Índice de Capítulo

    Hora da Recomendação, leiam Fagulha das Estrelas. O autor, P.R.R Assunção, tem me ajudado com algumas coisas, então deem uma força a ele ^^ (comentem também lá, comentários ajudam muito)

    Talvez passe a usar mais esse espaço para recomendar outras obras (novels ou outras coisas que eu achar interessante ^^)

    Diante da fábrica abandonada e em ruínas, o Cão de Caça Abissal ‘encarava’ os prédios desmoronados com suas órbitas vazias, como se tentasse observar essa realidade a partir de um outro plano de existência.

    Shirley estava ao seu lado, olhando ao redor com certa inquietação.

    Após um breve momento de hesitação, ela olhou para Duncan, como que confirmando sua expressão antes de perguntar em voz baixa:

    “Cão, você tem certeza de que não há ‘resíduos contaminantes’ aqui?”

    A criatura soltou um rosnado rouco e baixo:

    “Se você está falando de um ‘vazamento químico’, pode ficar tranquila. A contaminação desse tipo deve ter desaparecido há anos…”

    “Mas…” Ele fez uma pausa. “Se estivermos falando de ‘contaminação sobrenatural’… bom, aí já é outra história.”

    Duncan interveio imediatamente:

    “Você encontrou alguma coisa?”

    O Cão abaixou um pouco a cabeça.

    “… Nada. De verdade, não há nada aqui. A única coisa que vi foi um instante daquele… ‘fogaréu’. Mas agora… nada. Talvez tenha sido apenas um ‘eco residual’, um fragmento de memória impregnado nestas ruínas. Muitas forças sobrenaturais deixam esse tipo de marca no mundo real…” Ele fez uma pausa antes de acrescentar, “Se quisermos entender melhor, teremos que entrar.”

    Duncan assentiu calmamente:

    “Então vamos.”

    Sem hesitar, ele avançou em direção a uma brecha na parede da fábrica.

    “Sigam-me.”

    Shirley hesitou por um instante, mas logo o seguiu, enquanto o Cão de Caça Abissal sacudia a cabeça de um lado para o outro, fazendo suas correntes escuras chacoalharem.

    A criatura observou Duncan com um olhar cauteloso e perguntou com curiosidade:

    “Por que… o senhor também se interessa pelo que aconteceu há onze anos?” Ele então tentou suavizar a pergunta, “Ah, claro! Não que eu esteja questionando, é só uma pequena curiosidade… O senhor com certeza tem seus motivos superiores…”

    “Digamos que seja um interesse pessoal.”

    Duncan interrompeu o Cão antes que ele continuasse a bajulação.

    “E parem de agir como se eu fosse um monstro. Isso está começando a me incomodar.”

    “Ah, claro, claro! Sem tensão, sem tensão!” O Cão respondeu apressadamente—mas sua postura permanecia completamente tensa.

    Duncan só conseguiu suspirar antes de voltar sua atenção para Shirley.

    “Você se lembra de um incêndio. Mas, além de você, ninguém mais parece se lembrar de que esse fogo existiu. Estou certo?”

    Shirley ficou em silêncio por um momento. Então, assentiu lentamente.

    “Sim…” Ela franziu a testa, então, com um brilho de surpresa nos olhos, perguntou, “Pela sua reação… O senhor também sabe sobre esse incêndio? Ele realmente existiu, não é?”

    Duncan fixou seu olhar nela por um breve instante.

    Depois, respondeu calmamente:

    “Sim. Eu sei. E é exatamente por isso que estou ainda mais curioso… Quem foi que apagou todos os vestígios dessa tragédia?”

    Ao mesmo tempo, pensamentos turbulentos se agitavam em sua mente.

    Ele nunca imaginou que as coisas se encaixariam de maneira tão inesperada.

    Nem que, além dele e de Nina, existiria uma terceira pessoa em Pland que também se lembrava daquele incêndio esquecido.

