Índice de Capítulo

    Hora da Recomendação, leiam Fagulha das Estrelas. O autor, P.R.R Assunção, tem me ajudado com algumas coisas, então deem uma força a ele ^^ (comentem também lá, comentários ajudam muito)

    Talvez passe a usar mais esse espaço para recomendar outras obras (novels ou outras coisas que eu achar interessante ^^)

    Quando o dia chegar, o oceano esquecerá a aparência das ondas, a vida esquecerá como morrer, o fogo não se lembrará de como queimar, o vento parará de soprar, as nuvens cairão do céu para o mar. Essa seria a cortina final da queda do mundo. A existência exilada, de fora do mundo, que observava friamente este abrigo, havia previsto o futuro de todas as coisas.

    Em todo o mundo, as nuvens caíam do céu — ou, para ser mais preciso, uma certa “camada” contendo o “elemento” “nuvens” estava baixando de altitude em sincronia.

    As nuvens que caíam, como outro mar fluindo, gradualmente se fechavam sobre o mundo. Algumas partes mais baixas se estendiam até o chão ou o mar, transformando-se em uma cortina de névoa fina, enquanto a maior parte da estrutura flutuava a centenas ou mesmo dezenas de metros acima das cabeças das pessoas. O céu parou de descer a essa altura e continuou um processo de “queda” extremamente lento, quase imperceptível a olho nu.

    Frem estava na planície de gelo sob o céu noturno, olhando para o céu onde o mar de nuvens se agitava. Agora estava tão perto que, através de uma fina camada de névoa, parecia que se podia tocar a magnífica camada de nuvens apenas erguendo a mão. O brilho frio da Criação do Mundo se espalhava pelas frestas entre as nuvens, revestindo a cortina com uma camada semelhante a mercúrio. Sinceramente… era lindo.

    Tão magnificamente belo que sufocava, a ponto de fazer a alma tremer.

    A sacerdotisa Delis estava ao lado de Frem, olhando para a cena maravilhosa no céu junto com o Papa. Eles estavam olhando para lá há muito tempo, assim como muitas pessoas na planície de gelo. Todos pareciam ter sido agarrados por alguma força invisível pelo pescoço, mantendo a mesma postura, rígidos como se tivessem sido congelados no gelo. Mas de repente, muitas pessoas começaram a reagir, olhando ao redor em pânico. Muitos olhares se concentraram em Frem.

    “Sua Santidade o Papa…” Delis finalmente quebrou o silêncio, sua voz rouca. “O que faremos a seguir…”

    “Continuaremos com nosso trabalho”, a voz grave de Frem soou, calma como sempre, ecoando por toda a planície. “Construir o arquivo, transportar os artefatos, preservar nosso legado. Este mundo ainda tem um sopro de vida, e nosso trabalho ainda não terminou.”

    A voz do Papa era firme e poderosa, como uma rocha gigante na planície de gelo, acalmando a inquietação nos corações de todos. Os Portadores da Chama ficaram em silêncio por um momento, depois baixaram a cabeça. Eles não mais se preocuparam com as mudanças no céu e continuaram o trabalho de construção do arquivo.

    Frem, no momento em que ninguém percebeu, soltou um suspiro leve. Com o batimento cada vez mais fraco de seu coração, seu olhar se voltou novamente para longe, para as nuvens e a névoa que fluíam…

    Em um fundo de um cinza-esbranquiçado extremo, o imenso casco do Banido flutuava silenciosamente na “passagem de transdobra”. Devido à falta de elementos de referência, o navio parecia completamente imóvel no centro da passagem, mas Duncan sabia muito bem que ele e seu navio navegavam a uma velocidade muito além da imaginação humana.

    O Banido já havia ultrapassado os confins do mundo. De certa forma, ele agora havia “deixado o Mar Infinito” de verdade — deixado a pequena prisão de abrigo construída pelos Reis Antigos. Fora desta passagem aparentemente calma, estava um lugar onde a ordem já não existia… o cemitério de cinzas escaldantes e caóticas após a destruição de todos os mundos.

    Duncan sentia que sua conexão com o Mar Infinito estava enfraquecendo gradualmente. No segundo dia em que Alice assumiu o leme e controlou o Banido em direção ao “Mar de Cinzas”, ele mal conseguia ouvir as vozes transmitidas por seus dois “avatares”. Agora, ele só conseguia manter esses avatares acordados por um curto período de tempo todos os dias — e durante o período de vigília, só podia realizar ações limitadas.

    As razões para o enfraquecimento dessa conexão eram múltiplas. Por um lado, o grau de sua própria “transformação” estava se aprofundando. Por outro lado, a “distância” real entre o Banido e seus avatares estava aumentando. O resto das razões… provavelmente estava relacionado ao Mar de Cinzas mencionado por Ray Nora e ao ambiente especial dentro dele.

    A única boa notícia era que a “marca reforçada” que ele deixou propositalmente em Nina e nos outros, especialmente para manter a comunicação nessas circunstâncias, ainda funcionava. Como a função da marca era extremamente especializada e simples, ela não foi muito afetada pelas mudanças mencionadas. Ele ainda podia entrar em contato com sua tripulação.

    Depois de completar a inspeção de rotina de hoje, Duncan passeava pelo Banido. Ele passou por corredores vazios, subiu escadas silenciosas e chegou ao convés deserto. Alice estava no leme na popa. Sem a companhia da boneca, o navio à sua frente parecia ter voltado completamente à sua aparência original.

    Estava vazio e silencioso por toda parte. Era essa a cena que ele vira da primeira vez que abriu a Porta do Banido.

    Claro, havia algumas mudanças — naquela época, sua mente não estava tão barulhenta quanto agora.

