Índice de Capítulo

    Hora da Recomendação, leiam Fagulha das Estrelas. O autor, P.R.R Assunção, tem me ajudado com algumas coisas, então deem uma força a ele ^^ (comentem também lá, comentários ajudam muito)

    Talvez passe a usar mais esse espaço para recomendar outras obras (novels ou outras coisas que eu achar interessante ^^)

    No refeitório do convés superior, Duncan e Lucretia sentaram-se lado a lado, ambos com o rosto sério. As duas “rainhas da troca de cabeça”, que acabaram de colocar suas cabeças de volta, sentaram-se nas cadeiras à sua frente. Luni parecia um pouco nervosa e inquieta, enquanto Alice, como sempre, tinha um rosto radiante e até parecia que não tinha se divertido o suficiente.

    Segurando-se por alguns segundos, Duncan finalmente…

    Luni baixou a cabeça, nervosa, e começou a brincar com os dedos. Alice, por outro lado, assentiu alegremente: “Foi divertido, capitão! O senhor não sabe, acontece que nossas articulações têm o mesmo tamanho…”

    O canto do olho de Duncan se contraiu. Em seguida, ele notou os pequenos gestos de Luni com os dedos e, estranhamente, achou o movimento familiar. Confuso por um momento, ele olhou pensativamente para a Bruxa do Mar ao seu lado: “Quando você era criança, também gostava de mexer nos dedos quando fazia algo errado?”

    “Err… isso foi quando eu era muito pequena…” Lucretia não esperava que o assunto se voltasse para ela. Primeiro, ela ficou surpresa, e em seguida sua expressão tornou-se um pouco estranha. “O senhor… ainda se lembra disso?”

    “…Não me lembro, mas ainda tenho uma sensação de familiaridade”, Duncan balançou a cabeça levemente, pigarreou duas vezes e voltou seu olhar para as duas bonecas. “Quem teve a ideia primeiro?”

    Desta vez, a resposta das duas bonecas foi finalmente em uníssono: “A Shirley!”

    Duncan: “…?”

    Momentos depois, Duncan e Lucretia ainda estavam sentados no banco do refeitório com o rosto sério, mas desta vez, sentada à sua frente, além das duas rainhas da troca de cabeça, estava também Shirley.

    Cão estava deitado no chão ao lado de Shirley, tentando abraçar a própria cabeça com as patas enquanto resmungava em voz baixa: “Não olhem para mim, não tem nada a ver comigo, eu tentei avisar, não consegui segurar…”

    Duncan olhou para o resmungo de Cão, seu olhar pousando em Shirley, e se lembrou da vez em que ela enganou Alice para colocar supercola no pescoço. Ele não pôde deixar de suspirar. ‘Realmente preciso ficar de olho nesta garota que adora causar o caos…’

    “O que você estava pensando, dando a elas uma ideia tão ruim”, Duncan suspirou, olhando para Shirley, impotente. “Estamos navegando no Plano Espiritual, não é como em terra firme. Se elas realmente ficassem tontas e caíssem no mar, você seria responsável por resgatá-las?”

    Shirley, que estava encolhendo o pescoço, pronta para receber a bronca, de repente iluminou os olhos ao ouvir as palavras do capitão: “Então quer dizer que em terra firme pode brincar assim?!”

    Duncan: “… Você está se ouvindo?”

    Shirley sorriu sem graça, mas em seguida seu sorriso começou a mudar. Com um sorriso maroto, ela se inclinou para a frente e disse: “A culpa não é minha, capitão. Pense bem, quando o senhor viu as duas, não teve a mesma ideia? Duas bonecas que podem tirar a cabeça, usando o mesmo tipo de articulação, como o velhote diria… é o espírito de exploração, não é? O senhor não queria experimentar…?”

    Para alguém com uma curiosidade aguçada, as palavras de Shirley soavam como os sussurros sedutores do Subespaço. As sobrancelhas de Duncan até se contraíram, mas assim que ele ia falar, ouviu um murmúrio quase inaudível ao seu lado: “Parece que tem uma certa lógica…”

    A expressão de Duncan tornou-se um tanto sutil. Ele se virou na direção do murmúrio. Lucretia ergueu a cabeça, um pouco sem graça, e, ao perceber, apressou-se em remediar: “Claro, esse tipo de comportamento não deve ser incentivado. A experimentação deve ser baseada na cautela e na segurança…”

    Duncan fez um grande esforço para controlar a expressão em seu rosto, mantendo uma aparência calma e séria, fingindo ignorar o murmúrio de Lucretia. Em seguida, ele suspirou, seu olhar pousando nas duas rainhas da troca de cabeça à sua frente: “Não brinquem mais assim, pelo menos não no navio. Não é seguro. Entenderam?”

    “Sim, entendemos, capitão!”

    “Sim, velho mestre.”

    “Vá para o seu quarto. Se realmente não quiser fazer o dever de casa, leia um livro, mesmo que seja um livro de figuras”, Duncan acenou para Shirley. “Estamos quase saindo do Plano Espiritual e entraremos na Cortina Eterna. Não cause mais problemas antes disso.”

    Shirley baixou a cabeça e concordou obedientemente: “Oh, tudo bem, capitão…”

    O refeitório finalmente ficou em silêncio. Shirley saiu com Cão, e Alice puxou Luni para um canto, sussurrando sobre algo — pelo menos cada uma com sua própria cabeça.

    Duncan olhou na direção em que partiram, balançando a cabeça e suspirando. Mas, por alguma razão, ele sentiu um pouco de relaxamento e alegria no fundo do coração.

    Parecia que, desde o incidente de Porto Brisa, ele não suspirava de alívio assim há muito tempo.

    Mas a voz um tanto inquieta de Lucretia veio de perto: “O senhor… está zangado?”