    O encontro por acaso com Shirley, a investigação em paralelo, o incêndio apagado dos registros, a visão do Cão, tudo isso parecia convergir—como se uma força invisível estivesse juntando as peças.

    Como planetas girando em torno do mesmo sol.

    Essa sensação de que tudo estava sendo atraído e conduzido por uma força invisível já começava a deixar Duncan em alerta.

    Nos livros escolares de Nina, havia uma breve introdução sobre as ‘leis do sobrenatural’, mencionando que anomalias e fenômenos extraordinários frequentemente possuíam a capacidade de interferir no desenvolvimento da realidade, como se estivessem escrevendo um roteiro, guiando certos eventos a acontecerem.

    Coincidências excessivas ou sequências contínuas de pistas muitas vezes eram sinais de alerta.

    Isso geralmente significava que alguém envolvido nos eventos já havia sido afetado por uma anomalia ou fenômeno, participando e até mesmo impulsionando os acontecimentos sem perceber.

    E, diante desse tipo de influência silenciosa e intangível, as Chamas Espirituais de Duncan eram inúteis.

    Esse pensamento o fez lançar um olhar discreto para Shirley.

    A garota e o Cão de Caça Abissal estavam atentos, observando cuidadosamente qualquer movimento dentro da fábrica em ruínas.

    Ela parecia completamente focada, sem qualquer pensamento desnecessário—ou talvez estivesse tão aterrorizada com a presença de Duncan ao seu lado que não conseguia se preocupar com mais nada?

    “… Isso parece apenas uma fábrica abandonada comum.” A voz grave do Cão interrompeu os pensamentos de Duncan. “Não consigo sentir nenhum traço de energia sobrenatural.”

    Shirley ergueu a cabeça, examinando as tubulações destruídas acima e as vigas metálicas torcidas que sustentavam o teto deformado.

    Eles estavam agora no primeiro galpão da fábrica. Esse local havia sido gravemente danificado no acidente de onze anos atrás.

    Uma explosão massiva rompeu o telhado, quebrando as tubulações suspensas e derrubando partes da estrutura.

    A luz do sol entrava pelos buracos no teto, iluminando o interior sombrio como se estivessem dentro dos ossos expostos de um monstro colossal morto há muito tempo.

    No entanto…

    Apesar dos destroços da explosão e do colapso estrutural, não havia sinal algum de incêndio.

    “Isso não parece o cenário de um incêndio.” Shirley murmurou pensativa.

    Duncan, por outro lado, estreitou os olhos.

    “O fato de não haver vestígios de fogo… esse é o verdadeiro problema.” 

    Sua voz ressoou no ambiente destruído.

    Ele também observava as tubulações rompidas e o teto devastado, suas sobrancelhas ligeiramente franzidas.

    “Em um acidente com esse nível de destruição, onde houve uma explosão clara, um incêndio inevitavelmente deveria ter ocorrido—seja em grande ou pequena escala. Alguma coisa deveria ter queimado. 

    “Mas aqui… não há absolutamente nenhum sinal de chamas. Nem mesmo um resquício de fuligem.”

    Assim que Duncan terminou de falar, o Cão se enrijeceu e murmurou em um tom mais sombrio:

    “Exato. O que vejo agora… é como se qualquer coisa relacionada ao ‘fogo’ tivesse sido intencionalmente apagada. Só que foi apagado de maneira tão minuciosa… que deixou para trás um vazio ainda mais evidente.”

    “Como se o próprio conceito de fogo tivesse sido removido deste lugar.”

    Duncan sussurrou baixinho, repetindo o pensamento do Cão.

    Então, ele continuou avançando lentamente pelo galpão, atravessando as máquinas retorcidas e abandonadas até que parou repentinamente.

    Seus olhos percorreram os destroços antes de se fixarem em um buraco na parede ao longe.

    Ele olhou para o buraco por um momento… e algo dentro dele sentiu um arrepio estranho.

