Capítulo 01: Naquele dia, uma densa névoa surgiu
Uma névoa densa e interminável rolava do lado de fora da janela, tão espessa que parecia ter engolido todo o mundo além dela. Apenas uma luz difusa e confusa atravessava a névoa, iluminando o cômodo silencioso com uma claridade turva.
No interior de um apartamento de solteiro levemente desorganizado, Zhou Ming estava sentado à mesa. Ele havia empurrado desajeitadamente todos os itens da mesa para o lado e, com uma aparência exausta, escrevia freneticamente:
⦗Sétimo dia. Nada mudou. A névoa cobre tudo do lado de fora da janela. As janelas estão seladas por uma força desconhecida… Todo o quarto parece ter sido ‘fundido’ em algum tipo de espaço anômalo…
Não consigo me comunicar com o mundo exterior. Não há água nem eletricidade, mas a luz elétrica continua acesa, e o computador ainda funciona — mesmo eu tendo desconectado o cabo da tomada…⦘
De repente, um som suave, como o de vento, pareceu vir da direção da janela. Zhou Ming levantou a cabeça bruscamente, um brilho de esperança passando por seus olhos cansados. No entanto, no momento seguinte, percebeu que era apenas sua imaginação. Do outro lado da janela, só havia a névoa pálida e impenetrável, envolvendo friamente sua pequena morada em um mundo morto e silencioso.
Seus olhos varreram a bancada da janela e pousaram em uma chave inglesa e um martelo abandonados — marcas de suas tentativas anteriores de escapar do quarto. Mas agora, aquelas ferramentas robustas apenas repousavam ali, silenciosas, como que zombando de sua situação desesperadora.
Depois de alguns segundos, Zhou Ming recuperou a calma. Com uma expressão de estranha serenidade, ele abaixou a cabeça e voltou a escrever:
⦗Estou preso, em uma situação completamente sem saída. Nos últimos dias, tentei de tudo, até mesmo desmontar o teto, as paredes e o chão. Mesmo usando toda a minha força, não consegui deixar sequer um arranhão nas paredes. Este quarto parece… parece um cubo fundido ao espaço, sem nenhuma saída…
Exceto por aquela porta.
Mas o que está além daquela porta… é ainda mais estranho.⦘
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Ele parou novamente, lendo o que acabara de escrever. Com indiferença, folheou o diário, relendo o que havia escrito nos últimos dias — palavras sombrias, devaneios sem sentido, rabiscos nervosos e, ocasionalmente, piadas forçadas para aliviar a mente.
Zhou Ming não sabia por que estava escrevendo tudo aquilo. Não sabia para quem aquelas palavras fariam sentido no futuro, ou se fariam. Ele nunca foi de manter diários. Como professor de ensino médio com tempo livre limitado, raramente se dava ao luxo de escrever algo que não fosse relacionado ao trabalho.
Mas agora, querendo ou não, ele tinha muito tempo livre.
Após acordar uma manhã, percebeu que estava preso em seu próprio quarto.
Do lado de fora da janela, uma névoa inabalável e eterna obscurecia tudo. A névoa era tão densa que nada além dela era visível. Não havia mais ciclo dia-noite; uma luz constante, opaca e sombria preenchia o quarto 24 horas por dia. As janelas estavam trancadas. Não havia água ou eletricidade. O celular não tinha sinal. E por mais barulho que fizesse dentro do quarto, nenhum auxílio vinha de fora.
Era como um pesadelo absurdo, onde tudo parecia operar em completa contradição às leis da natureza. Mas Zhou Ming já havia feito tudo ao seu alcance para confirmar uma coisa: aquilo não era um sonho, nem uma ilusão.
Era apenas um mundo que havia deixado de ser normal — e ele, por ora, ainda era uma pessoa normal dentro dele.
Ele respirou fundo, e seu olhar finalmente pousou na única porta no final do quarto.
Uma porta simples, de madeira branca barata, com um calendário antigo preso nela — o mesmo calendário que ele esquecera de trocar no ano passado. A maçaneta estava polida de tanto uso, e o tapete diante da porta estava levemente desalinhado.
Aquela porta podia ser aberta.
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Se o quarto fechado e distorcido era como uma prisão, o aspecto mais cruel dessa prisão era o fato de que ela mantinha uma porta que poderia ser aberta a qualquer momento, continuamente instando o prisioneiro a sair. Mas do outro lado daquela porta não estava o ‘mundo lá fora’ que Zhou Ming desejava.
Não havia o corredor desgastado, mas familiar, do prédio de apartamentos. Não havia ruas ensolaradas e pessoas cheias de vida. Nada do que ele conhecia estava lá.
Do outro lado havia apenas um território estranho e inquietante, e aquele lugar era, da mesma forma, uma armadilha da qual não havia escapatória.
Zhou Ming sabia que o tempo para hesitar estava acabando. Mais do que isso, ele sabia que a ideia de ‘escolha’ nunca realmente existira.
