Índice de Capítulo

    Hora da Recomendação, leiam Fagulha das Estrelas. O autor, P.R.R Assunção, tem me ajudado com algumas coisas, então deem uma força a ele ^^ (comentem também lá, comentários ajudam muito)

    Talvez passe a usar mais esse espaço para recomendar outras obras (novels ou outras coisas que eu achar interessante ^^)

    Duncan emergiu com Nina e Shirley por uma saída de emergência no lado oeste do museu.

    A brisa fresca e a luz do dia os envolveram instantaneamente.

    Shirley foi a primeira a reagir, soltando um grito de alívio:

    “Conseguimos! Saímos vivas!”

    Duncan lançou-lhe um olhar, mas antes que pudesse dizer qualquer coisa, sentiu um movimento sutil em suas costas.

    A mulher que carregava finalmente mostrava sinais de consciência.

    O ar fresco e os solavancos do trajeto a despertaram.

    Duncan rapidamente procurou um lugar próximo e a colocou no chão com cuidado.

    Heidi abriu os olhos.

    Dor.

    Uma dor aguda na cabeça, como se alguém tivesse lhe dado uma pancada brutal com um tijolo.

    Logo em seguida, veio a sensação de irritação nos pulmões — provavelmente por ter inalado um pouco de fumaça.

    Essas foram as primeiras coisas que sentiu ao recobrar a consciência.

    Então, de repente, seu corpo reagiu.

    Ela arregalou os olhos e começou a tossir violentamente.

    O choque do momento seguinte foi inevitável.

    Estava ao ar livre, cercada por ar puro e luz solar.

    E havia figuras humanas ao seu redor.

    Ela havia sido resgatada.

    “Você acordou!”

    Nina se ajoelhou ao lado da mulher, observando-a com preocupação enquanto seus olhos se ajustavam à claridade.

    “Como está se sentindo? Está doendo em algum lugar?”

    Heidi pressionou as têmporas com os dedos.

    “… Minha cabeça dói…”

    Então, piscou algumas vezes e começou a focar nos rostos diante dela.

    Dois jovens rostos femininos.

    “… Foram vocês que me salvaram?”

    Quando sua visão finalmente clareou, reconheceu as duas garotas.

    “Ah… São vocês…”

    Shirley ficou surpresa.

    “Você nos conhece?!”

    “Não… Mas me lembro de ter visto vocês no museu.” Heidi balançou a cabeça, tossindo mais algumas vezes.

    Então, olhou ao redor.

    “… Cof, cof… Onde estou?”

    “Você foi atingida e desmaiou. Eu e Shirley te arrastamos para um lugar seguro.” Nina explicou rapidamente. “Depois, meu tio entrou no museu para resgatar as pessoas e te trouxe para fora.”

    “… Tio?”

    A mente de Heidi ainda estava lenta, mas logo processou a informação.

    Seus olhos pousaram na figura ao lado de Nina.

    “… Ah, este senhor…?”

    “Isso mesmo!” Nina sorriu.

    Ela se virou e abraçou o braço de Duncan.

    “Meu tio te salvou!”

    Os olhos de Heidi se voltaram para Duncan.

    “… Muito obrigada…”

    Ela fez menção de se levantar e inclinar o corpo em um gesto de respeito, mas no meio do movimento, perdeu o equilíbrio.

    Duncan a segurou antes que caísse.

    “Não precisa agradecer.” Ele disse simplesmente.

    “Obrigada.”

    Heidi ficou de pé com dificuldade, sua voz ainda fraca.

    Ela abaixou a cabeça em agradecimento, sentindo um arrepio percorrer sua espinha.

    “Se não fosse por vocês… eu teria morrido queimada lá dentro. Esse incêndio foi… horrível. Muito obrigada. Eu realmente não sei como…”

    “Não precisa ser tão formal.”

    Duncan a observou por um momento antes de sorrir levemente.

    “Na verdade, acho que já temos uma certa conexão… Você conhece o senhor Morris?”

    Heidi piscou, surpresa.

    “… Esse é o nome do meu pai. Você o conhece?”

    Duncan apontou para o pingente de ametista pendurado no pescoço dela.

    “Esse pingente veio da minha loja.”