    “Ei, ei, capitão, deixa eu te contar, pegamos um monte de coisas boas daquele farol! Aquela mulher, Helena, foi gente boa pra caralho, me deixou pegar o que eu quisesse do armazém. Até encontrei uns vestidos lindos… não sei por que uma pessoa como ela coleciona vestidos bonitos… pena que não me servem, são dois números maiores…”

    Essa voz inculta e rude era de Shirley.

    “Tio Duncan, está tudo bem por aqui. Eu e a Nilu já viramos boas amigas, até costurei uma roupinha pra ela… O senhor precisa se cuidar bem no navio, e a Alice tem que comer na hora certa quando estiver no leme. Deixei um monte de biscoitos e geleia na cozinha…”

    Essa voz sensata e gentil era de Nina.

    “Capitão, não andei preguiçoso esses dias, a senhorita Lucretia pode confirmar. Já comecei a ajudar a tripulação dela a limpar o convés e os corredores. Nem no Carvalho Branco eu era tão diligente…”

    Essa voz de lata rachada era do Marinheiro.

    “Pai, não acredite nele, ele foi forçado a trabalhar pela Luni. Ele fica dormindo no armazém o dia todo e até tentou convencer meus servos a dormirem com ele. A Luni não aguentou mais… e esse cara ainda teve a audácia de me pedir pagamento diário, alegando que trabalhar no Brilho Estelar não estava no contrato!”

    Essa voz cheia de ressentimento era de Lucretia.

    Duncan parou no meio do convés, ouvindo com resignação as vozes barulhentas em sua mente. Finalmente, ele não resistiu e falou: “Parece que aí está bem animado.”

    “Com uma Shirley já é animado como um campo de batalha”, a voz ressentida de Lucretia soou na mente de Duncan. “E ela ainda consegue instigar os outros a fazerem bagunça com ela. Ontem ela até convenceu a Nilu a entrar na mesa de cabeceira. Tive que desmontar o móvel inteiro para tirar a pequena de lá! Como o senhor aguenta isso normalmente?”

    “Normalmente eu acho que está tudo bem”, disse Duncan, pensativo e sério. “O navio fica muito quieto, um pouco de animação é bom. Claro que para você pode ser um pouco estimulante demais.”

    Lucretia soltou um longo suspiro. “Ah, o mais estimulante é o barulho do treino matinal da senhorita Vanna… claro que não sei dizer o que é mais estimulante, isso ou os sustos da Nina.”

    Ouvindo as queixas ressentidas de sua filha, um canto da boca de Duncan se contraiu com uma expressão estranha. Ao se lembrar, ele teve que admitir que o caos a bordo do Banido era de fato um pouco grave…

    Depois de um tempo, ele ouviu a voz de Morris.

    “Capitão, como está a situação aí?”

    “O Banido ainda está na ‘passagem'”, disse Duncan casualmente, depois de dar uma olhada na situação do lado de fora da amurada. “Francamente, é difícil para mim agora analisar em que ‘lugar’ este navio está do ponto de vista da ‘distância’ ou da ‘rota’. Nem a própria Alice tem certeza. Mas uma coisa é certa: estamos nos aproximando do sinal de coordenadas emitido por Ray Nora. A Alice ainda consegue sentir isso.”

    “…Nunca pensei que a pessoa que parecia a menos confiável a bordo agora estaria fazendo a coisa mais importante”, Shirley não pôde deixar de resmungar. “No final, foi ela quem o acompanhou até o fim do mundo…”

    Quando Shirley terminou de falar, os outros ficaram em silêncio por um instante. Dois ou três segundos depois, Duncan ouviu o grito alto de Shirley: “Ei, que reação é essa?! A Alice não é mais confiável do que eu! Eu sou tão obediente normalmente… Nina, não vire a cabeça!”

    Duncan ignorou completamente a comoção do lado de Shirley.

    “Como está a situação no Mar Infinito?”

    Do outro lado, houve um silêncio de dois ou três segundos, depois a voz de Morris soou: “Como relatamos hoje cedo, as nuvens caíram do céu. Agora, todo o Mar Infinito está coberto por uma fina camada de ‘névoa’, e acima da névoa há uma camada de nuvens baixas… Francamente, se não soubéssemos o que esta cena significa, seria de fato uma visão magnífica.”

    “A boa notícia é que, além da descida das nuvens, não ocorreram mudanças piores. Pelo menos a navegação dos navios não foi afetada”, a voz de Vanna veio em seguida. “Estamos navegando em direção a Pland. A senhorita Lucretia planeja nos levar para lá primeiro. Depois, ela retornará com o Brilho Estelar para o Porto Brisa e ficará lá até o fim.

    “Além disso, também entramos em contato com o senhor Tyrian. Após chegarmos às águas centrais, uma ‘Frota do Sol’ partirá de Pland em direção ao norte. A senhorita Agatha embarcará nesse navio para Geada.

    “Quanto ao ‘Marinheiro’, o Capitão Lawrence, que ficou em Faerun, também fez os arranjos. Ele entrará em contato com os administradores da aliança das cidades-estado mais tarde — se a aliança ainda estiver funcionando normalmente naquela época — e levará o Marinheiro para Faerun, para que ele se reúna com o Carvalho Branco.

    “E se a essa altura o funcionamento da aliança das cidades-estado já tiver apresentado problemas, o Carvalho Branco irá pessoalmente a Pland para buscar o Marinheiro.”

    Vanna parou por alguns segundos antes de continuar lentamente:

    “Capitão, por favor, fique tranquilo. Faremos um bom trabalho e não o decepcionaremos.”

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