    Duncan parou abruptamente, seus olhos se arregalando ligeiramente.

    Fogo! Chamas avassaladoras!

    Ele viu uma maré ardente surgindo do outro lado do buraco na parede, um inferno de chamas consumindo toda a terra ao redor da fábrica.

    O fogo se erguia como ondas furiosas, subindo ao céu e depois se lançando contra o solo, avançando como um mar flamejante em direção às ruas e casas próximas.

    Nuvens espessas de fumaça se elevavam enquanto multidões em pânico corriam desordenadamente entre as chamas, como se o próprio inferno tivesse se manifestado diante dele!

    Aquela cena assustadora e abrasadora irrompeu em sua visão de forma repentina.

    Mas no instante seguinte, quando ele virou a cabeça para chamar Shirley, a visão desapareceu completamente.

    Duncan piscou com força, então avançou até o buraco na parede e olhou para fora.

    Diante dele, não havia mais chamas—apenas uma terra árida e algumas casas abandonadas e decadentes no horizonte.

    O Cão de Caça Abissal, percebendo o movimento incomum de Duncan, perguntou imediatamente:

    “O senhor viu alguma coisa?”

    Duncan respondeu em um tom grave:

    “Sim. Eu vi fogo. Mas desapareceu no instante seguinte.”

    O Cão imediatamente entrou em modo analítico:

    “Isso significa que os ‘ecos residuais’ aqui são incrivelmente fortes. Recriaram a mesma cena duas vezes em tão pouco tempo… Esse tipo de resquício não é algo que um fenômeno sobrenatural comum deixaria para trás. Parece que aqueles cultistas estavam certos… O ‘Fragmento do Sol’ realmente esteve neste lugar.” Ele fez uma pausa e acrescentou, “Mas o que ativa esse ‘eco’?”

    Duncan não respondeu imediatamente.

    Em vez disso, ele retornou ao exato ponto onde havia tido a visão da ‘maré de fogo’.

    Ele olhou para o chão, seus pensamentos se agitando.

    Aparentemente, não havia nada ali.

    Após alguns segundos de reflexão silenciosa, Duncan levantou a mão e esfregou levemente a ponta dos dedos.

    Uma chama esverdeada e espectral dançou silenciosamente no ar, brotando de sua mão.

    No mesmo instante, o Cão enrijeceu e deu um salto para trás, recuando vários passos.

    As correntes escuras tilintaram no chão, e Shirley também recuou automaticamente, seu rosto tomado pelo pânico.

    “V-você realmente vai nos cozinhar?!” Ela gaguejou.

    “Do que vocês estão com medo?” Duncan lançou um olhar indiferente para os dois. “Isso não é para vocês.”

    Sem mais explicações, ele apontou o dedo para o solo.

    A pequena chama verde deslizou como um fio d’água, caindo no chão em completo silêncio.

    No momento seguinte, uma maré translúcida de fogo espectral se espalhou pelo piso, envolvendo rapidamente um raio de vários metros ao redor de Duncan!

    Shirley assistiu a tudo com espanto e inquietação, seus olhos arregalando-se de repente.

    “… O quê?!”

    Algo começou a se manifestar no chão.

    No exato ponto onde antes não havia nada, cinzas surgiram.

    Eram restos humanos—cinzas humanas, encolhidas e contorcidas—com um formato vagamente humano.

    O cadáver carbonizado de uma pessoa, reduzido a cinzas, olhando na mesma direção que Duncan havia olhado momentos antes.

    Shirley ficou paralisada.

    De repente, algo se encaixou em sua mente.

    Ela levantou a cabeça e olhou para a fábrica vazia ao redor deles.

    E então…

    Duncan deixou que sua Chama Espiritual se espalhasse como uma brisa fantasmagórica por todo o galpão.

    E, por fim, as marcas apagadas… começaram a ressurgir diante de seus olhos.

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