    Heidi baixou os olhos e viu o colar brilhando em seu peito.

    Seu rosto assumiu uma expressão totalmente atônita.

    “… O quê?!”

    “O mundo é pequeno, não acha?” Duncan sorriu e estendeu a mão.

    “Deixe-me me apresentar formalmente. Duncan Strelane. Tenho uma loja de antiguidades no Distrito Inferior. Esta é minha sobrinha, Nina. E essa aqui…”

    “Shirley! Meu nome é Shirley!”

    A garota se adiantou imediatamente, como se temesse que seu nome fosse proferido por uma entidade terrível e, ao fazê-lo, ganhasse um peso amaldiçoado.

    “Me chame só de Shirley, por favor!”

    Heidi olhou de um para o outro, ainda parecendo um pouco atordoada.

    Ela então estendeu a mão e apertou a de Duncan.

    “Heidi Underwood.”

    Ela respirou fundo e se esforçou para recuperar a compostura.

    “Sou uma psiquiatra.”

    Duncan arqueou ligeiramente as sobrancelhas.

    “Psiquiatra?”

    “Sim! Pode não parecer, já que sou jovem, mas tenho uma licença de nível avançado.”

    Heidi ergueu o queixo com um traço de orgulho.

    Então, depois de vasculhar seus bolsos por alguns segundos, finalmente encontrou um cartão de visita amassado e o entregou a Duncan com ambas as mãos.

    “Aqui está meu cartão. Se for útil de alguma forma, estou disposta a oferecer consultas gratuitas sempre que precisarem.”

    Duncan pegou o cartão e deu uma rápida olhada.

    Estava impresso o endereço de um consultório no Distrito Superior, junto com o nome de Heidi, seu número de licença e um código alfanumérico de cinco dígitos.

    Logo acima desse código, uma pequena legenda explicava seu propósito:

    “Código de Transmissão Rápida.”

    Duncan lançou um olhar para a linha onde estava escrito ‘Código de Transmissão Rápida’, refletindo por um momento.

    Ele se lembrava de já ter ouvido falar disso. Fazia parte do sistema postal de Pland, mas era diferente da correspondência comum.

    No Distrito Inferior, ele havia visto instalações especializadas para o envio de ‘transmissões rápidas’, mas o antigo dono deste corpo nunca utilizou esse serviço.

    Era caro — o custo era quase dez vezes maior do que o de uma carta normal.

    E, claro, o Duncan original não tinha ninguém que valesse esse gasto.

    Mesmo assim, ele sabia que esse tipo de correspondência especial usava tubos de alta pressão a vapor e cápsulas padronizadas para transportar mensagens e pequenos pacotes com velocidade impressionante.

    Mesmo considerando o manuseio humano e possíveis atrasos, uma ‘transmissão rápida’ conseguia alcançar qualquer ponto da cidade-estado em poucas horas.

    Definitivamente um luxo do Distrito Superior.

    Duncan arquivou essa informação mentalmente antes de guardar o cartão de Heidi com cuidado.

    Foi então que a jovem psiquiatra de repente falou novamente.

    “Aliás… Vocês precisam de uma avaliação psicológica pós-trauma?”

    Duncan arqueou uma sobrancelha, lançando-lhe um olhar questionador.

    Heidi percebeu a hesitação e se apressou em explicar:

    “É de graça! Não me leve a mal, só que… depois de um acidente como esse, é muito comum que as pessoas desenvolvam efeitos psicológicos. Especialmente em um lugar como o museu, que contém tantos artefatos antigos e historicamente carregados… O estresse extremo, combinado com a energia residual de alguns itens, pode acabar deixando marcas psicológicas. Não custa nada fazer um exame preventivo.”

    Heidi claramente se esforçava para tornar suas explicações compreensíveis, evitando parecer superior ou desconectada da realidade.

    Ela escolhia suas palavras com cautela, tentando traduzir conceitos acadêmicos para um contexto mais prático e acessível.

    Duncan percebeu seu esforço… Mas, na verdade, sua mente estava em outro lugar.

    Ele definitivamente não precisava de uma avaliação psicológica.

    Depois de tanto tempo como ‘Capitão’, ele tinha plena consciência de sua natureza anômala.