    Duncan não se virou: “Por que diz isso?”

    “… Estamos indo para a fronteira, para investigar o santuário dos cultistas. É uma missão perigosa e séria, e a Luni lhe causou problemas neste momento…”

    Ela mal havia começado a falar quando Duncan a interrompeu de repente: “Aquela era você quando criança?”

    Lucretia não reagiu de imediato: “… Hum?”

    “A Luni”, Duncan ergueu a mão, apontando para a boneca de corda que conversava e ria alegremente com Alice ao longe. “Era assim que você era quando criança? Quero dizer, em termos de personalidade.”

    Lucretia não falou por um momento, apenas franziu os lábios. Depois de um bom tempo, ela disse em voz baixa: “… Eu criei a Luni.”

    “Então, na maioria das vezes, a Luni parece calma e confiável, mas quando está com a Alice, ela se torna mais animada?”

    “… Sim, parece que isso a leva a cometer erros — pelo menos, aumenta a probabilidade de cometer erros.”

    Duncan se virou e olhou para Lucretia: “Esse nível de erro também é um problema?”

    Lucretia ficou em silêncio por alguns segundos e respondeu em voz baixa: “Na fronteira, cometer erros pode facilmente levar à morte.”

    Duncan não falou por um momento, apenas observou pensativamente as duas bonecas que conversavam alegremente ao longe. Depois de um tempo, ele disse com um tom calmo: “Quando estiverem perto de mim, podem cometer erros.”

    Lucretia pareceu um pouco atônita por um momento. Ela abriu a boca, como se quisesse dizer algo, mas no final não disse nada, apenas seguiu o olhar de seu pai:

    Alice parecia estar contando a Luni algumas coisas interessantes sobre o navio, pelo menos interessantes em sua percepção, e Luni ouvia com grande interesse. Alice raramente conversava com tanta afinidade com alguém além do capitão, e Luni… como imediata do Brilho Estelar e serva da Bruxa do Mar, provavelmente nunca encontrara alguém como Alice com quem pudesse se comunicar assim.

    As duas bonecas pareciam se dar muito bem.

    Nesse momento, Duncan pareceu de repente se lembrar de algo: “A propósito, há algo que eu tenho adiado…”

    Enquanto falava, ele acenou no ar. Ai, que estava devorando batatas fritas em uma mesa próxima, desapareceu instantaneamente. No segundo seguinte, um anel de fogo verde-espectral giratório apareceu ao lado de Duncan. Ele enfiou a mão no anel e tirou algo, colocando-o na mesa à sua frente.

    Lucretia olhou para o objeto com alguma surpresa. Era uma caixa de madeira requintada com cerca de setenta centímetros de comprimento. Além de sua bela e antiga confecção, não parecia ter nada de especial.

    Mas, gradualmente, ela sentiu uma… familiaridade e um carinho há muito esquecidos emanando da caixa.

    “Esta é a Nilu”, Duncan abriu a caixa, e uma requintada boneca de um terço apareceu diante de Lucretia. “Eu disse há muito tempo que a daria a você, mas com tantos acontecimentos, acabei adiando. Agora, vendo a Alice e a Luni juntas… aceite. É também uma forma de reunir as irmãs.”

    A expressão de Lucretia pareceu um tanto estranha. Ela pegou a caixa, tirou cuidadosamente a boneca chamada Nilu de dentro e a colocou sobre a mesa, encostando-a na caixa. Seus pensamentos, no entanto, pareciam vagar para longe:

    Naquela tarde distante, ao som de sinos de vento, ela e seu irmão entraram de mãos dadas na loja de bonecas. Luni e Nilu estavam sentadas silenciosamente na vitrine, a luz do sol quente brilhando em seus cabelos e vestidos requintados, como um véu tênue.

    Na época, ela só pôde levar uma delas.

    … Mas essa já era uma das poucas e calorosas memórias que lhe restavam da infância. E, naqueles dias quentes, o sol ainda era algo que…

    A bruxa ficou um pouco em transe. E, em seu transe, a pequena boneca sentada na mesa, encostada na caixa, virou lentamente a cabeça e lhe deu um sorriso vazio.

    Lucretia despertou de seu transe e viu a pequena boneca ainda sentada silenciosamente na mesa, com a cabeça graciosamente inclinada para o lado, o corpo sem alma vazio por dentro.

    Ela estendeu a mão e tocou a testa da boneca com o dedo: “Volte a dormir.”

    O corpo da boneca tremeu de repente, como se tivesse sido infundido com um momento de vida. Em seguida, ela se levantou rigidamente, engatinhou desajeitadamente para dentro da caixa de madeira requintada e agarrou a tampa, tentando fechá-la.

    Mas sua força era pequena demais.

    Duncan deu um empurrãozinho ao lado, ajudando a boneca a fechar a tampa.

    “Obrigada”, uma pequena voz soou de dentro da caixa, e depois ficou em silêncio novamente.

    “Que estranho”, Duncan ergueu a cabeça e disse a Lucretia com alguma surpresa.

    “Estamos entrando na fronteira, muitas coisas se tornaram mais ativas”, disse Lucretia. “Infundir uma alma em algumas coisas com antecedência pode evitar que alguns visitantes inesperados entrem clandestinamente. Muitos anos atrás, foi assim que a Luni…”

    “… É hora de subir para tomar um ar”, Duncan assentiu e, enquanto falava, levantou-se lentamente de trás da mesa.

    Com seus movimentos, o Banido começou a subir gradualmente das profundezas do Plano Espiritual. Do lado de fora das janelas do refeitório, a luz do dia estava clareando gradualmente.

    As sombras que habitavam o Plano Espiritual se dissiparam gradualmente de todos os lados.

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