Suas reservas de comida eram limitadas, e restava menos de um quarto de sua água. Ele já havia tentado todos os meios possíveis para escapar ou pedir ajuda de dentro do quarto. Agora, havia apenas um caminho: preparar-se para atravessar a porta e buscar uma chance de sobrevivência do outro lado.
Talvez, com sorte, ele pudesse descobrir o que estava por trás dessa situação sobrenatural e desesperadora.
Respirando profundamente, Zhou Ming abaixou a cabeça e escreveu as últimas palavras no diário:
⦗… Mas, de qualquer forma, agora só me resta atravessar a porta. Pelo menos naquele barco estranho do outro lado, ainda posso encontrar algo para comer. E os preparativos que fiz e as explorações anteriores devem ser suficientes para me manter vivo naquela embarcação… Embora, admito, meus recursos lá sejam bastante limitados.
Finalmente, para aqueles que vierem depois: se eu não conseguir voltar e algum dia algum grupo de resgate ou outra pessoa encontrar este quarto e ler este diário, por favor, não tratem o que escrevi como uma história absurda — tudo isso realmente aconteceu.
Por mais assustador que seja, houve de fato uma pessoa chamada Zhou Ming que ficou presa em um fenômeno temporal e espacial insano e sobrenatural.
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Fiz o meu melhor para descrever as anomalias que encontrei e todas as tentativas que fiz para escapar. Se alguém realmente encontrar este diário, pelo menos lembre-se do meu nome. Lembre-se de que tudo isso aconteceu.⦘
Zhou Ming fechou o diário, jogou a caneta no porta-canetas ao lado e se levantou lentamente da cadeira.
Era hora de partir, antes que fosse completamente pego desprevenido ou perdido.
No entanto, após uma breve reflexão, ele não foi direto para a porta que levava ao ‘mundo exterior’. Em vez disso, dirigiu-se à sua cama.
Ele precisava enfrentar o ‘desconhecido’ do outro lado da porta em sua melhor condição — e ele sabia que seu estado atual, especialmente seu estado mental, ainda não era bom o suficiente.
Zhou Ming não sabia se conseguiria dormir, mas, mesmo que precisasse se forçar a deitar e esvaziar a mente, isso seria melhor do que cruzar a porta com a mente exausta.
Oito horas depois, Zhou Ming abriu os olhos.
Do lado de fora da janela, a névoa continuava caótica e opressiva, envolta em uma luz indistinta que não distinguia dia de noite.
Zhou Ming ignorou completamente a visão do lado de fora. Ele pegou um pouco de comida de suas reservas escassas e comeu até se sentir 80% satisfeito. Em seguida, dirigiu-se ao canto do quarto, onde havia um espelho de corpo inteiro.
O homem refletido no espelho continuava com o cabelo desgrenhado, uma aparência desleixada e sem qualquer traço de dignidade ou carisma. Mesmo assim, Zhou Ming fixou intensamente seu olhar no reflexo, como se quisesse gravar aquela imagem permanentemente em sua memória.
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Ele permaneceu assim por vários minutos antes de murmurar baixinho para si mesmo, como se estivesse falando diretamente com a pessoa no espelho:
“Seu nome é Zhou Ming. Pelo menos, ‘aqui’, você é Zhou Ming. Lembre-se disso, sempre.”
Depois disso, se virou e saiu.
Ao chegar àquela porta tão familiar, Zhou Ming respirou fundo e colocou a mão na maçaneta.
Além da roupa que usava, não carregava mais nada. Não havia comida, nem equipamentos para autodefesa. Essa decisão era baseada nas experiências das explorações anteriores — ele já sabia que, além de si mesmo, nada podia ser levado para além daquela porta.
Na verdade, até “si mesmo” era algo que ele questionava.
Zhou Ming girou a maçaneta e empurrou a porta. Uma névoa cinza-escura, pulsante e ondulante, surgiu diante dele como uma cortina. No meio daquela névoa, ele podia ouvir o som distante de ondas.
Ele deu um passo à frente e atravessou a camada de névoa. O vento, carregado com o cheiro salgado do mar, soprou em seu rosto. O som etéreo das ondas tornou-se claro, e ele sentiu uma leve oscilação sob seus pés. Zhou Ming abriu os olhos após um instante de vertigem e viu diante de si um amplo convés de madeira, os altos mastros que se erguiam contra nuvens escuras e ameaçadoras, e o mar ondulante ao redor, cuja vastidão parecia não ter fim.
Ele olhou para baixo e percebeu que seu corpo era mais forte e robusto do que se lembrava. Vestia um uniforme de capitão, aparentemente de alto custo e acabamento impecável, embora o estilo fosse completamente desconhecido para ele. Suas mãos, grandes e calejadas, seguravam uma pistola de pederneira preta, de design clássico e elaborado.
Sim, até mesmo ‘ele mesmo’ era algo que precisava ser questionado.
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Capítulo revisado no dia 21/01/2025.
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