    Se fosse para alguém sofrer sequelas psicológicas, não seria ele.

    Se algum horror emergisse das Profundezas Abissais, quem precisaria de terapia seria a criatura que o visse de perto.

    E quanto a Shirley…?

    Uma garota que já enfrentou cultistas enlouquecidos e esmagou demônios das profundezas do Subespaço com as próprias mãos… 

    Depois do que passou na vida, é mais provável que a única coisa que a tenha realmente traumatizado neste incêndio tenha sido o fato de ver Duncan arrombando uma porta bem diante dela.

    Mas Nina…

    Nina realmente poderia precisar da ajuda de uma psiquiatra.

    Não apenas por causa do incêndio de hoje, mas também pelo seu estado mental visivelmente fragilizado nos últimos dias — sem falar dos sonhos estranhos que pareciam carregar algum tipo de presságio.

    Esse tipo de questão exigia um profissional.

    Duncan não tinha poder sobre isso.

    Ele e Nina haviam discutido a possibilidade de buscar ajuda na igreja, mas agora que uma psiquiatra altamente qualificada se oferecia para ajudar…

    Seria um desperdício não aceitar.

    “Nina pode precisar de ajuda.”

    Duncan olhou para sua ‘sobrinha’ e passou a mão em seus cabelos.

    “Mas não só por causa do incêndio de hoje. Ela tem tido pesadelos constantes e anda muito cansada.”

    Nina imediatamente resmungou:

    “Não é tão grave assim…”

    “É de graça.”

    Heidi sorriu, apontando para si mesma.

    “Meu atendimento normalmente custa caro, mas para vocês eu… Ai, droga, isso dói!”

    Ela pressionou a cabeça, lembrando-se tarde demais de que havia um galo enorme no local onde o tijolo a atingira.

    Shirley, que estava em silêncio até então, se aproveitou da oportunidade para entrar na conversa:

    “Exato, é de graça! Não tem porque recusar. Além disso, ela nos deve um favor.”

    Nina hesitou por um momento antes de finalmente acenar com a cabeça.

    “Tudo bem, então…”

    Mas logo franziu a testa, parecendo incerta.

    “O que exatamente eu preciso fazer? A gente faz isso aqui mesmo? Tem perguntas para responder? Tem formulários?”

    Heidi riu suavemente.

    “Vamos precisar de um ambiente mais tranquilo.”

    Ela massageou a testa, ainda sentindo dor.

    “E eu preciso estar em um estado minimamente decente para trabalhar — pelo menos, até esse calombo na minha cabeça diminuir um pouco.”

    Ela então sorriu para Nina.

    “Que tal amanhã à tarde? Pelo que sei, amanhã é feriado escolar. Se estiver disponível, posso fazer uma visita. Vou pedir ao meu pai o endereço de vocês.”

    Ela fez uma pausa e tocou de leve no machucado.

    “Mas, por agora, eu realmente preciso encontrar um lugar para cuidar desse ferimento…”

    “Há médicos e oficiais na praça mantendo a ordem”, Duncan sugeriu. “Quer que a gente te acompanhe? Você ainda está meio zonza…”

    “Não precisa, já estou bem.”

    Heidi acenou com a mão para dispensar a preocupação.

    Ela então olhou para o museu, que ainda soltava fumaça, e suspirou — uma expressão de alívio misturada com puro desgosto.

    “… Lá se foi minha folga…”

    Duncan arqueou uma sobrancelha e comentou casualmente:

    “Folgas arruinadas são realmente uma pena. Mas, no fim das contas, sobrevivemos a um desastre. Não é uma vitória?”

    Heidi parou por um momento antes de concordar.

    Hm… Você tem razão”, Mas então suspirou novamente, murmurando para si mesma, “Só espero que os hereges e os ‘desastres ambulantes’ se comportem, para que eu possa tirar uma folga decente da próxima vez…”

    Ela se interrompeu de repente, percebendo que tinha acabado de reclamar disso em voz alta para completos estranhos.

    “… Ah. Desculpem. Eu não deveria estar reclamando com vocês. Esqueçam o que eu disse.”

    Duncan: “…?”

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