece que essa conexão pode ser mais importante do que imaginávamos. Pelo menos uma coisa é certa: ela consegue entender a ‘linguagem de sistema’ que o Senhor das Profundezas usou naquele ‘projeto de criação’…”

    Nina pensou por um momento: “Como um analisador de cartões perfurados que consegue ler a fita de papel de uma Máquina Diferencial?”

    “… Não há problema em entender assim.”

    Alice olhou para Duncan, depois para as outras pessoas ao redor, parecendo ter algumas perguntas, mas de repente franziu a testa, como se ouvisse ou visse algo. Momentos depois, ela falou de repente: “O sistema reiniciou.”

    Duncan ergueu a cabeça instantaneamente. E, quase ao mesmo tempo em que a voz de Alice soou, um rugido baixo e etéreo entrou na mente de todos.

    Acompanhado por esse rugido baixo que pareceu preencher o mundo inteiro em um instante, Duncan notou um brilho de crepúsculo aparecer no céu do lado de fora da janela.

    O sol, que havia descido para perto do nível do mar e se apagado, reacendeu.

    Shirley foi a primeira a correr para a janela, debruçando-se para olhar a cena na rua. Ela viu o brilho do crepúsculo passar sobre os telhados dos edifícios, e uma equipe de Guardas do Conhecimento que estava de vigia em um cruzamento olhou para o céu com surpresa.

    Perto dali, alguns moradores que estavam em casa perceberam, abrindo as janelas para observar a situação.

    Shirley acenou alegremente da janela, cumprimentando um vizinho que apareceu em outra janela não muito longe, mas não obteve resposta. A atenção de todos estava no céu, onde o brilho do crepúsculo acabara de reaparecer.

    Depois, gritos de alegria indistintos vieram de algum lugar. Um pouco mais tarde, o som de um alto-falante veio de um cruzamento na rua. A transmissão mencionava a notícia de que o sol havia reacendido, mas também lembrava os moradores a não saírem de casa precipitadamente por enquanto, pois a noite logo chegaria e o toque de recolher desta noite continuaria até que o sol do dia seguinte nascesse como de costume.

    Duncan ouvia a transmissão indistinta do lado de fora da janela, observando o brilho do crepúsculo desaparecer gradualmente do céu, e suspirou suavemente.

    ‘O sol nascer como de costume…’ Agora, até mesmo isso se tornara uma incerteza.

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